Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 10 de agosto de 2019

Conversa ao pé do fogo. Afinal o Escotismo é uma Filosofia de vida?




Conversa ao pé do fogo.
Afinal o Escotismo é uma Filosofia de vida?

Abertura: - Lawrence da Arábia teceu um painel inusitado de retratos, descrições, filosofias, emoções, aventuras e sonhos. Para levar a cabo sua missão, serviu-se de uma extraordinária erudição, uma memória impecável, um estilo que ele próprio inventou... “Uma total desconfiança em si mesmo e uma fé ainda maior”.

Muitos afirmam que sim. Tive amigos que diziam viver intensamente a filosofia escoteira. Mas afinal o que é a filosofia escoteira? Os filósofos escreveram que a filosofia de vida é a expressão que serve para descrever um conjunto de ideias ou atitudes que fazem parte da vida de um individuo ou grupo. Pode ser definida também como uma forma de viver de uma pessoa. Alguns se voltam para a vida religiosa outros para uma seita ou um modo de vida que abraçou. O escotismo pode se enquadrar neste pensamento e seu método e maneira de agir traz bem estar, sonhos, vida ao ar livre, natureza e uma série de fatores na mudança comportamental de cada um de nós que aplicamos em nossas vidas as atividades escoteiras.

Costumo dizer que muitas vezes tento explicar um pensamento e sinto dificuldade em externar um verdadeiro ponto de vista do que pensei. Afinal não sou um emérito professor e sim apenas um medíocre escritor escoteiro. Participei do escotismo de uma maneira diferente, descobrindo cada passo, cada ação que hoje mesmo sendo leigo interpreto como uma filosofia escoteira e ela marcou e marca até hoje minha vivência e meu modo de ser como homem na comunidade em que vivo. Já não temos mais os sonhadores, os criadores de fantasias, os utopistas e os visionários, que faziam de um pequeno regato um oceano para navegar. Procuro insistentemente na minha janela ver as belas do céu, da noite escura das estrelas... Lembro que uma simples jornada se transformava em uma expedição de descoberta como a dos Bandeirantes do passado. Sonhar como Fernão Dias Paes Leme atrás de suas esmeraldas, dormir ao ar livre, tendo o céu como barraca era voltar no tempo dos desbravadores de terras em buscas de sonhos nos confins impossíveis de imaginar.

Observar uma borboleta, voando, o simples bater de asas o pensamento levava a mil imaginações, quem sabe tudo isso provocaria um vendaval no outro lado do mundo? Era um tempo de observação e perspicácia. Um tempo de estar sempre alerta para tudo ou para todos. Cantar com uma rolinha, sorrir para um bem-te-vi, aprender o manejo dos galhos com um macaco prego, deitar na relva olhando sem entender os milhões de estrelas no céu, o varar da lua de uma ponta a outra... A vermelhidão da madrugada ao nascer do sol... Uma felicidade ouvir o canto do Rouxinol... Como era gostoso tirar o sapato, o meião, colocar os pés na água gelada de um riacho, marchar cantante um hino ou uma canção nas estradas percorridas, desfraldar uma bandeira no cume de uma montanha cantando bem alto o hino nacional...

Hoje dissecam a filosofia de uma maneira pragmática explicando que a validade de uma doutrina é determinado pelo seu bom êxito prático. Alguns acreditam que a criatividade não existe mais na juventude do presente, outros dizem que seguir o redemoinho da modernidade é a mais provável senda do caminho a percorrer. Uma torrente de pensamentos palavras e ações sacodem o escotismo dos novos tempos. Seja mais pragmático Chefe! Vou correndo nas páginas da ficção para dissecar o que significa. Uma ideia que temos de um objeto qualquer não é mais nada senão a soma das ideias de todos os efeitos imaginários atribuídos por nós a esse objeto e ele passou a ter um efeito prático qualquer... Seria o ator principal desta definição o Escotismo?

O que é uma barraca? Uma mochila? Um cantil? Objetos abstratos apenas para servir ao seu senhor? Barracas ao vento, barracas com bom ou mau tempo, mochilas estradeiras ombreadas levando coisas impossíveis de imaginar. Um cantil com honras militares advindo de uma Legião Estrangeira com mil histórias para contar. A trilha do caminho tortuoso é apenas um caminho a seguir? Ou então ela é uma descoberta de cada passo esperando algum inusitado acontecer? E lá vou eu filosofando ideologia, amando minha doutrina fazendo do escotismo minha teoria do bem viver. Neste mar da serenidade que precisamos, nesta versão serena de um pensamento variável sujeito a resignação eu volto à trilha da minha filosofia escoteira cheia de sol, de lua, de estrelas tentando voltar ao passado para adquirir conhecimento, cultura, sabedoria e aumentar o meu saber.

A vã filosofia escoteira dribla o pensamento de Willian Shakespeare... Há mais coisas entre o céu e na terra, Vado Escoteiro, do que sonha a nossa vã filosofia! Prefiro sonhar com Confúcio... “Aquilo que escuto eu esqueço, aquilo que vejo eu lembro, aquilo que faço eu aprendo!”. Filosofia escoteira, é bom acreditar, não deixar ela se perder nos tempos da razão só porque acreditou que seria uma maneira de divertir, por poucos momentos e não para uma eternidade de vida.

Que neste sábado seja um dia cheio de sorrisos, de melhor possível, de Sempre alerta de servir e de muitos aperto de mão transmitindo através deles uma invisível força de união paz e amor! Uma bela reunião para todos vocês!

domingo, 4 de agosto de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Porque sou escoteiro?




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Porque sou escoteiro?

Prólogo: - Sou Escoteiro por quê? Você já fez esta pergunta a si mesmo? Tem certeza da conclusão que chegou? Se pensou nos outros e não em você mesmo meus parabéns. Acredito em você!

                           Ei! Eu sei que você sabe. Acho que já falei aqui antes. Sou mesmo um repetitivo, mas acreditem eu sou de outra geração. Dos cabeças brancas. Aqueles que se dizem tradicionalistas e só atrapalham os novos que gostam da modernidade. Mas nunca duvidem eu sou um Escoteiro do coração. E sei que vocês também o são. Eu sei que amam o escotismo como eu. Eu sei que pensam nele todo o tempo e que a cada sábado ele vem forte trazer a alegria e a fraternidade dos amigos que juntos irão fazer atividades mil com esta juventude maravilhosa. Eu peço a Deus para viver mais dez anos e encontrar vocês por aqui a sorrir. Mas se me permitem, com humildade gostaria de dizer algumas palavras porque sou Escoteiro.

- Eu penso que um dia fiz uma promessa. Prometi fazer o melhor possivel, mas como sou adulto prometi muito mais. Não brinquei de fazer. Levei a sério e a levo até hoje. E sei que muitos também são assim; - Eu prezo o garbo e a boa ordem. Faço questão de vestir o uniforme com elegância. Do jeito que aprendi. Meu lenço quando coloco olho no espelho se está correto, bem postado, bem colocado. Meu cinto? Faço questão de limpar e engraxar o couro. Meu sapato? Engraxado. Minha calça cinza de tergal do traje comprida ou a curta caqui? Bem passada. Muito bem passada. Sem vincos não visto. Estes serão o meu uniforme por toda a vida. Não vou vestir outro; (mas aceito que outros façam suas escolhas);

- Horários? Em cima da hora. Nem um minuto mais nem um minuto menos. Pontualidade Escoteira para mim além de sagrada é mais que a inglesa. Se for chegar atrasado prefiro não ir. Se você vai se encontrar comigo e vai se atrasar não venha, telefone avisando. Atraso? Nunca! Não gosto. Marque outro dia; - Horários de reuniões? Só em casos especiais extrapolaram cinco dez minutos. Pedia desculpas aos pais quando atrasava; Sempre fiz questão disto. - Cerimonial da bandeira? Um orgulho ver todos perfilados. Ninguém brincando, sérios e compenetrados com seu garbo e boa ordem. Sei que você também faz assim;

- Inspeção? Adoro. Fiz muitas e até deixei que monitores fizessem comigo muitas vezes. Porque não? Alegria quando um Monitor me olhava de cima em baixo, sério e compenetrado. Olhava o chapéu, o cinto. Os botões abotoados, os quatro dedos da quebra do meião, as listas corretas e quando me pedia para ver as unhas? Olhava se minhas orelhas estavam limpas? Risos. O Monitor ficava orgulhoso em inspecionar o Chefe e eu orgulhoso do Monitor; - Alvorada no acampamento? Para mim sempre uma tradição. Seis horas. Seis e quinze ginastica. Feita pelos monitores. Eu os tinha adestrado antes. Horário de dormir? Sagrado. Nunca depois de onze horas. Oito horas de sono não se discute. Exceção em acampamentos de chefia, época de olhar as estrelas e sonhar;

- Decidir sozinho os destinos da tropa ou do Grupo Escoteiro não era a minha praia. Sem os monitores não sabia o que fazer. Sem os chefes me sentia só. Aprendi assim. Mudar? NUNCA! - Aceitar uniforme pela metade? Mal colocado? Camisa do lado de fora? Lenço torto? Nunca. Nada como chamar o jovem e educadamente ensiná-lo como se porta um uniforme, e contar o que BP disse sobre ele: “Meu jovem, quando você está uniformizado você representa toda a organização Escoteira”. Quem olha para você acredita que ali todos tem orgulho do seu uniforme e sabem que o escotismo é um exemplo de cidadania;

- Sou Escoteiro da maneira que aprendi. Com uma mochila nas costas e fazendo aventuras por este “mundão” afora. Nunca gostei de ficar dando ordens sentado em uma cadeira, fazendo joguinhos, nozinhos e sinaizinhos de pista ou apitando em uma reunião escoteira. Isto nunca foi minha “praia”; - Sou Escoteiro como diz o Roberto Carlos, a moda antiga. Daqueles que gostam de um sorriso. De um abraço gostoso. De dizer eu gosto de você. Dos que gostam de ser o primeiro a dizer Sempre Alerta. De dizer muito obrigado a todos com quem convivo no escotismo e fora dele;

- Sou Escoteiro porque amo o escotismo. O amei desde o primeiro dia que eu vergonhosamente olhei de soslaio para o meu Balu e ele me recebeu na Alcatéia sério sem me dar um sorriso e depois eu o amei por toda vida; - Portanto meus amigos se notarem que sou diferente eu sou mesmo. Não tenho protocolos, se faço cara feia é porque nasci assim, mas meu coração é de ouro, não faço continência por respeito, mas sim por amizade e gosto disto! - Sou Escoteiro porque gosto de cantar, gosto de historias, vivenciá-las, (uma voz danada de feia e rouca) me sentir um herói daqueles que admiro e em qualquer tempo, em longas jornadas, dormindo sob as estrelas, viajando na minha bicicleta de aço, fazendo uma pioneira, subindo uma montanha (ufa!) seja com chuva e com sol era uma alegria só, eu cantava, e como cantava!

- Sou escoteiro porque acredito no movimento e como Escoteiro me dou o direito de discordar de tudo que eu achar errado. Não aceito castas, gente metido a besta só porque tem isto e aquilo. Fico longe de pessoas que querem cargos, querem ser o que não são, querem mandar, ditar ordens sem saber onde estão indo. Não vão me ver nunca batendo palmas para dirigentes. O farei quando tiver certeza que se preocupam conosco, que aceitem opiniões, que nos ouçam, que nos consultem e nos deixa participar em tudo que é decido para o bem do escotismo. Sempre acreditei que se estão lá foi porque quiseram e prometeram dar o melhor de si. Então o fazem por obrigação com uma associação que espera muito deles. Mas sempre irão me ver dando Anrê, palmas escoteiras, gritos de guerra a toda essa juventude que está firme nas fileiras escoteiras a qualquer tempo com sol ou com chuva; - Sou Escoteiro porque depois que cresci acreditei que o escotismo é que precisa de mim e não eu dele. Mas me entreguei a ele de corpo e alma;

- Enquanto viver serei Escoteiro e não importa o que aconteça, e quando morrer vou viver na minha estrela lá em Capella, bem longe escondida atrás da constelação de Auriga, onde será minha morada no futuro, lá se Deus quiser continuarei Escoteiro. Afinal uma vez Escoteiro sempre Escoteiro. Escoteiro sempre eu ei de ser, Escoteiro eu serei até morrer! E claro, depois que me for também!