Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 4 de agosto de 2012

É doce morrer no mar.



É doce morrer no mar.

         Um dia desses alguém me disse que o escotismo está sendo agora uma boa fonte de renda. Você pode ficar rico ele disse. Discordei dele. - Claro que não. Tantos grupos tentando sobreviver que se isto acontecesse seria um paradoxo. Dos grandes. Claro tem aqueles que estão situados em bairros nobres, classe media alta e eles vão muito bem obrigado. Mas porque estou escrevendo isto? Olhem me perdoem. Mas aqui no facebook fico a cada dia que passa mais surpreso e perplexo. Até acho que os programas de tropa não existem mais. Só vejo grupos criados para alimentar sonhos dos jovens e também centenas de páginas de estupendas atividades distritais, regionais, nacionais ou internacionais e lá quase todos fazendo seu marketing de alguma atividade Escoteira. E sempre um ou outro interessado motivando os demais. Comentaram que no Jamboree tinha mais de 5.000 participantes. Pensei que era para 3.000. Os gastos não foram poucos. Pensei que deve ter sido grandioso movimentar 5.000 participantes e sem querer multipliquei pela taxa cobrada. Surpreso vi que não era uma quantia pequena. Vamos aguardar para ver quando publicarem o balancete mostrando que a despesa e receita bateram. Não vai demorar. Sei da seriedade dos organizadores. Lembro que na minha época não batia. A região sempre tomava prejuízo. E era um só por ano.
         Agora vem ai tantas atividades que fico boquiaberto com tudo. Um verdadeiro massacre de noticias que todos os dias são publicados. Algumas que anotei: - Camporee tal, aventura Sênior tal, Acampamento Regional tal, Acampamento de Grupos Escoteiros tal, Desafio Pioneiro, Jamboree na Colômbia, Jamboree Internacional no Paraguai, Desafio Sênior, sem esquecer o jamboree mundial ano Japão. Enfim são tantos que fica difícil postar o nome de todos aqui. E até achei interessante. Em um deles um Chefe ou pelo menos se apresenta assim, diz a taxa do evento e quem quiser participar pode vender para ele um produto e assim ter o valor pago até a data programada. Beleza. Conta-me outros amigos que os distritos estão cheios de atividades assim. Será que todas com taxas para cobrir as despesas? Claro que sim. Como dizem por aí, não existem almoço grátis. Será quer vai sobrar?
        E aí eu me pergunto, tem acampamento só do grupo? Ou só da tropa? Vai dar tempo? E as atividades sociais da cidade, do distrito? Ainda bem que estas não tem verba, mas não tem de levar lanche? Transporte? Ou tem? Tenho certeza que muitos grupos estão fora disto. Fazem seus programas e eles tem preferências. Mas e os jovens que não tem como pagar, que vêm estas ofertas, esta venda direta ao consumidor Escoteiro, este marketing incansável de quem foi e quer voltar em outro, como fica? Antes um acampamento de tropa marcava. Era uma apoteose. Hoje? Nem se fala nisso. Quem foi só diz que amei e adorei o Jamboree, gamei com o ADIP, e sonho ir ao Jamboree no Japão. Quantos sonhos. E quem não sonha? É certo alimentar estes sonhos impossíveis para aqueles que não podem pagar?
          Onde vamos parar eu não sei. Haja dinheiro. Haja sonhos destruídos. Será que o escotismo agora é para uns poucos? Chega a ser bizarro tantas atividades distritais, regionais e nacionais. Fico pensando e sei que estou errado que alguns querem fazer caixa à custa destas atividades. Este é o nosso futuro? Alimentar sonhos para poucos e outros ficar na berlinda? Pobre dos pobres. Acho que muitos jovens desistem do escotismo não só por não encontrar aquilo que esperavam, mas também em ver que o escotismo não era para eles. E isto é uma bola de neve. Nem sei onde vai parar. A cada mês surge mais atividades que nada tem a ver com uma programação responsável.
          Ainda bem que todos estes eventos são sérios. Todos os grupos ou distritos receberão sem sombra de duvida o Balanço Financeiro da atividade onde a comissão fiscal do órgão organizador deu o aval e foi devidamente aprovada. E claro todos que se interessarem poderão ver no relatório do distrito, região e da nacional. Não há o que duvidar. Lá estarão às notas fiscais de compra, aluguéis, salários etc. Entradas e saídas. Ou será que estou enganado? Claro que não. Não vamos implicar com a seriedade de quem organizou o tal evento. Infelizmente até hoje não vi ninguém dizer que foi caro, ninguém dizer que queriam ver o balancete, mas vi e ouvi dizerem que o trabalho dos organizadores foi incessante. Dias sem dormir. Claro em alguns casos irão receber medalhas. Merecem. Trabalharam duro. E não faltarão aqueles que poderão pagar e em sonhar com um próximo. Faz parte da nossa organização hoje. Será que é um bom negócio? Vai dar sobra de campanha (desculpem, queria dizer do evento) Não sei e não quero saber.
           Escotismo, que doce é morrer no mar. Morrer? Claro que não. Ninguém vai morrer por não ir a um evento como os que são anunciados a cada mês. Haja dinheiro. Só me lembrei de Dorival Caymmi quando escreveu e cantou para nós esta linda canção que até hoje gosto de cantar: - “É doce morrer no mar nas ondas verdes do mar...”.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Os Pistoleiros, o Capitão Maneco, a linda Rosália e muitas outras lambanças.



Os Pistoleiros, o Capitão Maneco, a linda Rosália e muitas outras lambanças.

            São coisas da vida. As lembranças vêm e vão. Alguns dizem que são lambanças do destino outros que são fruto da minha imaginação. Que assim pensem, pois a dúvida gera o pensar e este pode até chegar à conclusão que foi verdade. E se foi ou não, não importa, minhas lambanças estão aos montes por aí e porque não narrar de forma divertida? E eu pergunto quem não tem lambanças? A vida passa e nossa mente fica presa ao passado. Interessante que quando nos lembramos de alguém a imagem que fica é do ultimo encontro. Se por um acaso do destino encontramos de novo esta pessoa um susto – Meu Deus! Como você mudou! Melhor dizer, como você ficou Velho e feio! Esquecemos que nossa carcaça já não é mais a mesma.
Mas vamos às lambanças, nem tanto divertidas como outras que aqui contei, mas vale a pena lembrar.
Primeira – Corria o ano de 1956, Israel nosso submonitor contou para a Patrulha Sênior sobre o casamento de uma prima em Lambari, um vilarejo perto de Suaçuí, onde passava o rio do mesmo nome. Seus parentes eram de lá e porque não ir a Patrulha e participar da festa? Sempre davam uma festança quando havia um casamento e podíamos nos divertir muito. Não haveria despesas, pois a comida era farta. Ele conhecia uma picada pela serra do Sapo Molhado, e achava que era menos de dez léguas (sessenta quilômetros). Se fossemos pela Rio Bahia seria mais de duzentos quilômetros. Era como perguntar se peixe quer minhoca. Claro que topamos.
Quatro da tarde de sexta feira partimos em nossas bicicletas. Ração A, material mínimo para eventualidades. Sete da noite e pegamos a tal Serra do Sapo Molhado. Quase matou todo mundo de cansado. Quase duas horas só de subida. Na descida devagar, muito buraco na estradinha de terra. Na beira de um regato resolvemos pernoitar. Enquanto Fumanchú fazia uma sopa armamos duas barracas de duas lonas. Quase meia noite, estávamos jantando quando chegou dois homens mal encarados, a cavalo e apearam dizendo – Cabe mais dois nesta comida? Estamos mortos de fome. Falar o que? Sentaram e nós mesmo demos nossos pratos a eles. Enquanto comiam ouvimos alguém gritando: - Zé Peixada e Pato Branco dou dois minutos para saírem daí se não vamos abrir fogo! Cacilda! Deitei no chão e todos meus amigos fizeram o mesmo. Os dois pistoleiros abriram fogo. Um tiroteio dos infernos. Mais de meia hora. Eles correram descendo o riacho e o tiroteio não parou. Duas horas depois um homem que se identificou como o Capitão Maneco da Polícia de Captura nos disse que escapamos por pouco. Os dois nunca deixavam vivos alguém que poderia dizer onde estavam. Minha calça estava molhada. Toda molhada. Já sabem. Sou mesmo um Zé Mijão. Uma de nossas barracas de duas lonas estava crivada de balas, mais de vinte tiros. Ficou como recordação na sede para contarmos a quem quisesse conhecer a história. E a festa? Mais maiô de boa, tamanhuço e biteleza! Um pitaco de bom. Mas esta é outra história!
Segunda – Ano de 1954, um domingo qualquer, eu e o Romildo resolvemos ir a uma matinê no Cine Pio XII. Matar ou correr com Oscarito e Grande Otelo era a fita do dia. De uniforme não pagávamos. O cinema era dos Padres Maristas que adoravam os escoteiros. Ainda não tinha começado o filme e o Romildo ficou a piscar para Rosália, uma morena baixinha, com um corpo escultural. Não era bonita, mas dava para o gasto. Risos. Eu sabia quem era e sabia que Romildo estava se metendo numa roubada. Dito e feito. Tonho Grandão chegou. Era seu noivo. Na hora que Romildo levantou para dar uma cantada. Corri e disse a Tonho Grandão que Romildo só estava dando um recado e diabos o danado me deu um tremendo de um soco no nariz. Que dor dos infernos. Sentei no chão do cinema soluçando e nunca vi tantas estrelas. Vi que o sangue jorrava. Romildo deu nele um soco no queixo e ele riu pegando Romildo e o jogando em cima das cadeiras.
Ele me pegou de novo pelo colarinho e ia dar outro murro quando chegou o Padre Pedro e separou. Tudo poderia ter ficado por isto mesmo, mas os pioneiros souberam e resolveram dar uma surra em Tonho Grandão. Disseram que não podia passar em branco. Bateu num Escoteiro? Tinha de bater em todos. O pior é que ele bateu em todos. Eram quatro pioneiros e Tonho Grandão deu neles todos. Risos. Só mesmo quando ele foi para o Pará em busca de Ouro é que ficamos livre dele. Livre nada. Voltou dois anos depois podre de rico. Meu nariz ficou por anos e anos amassado. Mas a males que vem para o bem. Passei a evitar brigas que era o meu forte e me tornei um Escoteiro da paz. Risos.
Lambanças? Algumas pequenas outras maiores e outras não se conta. Os arautos da boa nova podem não gostar. Mas era uma outra época. Gostosa, onde se brigava a muque e não havia facas nem tiros.
E como digo em meus contos,
Quem quiser que conte outra...               

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Programando o programa



Programando o programa

       Todo mundo conhece, todos os escotistas fazem. Afinal nada se produz sem ele. Alguns simples, outros complexos, mas todos com o mesmo objetivo. Conheci em muitas atividades escoteiras, muitos programas bons, outros nem tanto. Junto a tantos outros amigos escotistas, fizemos programas de sessões, de Diretoria, de Conselho de Chefes, de Atividades Especiais, de Grandes Jogos, de Região Escoteira, De Ajuris, de Elos, de Adestramento, de cursos de formação, de Atividades Nacionais e até algumas internacionais.
      Mas o que significa a palavra programa? Vejamos:
- Já me disseram que é uma exposição resumida que um individuo ou sessão faz dos seus principios ou do caminho que se propõe a seguir;
- Ou um conjunto de instruções, de dados ou de expressões registradas. Ou enumeração dos propósitos de uma sessão;
- E finalmente, uma sequência de matérias que se hão-de ensinar em uma atividade?
      Não vamos complicar. Todos sabem o que é. Mas uma coisa eu garanto, os programas devem se entrelaçar. Como? Pensando em termos que todos os orgãos do grupo os têm (um programa). Para isso todo final do ano em reunião propria para este tema, se reunirão a Diretoria, o Conselho de Chefes, o Conselho de Pais (se o grupo possuir) onde todos opinaram e claro, lavrado em ata. Ops! Estou falando do programa geral. Não do programa de sessão.
     Claro que de posse do programa do grupo fica mais fácil a alcatéia, as tropas ou o clã fazer o seu sem se preocupar com alterações. Alguns até gostam de ter os programas de sessões primeiro antes do geral. Não discuto. Dificil imaginar um bom programa onde ele sofre constantemente modificações, adpatações e é fustigado por terceiros para sempre colocarem alí, mais um ou outro parágrafo que antes não estava programado. Como? Do tipo, olhem apareceu uma linda atividade do distrito, da região e porque não de outro grupo irmão escoteiro. Não podemos faltar. Ou quem sabe, recebemos um convite da autoridade tal e temos que ir. E assim o programa inicial vai ficando todo desfigurado.
     O Diretor Técnico deve ser o primeiro a exigir que tais modificações não aconteçam. E se assim for necessário, que se ouçam os interessados. Desde os graduados nas sessões até os jovens se não existir outra saída. E claro que se deve respeitar suas opiniões. Um grupo autocrático, não é um bom lugar para viver. (Autocracia é um conceito político). O termo vem do grego autos (self) e khratos (governo). Designa o sistema de governo cuja autoridade repousa sobre uma única pessoa, sem limite: o autocrata (que governa em si).
     O POR nos abre uma porta nas atividades democráticas em um Grupo Escoteiro. No entanto já ví e ainda vejo alguns escotistas que não sabem diferir uma democracia de uma tirania, despotismo, ditadura, autoritarismo ou totalitarismo. A falta de conhecimento das normas e estatutos por grande parte dos adultos do movimento escoteiro faz com que muitos saem do escotismo. Tudo devido à arrogância de um lider despreparado e outros saindo “atirando” e prometendo continuidade em outra parte, mas cujos resultados ainda não conhecemos.
     Mas vamos ao cerne da questão. Em outros artigos comentei sobre o programa diretamente ligado aos jovens. Claro, pensando em tropas. Nas alcatéias seria até bom ouvir o Conselho de Primos (muitos não o fazem) e isso daria a eles (os primos) os primeiros passos de aprender a viver democraticamente. Quanto às tropas, opiniões de escotistas pululam aqui e alí. Alguns dizem que o programa é surpresa (?) e os jovens gostam mais. Outros se debruçam dias matutando, lendo e pesquizando para montar um ou no máximo quatro programas, que na falta de um melhor enfurnam em suas atividades semanais.
                De novo? Jovem programando? Eles os jovens não estão preparados. Alguns assim dizem que se eles o fizerem, não haverá nada prático. Muitos até irão sair, pois vão ver tudo diferente. Pode até ser. Mas foi tentado? Foi dado a eles ideias sugestões, instruções e aberto um leque de oportunidades? Claro, não estou aqui a dizer que o que escreverem será feito. Tampouco será deixado de lado. Para isto tudo deve ser discutido minuciosamente no Conselho de Patrulhas, no Conselho de Monitores e só após junto a Corte de Honra será ouvida e então determinando qual o programa será utilizado.
      Nenhum programa ficará sem o “tempero” do chefe e dos assistentes. O que seria o “tempero”? – Jogos, canções, Conversa ao Pé do Fogo, e claro as sujestões que não estarão ao alcance deles. Tais como, atividades distritais, regionais e nacionais. Mas é importante que estas não ocupem nada mais que 15% do programa anual. Se claro, aparecer alguma no ano, devem meditar muito antes de mudar. Nunca sem consultar os órgãos competentes de sua tropa.
     Tentem pelo menos algumas vezes em dar oportunidade aos jovens na sua sessão para fazer, montar e quem sabe até dirigir um programa em sua tropa. No entanto não se pode esquecer que isto nunca dará certo se o Sistema de Patrulhas não for à chave mestra em tudo que lá se faz. Deixe que façam hoje, o de amanhã e se ver que a presença está melhorando, os horários são curtos, pois pedem mais tempo (estão gostando e acham o tempo pouco), então estarão no caminho certo.
         Como diz BP e coloco aqui suas palavras, se ainda não “pegaram” o que é o sistema de patrulhas, se ainda não sabem trabalhar com seus monitores então tem alguma coisa errada na sua tropa. Tentar é mostrar também o caminho. Se quiserem começar com bons programas feitos pelos rapazes e moças dêem um crédito. Se estiverem fazendo ha anos e agora querem resultados em meses, não vai funcionar.
        Um bom programa fará com que isto aconteça. Sempre me bati na tecla que não temos tanto tempo assim. Temos os nossos afazeres, nossas atividades profissionais e nossa familia. Alguns me dizem que não se preocupam com isso, toda a familia está participando. Ótimo. Mas seria isso que é se pretende de uma familia? Não existem familiares, amigos, atividades sociais enfim uma gama enorme que não são do movimento Escoteiro e não teriamos que participar em sociedade?
        Não adianta voce pensar ou se reunir com outros escotistas e analisarem tudo que fizeram. Os resultados só serão honestos se analisados com imparcialidade. E sem os jovens isto não existe. Devemos conhecer os resultados e não sufocá-los com crendices, simplesmente porque pensamos assim. Desta maneira nunca iremos ver se o caminho percorrido foi um sucesso.
       O melhor caminho é aquele em que os rapazes e moças estarão reunidos por um bom tempo, onde sempre estaram a espera da próxima reunião, o próximo acampamento ou a próxima atividade com ansiesidade. E voce junto aos seus assistentes, poder vê-los fazer uma rota senior ou uma ponte pioneira. Assim serão recompensados por tudo que fizeram certo.
     Um Grupo Escoteiro é uma familia. Unida. Fraterna. Onde o respeito mostra o gráu de crescimento de cada um. Voce faz parte da familia. Veja onde é seu lugar e trabalhe para que todos sintam felizes no desenvolvimento de suas tarefas. Não existe tarefa fácil. Formar caráter não é fácil. Mas o Movimento Escoteiro através do seu método simples facilita sobremaneira a atingir esse objetivo. E é um orgulho quando podemos ver homens e mulheres que um dia conheceram a maravilhosa Lei Escoteira. E sabemos que atingimos nosso objetivo. Honra e caráter e porque não dizer – Ética e altruismo?

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Assistentes escoteiros, para que servem?



Assistentes escoteiros, para que servem?

          Uma pergunta meio “idiota” Alguns até podem pensar assim e eu até dou razão. Pensando bem eu também acho. Sei que cada um terá uma pronta resposta para o titulo em questão e para estes peço desculpas. Mas acreditem tenho visto tantos assistentes serem relegados ao segundo plano que me deu vontade de comentar o assunto. Se coloquem no lugar de um. Seja de uma Alcatéia ou tropa. Sempre o Akelá ou o Chefe achando que eles são novos, ainda não entendem nada e praticamente não dão nenhuma atividade a ser desenvolvida há não ser aquelas rotineiras. No principio se aceita normalmente, mas com o passar do tempo surge ressentimentos e muitos até se perguntam o que estão fazendo ali.
           Não preciso repetir que em qualquer profissão o ser humano necessita estar em relacionamento com seus semelhantes. Quando este relacionamento é harmonioso, contributivo, espontâneo, gera-se satisfação e progresso. Ao contrário se surge conflitos, surgem obstáculos ao desenvolvimento das atividades, gerando “emperramento” nos propósitos a serem alcançados. É difícil quando dois ou mais escotistas num ambiente de reunião, e que devem compartilhar ideias e tarefas não tem uma boa relação humana entre eles, é claro que a cooperação vai gerar atritos, comparações etc. Dizem que existe uma técnica para se firmar boas relações entre duas ou mais pessoas. Eu não sei, mas nunca me aprofundei muito nela. – Ser simpático, mostrar prestabilidade, autodomínio e ser sociável. Claro requer um esforço enorme.
            No escotismo quem não nos conhece nos vê como um movimento de irmandade absoluta, e uma cortesia entre adultos que em certos casos nem se sabe quem é quem no comando ou na liderança. Mas em particular a importância de se mostrar em dizer que eu sou alguém, e que você é um “pata-tenra” (noviço, iniciante,) e, portanto é subalterno e que deve “ralar” para ficar como eu, são situações que encontramos em diversas sessões escoteiras. Claro sem ferir susceptibilidades dos órgãos superiores, pois isto acontece com eles também. Vejam bem, tentamos de todas as maneiras arregimentar os pais, amigos e simpatizantes para virem colaborar conosco. E quando chegam muitos em pouco tempo desistem. Por quê? Claro que se explica pela prática de ser tratado como um eterno “pata-tenra” sem nunca ter possibilidade de atuar como deveria ser um assistente.
           No escotismo e muitas vezes em nossa vida profissional, nos ensinaram e a experiência comprovou que a sintonia perfeita entre o Chefe da sessão e os assistentes servem de parâmetros para dizer que estamos atingindo nossos objetivos. Isto se aplica a todo o Grupo Escoteiro e o Diretor Técnico é o seu maior responsável. Quantos grupos os chefes se reúnem para fazer, discutir e distribuir tarefas nos programas de reuniões? Refiro-me a uma reunião feita mensal ou bimensal fora dos horários de reuniões onde se programa toda as atividades a serem desenvolvidas em reuniões? Discordo de alguns que fazem seus programas sozinhos (os chefes titulares) e por delicadeza passam e-mail aos assistentes dizendo o que eles devem fazer. Não há sintonia e nem oportunidade para o assistente opinar.
          Quem sabe isto é um aprendizado no Grupo Escoteiro de anos e anos, cujo Diretor Técnico nunca em tempo algum fez realizar um Conselho de Chefes, tema visto e revisto em vários cursos escoteiros, mas nunca levado a sério por muitos líderes de grupo. Um deles até me disse que não era preciso. Eram todos irmãos e ele conversava com cada um em particular. Totalmente errado. Conselho de Chefes se presta para outras necessidades e não ser informado individualmente pelo Diretor Técnico. É um paradoxo que isto possa acontecer no seio Escoteiro. Falamos tanto em sistema de patrulhas, de matilhas trabalhando em equipes e quando há necessidade dos adultos dirigentes mostrarem a vantagem do trabalho em equipe isto não acontece.
            Interessante é que hoje em dia o trabalho em equipe e relações humanas fazem parte do nosso dia a dia. Tanto no seio profissional como particular. Quando um Chefe Escoteiro ou de alcatéia ou mesmo o Diretor técnico não sabem ver a insatisfação de seus colaboradores, não sabe ouvir opiniões e não sabe dividir tarefas, o futuro e exemplo aos jovens será severamente prejudicado não só na sessão, mas também no Grupo Escoteiro. Cabe a cada um de nós analisarmos se temos amigos conosco na sessão, ou subalterno militar que só recebe ordens.
           O tema é longo. Quem sabe volto a ele oportunamente. Só não posso aceitar que até hoje não tenhamos olhado por este lado (não todos) e analisado o porquê nossos resultados em termos de crescimento, e permanência nas fileiras escoteiras continuem estagnado. Espero que isto não esteja acontecendo com você. Até uma próxima vez.

terça-feira, 31 de julho de 2012

E os ventos mudaram de direção.



E os ventos mudaram de direção.
            
Eu gosto do vento ou da brisa fresca da manhã. Sinto-me feliz quando eles tocam minha face, meu rosto, meu corpo e sinto que quando isto acontece eu procuro sempre rever os momentos felizes de um passado cujo tempo se foi também com o vento. Os meus melhores momentos no escotismo foram no alto de uma montanha, ver o nascer do sol, a brisa leve, o orvalho caindo e uma vista espetacular. Nem sempre isto aconteceu. Uma vez ficamos quatro dias na Serra da Piedade e nada. Uma serração nos fez companhia nestes dias. Mas valeu.
             Todas as noites eu rememoro o passado. Chamam-me de saudosista. E quem não é? Espere voces atingirem minha idade e serão como eu sou hoje. Só fico triste quando vejo tudo diferente do que era antes. Novos tempos. Tantos defendendo. E o pior e que hoje os chefes possuem tantas literaturas disponíveis que nem se comparam com aqueles tempos das diligências e de John Wayne. Sete anos e meio, entrei para lobinho. 1947. Grande Uivo? Totalmente diferente. Mas literatura? Não existia. Um dia Fumacinha apareceu com um livro da Jângal. Desculpe. Fumacinha era nosso Akelá. Só o chamávamos assim. Chamou a Alcatéia. Fizemos um bolo de lobos em cima dele. Mostrou-nos as páginas, falou de Mowgly falou de Shere Khan. Que espetáculo. Maravilha! Nunca ninguém viu nada igual.
              Passei para Escoteiro. Passei direto, pois ainda não sabíamos da trilha e tantas outras coisas. No primeiro ano fui adestrado pelo meu Monitor o Romildo. Ele sabia pacas. Um mateiro dos bons. Conseguíamos de revistas avulsas algumas fotos de nós e amarras. Poucas por sinal. Um ano depois (1951) nosso Chefe Jessé trouxe da capital cinco volumes do livro Guia do Escoteiro do "Velho" Lobo. (Almirante Benjamim Sodré) Foi uma festa. Levei um para casa. Virei à noite lendo. Que livro estupendo! Claro foi o único que tinha visto até então. Nossa Patrulha a Raposa passou a fazer tudo que estava no livro. Nossas reuniões eram livres. Chefe Jessé chegava, hasteávamos a bandeira, oração inspeção e nós mesmo fazíamos os jogos. Depois era só adestramento e algumas competições de nós, sinais, Morse, semáforas e outros jogos de força.
               Ficávamos pouco na sede. Na maioria dos fins de semana saiamos a acampar ou excursionar. “Acampei prá caramba!”. (risos, não é chute, mais de 750 noites em toda minha vida Escoteira até hoje) Como Sênior mais ainda. Agora tínhamos “idade”. Grandes jornadas ciclísticas de mais de quatrocentos quilômetros. A pé fizemos várias. A maior de oitenta quilômetros. Outras tantas de trem ou de carona. Estavam construindo a Rio Bahia e os caminhões caçambas gostavam de nos dar caronas. Nos seniores tinha um Chefe chamado Munir que pouco comparecia. Interessante, nos lobinhos apesar de tudo tínhamos mais de dezoito lobos. Como Escoteiro mais de trinta e nos seniores três patrulhas com sete cada. Éramos sempre os mesmos, entra ano e sai ano. Vagas? Difícil. Alguns esperavam anos.
               Enfim nossa literatura era recorte de jornais, de revista e do livro do "Velho" Lobo. Um dia resolveram fazer os pioneiros eu com dezoito entrei. Fiquei quase dois anos e surgiu um curso na capital. Curso de Adestramento Básico. Cinco dias. A região subsidiava tudo. Beleza. Lá fui eu. 18 horas de trem. Conheci outro escotismo nos moldes de BP e do que chamam de Sistema de Patrulhas. Para dizer a verdade pouco diferia do que fazíamos.  Conheci outros chefes, diferentes daqueles que convivíamos nas cidades vizinhas que possuíam grupos escoteiros.
                Tornei-me Chefe. Enchia a boca para dizer: Chefe! Risos. A vida nos reserva surpresas. Muitas coisas aconteceram. Vivi experiências incríveis. Virei Insígnia, muito importante! Participei da Corte! (direção regional e nacional) E o sonho de muitos me tornei Diretor de Curso! Quatro tacos! Puxa! Como fui importante, já me chamavam de chefão! Um dia conto tudo aqui. Até lá fico pensando do que eu gosto mesmo é do vento e da brisa, gosto do nascer do sol. Gosto de uma barraca, de uma campina verdejante. Gosto de um riacho, de uma cascata, Gosto de uma montanha gosto de colocar a mochila nas costas e dizer, lá ao longe, muito distante fica o campo aonde vou! Isto me faz muito bem. Imagino se com tanto modernismo de hoje eu teria feito o que fiz. Imagino se uma tropa mantivesse os mesmos patrulheiros por anos e anos. Imagino tantas coisas que coloco na balança os Grandes Pensadores e Formadores Escoteiros de hoje que relutam em aceitar pelo menos um pouco do passado. Batem-se tanto na modernidade! Que eles sejam felizes com suas ideias com seus ideais. Alguns até chamam BP de velhinho, de ultrapassado, de tantas coisas que nem sei onde está a verdade absoluta. Comigo ou com eles? Com eles claro. Eles são modernos e eu um velhote perdido no tempo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Conversa ao pé do fogo – Lobo! Lobo! Lobo!



O abutre Chill conduz a noite incerta
E que o morcego Mang ora liberta -
É esta à hora em que adormece o gado,
Pelo aprisco fechado.
É esta a hora do orgulho e da força
Unha ferina, aguda garra.
Ouve-se o grito: Boa caça aquele
“Que a Lei da Jângal se agarra”.
Canto noturno da Jângal.
KIPLING.

Conversa ao pé do fogo – Lobo! Lobo! Lobo!

Em meus artigos, faço poucos comentários sobre atividades e programas de alcatéias. Claro, nada é fácil no escotismo e programar, dividir e acompanhar uma Alcatéia não é tarefa que pode ser feita por qualquer um. No passado fazíamos reuniões diferentes. Acampamentos! Sim, isto mesmo. Acampávamos porque não? Com nove anos armava uma barraca com maestria. Mas olhe a cozinha era responsabilidade dos pais.
Mesmo assim tive o prazer de rememorar muitas coisas que acredito hoje não seria possível. Não é muito fácil fazer um bom programa de alcatéia. (Antigamente você tinha alguns fatos - que ainda persistem - e por si só preenchiam e devem preencher bons programas mensais). Não sei, mas tenho visto certos jovens na idade comentando que não participaram por mais tempo devido à forma de reunião que não agradam.
Sempre notei que no lobismo, a participação era mais ativa do que nas demais sessões. A Evasão menor. Nunca esquecem o dia de reunião, pois os pais são mais ativos no grupo. Comentam com amigos. Alguém um dia me disse que muita fantasia não colabora na passagem do lobinho para a tropa. Lá ele encontra tudo diferente. Claro, alcatéia não é sistema de patrulhas, mas aprender a fazer fazendo já é um bom começo. Não sei se concordo com ele.
Tenho certeza que agora os nossos amigos formadores principalmente os de alcatéia estão dando tudo de si para levar o melhor para os escotistas da área. E olhe, sempre vi uma procura maior para ingressar no escotismo de jovens na idade de lobinho. Se a sua alcatéia não consegue manter pelo menos 22 lobinhos do início ao fim do ano, acredito que o programa deve ser revisto.
Como tem diversos leitores que me perguntam o que é o lobismo, ou para aqueles que vão se iniciar comento alguns poucos itens abaixo, mas no intuito de informação preliminar. Sei que a maioria dos que estão lendo este artigo já conhecem de cor e salteado meus comentários abaixo. Os livros editados da UEB e os cursos de formação darão base melhor para o desenvolvimento da progressividade de uma alcatéia.
Comecemos pela Gruta da Alcatéia. Todos devem ter uma em sua sede. Não importa o tamanho, importa sim uma boa decoração, onde cenas da jângal são retratadas e quem sabe com uma entrada rebaixada, obrigando os adultos a se abaixar, o contrário dos lobos que entram de cabeça erguida.
A história da Alcatéia é ali contada. Nela a um lugar de destaque para o Bastão Totem. Todos também devem ter um.
Os lobinhos devem conhecer bem os dirigentes da alcatéia:
Akelá – Lobo cinzento, forte, altaneiro. Lobo solitário, não constituiu família para dedicar-se inteiramente à sua função de líder. Lidera por ser o mais capaz, forte astuto. É imparcial, faz valer predominantemente as leis da Jângal têm em primeiro e único objetivo o bem estar da coletividade do qual é chefe.
Baloo – Urso pardo, pesado e grandalhão, é inofensivo, pois se alimenta somente de frutos e raízes. Sábio, ponderado, afetivo, bondoso, mas violento quando necessário. Dotado de bom humor, Baloo é a expressão de maturidade combinada com um frescor infantil.
Bagheera – Pantera negra, bonita, olhos vivos e pelagem de seda. A sua voz é doce e delicada. Astuta, intrépida, incansável, corajosa, afetiva, tinha a característica de ter nascido entre os homens, tinha a vivência de conhecê-los (o que Mowgly não tinha) e a experiência de viver entre outro povo, assim podia entender melhor Mowgly. Opõe-se a Baloo, no que ele vence pela experiência e ela pela rapidez e astúcia, Baloo é pesadão, desajeitado, ela ágil e delicada.
Tabaqui – É o Chacal, o fraco que precisa ter a proteção do forte e por isso paga o preço de se rastejar ao seu lado numa constante adulação, lisonja e é interesseiro, muda de alvo conforme estão seus interesses ou à medida que corre perigo, não se preocupando em abraçar partidos por vezes antagônicos. Embora medroso, arrisca-se inutilmente a pequenas provocações e as faz somente, pois sabe que apesar de irritantes não são suficientes para grandes reações.
Shere-Khan – Tigre manco. Aparentemente feroz, mas na verdade é covarde, não caça eticamente, prefere atacar presas fáceis mesmo que pequenos e insuficientes para matar sua fome. É vaidoso, porém não tem de que se orgulhar é nulo, exemplar deficiente de sua espécie.
Raksha – Loba valente, jovem e vigorosa. Encarna a figura da mãe e todo o romantismo que ela encerra, combina a doçura com a força, é caçadora invejável, mas limita-se a proteger sua prole.
Pai Lobo – Lobo jovem e vigoroso, temperamento bom, justo e ponderado, preocupado na defesa de sua prole e do bem estar da comunidade.
                  Dirigentes que mantém viva a mística na condução de sua alcatéia, sempre alcançam melhores resultados. As histórias da Roca do Conselho, as canções, as danças, os jogos, o adestramento, a disciplina são preponderantes (não considerar matilhas como patrulhas e sim como um aprendizado para a organização de aprender a viver em equipe).
                 Se vocês fazem isto e muito mais em suas alcatéias, parabéns se sabem dividir suas tarefas com seus assistentes, ótimo. E por último, seja o exemplo, seja no seu uniforme seja na vida pessoal. Lobinhos copiam muito seus chefes. No trejeito de andar, de vestir e até daqueles chapéus esquisitos (risos, claro se você for usar).
Boa caçada!

“As estrelas desmaiam, concluiu o lobo Gris, de olhos erguidos para o céu. Onde me aninharei amanhã? Porque dora em diante os caminhos são novos...”.
Do livro da Jângal

domingo, 29 de julho de 2012

“Deja vu escoteiro” Será mesmo?



“Deja vu escoteiro” Será mesmo?

                         Sabe aquela sensação quando você está numa cena e tem impressão que já passou por aquilo? Você está conversando com pessoas e acha que já conversou aquilo tudo e com as mesmas pessoas? Pois bem, é quando uma parte do seu cérebro que tem a função de lembrar coisas passadas é acionada no momento errado e daí lhe dá essa impressão. Viu como tem explicação científica? E tem gente que aplica isso em mediunidade, paranormalidade, e não tem nada á ver, ou será que tem? Mas e daí? Porque estou escrevendo isto? Risos. Não sei. Mas hoje tive um “deja vu” só meu. Lembrei-me quando comecei aqui no facebook. Tem um ou dois anos. Era Orkutiano. Dos bons, ainda sou, mas me transferi de mala e cuia e aqui finquei raízes.
                          Quando cheguei minha saga era uma só e ainda é claro. Tentar mostrar um escotismo oculto que nossos esplendidos escotistas não conheciam. Pelo menos assim pensava. Alem de minha página fiz um grupo e aos poucos tudo cresceu. Gosto de escrever e como tal não perdi tempo. Artigos, histórias, lendas, comentários todos falando de escotismo. Só no blog do grupo já passam de 270 publicações. Não abandonei minha linha oposicionista. Não. Mas sempre disse que era uma oposição sadia. Melhorar mais e mais o que temos hoje. Duas lutas duas frentes foram às primeiras escolhas da batalha que julgava ser de um homem só. Nasci na UEB e mesmo não fazendo o registro anual (com ele já teria sofrido represálias) a defendo com unhas e dentes. Sempre respeitando os demais irmãos escoteiros que tiveram seus motivos para criar ou organizar outra associação paralela. Acredito que eles têm esse direito. Indiscutível e Inalienável.  Mas nunca foi a minha escolha.
                             Escolhi como tema de minha luta a democracia Escoteira. Centenas de artigos falando sobre isto. Poucas respostas. Depois entrei na área que começou a render subsídios. O Escotismo e suas tradições o que ao incluir o uniforme Escoteiro deu o que falar. Pensando em divertir meus amigos, coloquei modelos femininas de uniformes extravagantes. E aí o céu caiu sobre minha cabeça. Fui chamado de tudo. Risos. Os arautos que representavam a direção Escoteira prontamente a defenderam. Outros escotistas aqueles mais a direita e com uma visão mais idealista também demostraram suas posições a favor. Mas o tema foi crescendo. Outros grupos e sites ligados ao facebook apareceram. Vozes aqui e ali se levantaram.  Começou uma discussão sadia. Não era um levante ou um motim nada disto. Cada um pelo menos agora tinha dois lados para pensar. Interessante que desde que aqui comecei convidei muitos que participavam da cúpula Escoteira brasileira. Alguns se desligaram da minha página e do grupo tão logo viram minha linha de ação e outros nunca em tempo algum retrucaram ou mesmo disseram alguma coisa. De vez em quando aparece um antigo ou mesmo um novo membro da UEB que se manifesta.
                             Muitos, ou seja, a maioria quase absoluta sempre olhou e com razão o lado bom, simples, amigo, irmão de um voluntariado singelo dedicado única e exclusivamente aos jovens. Perfeito. Os dirigentes adoram. Mas tentei mostrar o outro lado. Não poderíamos ser muito mais? Atingir melhor os objetivos? E até exemplifiquei a evasão como uma das causas principais da falta de crescimento e continuidade dentro do escotismo dos jovens e adultos. Porque não tínhamos uma participação mais efetiva de todos? Porque não havia uma consulta às bases dos temas mais importantes que eram apresentados como fato consumado? Sabíamos e sabemos que temos direitos e deveres, mas nossos direitos param em estatutos e regimentos internos que foram escritos de maneira tal que não nos dão nenhuma participação efetiva. Se menos de 0,5% do nosso efetivo são os que decidem e elegem não posso aceitar como um movimento democrático.
                            Sei que muita coisa está mudando. Sei que tem membros na alta direção que já pensam de maneira diferente. Uma vez escrevi um artigo que poucos conhecem com o título “Onde está o Wally?” Wally era para mim a UEB. Inatingível. Sozinha, soberana, nunca se aproximando dos seus súditos e sempre esperando ser consultada ou procurada para dar a palavra final. Até hoje ainda vejo essa Wally aqui no Facebook. Tem aqueles que dizem – Querem saber as ultimas mudanças no escotismo? Procurem o site tal e tal. Não seria uma Wally? – Como diz o comediante – “Tudo eu? E eles nada?” Risos.
                           E para terminar, um dois ou mais anos aqui deram para me sentir feliz. Muito. Vi mudanças de atitudes vi grupos interessantes discutindo seriamente o escotismo de hoje, participei de listas onde as ideias floriram nas mentes sábias dos seus participantes. Não sei o futuro. Não sei se um dia teremos plena democracia Escoteira, não sei se nossos dirigentes irão fazer pesquisas sérias de nossas falhas e terão a audácia necessária para fazer ampla consulta as bases em tudo aqui que acharam válido mudar. Não sei. Não sei mesmo. Mas nestes últimos anos tenho visto tantas coisas que acredito que até agora valeu a pena tudo que escrevi. Se uns concordaram e outros não, valeu a pena. Parabéns a todos que se manifestaram. Se pudesse daria um abração apertado e um aperto de mão a “lá Baden Powell” em todos, de norte a sul do Brasil. Não sou Deus. Não posso fazer isto. Mas meus amigos – P A R A B É N S!