Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

OS SENIORES, OS CHEFES, AS AUTORIDADES, A LAMBANÇA E O TIRO DE GUERRA



Os seniores, os chefes, as autoridades, a lambança e o Tiro de Guerra.

Não sei se devia contar. Os sisudos do escotismo que me leem podem não gostar. Paciência. Só não viveu quem não tiver feito alguma lambança gostosa para contar.  Eu quando lembro dou enorme gargalhadas e daria minha vida para voltar novamente ao passado, risos. Toda vez que me lembro destes fatos que aconteceram me vem à lembrança a piada já velha e conhecida: Mas escorpião disse o peixe no meio do rio, você me picou! Prometeu que não ia fazer. Disse que não sabia nadar, agora vamos morrer os dois! – Paciência meu amigo peixe. Faz parte da minha sina! Risos.

Duas lambanças, ou melhor, lembranças. Tem mais. Mas hoje só essas duas. Um dia quem sabe conto outras. E acreditem se quiser. Risos.

Primeira – Conselho Regional, 1973, cidade do interior de Minas Gerais. Mais de cento e cinquenta escotistas e diretores presentes. Sábado onze da noite. Trabalhos do dia encerrado. Voltamos ao hotel a pé, estava eu minha esposa, o Escoteiro Chefe (sempre comparecia) sua esposa, um juiz de direito, um médico, três dentistas (estes nunca faltam no escotismo) um coronel do exército, e vários escotistas da plebe (risos, uns pobres coitados como eu). Em dado momento a turma andando no passeio junto a um muro, avista lindas e soberbas goiabas.

Noite de lua cheia. Goiabas enormes. Junto ao muro, dezenas de pés carregados de gostosas e apetitosas goiabas. Na frente uma saliência próxima ao muro. Todos subiram. Encheram os bolsos de goiabas. Enormes, maduras, divez (semi-maduras, assim eram chamadas na época.). O dono vê tudo, chama a policia. Chegam o sargento e dois soldados – Desçam todos! Estão presos! Vamos descendo. Eu, o Escoteiro chefe, o juiz de direito, o médico, o coronel do Exército, os dentistas, as mulheres, a plebe e os últimos assustaram o sargento. Padre Mello? (o padre da cidade) O Senhor Também? E o Sr. Dr. Marins? (o vice-prefeito da cidade).

Todos riram. Os ladrões de goiabas foram para o hotel. Outros para suas casas. O Conselho continuou no domingo. Antes do encerramento o proprietário do lote onde estavam às goiabeiras veio pedir desculpas. – Olhem, falou, quando tudo terminar estão convidados a apanhar quantas goiabas quiserem, claro desta vez pela porta da frente!

Segunda – 1957. Patrulha Sênior, éramos seis. Um acampamento de três dias. Sexta, sábado e domingo. Levamos tudo em nossas bicicletas. De manhã observamos que um pelotão do Tiro de Guerra (unidade do exército que existia e acho que ainda existe nas pequenas cidades) estava montando barracas a uns quinhentos metros onde estávamos. (bem próximo ao Rio Doce). O Arlindo achou à tarde na beira do rio, uma enorme (grande mesmo) abobora amarela. Precisou da ajuda de outros dois para levá-la até ao acampamento.

Não sei quem deu a ideia, mas o Arlindo ficou mais de duas horas limpando por dentro após fazer uma tampa e depois na frente e atrás cortou como se fosse uma gigantesca feiticeira de duas faces, de dentes enormes e olhos arregalados. Ele mesmo preparou tudo. Quatro velas bem postas, muitas folhas verdes em volta e com cuidado eu mesmo nadando a levei até o meio do rio, com as velas acesas e a fumaça saindo por todos os lados.

Foi à conta, quando a abóbora passou pela área do Tiro de Guerra (por volta das onze e meia da noite) o sentinela levou o maior susto. Passou a atirar a torto e a direito e gritava – O capeta! O demônio! O diabo! Socorro! Vieram outros. Armados (Fuzil Mauzer, modelo 1908) e também começaram a atirar. Soldados correndo para todo o lado. O tiroteio só parou quando o sargento Martinho mirou e acertou uma bala bem no centro da abobora que se despedaçou.

No sábado seguinte, estávamos em reunião quando o Capitão Leopoldo do Tiro de Guerra pediu ao chefe para falar conosco. Um medo danado. Formados em linha, em posição de sentido, os seis bravos escoteiros seniores tremiam como varas verdes. O capitão fez uma pequena inspeção nos uniformes, nos olhou, pensou e falou:

- Então são vocês, seis merdinhas escoteiros que botaram o Exército Brasileiro para correr? E começou a rir desbragadamente. E não parou de rir até que toda a Patrulha parou de tremer e a rir também. A cidade comentou por muitos e muitos anos.

E como digo no final das minhas historias,

E quem quiser que conte outra.

JOGOS - COMO AGIR



JOGOS - COMO AGIR

Ficou acordado entre todos, que os jogos nas reuniões serão uma escolha da tropa, sendo que, só os considerados “Jogos surpresa” podem ser apresentados pelo Chefe ou Assistente sem prévio aviso”. Cada Patrulha fará sua reunião semanalmente e apresentará sugestões.

Os monitores transmitirão entre si e aos demais às ideias de todos os escoteiros. Os escolhidos serão apresentados aos chefes da Tropa. Nenhum jogo terá a formalidade de uma atividade séria, mas jogado espontaneamente, não só pelo caráter competitivo, mas pela simplicidade de jogar e divertir!”
               (transcrito de uma ata de Corte de Honra)

O jogo de “Deglutir alimentos” já estava chegando ao fim. Os participantes com suas bocas cansadas daquela feijoada do “deuses” estavam se retirando para as áreas sombreadas e ajardinadas. Um sol cálido apesar da tarde fria surgia inesperadamente no horizonte. O “panelão” de feijoada e os vasilhames estavam sendo lavado pôr homens e mulheres, voluntários que se ofereceram espontaneamente. Nenhuma atitude ou assunto seria completado enquanto não terminassem a tarefa.

- “Jogos” – Ele o "Velho" Escoteiro pouco tinha falado e não ficaria sem dar sua opinião. Todos nós o respeitávamos e sabíamos que ele era uma autoridade no assunto. Às provas eram tantas que o resultado do seu conhecimento estava à vista de todos. Mais de duzentos pais e escotistas participando do encontro anual do grupo.

- Tive a oportunidade alguns anos atrás - falava o “Velho” Escoteiro - De visitar algumas tropas, pois sempre procurei me manter atualizado com nosso Movimento. Estas visitas foram muito produtivas, principalmente para ver se o resultado do método estava dando certo. - Se você conhece bem o Escotismo, um olhar e sabemos como andas as coisas. Através dos jovens e dos Escotistas vejo sem problemas se o resultado vai ser satisfatório no futuro.

- Não vou comentar aqui outros aspectos verificados para me concentrar somente no tema desta conversa. Jogos. Dou três exemplos:

- o primeiro exemplo foi visto em uma tropa de um bairro nobre, onde os jovens demonstravam ter conhecimentos intelectuais acima da média, mas com um ou dois monitores primeira classe e mais quatro ou cinco segundas e os demais noviços. Os demais aspirante. 

Conversando com alguns chefes (dois com insígnia e dois sem) pude observar um Assistente dirigindo um jogo. Pomposamente formou às patrulhas, chamou os monitores (era bom de apito), deu às instruções e estes tiveram um tempo para orientar suas equipes. Até tudo bem. - O Jogo iniciou sem muito entusiasmo, pois era complicado e cheio de regras. O Assistente parou o jogo pôr três vezes. Até que se deu pôr satisfeito. Tive a oportunidade de olhar nos seus olhos e ver a satisfação pela vitória alcançada! - Ele tinha ganhado o jogo! - Os jovens estavam ali, parados, cansados, com ar de quem estão acostumados e muito obedientes e disciplinados!

- Em outra tropa o Chefe fez questão de mostrar um fichário muito bem feito e acabado. Um pai era o responsável para classificá-lo. Os jogos estavam perfeitamente organizados, distribuídos pôr tipo, função, objetivo etc. Tudo conforme manda o figurino. - Perguntei quem escolhia os jogos e dava o parecer antes e depois da aplicação. Ele respondeu que era ele mesmo, pois sabia e conhecia a reação dos jovens (comentou baixinho em tom de “expert” que era professor de Educação Física e que no momento estava cursando psicologia). Participara de vários cursos de Recreação e Jogos e alardeou inclusive que fora convidado pela Equipe para dirigir e colaborar em vários cursos. Sua grande especialidade, porém eram jogos.
Era o “dono”, o sabichão. O jovem ali não se manifestava. Paciência! . Estamos cheios de tipos assim! - Prefiro nem comentar como andava o Adestramento da tropa. Pelos jogos se conhece o resto. Pobre dos rapazes! Muitas tropas foram visitadas, mas teve uma que merece um destaque especial. Tem-se alguma coisa que não gosto é justificativa pôr A ou B. Na maioria sempre vinham me explicar o porquê de algumas falhas. Sempre justificando. Conheço estes tipos. Vão justificar a vida toda os fracassos e a falta de entusiasmo dos jovens. Não entenderam que eles são os próprios culpados!

- Mas vamos à tropa que gostaria de elogiar. - Quando cheguei, fiquei perplexo com tamanha confusão. Não havia apitos, chefes dirigindo, todos bem formadinhos feitos soldadinhos. A sinalização era feita com as mãos. Graças a Deus minha audição seria poupada daquela vez! - Ali estavam eles, em dupla, pôr Patrulha três ou quatro em outro canto. Todos espalhados. Notei logo a maneira do Adestramento. A Tropa era pequena, três patrulhas no máximo seis em cada uma. O Chefe estava alçado em um poste simples dentro da sede, junto a mais dois monitores amarrando um cabo. Ninguém olhava sinal que aquilo era comum. Mais dois monitores estavam com um Assistente recebendo instruções. Ninguém correu para me receber.

- Não deram conta da minha presença. Fiquei a vontade e percorri a vontade cada Patrulha. Era um Adestramento dos bons. Não só os monitores adestravam, mas também os demais escoteiros da Patrulha. Eu já conhecia este plano de reunião. Estava em casa! Logo que me avistou um deles educadamente veio me cumprimentar e se desculpou pôr não poder me dar muita atenção.

- Neste momento, um Monitor que se apresentou educadamente pedindo licença e dizendo ao Chefe sobre o jogo que seria realizado daí a alguns minutos. Apesar de combinado previamente (havia programa!) a maioria gostaria de fazer o jogo do mês anterior. O que o Chefe achava? - Ele concordou de imediato e pediu ao Monitor que preparasse o material. Bem acho que vocês não precisam saber qual das tropas está fazendo o certo. Pena que não pude filmar os olhos, a feição e a alegria reinante antes, durante e depois do jogo. Aquilo sim era diversão!

O “Velho” parou de falar, pois um “zunzum” percorria a todos em sua volta. Um dos amigos dele estava desafiando a todos os que tivessem mais de 60 anos para uma corrida de obstáculos (corrida do ovo). O “Velho” nem pestanejou. Sempre que se encontravam faziam aquele mesmo jogo. Fui escolhido para ser o juiz. Eram 10 obstáculos diferentes. Cada um teria às duas mãos presas as costas e tinham que manter dois ovos crus dentro da boca! - Dei o sinal de partida. Um “barato” - Ver o “Velho” Escoteiro correr como tartaruga valeu todo o dia. Eram uns oito no jogo. A torcida logo correu para gritar e movimentar o jogo.

Ganhou a corrida um membro da Executiva. Vários tiveram os ovos espatifados dentro da boca. O “Velho” foi o último a chegar, mas chegou com os dois ovos intactos! O assunto do jogo desapareceu e vieram outros. Na rodinha a conversa estava animada. Sentimos falta do “Velho” Escoteiro e de seus dois amigos.
Encontramos os três. Roncando a sono solto debaixo da aroeira!

Lembretes:

“Procure desenvolver nas matilhas e nas patrulhas qualidades de liderança. Pretende-se que, nas horas vagas, eles saibam brincar sozinhos, propicie-lhes a prática da direção das próprias atividades”.
Para começar, partilhe com elas às suas responsabilidades de orientador de jogos. Vá aos poucos, delegando-lhes obrigação e autoridade, desde que tais coisas estejam à altura de suas capacidades.
Dê-lhes não apenas incentivo para a prática da Direção, mas também, tempo.

Permita que a turma escolha, de vez em quando o jogo que vai realizar e eleja o seu dirigente. Discuta com elas os resultados dos jogos e faça-as participar do planejamento do programa semanal.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

SUGESTÕES DE UM VELHO LOBO



Sugestões de um "Velho" Lobo
Apenas sugestões

A Patrulha de Serviço

Sem intervir na tradição do Grupo Escoteiro, é bom que se tenha a patrulha de serviço do dia. Esta é designada pela Corte de Honra. No caso das reuniões for com a participação de todo o Grupo Escoteiro (lobos, escoteiros (as) sênior-guias pioneiros) é preciso manter um esquema geral, neste caso determinado pelo no Conselho de Chefes.

Compete à patrulha de serviço, limpar a sede durante a semana (será vistoriada e vale para a inspeção diária), preparar as bandeiras, arriar e hastear as mesmas no inicio e fim de reunião.

O que fazer como fazer, e quando fazer, deve ser discutido durante reunião de Patrulha. Se for determinado por sessões, deve ter um rodizio permanente, onde cada dirigente determina a Patrulha ou matilha de serviço. Deve haver uma lista, contendo dados do que fazer, como fazer e quando fazer. Se possível sempre com a supervisão de um adulto.

Em uma próxima vez iremos comentar sobre a Patrulha de Serviço quando estiver a tropa acampada.

Sobre o Conselho de Chefes

Nenhum grupo sobrevive sem um bom Conselho de Chefes. Deles participam os Escotistas do Grupo Escoteiro, inclusive os novos ainda sem promessa. Todos com direito a voz e voto. O Diretor Técnico deve ter uma pauta a ser seguida, pauta esta feita após ouvir os Escotistas de cada seção antes do inicio, sobre quais assuntos devem ser levados à discussão para aprovação ou informação. A pauta é importante para evitar improvisações.

Compete ao conselho, além do que é determinado no POR e outras normas no Regimento Interno ou nos Estatutos, manter um bom relacionamento entre todos, dando voz e voto a cada um no destino do Grupo, relacionados às sessões. O Diretor Técnico pode apresentar temas oriundos dos Diretores do Grupo. No entanto ali eles não participam (os diretores) a não ser se convidados. Os temas se necessários poderá ser decidido por votação, e esta pode ser aberta ou secreta.  Neste caso a decisão é de todos os participantes. Lembramos que a democracia é importante para que todos respeitem e sejam respeitados.

No Conselho de Chefes é onde se vão dirimir dúvidas, discutir temas apresentados pelos chefes, aprovar atividades nacionais, programar o registro do grupo junto a UEB, sabe como e onde terão cursos realizados e como inscrever, aprovação de gastos nas seções (claro que a parte financeira tem que ser aprovada pela Comissão Executiva). O Conselho de Chefes também é o responsável pelo programa anual e neste caso o Grupo formaliza como ele deve ser feito e seguido.

Pela minha experiência, onde existe um Conselho de Chefes atuante, todos se entendem melhor. Dificilmente existem discussões inúteis, insatisfeitos e as discórdias são ali resolvidas democraticamente. (caso existam é claro). Ao mesmo tempo fomenta a amizade e fraternidade entre os chefes do grupo. O Diretor Técnico sempre ali é escolhido e indicado por todos quando forem realizadas as eleições no grupo.

Já comentamos que o Diretor Técnico deveria ter as qualidades essenciais a um bom aconselhador, idade suficiente para ser o líder do grupo, respeitado por todos não só no grupo como na comunidade, e independente financeiramente. Interessado e participante, para não prejudicar o crescimento do grupo, pois sem a participação de todos isto se torna impossível.

Cada Grupo Escoteiro deve observar suas normas internas, sempre informando aos escotistas seus direitos e deveres. Estas sugestões estão sujeitas as normas e diretrizes da direção nacional.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

PADRÕES DE ACAMPAMENTO - O MEU, O SEU, O NOSSO PADRÃO



Padrões de Acampamento - O meu, o seu, o nosso padrão.

            A visão é uma dádiva que nos foi dada pelo Criador. Com ela podemos ver imaginar e transformar os sentidos da audição, tato, olfato e até o paladar. Podemos olhar uma grande pedra negra e imaginar os raios do sol escarpando as suas faces dando-lhe um brilho ofuscante. Se quisermos, dentro de uma barraca, veremos com amor a chuva intermitente, borrasca de fim de semana e nos entreolharmos sorrir e imaginar que o som da chuva é uma doce e suave melodia e que a terra encharcada nos traz um aroma incomparável ao olfato de um velho mateiro.

            Quem já teve o “privilegio“ de sentir o gosto de uma leve refeição em uma clareira de uma floresta, acampado, feita pôr um jovem noviço, aprendiz de cozinheiro, e ver nos seus olhos todos os sentidos em ação? - Sua visão, audição, olfato, tato e paladar estarão firmes em sua mente, esperando que a audição ouça a palavra mágica que todos ali calados e sonhadores esperam:
            - Excelente meu caro escoteiro, excelente. Seus olhos vão brilhar. Um sorriso espontâneo irá brotar naquele rosto e olhe, não existe fortuna ou dádiva no mundo que pode pagar aquele olhar no momento mágico de alegria e felicidade.

Recebi na semana passada, um e-mail de um amigo Escotista que perguntava o que significava para mim, o “tal” padrões de acampamento. Colocava uma série de perguntas e dava logo em seguida suas respostas.

Lembrei quando em meados de 1990, dirigia um avançado da Insígnia da Madeira parte II, que foi feito em regime de acampamento por seis dias, já diferente do passado onde era oito. O curso se desenvolvia normalmente e além das palestras, atividades extras de pioneirias, os alunos se formavam por patrulhas e tinham acampamento próprio, cozinhando sua própria comida (fogão a lenha) além de inspeções periódicas, que podiam ser logo após o termino de uma sessão.

Um dos diretores do curso estava em reunião e o tema era Padrões de Acampamento. Neste momento, as patrulhas foram divididas em turma de cinco e discutiam o assunto que tinha sido motivo da palestra minutos antes. Fiquei ali ouvindo e vi mesmo naquela época, onde insistíamos que os acampamentos deviam ser feitos sempre a moda dos padrões, muitos dos alunos discordavam, mas não tinham uma experiência em seus grupos de origens para afirmar isto ou aquilo.

Claro, iriam para suas casas com as mesmas ideias e sabíamos de antemão que iriam manter o mesmo padrão que estavam realizados hoje. Quanto tempo ia durar? Bem, esta devia ser uma nova pesquisa a ser realizada em nosso Movimento Escoteiro.  

Padrões? Hora, a palavra padrão significa que e um modelo a ser seguido ou copiado. Pode-se também ser uma regra que deve ser seguida por todos. Assim quando BP fez seu primeiro acampamento em Brownsea foram ali criados os primeiros padrões não só de acampamento como de todo o Movimento escoteiro. Era uma forma de mostrar como seria a maneira correta para o jovem assimilar desde seu inicio no escotismo, a formação do caráter, a confiar em si próprio, saber se virar, a viver em equipe, e finalmente atingindo todas as partes do método escoteiro principalmente aprender a fazer fazendo e confiando, sabendo que os outros podem contar com ele.

Estamos hoje vivendo tempos diferentes. Mas posso afirmar que aqueles que de uma maneira ou de outra participaram dentro dos padrões esperados, muito devem ao escotismo sua formação. Claro, dificilmente saiam do movimento e sempre esperando a nova atividade ao ar livre.

Chegar ao campo, deixar que os monitores escolham seus campos de patrulha, ver a patrulha dar o grito no inicio da montagem, sentir o crescimento da montagem do campo, ver barracas sendo armadas, da cozinha sendo montada com seus fogões a lenha, o inicio da mesa de campo coberta, a barraca de intendência, as pioneiras comuns para proteção do material de sapa, as fossas de liquido e detritos, a patrulha de serviço montando o WC de todos.

Ver a chefia montar seu próprio campo, não tão perto das patrulhas, tendo liberdade para fazer seu próprio fogão, montar a barraca de intendência, ter um chefe experiente para distribuir nos horários programados os alimentos, ver um ou outro chefe fazer a mesa de campo, e sentir que as patrulhas tem inteira liberdade de ação, não tendo nenhum chefe por perto, dando palpites ou mesmo fazendo o que não deveria fazer.

Sentir a alegria dos jovens quando da formação das patrulhas, para um jogo, para uma excursão, para o banho (ver o POR), ou outra qualquer atividade, receber a visita do monitor convidando para o almoço, ou jantar, ou café da manhã, enfim tudo dentro dos padrões motiva e muito a permanência dos jovens na continuidade do escotismo. Agora eu me pergunto, quantos estarão fazendo assim? Acampamentos dentro dos padrões esperados?

O Escotista que me interpelou pelo e-mail não pensa assim. Disse-me que tem vários motivados de outra forma. Lembrei-me que sempre vi em algumas tropas, ou alcateias jovens motivados que mesmo tendo participado de uma péssima reunião de tropa ou alcateia, continuavam firmes e participantes ativos. Isto acontece em qualquer Grupo Escoteiro. Mas me pergunto está havendo muitas entradas e saídas? As patrulhas se mantem unidas e completas com os mesmos patrulheiros (as) pelo menos por um ano?

Claro, existem outras maneiras que não as de BP. Mas sou sincero. Formar jovens pelo Movimento Escoteiro cujos padrões não são aqueles do passado até pode dar certo. Mas lembro de que isto não é acampamento e sim uma atividade geral de camping. Acampamento é outra coisa. Gostaria de continuar a ver os velhos padrões conhecidos sendo realizado por todas as tropas. Sei que muitas assim o fazem, mas as mudanças são tantas que o escotismo um dia ficará só nas lembranças dos saudosistas até que desapareçam para sempre.

A MARIA FUMAÇA, UM TREM INESQUECÍVEL!



A MARIA FUMAÇA, UM TREM INESQUECÍVEL!

Viajar de trem sempre foi uma das minhas escolhas pessoais, era como se o mundo mudasse de rumo e eu seguisse em uma direção escolhida por ele. Hoje não posso mais fazer isso, mas um dia se puder, quero de novo embarcar para uma viagem que pode até ser sem volta. Não vai importar. Minha alegria irá superar tudo, pois estarei fazendo a viagem que no passado foi marcante em minha vida.

É um privilégio uma viagem de trem. São tantas coisas que dificilmente poderíamos descrever todas. Quem viaja se diverte, sonha, vê um mundo diferente. A Maria Fumaça sempre foi um dos meus amores quando jovem. Margeando um rio, com seus apitos estridentes, uma parada em uma pequena estação, alguns saltam outros sobem. O cheiro do trem ninguém esquece. As fagulhas lançadas no ar, as paradas nas caixas d’água para matar a sede da locomotiva. E os guarda-pós? Usei muitos. Não sei por que, todos brancos.

     Muitas vezes alguns funcionários da ferrovia passam despercebidos. A gente na poltrona olhando pela janela enorme, sonhando não sabe quantos estão trabalhando para que o trem siga seu destino. Ver a estratégia do manobreiro, a simplicidade do guarda-chaves alterando o percurso do trem, da destreza do maquinista, do esforço do foguista alimentando a fornalha sempre faminta. Do trabalho do pessoal da soca, a fazer os reparos necessários e o do fiscal de linha garantindo a segurança da viagem. É um espetáculo A parte.

A locomotiva devagar ou correndo, sempre apitando em uma curva ou ao aproximar de um vilarejo. Um som maravilhoso que devia encantar o maquinista que gostava de puxar o cordão do apito. As paradas nas estações, a aglomeração dos que chegavam e os que partiam. Os meninos com suas “coisas” vendendo e gritando – Olha o sanduiche de galinha, olha a manga madura! Doce de leite e doce de abobora quem quer? O apito do chefe do trem, ele o trem, devagar saindo da estação, a meninada correndo.

À noite, as luzes dos carros de passageiros acesas, a segunda classe, a primeira classe. Um espetáculo ver o condutor do trem, com seus bigodes imensos, seu uniforme impecável, e seu boné bem colocado na cabeça, começando seu périplo em todos os vagões. Uma rotina de anos, seu inconfundível apito para anunciar a partida do trem, e agora ali depois de percorrer os vagões da frente pedia educadamente – Bilhetes! Bilhetes! E todos sorridentes, com ele a mão para ver como ele picotava e perfurava numa manobra de deixar todos os passageiros embasbacados.

Eu tinha conhecido todos os tipos de trem. Para mim a que mais gostava era da “Jibóia” enorme, gigante, com varias rodas. As “baldwins” me chamavam a atenção, por ser uma Maria fumaça pequenina. Tão pequena que sua chaminé abarcava todo seu todo.

Com era gostoso ficar ali na janela, vendo o trem cortando montanhas, apitando, soltando fumaça, mostrando que ali em seu caminho é ele quem manda. Uma ou outra casinha a margem da ferrovia, sitiantes gritando, dando adeus, jovens crianças, um mundo maravilhoso! Quem teve o privilégio de viajar em uma Maria fumaça, de primeira ou segunda classe, não esquece nunca. Vai sempre margeando um rio, caudaloso ou não, ali vai ela, seguindo o seu curso natural. Seu destino uma próxima cidade, uma arraial, um sitio, um parada no meio do caminho.

O barulho e o cheiro do trem é uma experiência muito linda. Sinto saudades da Maria-fumaça. Da volta da ferradura. Do guarda-pó para nos proteger das fagulhas lançadas pela locomotiva enfurecida. Das paradas na caixa d’água para matar a sede insaciável da Maria-fumaça. Do som inconfundível do apito do condutor que anunciava a partida do trem e depois percorria os vagões de passageiros para perfurar e vender os bilhetes. Do malabarismo dos guarda-freios puxando a corda e pulando de um vagão para o outro com o trem em movimento.

Uma vez um amigo de um foguista, me convidou para uma viagem de uma estação a outra. Trecho pequeno, mas foi para mim uma tremenda felicidade. Ver o maquinista olhando a frente, seu apito inconfundível (ele olhava para mim e sorria). O esforço do meu amigo foguista alimentando a fornalha sempre faminta. Difícil imaginar quantos funcionários estavam envolvidos para que aquele trem percorresse seu caminho, sem perigos, e chamando a atenção de todos que moravam próximo à linha.

Depois, passaram-se os anos e as Marias Fumaças foram trocadas por locomotivas a Diesel. Mesmo assim, minhas viagens nunca deixaram de acontecer. Lembro que com minha família, sempre íamos para passar uns dias em Vitoria, e o trem percorrendo aqueles trechos maravilhosos, as paradas nas estações, a meninada de novo gritando e vendendo frutas, salgados, uma festa. O condutor sorrindo a dizer bem alto “Senhores passageiros! Próxima estação Aimorés!”. Foi uma época maravilhosa. O Rio Doce caudaloso, águas límpidas (hoje não é mais) Era também um espetáculo a parte a passagem de trem por outro em alta velocidade.

Hoje não tenho mais esta oportunidade de viagem. Anunciam aos quatro ventos um tal de Trem Bala. Acho que não vou viajar nele. Não vai me deixar ver o rio, as paisagens, a meninada com seus balaios de doces, salgados e frutas a correrem de vagão em vagão. Não será o trem dos meus sonhos. O que foi ficou no passado. Difícil enfrentar a modernidade. Não sei se gosto dela.

Meus filhos e meus netos não terão oportunidade de viver o que vivi. Não tem mais Maria fumaça. Não tem mais meninos vendendo frutas e salgados. Acho que nem o condutor do trem com seu bigode enorme, seu uniforme impecável e perfurar os bilhetes com maestria não mais existem. É melhor ficar só com as lembranças. Estas sim mostraram outra época e a de agora não é para mim. Quem sabe serão para os meus filhos e netos no trem voador?

"Lá vai o trem com o menino
Lá vai à vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade noite a girar
Lá vai o trem sem destino
P’ro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo ar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar, no ar.” 
 (O trenzinho caipira: Heitor Villa Lobos).

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A CORTE DE HONRA



A CORTE DE HONRA

- No mínimo, você quer que eu aprove e aceite normalmente o fato. Posso até compreender, mas isto não significa que dou o aval e assino em baixo - falou o "Velho" Escoteiro.

     - Não seria bem assim - falei -  a razão e a necessidade falam mais alto. Se o jovem mostra-se sem condições e está totalmente fora da realidade Escoteira, inclusive desafiando os monitores e dando mau exemplo, nada mais lógico do que aceitar às ponderações da Corte de Honra em excluí-lo do Grupo Escoteiro.

     Estávamos comentando o fato de um Grupo amigo, onde a Tropa Escoteira passava pôr algumas dificuldades,  a Corte de Honra tinha tomado à decisão de excluir um Escoteiro, que pelo seu passado tinha alcançado a Segunda Classe e fora até certo período um modelo para os demais. Ninguém sabe o porquê, começou a desafiar o seu Monitor, desmerecendo os demais na Patrulha e agindo na escola e em casa de uma maneira totalmente fora do que se espera de um Escoteiro.

     - Veja bem - falou o “Velho" Escoteiro  - Existe todo um histórico para ser analisado. Posso até dizer que a Corte de Honra tem também essa finalidade, mas nunca como ato julgado e decidido. O  Chefe da Tropa errou em aceitar esta decisão, sem primeiro tentar ver o que estava acontecendo. Você me diz que ele visitou os pais, conversou com a sua professora e não achou um motivo lógico para esta mudança tão radical. Mas entre nós, o motivo existe. Difícil aqui dizer qual e veja, ele o jovem tem um passado. A palavra “excluir” não é meio forte para ele? Quem sabe uma licença de alguns meses e se ele se interessasse poderia voltar?

Se ele o jovem não estivesse mais participando, até que uma atitude de exclusão poderia ser tomada. Mas não. Ele está indo as reuniões e isso deve ter um significado. -  Não podemos confundir a confiança que depositamos nos membros da Corte de Honra em decisões que influem diretamente na formação de um jovem. Isto pode ser um começo para um  futuro incerto, que em vez de ajudar pode até prejudicar uma vida. E estou vendo que seus pais participam pouco das decisões sobre seu filho. Para que tiveram que ir ao grupo quando da entrada e agora não?

     - É claro que a Corte de Honra tem toda a autonomia para tomar decisões. Mas o Escotista responsável é quem dá a última palavra. Deve esclarecer e preparar seus membros dentro de padrões toleráveis em uma Corte. Não é ali, na hora da decisão que isto deve ser feito. No entanto o bom senso indica que os temas a serem apresentados, não podem alterar a ordem da pauta previamente preparada pelo Presidente da Corte, ou seja, o Monitor mais antigo ou em caso de empate, pôr eleição. O Chefe deve estar a par do que vai ser discutido para evitar decisões que impliquem no seu veto.

     - A Corte é autônoma para tomar decisões que impliquem nos destinos da tropa, mas não pode decidir quando o assunto envolve os destinos de um jovem. Nosso programa é um só e isto deve ser esclarecido. Antes de tomar qualquer decisão é necessário informar se existem Normas ou Regulamentos que possam ser infligidos. Muitas vezes às decisões são difíceis, mas devem ser tomadas. O que cabia a Corte de Honra era mostrar ao Chefe os fatos, e a insatisfação de todos.

     -  Competia ao Chefe tomar esta decisão junto ao Chefe do Grupo e este de comum acordo com Conselho de Chefes dariam o parecer final.  - A Corte de Honra é o reflexo do Adestramento dos monitores. Se ele é bom, ela funciona bem e vice versa. Na  tropa tem três órgãos que devem funcionar em sintonia: - A Patrulha, o Conselho dos Monitores (algumas tropas não tem) e a Corte de Honra. Muitas vezes a Patrulha resolve e não existe a necessidade de levar o assunto ao órgão superior, no caso o Conselho de Monitores ou a Corte de Honra.

     - Na reunião de Patrulha, todos os jovens participam, discutem, se adestram, mostram suas necessidades, e tudo isto deve ficar anotado em Ata pelo Escriba em livro próprio. Ali assuntos que dizem respeito a toda a tropa, são levados pelos monitores ao Conselho deles, que decidem se o assunto vai ou não ser tratado na Corte de Honra. Claro que no Conselho de Monitores, o Chefe é o Monitor dos demais e quando este conselho está reunido, tem como mais de 80% de sua finalidade o adestramento. Pode-se, no entanto orientar  numa situação crítica.

    - O intuito da Corte é de dar aos jovens um exemplo como funciona um regime democrático. Ele tem que aprender que temos direitos e deveres e em toda democracia existem salvaguardas para isso.  Desde o Conselho de Patrulha  até o mais alto escalão deve ser este o nosso objetivo. Todos devem compreender e saber que também o Grupo Escoteiro possui seus órgãos onde são expostos todo o tipo de problema, e as soluções se baseia nas Normas e Regulamentos do Escotismo.

     Meu horário com o "Velho" Escoteiro já estava avançado. Mesmo assim resolvi interpelá-lo, pois a visão da Corte estava um pouco distorcida com o que ele dizia. - Muitas vezes temos que aceitar a palavra e às decisões dos monitores, - falei - Mesmo que ela vá de encontro a nossa maneira de interpretação. Participei de varias Cortes e em nenhuma delas foram tomadas decisões que pudessem implicar em erros que um dia pudessem prejudicar à própria tropa.

     - Claro - falou o "Velho" Escoteiro. Você conhece os jovens tanto como eu. Na maioria dos casos eles nunca são radicais como nós. - E vou  ser sincero com você, como o horário está avançado eu estou com sono, assim dou pôr encerrada mais esta sessão da Corte, que Infelizmente não será lida e aprovada pôr todos, porque não existe aqui um bom escriba.

     O "Velho" Escoteiro  me mandou embora educadamente. Ele estava certo. Até a Vovó já havia se recolhido. Haveria outras noites outras conversas, outros “papos”. Algumas teriam que aguentar as agruras de sua velhice, mas em outras tenho certeza, meu conhecimento do Escotismo seria enriquecido, pois aquele "Velho" Escoteiro tinha tudo para me orientar no que eu devo ou não fazer nas minhas andanças escoteiras. 

A VIAGEM



A viagem

Quando ficamos mais velhos, vemos a vida passar muito rápido. Nem sempre observamos tudo que vamos vendo pelo caminho. Só as noticias boas ou ruins vão sendo absorvidas, muitas vezes de maneira diferente do que desejamos. Nossos sonhos ainda persistem. Pensamos sempre no futuro como o vemos em nossa mente. Mas no fundo sabemos que breve deixaremos esses sonhos e iremos mudar de paisagem.

Porque escrevo isso? Não sei. Quem sabe pelas ultimas noticias captadas aqui e ali. Um amigo que se despediu, outro que não conhecemos e também partiu. Ficaram as saudades. Muitos deram seus pesares de forma amiga e fraterna. Outros só tomaram conhecimento. Mas sempre pensando que perdemos alguém. Não sei. Penso diferente.

Alguém me disse um dia que sempre compramos um bilhete para uma viagem longa. Na estação subimos a escadinha que nos leva ao vagão do trem e partimos em direção ao nosso destino. Lá no vagão onde vamos viajar, iremos escolher nossos amigos, parentes, e vamos viver com eles a grande viagem. Teremos nosso livre arbítrio para decidir como será a viagem. Poderá ser como programamos em nossa cidade de origem ou não. Vai depender de nós.

Durante essa viagem veremos muitos descer do trem. Em cada estação alguns irão ficar e outros irão subir. E a viagem vai continuar. Muitos dos que desceram são conhecidos ou parentes próximos. Outros não tivemos a alegria de conhecer a não ser que estávamos na mesma viagem. No mesmo trem da vida. No vagão nós podemos fazer uma boa viagem ou uma má viagem. Tudo depende de nós. Podemos rir chorar, cantar, ajudar aos outros que ali estão e quem sabe embalar sonhos que podem ou não se transformar em realidade.

Mas sempre é uma viagem boa. Escolhemos esse vagão porque precisávamos aprender muito. Sempre aprendendo. Neste vagão iremos compartilhar incríveis aventuras e incríveis amizades que serão mais que um simples contato. Quase todos que ali estão também escolheram este vagão, pois já viajaram conosco em outras viagens do passado. Nem sempre fizemos boas viagens. Agora é diferente. Todos estão imbuídos que devemos fazer tudo para que possamos nos sentir mais alegres, mais irmãos e que a união de todos é importante para fazer esta longa viagem.

Vai chegar o dia que vários de nós irão descer do trem. Afinal compramos um bilhete que dizia onde deveríamos descer. Não adianta querer continuar a viagem. O condutor do trem não deixará que continuemos ali no vagão. Claro, iremos ficar tristes com aqueles que desceram. Muitos deles foram amigos próximos outros íntimos e vamos sentir falta.

Importante lembrar que nós também vamos descer qualquer hora. Todos descem.  Mas iremos voltar a nossa terra de origem. Onde moramos. Sabemos que foi só uma viagem. E os que ali estiveram conosco no vagão também irão procurar sua cidade e quem sabe é a nossa que moramos? Irão descer na estação, olhar ver e sorrir – Eu voltei não me esqueci de você minha linda cidade!

Portanto meus amigos, quando alguém descer do trem, não fiquem tristes. Ele está voltando para sua cidade. Devemos pensar e se possível sorrir e dizer – Seja feliz meu amigo, agora você está no meio dos seus. E o melhor agora Deus está com você para sempre! 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

FOGO DE CONSELHO



FOGO DE CONSELHO

O dedo em riste do "Velho" Escoteiro não era em tom de desaforo, mas sim de uma maneira peculiar quando queria discordar de algum tema em discussão. - Eu sei que o mundo é outro e já nos aproximamos de um novo século - dizia o "Velho" Escoteiro. Mas isto não significa que os jovens também querem mudar. Eles estão aceitando o que lhes oferecem, e na falta de algum melhor, aceitam qualquer coisa. Afinal o outro lado não lhes foi oferecido.

 Não é bem assim "Velho" Escoteiro. - Quem falava era um membro da Equipe de Formação, um dos poucos a visitar o "Velho" Escoteiro esporadicamente. Quando aparecia, já sabia das opiniões e sempre sobrava para ele às mudanças porque passava o Movimento Escoteiro. Ele era um daqueles abnegados, Cirurgião Dentista, que largava seu Consultório para ajudar e ao mesmo tempo era um dos poucos que se animava a falar com o "Velho" Escoteiro. Muitos o achavam ultrapassado e “chato”.

- Tenho participado de alguns Cursos Técnicos de Fogo de Conselho, e você sabe da minha experiência do passado. - Conheço como você como surgiu e como BP deu significado a esta atividade noturna. Lembro que Baden-Powell em suas andanças observou que os nativos da Ásia, da África e da América e até os colonizadores brancos, reuniam-se, à noite, em torno do fogo que com sua luz e calor, espantavam a treva, o frio e os animais selvagens. Era o momento em que se encontravam para conversar, cantar, contar histórias, realizar cerimônias religiosas, planejar caçadas, guerra ou a paz.
            - Sei que o Fogo de Conselho, - Continuou - Como muitas outras atividades que caracterizam a mística e a ambientação do Programa de Jovens, tem sua origem nas observações do Fundador sobre os costumes, valores e tradições culturais dos muitos povos que conheceu durante suas viagens.

Era uma discussão das boas. Não fazia nem dois meses que havia participado do Curso Técnico de Fogo de Conselho e minha pesquisa tinha dado uma diretriz, que não caminhava em direção a usual, ou seja, a rotina do que hoje todos denominam Fogo de Conselho.

- O "Velho" Escoteiro riu e como sempre deu sua “pitaca”. Olhe se você der minhoca aos jovens para pescar lambaris em uma lagoa infestada de jacarés eles vão ficar o dia inteiro e não vão reclamar. Estão acreditando que ali tem lambaris, pois o Chefe “falou”. - disse o "Velho” Escoteiro. Aprenderam assim. Mas será que isto vai ajudar na formação? - Tenho ouvido de muitos a necessidade de mudança, mas esta não pode ser feita desta maneira. O Fogo de Conselho faz parte da mística, da tradição. Pode até não parecer, mas é muito importante na formação do jovem.

- Continuava o "Velho" Escoteiro - O Fogo de Conselho é uma extensão da atividade em que o jovem participou nos dias de acampamento. Lembro que fui convidado diversas vezes para montar cursos de Fogo de Conselho. Nunca acreditei nisso. O que hoje querem é um espetáculo teatral. Já criaram temas, normas, nomenclaturas que dou risadas quando vejo. - Ele (o Fogo de Conselho) tem que ser criativo e para isto não pode ser para uns poucos que se sobressaem na arte de representar ou então para o chefe que é mestre na área de Animador de Fogo de Conselho.

- A ideia de BP não foi essa. Você já disse que conhece como eu como surgiu e o que vemos foi criado depois. Hoje alguém com alguma criatividade vão à frente com um programa escrito, quem sabe uma bela manta cheia de distintivos, (nada contra) e pobre dos participantes. Vão assistirem réplicas de representações antigas ou vistas em alguns programas cômicos de TV. Canção, a patrulha tal para a palma, ou canção ou apresentação. Depois outra Patrulha e assim vai. E o tal Animador que sempre é um adulto a se exibir e nem sabe se agrada a não ser pelos aplausos e sorrisos.

É isso o Fogo de Conselho? - Continuava o "Velho" - Acredito que existe a necessidade deste espetáculo teatral, desde que seja bem montado e destinado para pais e visitantes em situações “esporádicas”. Repito ocasiões especiais.  A pirotecnia ali até que pode valer à pena, mas esta é a única exceção que admito. O fogo é para os jovens, dirigido pelos jovens e lembrado no futuro pelos jovens.

- O melhor é aquele fogo da tropa, que ela decidiu o que, onde, como e quando. Que ela (a tropa) sabe o que vai fazer. Que pode ser um simples bate papo, mas o fogo, este sim está ali em volta, e todos sentem o mesmo calor e participam em conjunto espontaneamente. Aceso com um ou dois palitos, onde alguém até pode fazer sua promessa, e como no passado receber seu nome de guerra saltando a fogueira de olhos vendados. (pena isso não existe mais)

Acredito que até alguns ingredientes são bem vindos e devemos até motivar os nossos jovens com instrumentos musicais. É um fogo dos jovens para os jovens. Diga-me, no passado quando as tribos indígenas se reunião em volta do fogo, tudo estava escrito e detalhado o que cada um ia fazer? Tinha normas? Horários para cada um se apresentar? O "Velho" Escoteiro deu uma pausa.

O Chefe DCIM aprovou a deixa para mudar de assunto. Conversaram mais algumas amabilidades e logo apareceu a Vovó com seu café fumegante e seus biscoitos maravilhosos. Fiquei analisando a conversa dos dois e fico com o "Velho” Escoteiro. O Fogo de Conselho tem tradições que foram criadas e estas não podem ser alteradas a bel prazer.

É delicioso fazer uma fogueira simples, alimentá-la à medida que se torna necessário, sentir o calor dos amigos, um bate papo legal, uma canção espontânea, uma imitação ou uma historia de improviso, um fato pitoresco, um bom café ou chá. Umas batatas na brasa. Boas risadas das dificuldades ou aventuras do dia ou dos tempos no Escotismo. E claro, sempre acompanhada com as tradições, a invocação dos ventos, a canção do fogo, o quebra coco, uma bela historia contada e que marcará para sempre, a Canção da Despedida, a oração. E depois, e depois... Deitar na relva e ver as estrelas! Isso sim, para mim é o verdadeiro Fogo de Conselho.

Os jovens, os chefes, todos eles ali são amigos. Não há ordem de sequência e nem repetitividade. Este sim seria o meu fogo ideal. Já participei de dezenas, centenas talvez, mas não tive o prazer de assistir e participar de um desse. Felizes são os jovens. Pena que os adultos não pensem assim. Sempre decidindo o que é bom para eles. Não consultam e ainda dizem que fazem tudo para ajudar. É prefiro não comentar sobre isso. Já comentei muito.

- Senti o "Velho" Escoteiro bater a mão no meu ombro, me dar um olhar enigmático, sorrir e dizer - Também concordo com você. Participei de mais de três centenas de Fogo de Conselho assim. Belos tempos meu amigo, belos tempos.

Deus do céu! - pensei. O "Velho" Escoteiro agora também lê pensamentos?

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O UNIFORME ESCOTEIRO



O uniforme Escoteiro

De novo? Desculpem. De novo. Todo sábado faço uma pesquisa de visitantes e o que leem em meus blogs. E me surpreendo sempre. Lá está entre os mais lidos, artigos e historias sobre o uniforme Escoteiro. Eu me pergunto por quê? Em um blog com mais de 15.000 paginas visitadas, o artigo do Uniforme Escoteiro está em primeiro lugar. Não entendo. Você entende? Alguém pode explicar?

Afinal o uniforme hoje é um emaranhado de arranjos e muitas vezes ficam a escolha do adulto dirigente. E claro, os jovens o seguem. Afinal ele não é o exemplo?  POR? Fui lá. Li e não gostei. Muitas aberturas. Isto fez com que cada um escolhesse o tipo de chapéu, o tipo de cor, como colocar o lenço e virou uma confusão que não entendo nada. Vocês podem ver nos próprios cursos de formação. Tentem ver uniformização ali. E olhem. É onde aprendemos!

Perguntei um dia a um Escotista – Amigo você exige na promessa o uniforme completo. Depois cada um vem com o traje que escolher. O chapéu ou o boné que achar mais bonito. Para isso é só dar uma “amarradinha” na ponta do lenço. Para que ele gastou em fazer seu uniforme? Risos. Uma resposta que não comento aqui. Não vale a pena. E então volto ao tema. Porque tantos se preocupam com o uniforme?

 Digo preocupam, pois estão lendo e muitos os artigos que escrevo. São os mais lidos.
Claro, tem aqueles que dizem, - Olhe aqui é frio, ou aqui é quente, ou a comunidade não aprova. Ou então para que ele não fique sujo! Caramba! E os demais que se uniformizam? Os militares, os colégios? Esqueci. Os escoteiros são diferentes. Interessante que nesse caso cada um decide por si, mas quando é para participar e contestar atos que no seu grupo, ou no seu distrito ou na sua região e até na Direção Nacional se calam. (nem todos desculpem)

Pergunto: - Quantos sabem que nossos dirigentes deram uma “colher de chá” para que possam dar “pitadas” no POR? E quantos enviaram sugestões? Claro sei que estas sugestões em sua maioria não serão levadas em conta (e nem dá para reclamar depois), mas não vale a pena tentar?

Expliquem-me. Estou tendo um transe de amnésia. Não estou entendo porque tantos leem sobre o uniforme e tudo continua na mesma. E olhe, conheço com a palma de minha mão os que discordam. Mas muitos não são da UEB. Claro, como diz o Dr. Spock no filme Jornada nas Estrelas. Isto e completamente ilógico!

Acho que precisamos urgente de um pouco de lógica de Jornada nas Estrelas. Vejam o que disseram seus idealizadores sobre como deve proceder à tripulação da nave:

Seja ousado. Questione as regras;
Esteja preparado mesmo que digam que você não está;
Esteja atento aos detalhes;
Provoque emoções;
Os melhores em seus lugares;
Exerça a compaixão;
Ponha a lógica de lado, faça o que é certo;
Audaciosamente, vá onde nunca esteve;
Permita-se curtir.

Esta turma é da pesada. Eu gosto deles! Risos. Quem sabe um dia nós escoteiros seremos assim?