Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Conversa ao pé do fogo. Mochila ame-a ou deixe-a.



Conversa ao pé do fogo.
Mochila ame-a ou deixe-a.

Prólogo: Pensei em escrever sobre a melhor mochila. Quem sabe a experiência de um Velho mateiro podia ajudar. Melhor não... Acho que cada um de nós tem de aprender usando e sentindo se ela é boa ou ruim. Para não ficar sem um continho, aqui vai um que escrevi há tempos... E põe tempo nisso!

                                    Já tive várias na vida. Tentei guardar a primeira, mas uma enchente me deixou órfão. Quase chorei. Na sede escoteira tinha um báu delas. Presentes do Batalhão Militar da cidade.  Com o tempo fui comprando outras. A pior de todas foi a com armação de metal. Uma jornada de vinte quilômetros acabou comigo. Jurei nunca mais usar. Aprendi desde pequeno que mochila não é armário ou guarda roupa. Aprendi usando. O Akelá disse – Não vou dar lista. Levem o que acharem necessário. - Penei. A mochila não deu. Levei mais um bornal e uma sacola. Fui alvo de gozação. Lobinho pata tenra só aprende assim. Mas aprendi. E como aprendi. Afinal subir montanhas, quilômetros e quilômetros em vales e gargantas, atravessar rios ou andar em lombos de burros foi lição para nunca mais esquecer.

                                    Você pode dar uma relação de itens para eles levarem. Não vai adiantar. Mamãe, titia ou Vovó sempre tem mais um. Nunca ri de Escoteiros noviços ao chegarem à sede parecendo uma árvore de natal. Mas que dava vontade de rir dava. Ele chegava vermelho. Sonhando com o acampamento. Eu só dizia – Vai precisar mesmo de tudo isto? Ele orgulhoso respondia - Claro Chefe. Afinal não foi o senhor quem disse que quem vai para o mar avie-te em terra? Tá bom. Aprender a fazer fazendo. Um quilômetro e o pobre bufando. Dois quilômetros ele desmaia na sombra de uma árvore. – Aprendeu? Claro que sim. Sem ajuda. Nunca deixei ajudar. Levou tem de carregar. Faz parte do crescimento.  

                                   Eu aprendi assim. Cortava isto, cortava aquilo e não fazia falta. Não faz mesmo. Nunca levei saco de dormir, ou melhor, em inglês “sleep”. Um trambolho. É isto mesmo? Não importa. Carregar um nas costas? Nem pensar. Se quero conforto fico em casa. Sempre tive dois sacos de linhagens. Era só encher com folhas secas ou capim e meu colchão estava pronto. Uma cueca, um par de meias, uma camiseta, um short, minha manta e os dois sacos de linhagens. Claro higiene e um bom livro. Mais? Não precisava. Se sujava eu lavava. Tinha técnica até para passar com dois arcos de madeira. Tive uma mochila que adorava. Simples, verde, gostosa. Nas costas não machucava. Nas laterais colocava meu facão, uma chaleira e um caldeirão. Não precisava de mais. Viajei mundo. Subi montanhas serras e escalei picos sem fim.

                                Mas dei boas risadas com as mochilas dos outros. Eu sempre fui um gozador às escondidas. Nos acampamentos nacionais, regionais e internacionais era que eu dava gargalhadas mil. Meu Deus! Cada tipo de fazer inveja. Eles chegavam posudos. Como se fossem os melhores do mundo. Mochilas enormes. Cheias de barangandãs. – Por que esta rindo? Perguntavam. – Por nada, desculpe. Mas lá no fundo eu sabia que ele era um eterno pata-tenra. Sabe o que é Pata-tenra? Nas alcateias é o recém-nascido. O novato, tanta coisa para aprender! Quando você vê um conhece logo. Você sabe. Só de olhar o Chefe ou o Escoteiro você sabe se ele é amador ou não. E a Patrulha então? Só o Monitor formar e lá está. Grande ou pequena Patrulha. Não tem erro. Adorava ver um Chefe tentando me explicar sua mochila machucando na subida da serra. - Aprendeu papudo? Claro que sim. Ele aprendeu. Achou que sabia tudo e não sabia nada. Não se aprende a fazer fazendo?

                                Quando Sênior era bom andar com meus companheiros. Ninguém reclamava. Todos sabiam o que fazer. Mochilas bem postas, somente o necessário. Hora de falar, hora de cantar e hora de prosseguir o caminho das nuvens. Andei por alguns lugares com chefes mateiros. Aprendi muito com eles. Muitas vezes não levava barracas. Prá que? Em meia hora sabíamos fazer uma cabana para dois ou três. Chuva? Uma capa plástica simples e mais nada. E ela nunca durava para sempre. Mas voltemos às mochilas. Cada um sabe o que quer. Cada um compra a quem mais lhe chamou a atenção. Mas cuidado. Muito cuidado! Nem tudo que reluz é ouro. Olhe para ela. Pense se vai sentir-se confortável subindo uma montanha por dois dias, sol a pino, nenhuma sombra. Como ela está nas costas? Dói? Então não compre. Veja aquela mais simples, mais leve. Você não vai mudar de residência ou cidade. Vai acampar ou excursionar e voltar para casa.

                                Ainda sinto saudades. Muitas. Em ver todos chegando à sede. Dia do grande acampamento. Pais e mães brigando para ver seus lindos filhinhos colocarem a mochila e dar adeusinho. Os mateiros rindo e pensando na bela atividade pela frente. Os pata tenra vermelhos maldizendo as vovós e as mamães que lhe entupiram de material. Mas não adianta. Só se aprende fazendo. Feliz Baden Powell que nos ensinou e muitas vezes esquecemos. Bom acampamento!

domingo, 20 de janeiro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. O começo do fim.



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O começo do fim.

Prologo: Ei moço, você mesmo, aquele que tem a resposta que procuro. Onde anda o meu escotismo? Podes me dizer? Ainda existe um tal de CAN e DEN na Escoteiros do Brasil?

                                      Hoje é domingo. Dia santo para alguns e dia de descanso para outros. Hora de colocar a mente no ar, respirar ar puro e se estiver acampado se preparando para desmontar acampamento quando a tarde chegar. Eu, um velhote de sonhos utópicos estou a imaginar uma seara escoteira nos moldes dos escoteiros de Xangri-lá. Dizem que lá tem alegria, respeito, amor, fraternidade e muito mais. Lá a Lei e a Promessa são levadas a sério. Mas e daí vão me perguntar...

                                     Daí meus caros escoteiros que rebusquei no tempo passado algum que pudesse me alegrar. Vida boa é de menino, de lobinho ou de escoteiro para escoteirar. Reclamar do Monitor? Eu não o meu foi supimpa. Reclamar dos meus chefes? Nem pensar. Ali não havia dissabores, contrariedades, desejos ocultos de poder. Nunca liguei para ser o melhor, minha luta era comigo mesmo. Afinal o escotismo morava nas minhas andanças do meu corpo da mente ao coração.

                                    E o tempo foi passando, fui crescendo e sentindo na pele a sede do poder. Tem poder prá todo lado. Poder de ver os humildes meninos lobos e ou escoteiros para obedecer a uma ordem dada. Poder de alcançar o topo na linhagem da casta existente em um Grupo escoteiro. Poder para comandar uma legião de adultos que estão havidos em aprender. É uma luta invisível, muitas vezes na sombra, outras criando rixas como se fossem suas e mostrando sua verdadeira face para atingir o poder.

                                   Nada de novo no front escoteiro, algumas vezes ser um distrital é um sonho quem sabe para chegar à regional. Uma loucura a procura dos tacos. Só se dão por satisfeitos quando atingem o topo da pirâmide do adestramento nacional. Ops! Adestramento? Desculpe, vislumbrei o passado hoje se diz formação, mas estão a formar o que? Sei que tem gente querendo mudar. Já notaram os novos assistentes distritais? Os regionais? Os nacionais? Um bom numero deles dando ordens nas suas andanças de programas e dizendo: Hoje tudo vai mudar, nada será o mesmo...

                                  Juro pela Alma sagrada de Baden-Powell, que nunca vi isso no passado. O sonho de ser alguém, de ver centenas ou milhares gritando Anrê, ou Bravôo para a nova figura imponente que se prende no presente para mandar... Sempre com um estudado sorriso, um ar de vitória, uma vontade de ser BP coisa que nunca irá alcançar. Pequenos aprendizes ou profissionais dos políticos que muitos de nós detestam. Mas me perguntem por que esse cacarejo de velho Chefe escoteiro?

                                 Volto-me para Xangri-lá. Chutaram-me de lá uma vez. Tentando ver coisas boas e evitar as dores, fui viajar nos Desbravadores... Ali pelo menos tem amor no coração, à religião está em primeiro lugar. Arroz e feijão? Não tem macarrão? Era assim moço nosso cardápio nos acampamentos de então. Volto atrás na penumbra do tempo e vejo a realidade: CAN X DEN os doutores da lei se digladiando pelo poder. Sabia meu caro amigo? É nossa liderança. Dão trancos solavancos, querem o poder a qualquer custo, ali não tem amigos?

                                 E lá estão eles, reuniões secretas nos porões do poder. Suspensão, tome rapsódias ou réquiem tocadas nas jornadas das Comissões de Ética. Trocam de cargos, põe alguns na geladeira... Moço três meses suspenso, fica sem função. E pimba, entra até nossa cantilena constitucional. Um Juiz civil dita o que fazer na rede do poder. Cacilda! Os que ditam normas e fazem comissões para defender nossa honra, lutando como arruaceiros para arrebanhar o poder?

                                Ainda bem que sou escoteiro do mundo. Sou um afiliado da UEB, aquela antiga, que fazia amigos e eram sem forçar irmãos escoteiros. Fiz uma promessa e não prometi ter um registro para que me respeitassem como tal. Ninguém me tira do anonimato para ser um Zé Ninguém a ser enxovalhado só porque não concorda com essa cantilena de lideres que não são nada, não exemplificam para que vieram e nem sabe para onde vão. E então para não me delongar muito eu me pergunto: Para onde caminha a Escoteiros do Brasil?

Nota: - leia Ricardo Machado em sua página. Leia também Café Mateiro. Eles entendem deste pessoal que querem estar no poder... Ou melhor do poder do nada de gente que não valorizou um sorriso de um lobinho e falsamente deram a mão esquerda dizendo que seriam transparente ao assumirem o poder.