Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Cumprir os deveres, apesar das dificuldades.


Assim escreveu Baden-Powell.  
Cumprir os deveres, apesar das dificuldades.

Tenho sido mestre de não realização, mas eu tenho sido “Jack” de muitos, e, assim gostava de toda a variedade das coisas boas que o mundo tem a oferecer. Alguma vez você já pensou nisso, que a duração da vida adulta de um homem de 70 anos tem 291.000 horas de vigília?
A maioria dos homens dormem por oito horas, quando sete são suficientes. O homem que dorme durante sete horas ganha um adicional de três anos e mais, e assim pode acordar para a vida mais que os outros.

Eu achei um bom plano de dar-se, na imaginação, três anos a mais para viver. Sentir que você tem que fazer as coisas dentro desse tempo, se eles estão fazendo grandes sonhos em realidade, ou ganhar felicidade. O tempo não deve ser desperdiçado.
Os jovens, claro dizem que não querem ser guiados por números de volta aos antigos, mas ao mesmo tempo eu sei que no meu caso eu ganhei muito por estudar os personagens dos chefes com quem eu servi de vez em quando.
Lord Wolseley, por exemplo, disse: "Use seu bom senso em vez de instruções do livro.”.
Sir Baker Russell deu responsabilidade e confiança os seus oficiais. Também dotado de intuição rápida ele tomou decisões rápidas e, se certo ou errado, levou-os através de um estrondo para o sucesso, enquanto Sir Henry Smyth, exatamente o oposto, teve o cuidado meticuloso para pensar as coisas na linha certa, mesmo para usar as palavras exatas, então ele nunca cometeu um erro.

Cecil Rhodes, por outro lado, tinha uma visão muito ampla, mas era capaz de ignorar detalhes. Lord Roberts foi um dos que usou essa poderosa alavanca, o toque humano, e Senhor Plumer já jogou o jogo para seu lado, sem respeito a qualquer pensamento pessoal.
Sir Sangue Bindon, com toda sua experiência, estava sempre pronto a aprender.
Sir Frederick Carrington resfolegou em uma risada contagiante para quebrar todas as dificuldades quando surgiram.
Tal estudo de personagens que vivem me ajudou e vai ser de auxílio para aqueles que gostam de realizá-lo.
Muitas vezes me pediram os meus jovens amigos, quando confrontado com um adversário, para "jogar polo" com ele, ou seja, não ir com ele careca, mas a andar lado a lado com ele e, gradualmente, bordá-lo fora de sua faixa. Nunca perdi a paciência com ele. Se você está com a razão, não há necessidade, se você está no errado, você não pode dar ao luxo.

Em uma situação difícil um guia que nunca falha é de se perguntar: "O que Cristo fez?" Em seguida, fazê-lo, tanto quanto você puder.
Possivelmente, a melhor sugestão de forma condensada, de como viver, foi dado pelo meu velho diretor, Haig Brown, em 1904, quando escreveu a sua receita para a velhice:
- Uma dieta moderada e livre, liberdade de cuidar de sua base financeira, o trabalho abundante e pouco lazer, Um amor do dever mais que um prazer, uma mente equilibrada e contente e caridade com todos os homens, alguns pensamentos muito sagrados para exibição em plena luz do dia comum, um lar cheio de paz, uma esposa amorosa, crianças, que são a coroa da vida; Estes alongam os anos do homem além do período estreito do salmista.

Olhando para trás, por cima do meu próprio "espaço estreito", dois pontos brilhantes entre os muitos que, instintivamente, uma vez vêm à mente são:

- Em número de vida eu e todo tempo que vivi entre bons companheiros na estepe ensolarada na campanha Matabele, e na vida de número dois, chego um pouco de lado e me vejo arrastando para baixo até que seus dois braços pode chegar à volta do meu pescoço, quando com um beijo macio e úmido ela sussurra: "Só mais uma história de boa noite, papai”.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Chefe Ralph, ser ou não ser?


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Chefe Ralph, ser ou não ser?

            Ralph aceitou a mudança da sua cidade para Rio Vermelho. Afinal a proposta da sua empresa era muito boa. Consultou Doda sua esposa e ela concordou. Ela não estava trabalhando e só cuidava de Robertinho e Lorena, quatro e seis anos respectivamente. A única tristeza de Ralph foi deixar o Grupo Escoteiro Estrela Cadente. Afinal ele e o Josué foram os fundadores. Uma pena mesmo, pois o grupo crescera e a o bairro inteiro aplaudia os escoteiros. Mas ele precisava pensar em sua vida profissional e viu ali em Rio Vermelho possibilidades nunca sonhadas. A despedida da tropa foi triste, mas Ralph fez tudo para deixar todos alegres. Afinal somos ou não somos irmãos? E isto não é mais que um até logo. Sempre que possivel virei aqui abraçar vocês! – O Anrê foi vibrante. Ralph amava aquele grupo. Agora precisava seguir em frente. Lembrava-se de um filme que assistiu - “Nada é para sempre” não era mesmo.

              A empresa comprou uma nova casa para ele. Todos estavam adorando e Ralph não perdia a oportunidade de sair com a família. Um dia foram acampar em um sitio próximo de um dos diretores da empresa. Claro não era um acampamento Escoteiro e sim um camping divertido e gostoso. E não foi uma surpresa que ao subir um riacho para procurar um bom remanso para pescar ele deu de cara com uma Tropa Escoteira. Mas eles não estavam sós, havia lobinhos, seniores, guias e vários pais. Eles chamavam de acampamento, mas acho que estavam enganados. Colocaram as barracas em circulo onde todos dormiam. Os pais cozinhavam. Ralph riu baixinho. - Bem pelo menos eles estão em busca da natureza e só isto já conta um ponto. No entanto isto não é um acampamento nos moldes de Giwell. O importante era se eles estavam felizes. Ralph encontrou o Chefe e se apresentou. Não foi assim àquelas coisas o aperto de mão. Mas Ralph não se incomodou.

               No sábado seguinte foi fazer uma visita ao Grupo. Quem sabe ele poderia ajudar? Afinal era um Escoteiro e participava do movimento desde lobinho. Colocou seu uniforme caqui, seu chapéu Escoteiro, sua calça curta e se olhou no espelho. Estava ótimo. Como era menos de cinco quarteirões foi a pé. Levou seus dois filhos consigo só para eles saírem um pouco. Ainda não tinham idade. Chegou à sede do grupo por volta de quinze para as duas da tarde. A reunião conforme foi informado começava às duas e meia. Tinha poucos jovens e nenhum adulto. Procurou-os e se apresentou a um por um. Eles estranharam e sorriram baixinho. Ralph notou que eles não estavam acostumados com chefes a cumprimentá-los. Só às duas e meia chegou o Chefe com uma sacola sem o uniforme. Sorriu para Ralph e pediu alguns minutos, pois ele iria vestir o uniforme. Logo em seguida chegou mais dois, também sem uniforme e entraram na sede. Uma senhora dos seus sessenta anos também chegou com a saia e blusa, mas sem o lenço, foi também para a sede.

                Só às três horas todos foram chamados para o cerimonial de bandeira. Agora os chefes estavam uniformizados, mas esperaram alguns seniores que também foram se trocar na sede. Ralph nunca tinha visto isto. Sempre achou que o uniforme faz parte do Escoteiro. Ele é o melhor veículo para mostrar quem somos. Se os chefes davam os exemplos claro que os demais também o seguiriam, pois achavam ter os mesmos direitos. Na primeira oportunidade Ralph perguntou ao Chefe o porquê eles não vinham de uniforme de casa. – O senhor sabe, o uniforme serve para padronizar uma organização e mostrar o que somos. - Sem querer ofender – ele continuou, tenho visto muitos dizerem que o escotismo a gente traz no coração e isto é verdade, no entanto não significa que devemos andar sem ele. O próprio fundador do escotismo já dizia que devíamos nos orgulhar do nosso uniforme.

               O Chefe tentou se explicar e falou e falou. Alguns vinham direto do serviço e outros iriam para atividades fora de sua residência. Ralph pensou que isto era uma desculpa. Quem sabe já acostumaram assim. Viu logo que isto poderia desanimar os jovens, pois ele sabia que o sonho de todos quando buscavam o escotismo era vestir o uniforme, sem o exemplo do Chefe isto poderia deixar a desejar. Ralph quando foi ao Grupo pensou em pedir para ser um deles. Agora pensou muito se deveria fazer isto. Notou que muitos dos chefes e seniores depois que saíram da sede com seu uniforme não o cumprimentaram. Viu que ali a fraternidade não era o que ele sempre conhecera. O Chefe o olhou ressabiado. – Olhe porque não vem participar conosco? Nosso Chefe de Tropa tem faltado muito e já disse de sua intenção em sair do grupo.

             Ralph perguntou se eles tinham Conselho de Chefes e quando seria a reunião. O Chefe disse que não precisava. Resolviam ali durante as atividades tudo que precisavam resolver. – Seria possivel o Senhor marcar um Conselho de Chefes para me apresentar? Eu teria algumas observações a fazer. – Meu amigo ele disse, nunca fizemos. Eu resolvo tudo. Apresento você na ferradura e pronto. Ninguém vai contra meus desejos! – Ralph agradeceu o Chefe e disse que iria pensar. Já estava resolvido que não ia participar daquele grupo. Um grupo onde o Chefe determinava e mandava sem consultar a ninguém. Faziam um escotismo triste, pois viu que nas sessões poucos sorriam e aquela de vestir o uniforme na sede? Isto era duro de engolir.

              Ralph nunca mais voltou aquele grupo. Que eles fossem felizes, mas sem ele. Se eles gostavam assim que assim fosse feito. Ele sabia que precisava de um grupo e porque não começar um do nada? Não era difícil e até que foi fácil demais. Na reunião de pais da escola dos filhos ele procurou a diretora e dai para começar foi um pulo. Claro que ele manteve contato com os chefes do grupo que foi visitar, mas sempre os viu tristes, como se ir para uma reunião escoteira fosse uma obrigação e não um prazer. Sempre que ia para a sede ia cantando e todos das ruas onde ele passava sorriam ao vê-lo passar. Era isso mesmo que ele queria. Amava o escotismo e precisava mostrar a toda à comunidade do bairro que escotismo era bom, era necessário para a formação sadia da juventude. O uniforme era um auxilio para isto. Ele sabia que um Escoteiro bem uniformizado tem um papel relevante para o reconhecimento do escotismo no mundo.  

       

terça-feira, 1 de abril de 2014

Lomanto um Almoxarife&intendente para ninguém colocar defeito.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Lomanto um Almoxarife&intendente para ninguém colocar defeito.

            Vinte minutos de reunião de patrulha. Desta vez na sede escoteira. Lomanto fez um sinal que queria a palavra. Olhamos para ele sutilmente. Não podíamos deixar transparecer nada. Se ele desconfiasse do que pensávamos ia embora imediatamente.  Lomanto era único. Muitos que não o conheciam achavam que ele era mudo. Quase não falava. Naquela tarde sentamos em nossos bancos de madeira, que cada um fez o seu com caixotes doados pelo Senhor Joventino dono do Armazém das Flores. – Está faltando a Faca de cabo de osso! Disse – Ninguém falou nada. Nem devíamos falar. Se ele começou que terminasse. Demorou vinte minutos para falar esta frase. Seis minutos depois completou – Alguém sumiu com ela no Acampamento na semana passada no Riacho Seco. Não falou mais nada daí em diante. Nonato o Monitor esperou sua hora de falar. – Você não anotou quem a levou? Lomanto olhou para Nonato com os olhos em fogo! – Ninguém disse nada. Quinze minutos depois ele disse – Vou lá domingo, preciso de alguém para ir comigo!

           Eu conheci muitos almoxarifes, mas igual à Lomanto nunca vi. Era perfeito. Tudo muito bem anotado. Fazia cópias e entregava a cada um da patrulha, em cima estava escrito – “Você também é responsável”. Se quisesse um facão ele entregava e você tinha de assinar. O facão brilhava o fio perfeito, o cabo preso com tiras plásticas para não quebrar. Nossa caixa de intendência podia não ser a melhor da tropa, mas ninguém tinha uma superior. A caixa de primeiros socorros era perfeita. A carrocinha sempre limpa e engraxada. Nosso material fazia gosto e mesmo com a mudez dele nos sabíamos que ele era especial. Agora a faca de cabo de osso sumiu. Para ele era como se tivessem tirado um pedaço de sua carne. Ninguém entendeu como ele não anotou. Ele nada disse. Aprendemos com ele a ter responsabilidade com nossos encargos na patrulha. Se ele levava a sério nós também tínhamos a obrigação de ser sérios. Bem nosso cozinheiro era perfeito, nosso Construtor de Pioneirias&tesoureiro era demais. Jonatah o treinador de jogos&bombeirolenhador sabia o que fazer. Todos nos sabíamos que devíamos ter responsabilidade com nossos cargos, pois a patrulha dependia de nós.

        Três frases ditas por Lomanto e uma do Nonato o Monitor e a reunião terminou. Sempre era assim. Ao levantarmos após todos assinarem a ata Lomanto me olhou. Eu sabia. Ele também sabia que eu iria com ele atrás da faca de cabo de osso. Se alguém disse que compraria uma nova era briga na certa. – Responsabilidade é tomar conta de bens de todos. Se alguém não é responsável não merece estar na patrulha. Este era um dizer dele e eu sabia de cor. Combinamos para domingo e partimos. Não era perto, quase três horas de bicicleta. O tempo estava bom e não houve contratempos até o Riacho Seco. Procuramos e nada. Lomanto calado como sempre. Um pouco mais acima avistamos dois homens. Estavam abrindo uma novilha morta. O serviço quase terminado. Era comum naquela época açougueiros comprarem em fazendas e ali mesmo destrincharem. Mas Lomanto não tirava os olhos do “baixinho” ele estava com a faca de cabo de osso. Eu vi e reconheci. Eram dois homens mal encarados. Um deles foi até um remanso do riacho e o outro foi atrás. Só vi Lomanto voando como o vento em sua bicicleta, passar pela caminhonete deles, pegar a faca e sumir dali. Fiz o mesmo. Ouvi gritos de pega ladrão.

        Chegamos à sede espavoridos e cansados. Lomanto ficou mais de meia hora lavando e secando a faca. Depois pegou uma pequena lima e afiou o fio da faca. Era como se a faca fosse o filho dele. Guardou. Olhou para mim, colocou sua mão em mão ombro e mexeu com a cabeça como a dizer – Obrigado. No sábado a reunião se desenvolvia normalmente. O Chefe Miraldino atendeu dois homens que o procuraram. Reconheci logo, eram os dois açougueiros. A tropa foi formada – O Chefe perguntou quem pegou uma faca dos açougueiros. Lomanto deu um passo à frente – Nunca na vida vi Lomanto falando tanto. Acho que o que falou valeu por todo ano – Ele foi até a presença dos açougueiros. – Esta faca é da minha patrulha. Ela tem uma marca, tem um L de Patrulha Lobo no cabo de osso. Posso mostrar. Não é de vocês. Não sei onde a acharam, mas não vou devolver. Nem por ordem do Chefe!

          Nonato o Monitor se aproximou. – Chefe a faca é nossa não existe a menor dúvida. O Chefe olhou para os açougueiros. – Um deles disse – Se pagar pela faca pode ficar com ela. O Chefe Miraldino era sargento da Policia Militar – ele disse – Vamos fazer o seguinte, vocês me mostram o recebo da compra da vaca que mataram e eu pago a faca! Os dois açougueiros não disseram nada. Saíram resmungando e reclamando que os Escoteiros são irresponsáveis. – Eu sabia que estava havendo muito roubo de gado. Era comum alguns açougueiros desonestos fazerem isto. Nunca mais os vi. Lomanto passou quatro meses sem dizer uma única palavra. Não precisava. Era um amigão. Um Escoteiro dos bons, um Escoteiro que não precisa falar, mas que sabe ser responsável com o que pertence a todos. Para isto daria sua vida para proteger um bem comum.


         Lomanto sempre nos deu exemplos de como se procede um patrulheiro e sua responsabilidade com a patrulha. Se cada um faz sua parte a patrulha é uma família feliz. Éramos pobres, quando precisávamos de algum item na nossa intendência era uma luta. O que conseguíamos entregávamos a Lomanto de olhos fechados. Afinal precisávamos acampar e nada melhor que um bom facão, uma boa machadinha, umas facas mateiras para limpar nossos peixes, cortar tomates, mamões, e tantas outras coisas. Sabíamos que podíamos confiar nele e em todos da patrulha. Sabíamos que isto era um dos melhores aprendizados que nós Escoteiros podíamos ter. Manter o bem comum em prol da coletividade foi o que sempre aprendemos. Fico pensando em Lomanto adulto, morando em uma rua que é de todos, perto de uma praça que é de todos como ele estaria procedendo. Como sempre. O bem comum não é meu nem seu, é de todos nós! 

segunda-feira, 31 de março de 2014

Namoro no escotismo


Conversa ao pé do fogo.
Namoro no escotismo.

                        Um tema polemico. Para mim é claro. Não sou psicólogo e nem um professor no assunto. Criei quatro filhos com liberdade, mas com respeito. Hoje não é ontem e o amanhã eu desconheço. Algum tempo atrás entrei nesta seara, mas apareceram tantos sábios e psicólogos a me contradizer que coloquei um pé atrás e desisti do tema. O modernismo hoje é defendido com unhas e dentes. Até mesmo por chefes de ambos os sexos que defendem pontos de vista acima do que pensam os educadores do tema. Sempre pensei que o escotismo era para formar, ensinar, adestrar e preparar o jovem e a jovem dentro dos princípios que nos legou Baden Powell. Não vejo com bons olhos o que anda acontecendo por aí. Para dizer a verdade tem muitos que nos sites de relacionamentos postam mensagens que não me agradam. Não posso concordar que isto leva a ser o tão falado Espírito Escoteiro. E o palavreado então? Outro dia um se dirigiu a mim (não foi o primeiro) como se eu fosse da idade dele. Lembrei educadamente que seria bom ele chamar os mais velhos de Chefe ou de Senhor, isto é próprio dos escoteiros disse. Sabe o que ele disse? Que não sou melhor que ninguém, que eu podia ir a m.! Claro que ele tinha o uniforme e à promessa, mas não tinha nada de Escoteiro. Isto é culpa de quem? Do seu Chefe? Dos seus pais? Ou será que ele está certo e o errado sou eu? Quando vejo grupos (nem todos) comentando atividades nacionais, lá estão jovens seniores, guias, pioneiros, pioneiras e escotistas falando de uma maneira que para mim é grego fico pasmado. Não precisam repetir que eu estou fazendo horas extras e deveria bater o cartão e ir embora.

                     Não entraria de novo no tema se não fosse alguns chefes e algumas jovens que me mandaram mensagens nas últimas semanas. Pouco? Claro que sim. Eles não representam de nenhuma maneira o universo dos mais de dez mil membros registrados (acima de quinze anos). E também não serve como amostragem para dizer que é geral. Nada disto, mas um dia isto vai prejudicar em muito o nome do escotismo em nosso pais. Centenas de tropas mistas, sem ter uma Chefe feminina ou então sem ter um Chefe masculino. Deram-me exemplo da escola. Lá tem professores masculinos e femininos. Bah! Não me convenceram. Contaram-me as jovens coisas incríveis que andam acontecendo no grupo deles. Isto é escotismo? Discordei e discordo de uma Patrulha mista. Acho que não tem como dar certo. Sempre acreditei que as patrulhas deveriam ser autônomas. Cada uma agindo com suas próprias forças. Concordo plenamente com atividades conjuntas. Nada mais que isto. Mas deixo claro que tem outros com mais qualidades e experiências do que eu. Podem fazer o que eu não faria. Tenho minhas duvidas se o método será alcançado desta maneira. Não julgo o hoje, penso no amanhã quando estes jovens estiverem na idade adulta. E alguns chefes? (nem todos, entendam bem) não tem a mínima condição de manter um diálogo ou mesmo orientar como devia aos jovens de sua sessão. Eles são culpados? Parte sim parte não. Se de muitos cujo diálogo é impossível. Gritam, ameaçam, suspendem e nem mesmo os pais ficam sabendo. Muitas vezes eles nunca utilizaram a Corte de Honra e nos seus grupos o Conselho de Chefes inexiste. Suas ações ficam restritas ao grupo e os pais nunca são informados. Esquecem que quando eles entram estão junto com seus filhos.

               Muitos jovens são enfáticos em perguntar sobre o namoro no escotismo. Namoro? Pensei que o escotismo tinha outras finalidades. Uns dizem que os chefes implicam, outros acham que nas reuniões e atividades extra-sede é para fazer escotismo e não namorar. Mas é claro, por acaso perguntaram aos pais se estão de acordo com o namoro dos seus filhos na tropa? Nas reuniões nos acampamentos? Discutiram com eles os prós e os contras? Ou será que o Chefe Escoteiro tem todas as qualidades para assumir esta responsabilidade que deveria caber aos pais? Quando começamos com o movimento feminino havia tropas separadas lideradas por chefes femininas. Tive a honra de dirigir o primeiro CAB Escoteiro com as chefes femininas. Mas muitos me garantem que os tempos são outros. Falar o que? São tantos a desfazerem minhas ideias que fico pensando se eles têm experiência suficiente e se os resultados no futuro serão bons.

               Poderia afirmar que mesmo aceitando uma tropa mista ela não poderia existir com um Chefe só. Como sou um pai a antiga não aceitaria minha filha ou meu filho em uma tropa dirigida por um Chefe masculino sem a participação de um adulto feminino. Mas cada um é cada um e sabe onde o calo aperta. Para mim seria obrigatório ter representantes de ambos os sexos. Explicar o porquê seria me alongar. Escotismo tem métodos próprios e mesmo tentando adaptar-se aos novos tempos, acredito que a honra, a ética, o respeito e a responsabilidade não podem desaparecer. Liberdade sim, mas abuso não. Chega de ver meninos e meninas, jovens de todas as idades mal uniformizados, camisas soltas, lenços pendurados, sem meia, de chinelos, e indo para estas atividades nacionais ou regionais sempre pensando em rever os amores que lá fizeram.


              Não sou uma autoridade no tema. Nem quero que pensem que estou generalizando. Sei de muitas tropas que funcionam com ambos os sexos e muito bem. Mas e os outros que não estão preparados? Será que um dia estes podem trazer consequências as quais poderemos nos arrepender? É bom lembrar que em muitos lares cada um tem seu quarto. Ainda vestem de maneira diferente e são tratados pelos pais também de maneira diferente. Costumo dizer que para um bom entendedor meia palavra basta. Se acharem que estou errado paciência. Mas disciplina sem amizade, sem fraternidade e respeito não é disciplina e, por favor, não confundir nunca com libertinagem. Quer namorar? Fora das atividades escoteiras e com plena concordância dos pais. Responsabilidades deles e não do Chefe. Parabéns aos que estão dentro da linha do senso e do bom escotismo. Temos que pensar no crescimento dos jovens com o respeito que ele merece, mas visando única e exclusivamente sua formação moral. É isto que precisamos para um país sério que todos sonhamos. E por favor, conversem com os pais. Esta é uma educação que parte deles devem participar e autorizar. Amém! 

domingo, 30 de março de 2014

Somos todos irmãos. O Escoteiro é amigos de todos e irmão dos demais. É verdade?


Crônicas de um chefe Escoteiro.
Somos todos irmãos.
O Escoteiro é amigos de todos e irmão dos demais. É verdade?

        Os poetas são magníficos quando escrevem sobre a fraternidade. Dizem que aprendemos a voar como pássaros, e a andar como peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos. Como seria nas demais nações a convivência escoteira de todas as associações? Independente se pertence ou não a outra associação escoteira? Sou leigo, sei que em Portugal convivem fraternalmente. Aqui em nosso país parece que a irmandade e a fraternidade é só entre uma associação. As demais não. São consideradas inimigas. Se as outras pensam assim também eu ainda não sei. Falo da nossa, da mais antiga aquela que nos vendeu o escotismo puro, alegre, sincero e cheio de ideais. Onde as palavras ódio não existia. Onde nos cursos nos ensinaram que a lei escoteira estava acima de tudo. Onde se pregava o amor Escoteiro e nos diziam com sinceridade que éramos todos irmãos.

      Mas sabemos que não é assim. As outras organizações escoteiras são tratadas como inimigos. Acharam que elas estão usurpando nossos direitos. Dizem que somos donos do nome Escoteiro, do nome Indaba, do nome Jamboree e por aí em diante. Meia dúzia afirmam que se eles quiserem que criem outros nomes. Nomes centenários e que dizem pertencer a nossa Associação. Um dia tentaram contestar os desbravadores, marcas de grupos centenários. A lista é grande. Não sei e nem quero saber se o outro lado é certo ou errado. Não pertenço a eles apesar de que tenho ótimos amigos e irmãos escoteiros fazendo um belo escotismo lá. A arrogância prisma pela elegância. Dizem que o egoísmo e o ódio têm uma só pátria. A fraternidade não a tem. Verdade mesmo? Melhor dizer que um irmão pode ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão, e nisto eu acredito.

       Sem perceber estamos nos tornando um movimento inverso ao que o Fundador pretendia. Ele dizia e eu acreditava que o escotismo seria uma forma excelente de unir nações, de que os jovens quando adultos e tivessem participado do movimento teriam outra visão e a fraternidade escoteira iria ser uma força nas relações humanas. Ele acreditava que somente pela fraternidade a liberdade será preservada. Dizer que as religiões estão mudando e sentindo que sem amor ao próximo nunca seremos nada pode não valer para alguns. Porque nossa Associação insiste nestes processos absurdos? Porque ela se acha proprietária de nomenclaturas que foram criadas a centenas de anos? Vi e amei uma atividade nacional realizada em outra nação. – Fizeram um convite assim: - Esta atividade está aberta a todos que participam do escotismo independente ou não da associação a que pertençam. Maravilhoso! Quem sabe esta sim seria a verdadeira fraternidade?
      
        E nós? Nossos lideres fazem questão de escrever – Esta atividade é somente para os membros registrados da UEB. Ou seja, os demais estão fora. Eu que não faço meu registro há alguns anos nem pensar. Estou fora. Já pensou hipoteticamente as outras organizações escoteiras receberem um convite? – A UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL TEM A HONRA DE CONVIDAR TODOS OS ASSOCIADOS DE SUA ASSOCIAÇÃO PARA PARTICIPAR DO JAMBOREE NO RIO GRANDE DO NORTE! – Estou maluco? Quem sabe. Mas se um dia a nossa liderança fizesse uma pesquisa de campo como todos os 87.000 mil membros eu acho que um número considerável iria votar a favor de que a fraternidade não tem fronteiras. Não basta tentar explicar que eles são errados se não corrigirmos nossos próprios erros. Vejam a nova vestimenta, fico preocupado cada vez que vou a uma atividade e lá estão os adeptos usando o que querem como querem. Afinal são tantas as escolhas. Uma profusão de arranjos que se não fosse à cor eu diria que somos um movimento DESUNIFORMIZADO!

      Colocar a culpa nos outros é fácil. Olhar para dentro de nós e ver se somos perfeitos é muito difícil. Os erros existem. Só não erra os que não querem acertar. Muitos que não estão mais conosco tem suas razões. Eu mesmo uma época quase me afastei e por sugestões de amigos me sugeriram criar uma nova associação escoteira. Achei que não. Nasci na UEB mesmo sem registro e nela quero estar até meu ultimo dia na terra. (mesmo sem registro). As explicações deles são perfeitas. Mas explicar a falta de união, a falta de amor, a falta de fraternidade é difícil. Muitos um dia foram até indelicados comigo. Estes se sentem donos da voz e da razão. Tem argumentos mil. Mas e o amor? Ou será que o Mestre um dia disse sobre caridade e amor ao proximo só serve para os que acreditam nele? Não seria possivel termos benevolência para com todos, indulgencia para as imperfeições alheias, perdão para as ofensas?

           Acho que não na visão dos nossos dirigentes. Para eles e não afirmo se é verdade a lei é clara, e ela está conosco. E quem sabe eles completam, para os amigos tudo, para os inimigos a lei. É, nossos irmãos Escoteiros de outras associações ou mudam ou serão condenados ao fogo do inferno. Estes que estão lá, gastando dinheiro da associação com processos, (e perdendo todos) com admoestações, aceitando em contra partida adulações e esperando só elogios pelo que fazem, seria uma maneira incompreensível de saber quem realmente queremos para estar ao seu lado. Eu sonho por uma democracia plena onde todos os associados tenham voz e voto. Que nossos lideres sejam mais transparentes, que discutam a exaustão mudanças que existem há anos. Podem ter a divisão que quiserem para implantar seu escotismo moderno, mas nenhuma delas é dona da verdade. Nenhum delas pode ter certeza absoluta que está fazendo corretamente e que estas mudanças um futuro promissor.   


        Hoje e ontem nunca ambicionei o poder. Nunca quis ficar ao lado dos poderosos. No escotismo amava estar junto aos grupos, cantando, brincando, contando histórias e acho que fui o primeiro diretor a convidar todos os chefes de alguns cursos que liderei a comer uma pizza e tomar um chope gelado em um local fora do acampamento. E (risos) despesa paga com a taxa (bem pequena) dos cursos. São coisas que marcam. Marcam mais que cara feia, com idiotices de ser o dono de tudo, de ser o dono da verdade, o único a saber o que deve ou não ser feito e realizado. Termino com citações que  nos ajudam a meditar. Como dizia Fernando Sabino – Sou dono de uma verdade que não se traduz em palavras, sou inteligente, sei disso, mas minha inteligência não é capaz de iluminações nem de distribuir justiça. E repetindo Nelson Mandela, sonho com o dia que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos. – E porque não finalizar com Martin Luther King que dizia - Ou vivemos todos juntos como irmãos, ou morreremos todos juntos como idiotas!