Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Um pouco de Baden-Powell nesta virada de ano.




Um pouco de Baden-Powell nesta virada de ano.

- Um novo ano se aproxima, o passado vai ficando na história. Aqueles que vivem o ideal escoteiro sabe que o escotismo sempre traz uma mensagem de esperança. Não percamos a fé, o caminho a seguir é longo e os resultados são surpreendentes. Cada reunião é um novo ano em nossa vida e na dos jovens. Caminhemos com firmeza na direção de nossas metas, porque o pensamento cria, o desejo atrai e a fé realiza. Baden-Powell há mais de 110 anos nos trouxe um novo alento ao criar o escotismo. O novo método Badeniano revolucionou o mundo. Nosso líder sempre teve uma palavra uma frase de carinho para nos indicar o melhor caminho a seguir. Dizia ele que ao longo do nosso percurso deparamo-nos com diversos escolhos e tempestades e por isso devemos sempre navegar de frente para eles, com olhos atentos para os podermos identificar, contornar e, durante o processo, aprender com eles. Quando parece mais simples desistir, quando tudo parece impossível, devemos ultrapassar isto de maneira a poder atingir a FELICIDADE.

É para chegar a essa Felicidade que B.P. nos deixa duas chaves importantes: "Não levar a vida muito a sério, mas aproveitar ao máximo o que se tiver olhar a vida como um jogo, e o mundo como um campo de jogos." - "Fazer que as nossas ações e pensamentos sejam orientados pelo amor." "Por caminho não quero significar um caminhar ao acaso, sem finalidade, mas antes um trajeto agradável com um objetivo definido, ao mesmo tempo em que há consciência das dificuldades e perigos que podemos deparar no percurso.". “O homem emaranha-se nas dificuldades ou tentações das águas agitadas, principalmente porque não o avisaram dos perigos do caminho, nem do modo de se defender deles" e por isso BP parte da sua própria experiência para nos aconselhar a percorrer o caminho que é a vida e para que esse caminho seja para o TRIUNFO. Devemos enfrentar cada dificuldade com coragem e amor no coração, impelir a nossa própria canoa sem baixar os olhos e estando Sempre Alerta Para Servir. BP mostra-nos os caminhos, ninguém o percorre por nós.

“If you are a square peg keep your eye on a square hole and see that you get there.” (“Se você é uma peça quadrada, mantenha seus olhos em um buraco quadrado e veja que você pode chegar lá”). Esta frase faz todo o sentido para nós, que estamos a iniciar uma vida adulta e temos muitos sonhos por concretizar. B.P. sublinha que é importante lutarmos pelo que queremos, em busca da felicidade dos outros, contribuindo assim para a nossa própria felicidade. B.P. nunca referiu que seria fácil cumprir os nossos objetivos pessoais, mas afirma que não nos podemos deixar influenciar pelas “palmeiras que dão sombra” e deixar os nossos sonhos fugir, só porque parece complicado. E não devemos esquecer suas palavras com respeito à fraternidade: - - A amizade é como um boomerang; tu dás a tua amizade a um dos teus companheiros, e depois a outro e a outro ainda, e eles retribuem-te com a sua amizade. Assim, a tua amizade e boa vontade iniciais vão-te fortalecendo à medida que vão sendo transmitidas aos outros, e acabam por regressar a ti, em retribuição, tal como o boomerang regressa à mão de quem o lança. Se não tiveres medo das pessoas que encontras nem sentires antipatia por elas, também elas, da mesma maneira, não te recearão nem desconfiarão de ti e terão tendência para gostar de ti e serem teus amigos. Baden-Powell.

FELIZ ANO NOVO, E UM SUPIMPA SEMPRE ALERTA EM 2020!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Conversa ao pé do fogo. A Jarreteira de Daniel San.




Conversa ao pé do fogo.
A Jarreteira de Daniel San.

... – Muitas das antigas tradições escoteiras não existem mais. A validade ou não fica ao critério do julgamento de cada um. Aqui uma delas para que os novos no escotismo possam conhecer melhor seu uso e sua origem.  

                           Todos estavam perplexos com as fitas verdes e amarelas penduradas no meião de Daniel San. Ele todo posudo chegou à sede se exibindo. Foi para o canto de patrulha e o Monitor perguntou a ele o que era aquilo – Uma jarreteira Monitor, nunca ouviu falar? – Joel nem sabia o que era. Para não demonstrar ignorância não disse mais nada. Ele sabia que peças que não eram do uniforme não era permitido usar. – Falou com o Chefe? Ele perguntou. – Ainda não, mas ele vai ficar admirado da minha jarreteira. – E quem lhe disse que são peças Escoteiras? – Minha Avó disse que meu Avô foi Escoteiro em Portugal e usava. – Seu Avô? Ele era português? – Claro, meu Avô foi um Escoteiro e chefão em Funchal na Ilha da Madeira. Fez todas as provas e chegou a Liz de Prata. Olhe quando cresceu foi Escoteiro Chefe. Minha Avó sempre me conta como sua casa vivia cheia de Escoteiros! – Joel ouviu o apito do Chefe. Ele chamava os monitores. Passou o comando para Francis o Sub Monitor e saiu correndo. A patrulha ficou em silencio olhando a Jarreteira de Daniel San.

              - Estou vendo que o Daniel San colocou uma Jarreteira, - Perguntou o Chefe Jaguar. – É Chefe, ele chegou assim e disse que em Portugal todos os Escoteiros usam – Tudo bem, não diga nada a ele. Vou aproveitar para fazer uma palestra sobre as Jarreteiras. Assim todos aprendem e claro, irão saber que aqui no Brasil não usamos mais. – Joel ficou pensativo, ouviu o Chefe quanto à próxima atividade que fariam naquele dia, um jogo fora da sede e que todos deveriam ficar alertas para não acontecer nenhum acidente. O jogo foi legal. Deveriam descobrir um homem chamado Maneta que ninguém conhecia. Ele estava vestido comumente, sem nada especial, mas alguma coisa chamaria a atenção quando o vissem. Ao descobrir deveriam formar a patrulha em linha a sua frente e cantar o Rataplã. Se ele sorrisse e dissesse sempre alerta, era o procurado se não iriam dar com os burros nágua. As patrulhas se divertiram a beça em volta da sede. Muitas erraram feio, mas o Chefe instruiu a todos que a cortesia e a apresentação iria mostrar que o erro faz parte e o apresentado iria compreender bem.

                 - A Patrulha Castor ganhou o jogo. Eles viram o homem na esquina da Marechal Deodoro e foi Tonico quem reparou que seu cadarço tinha duas cores. O Chefe deu um tempo livre de dez minutos e formou todos em ferradura – Alguém já ouviu ou viu uma Jarreteira? – Todos nem sabiam o que era isto. – Reparem em Daniel San. Ele hoje veio com uma. Ela não é mais usada no Brasil e poucos países do mundo a usam. Portugal mantem a tradição. – Tradição Chefe? – Disse Bartolo Monitor da Castor. – Isto mesmo, ouve uma época que nós usamos, mas depois foi extinto o uso. Baden-Powell usou sempre em seu uniforme. Mas olhem, é melhor eu contar para vocês a história – Querem ouvir? – Todos olharam o meião de Daniel San e sorrindo disseram sim! Tudo bem, vamos lá, a Jarreteira é uma fita que serve para prender o meião à perna, desenhada com as cores dos ramos para membros juvenis e de acordo com as funções exercidas para os chefes do movimento Escoteiro. Existiu ou ainda existe uma Ordem Militar de Cavalaria, instituída por Eduardo II, rei da Inglaterra denominada Ordem da Jarreteira. É a mais nobre das oito ordens que possui o Império Britânico.

                  - Continuou o Chefe Jaguar – Ninguém sabe de concreto sobre a data da sua instituição. Vem do século XIV. Quanto ao ano a opinião dos historiadores heráldicos varia desde 1340 até 1351. Inicialmente ela só era usada pelo soberano e 25 cavaleiros. Até 1786 não sofreu nenhuma modificação. Só em 1805 se fez a segunda modificação. Finalmente em 1831 ordenou-se que o privilegio seria concedido aos descendentes diretos de Jorge II e Jorge I. Na época não se permitia mulheres na ordem. Existe uma lenda, segundo a qual por ocasião de um baile, caiu à liga da Condensa de Salisbury, dama da corte de Eduardo III e o rei abaixou-se rapidamente para apanhar e entregar à dama. Isto deu motivo de riso e graças por parte dos presentes e o rei exclamou: “Honny soit qui mal y pense”. (mal haja quem nisto põe malicia). Ouve outras lendas como aquela de Ricardo I que ao atacar Chipre invocou São Jorge que lhe deu grande ânimo e veio à ideia de atar as pernas dos cavaleiros com uma fita de couro que lhes lembrassem o feito. Eduardo II ao instituir a Ordem da Jarreteira designou a liga como seu emblema. O distintivo desta ordem é, com efeito, uma liga que, bordada a ouro e pedrarias (jarreteira) tem a legenda: - Honny soitqui mal y pense. Atada na perna esquerda junto ao joelho.

                A tropa pela primeira vez prestava a máxima atenção. Daniel San se sentia um cavaleiro britânico com suas jarreteiras. Continuou o Chefe Jaguar: - Os cavaleiros do rei usam no lado esquerdo do peito uma placa de prata ou estrela de oito pontas representando a Cruz de São Jorge. Usam também um colar de ouro, composto de 26 peças em forma de jarreteiras, esmaltadas de azul com a imagem de São Jorge abatendo o dragão. Finalmente usam uma cinta de azul escuro, atravessada sobre o ombro direito e debaixo da qual há uma joia de ouro em forma de jarreteira, rodeando a imagem de São Jorge com a divisa da Ordem. Assim esta insígnia foi concedida ao Escotismo, motivo de muitos Escoteiros ainda usarem um pedaço de tecido pendurado na parte exterior das meias do uniforme e presa pela liga. As histórias da Ordem da Jarreteira se confunde em muitas lendas que até hoje são lembradas e usadas por grandes personalidade britânicas. Lembro que em Portugal todos os Escoteiros usam as jarreteiras.

                 Chefe Jaguar se calou e olhou para Daniel San. – Obrigado Daniel San por trazer uma jarreteira onde todos pudessem conhecer sua história. Infelizmente aqui no Brasil elas não são mais usadas e assim você deu um belo exemplo em mostrar que existem histórias, lendas e tradições que marcaram muito o movimento Escoteiro por muitos anos e vai ser lembrado por toda a vida. Guarde bem sua jarreteira no seu baú do tempo para quando crescer lembrar dela com saudades! – Daniel San viu no Chefe Jaguar um cavaleiro Britânico no tempo de Eduardo II e sendo saudado por todos que pertenciam ainda a Ordem das Jarreteiras. Daniel San nunca mais usou em reuniões, mas sempre ao chegar em casa com seu uniforme, colocava sua jarreteira e ficava olhando e lembrando de um passado que hoje não existe mais!   

Comentário recebido de um Chefe Português - Recebo seus três contos, é claro que gostei, mais ainda da História da Jarreteira. Como sabe, iniciei minha vida Escoteira em Portugal, numa pequena Ilha do Arquipélago dos Açores; Ilha Terceira, 52 AEP. Para mim, e meus irmãos Escoteiros portugueses o recebimento da Jarreteira acontece numa cerimônia logo a seguir ao recebimento do Símbolo de Promessa. A partir de então temos a "obrigação" de sermos Cavaleiros da Paz, do Respeito e da Fraternidade Escoteira. Já vai longe meu 28 de abril de 1963, é bem verdade, porem esse dever jamais esquecerei. Henrique Luiz - Chefe Açor.

sábado, 21 de dezembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Reme sua própria canoa.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Reme sua própria canoa.

... - Tem hora que da vontade de largar tudo, voltar para o paraíso, virar pescador e viver da terra, teria muito menos de decepções. (P.H.M.)

- Não posso ficar sempre criticando. Mas danadamente eu sou um Velho Escoteiro chato insistente. Passei por poucas e boas em minha vida escoteira e agora entregar os pontos não vai dar. Não vai mesmo. Ainda bem que no escotismo só temos mocinhos, não há vilões. Todos estão imbuídos das melhores das intenções. Dizem por aí que de boas intenções o inferno está cheio. Sem quer ofender e ferir susceptibilidades não sei se estamos no caminho certo. Muitos não sabem se percorremos o caminho para o sucesso. Para reconhecer o que é o escotismo devemos observar a metodologia de Baden-Powell. Procurar um novo caminho deixa de lado o Espírito Escoteiro tão preconizado por muitos. Afinal BP não dizia que devemos remar nossa própria canoa? Muitos dizem que não fugimos do método. Mas será que estamos remando nossa própria canoa? O caminho escolhido em nome da modernidade só pode ser atestado com o tempo. Um antigo Chefe meu dizia que sem uma boa experiência não se faz o Chefe Escoteiro. Até mesmo os cursos de formação mudaram. A técnica de campo, o sistema de Patrulha entre outros não são assimilados pelos novos que estão chegando. Dizem que nos dias de hoje não precisamos de bússola, aprender a seguir as estrelas, o sol, as árvores se existem o GPS. Semáforas? Morse, nós e sinais de pista? Basta usar o celular e o Google e está resolvido. B-P nunca negou que precisaríamos acompanhar as mudanças do tempo, mas nunca perder a característica da vida ao ar livre, do aprender a fazer fazendo e de seguir seu próprio caminho.

Suas palavras me dão o remo na escolha do caminho a seguir. Dizia ele que somente pelo resultado e não pelo método que se julga a instrução. Uma abertura que poucos entenderam. Não basta ter jovens disciplinados obedientes, mas sem personalidade e nem força de caráter, sem espírito de inciativa ou de aventura. Jovens incapazes de se “virarem”. Dizia isto naquela época sem os milagres da metodologia moderna de hoje. Completava dizendo que os tempos “modernos” tais como o crescimento das cidades, fábricas, rodovias e linhas telefônicas, e de tudo aquilo que chamamos “civilização” a natureza ficou mais afastada das pessoas. Suas belezas e seus milagres se tornam estranhos as nossas afinidades pessoais com a criação divina e se perdem na vida materialista das multidões, com suas deprimentes condições entre as espantosas construções erguidas pelo homem. A natureza vem sendo expulsa e é substituída pela artificial e graças à tecnologia, as nossas pernas acabarão pôr atrofiarem-se pôr falta de exercícios e os nossos filhos terão cérebros maiores, mas sem músculos.  Sem atividades mateiras e de campo tudo vai se perder com o tempo.

- Uma vez resolvi fazer uma canoa. Risos. Isto mesmo. Ganhei do Nonô da Noêmia um tronco de mais ou menos quatro metros por uns 400 mm de circunferência. Falei com meu pai do meu plano. Meu pai conhecia o Zé do Dedo, um carpinteiro bem conhecido na cidade. Disse para eu pedir a ele a me ensinar. Zé do Dedo não pensou duas vezes. Ensinou-me a descascar a madeira, como tratar e conservar, mantê-la seca e arejada se possível mergulhada na água. Mostrou as vantagens da proteção do sol, não deixar o tronco em contato com o solo enquanto trabalha. Fiquei sabendo que o tronco era um Cedro. Perfeito para uma canoa. Eu tinha uma machadinha, meu pai me deu uma Enxó, uma Goiva e um serrote. Zé do Dedo me emprestou um machado e um traçador. Claro que para usá-lo precisaria de mais pessoas. A Patrulha não se fez de rogada e durante três meses me ajudaram. Não foi fácil. Voltava da escola e por duas ou três horas trabalhávamos na canoa com a supervisão do Zé do Dedo.

Três meses depois a canoa ficou pronta. Pesada, eu mal aguentava levantar sua lateral. Devo dizer que a canoa na visão de um bom construtor era feia, desajeitada, e em qualquer corredeira iria virar ao contrário e afundar. Com dificuldade a levamos para o Rio Doce. Um amigo do meu pai tinha um carroção. Com a ajuda da Patrulha a rebocamos até a beira do rio usando madeira tipo escada rolante até o rio. Boiou! Choveram palmas e Arrê! Dei pulos para o ar. Vamos testar. Zé do Dedo aconselhou ir só dois. Meus remos eram pesados e em pouco tempo não aguentávamos mais remar. Levei a canoa até próximo ao Curtume do Moacir. Conhecia o vigia. Ele se prontificou a tomar conta. A canoa serviu para muita coisa. Não era a melhor canoa do mundo nunca foi. Mas até hoje eu não esqueço o que fiz. Durou pouco tempo. Uma enchente e ela sumiu. Não me tornei um carpinteiro e nem fabricante de canoas, mas adquiri experiência, calos, dores nas omoplatas, mas valeu! Aprendi a fazer fazendo!

Escoteiros precisam de desafios. É no campo que eles têm estas oportunidades. Nada pode substituir uma boa atividade escoteira fora da sede. O modernismo oferecido hoje aos jovens é encontrado facilmente na rotina da sua casa, na escola e com seus amigos. Aprender fazendo é uma arte. Imbuir os jovens em algum que eles já possuem em suas rotinas de vida é deixar o principal que é o campo. Um dia todos os jovens irão viver suas vidas longe do domínio dos pais. O escotismo os ensina a vivenciar isto. Difícil afirmar onde começa o caminho da modernidade e o caminho para o sucesso. Acredito que ambos se complementam. A vida aventureira, o ato de descobrir novos horizontes, experimentar a vida ao ar livre como os bandeirantes do passado é fascinante. Nenhum jovem perdeu seus sonhos de serem heróis. Proibir isto é desfaçatez. É na vida mateira que ele terá a motivação para continuar no escotismo. Alguns estão tratando nossos jovens como bonecos de louça. Medo disto, medo daquilo. Ele está sendo proibido de pensar e os adultos estão pensando por eles. Decidem por eles. Esqueceram sua posição de orientador. Desafio faz parte do jovem, deixe-o seguir com os outros esta seria sua grande aventura.

 Nunca esqueci minha canoa. Meu pai foi meu instrutor e dos bons, não deixou que eu desistisse. – Se você começou termine! Dizia. Foi uma lição que agradeço ao meu pai. O escotismo me ensinou que desafios são para aqueles que irão até o fim. Hoje os resultados são outros. Qualquer um pode ver isto dentro de sua própria comunidade. Somos uns eternos desconhecidos e dizer que a culpa é só dos chefes é hipocrisia. Precisamos nos reeducar na vida mateira e para isto temos que preparar os novos voluntários no seu caminho a seguir. Ninguém em sã consciência pode fugir ao escotismo de campo. Dentro do possível podemos dar ao jovem o que ele sonha e seu sorriso valerá todo sacrifício do mundo. É no campo que temos os meios para a formação na metodologia escoteira. O que hoje os modernistas escoteiros estão sugerindo não está dando resultados. Só não vê quem não quer.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. “Sobras” de acampamento.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
“Sobras” de acampamento.

... - “Sobras” são objetos deixados pelos lobos e ou escoteiros (até mesmo seniores) na inspeção final de acampamento ou acantonamento encontrado durante a inspeção final.

                   Alguns chefes praguejam, outros aproveitam para comentar onde está o erro e tem alguns como eu que dão belas risadas. As sobras de acampamento e acantonamento existem mesmo em alcateias e tropas bem adestradas. Uns chamam de sobras, outros de bagaço e tem aqueles que explodem com os monitores e dizem: De onde veio este lixo? As boas alcateias e boas tropas nas suas atividades sejam elas quais forem fazem inspeções diárias ou de surpresa. O material individual é bem periciado. Confere-se tudo. Desde o material de higiene individual aos talheres e roupas. Na maioria das vezes está tudo lá e o Chefe experiente pensa que desta vez as “sobras” serão de menor monta. Não é. Lá está a indefectível sobra quando se faz a inspeção final.

                   Assim como eu, os velhos chefes escoteiros e de lobos já devem ter visto coisas do arco da velha em uma inspeção de Gilwell. Coisas de estarrecer o Chefe de Campo de Gilwell Park. Tudo bem que os meninos e as meninas (estas são mais cuidadosas) estão aprendendo. Não é assim que se diz? “Aprender a fazer fazendo”. Mas isso acontecer em um curso de chefes, adultos experientes (assim pensamos) é madeira de dar em doido. Já vi em final de Cursos quando da inspeção final, objetos que nunca pensei encontrar nas “sobras” de acampamento. Cigarros, caixa de fósforos, cuecas, garfo, caneca, meias e tanta parafernália que uma vez achei uma revista Playboy com várias folhas arrancadas. Interessante é que se perguntarem todos os objetos caíram do céu, não tem dono! Olhe que naquela época se exigia muitos conhecimentos dos chefes alunos para participarem de um curso desta envergadura. Mas não vamos muito longe, na Barraca da chefia ao ajudar no desmonte, lá estava um garfo, uma caneca e uma carteira cheia de dinheiro. Nossa!

                   Agora nos acantonamentos e acampamentos, principalmente quando ainda são jovem pata tenra (noviços, iniciantes) a coisa se complica. A coisa? “Minino eu vi”! Ao final de acampamento/acantonamento, a inspeção por Matilha ou por Patrulha muitas vezes seria necessário levar um carrinho de mão para recolher as sobras. E achar os donos? Sempre sobrando alguma coisa e levando para a sede. Agora era esperar a mamãe reclamar com o Chefe. Como aprendemos que entregar o local melhor que encontramos é ponto de honra, a inspeção final não pode deixar de existir. Um raio de 300 metros em volta do local de acampamento deve ser inspecionado. É ali que se encontram coisas do arco da velha. Se houver caminhada até a sede ou até o transporte de volta, os novatos aproveitam para esvaziar a mochila e carregar menos peso.

                   Mentira? Bem pode ser para você. Para mim não e olhe para muitos chefes também. Conheci chefes adestrados e bons mateiros ao fazerem a inspeção final ficam de boca aberta. Cobertores, calças, camisas, estojo de higiene, sapatos, pratos, garfo colher canecas deixadas ao leu. Haja carro para levar tudo de volta. Mas meus amigos chefes sabem que isso faz parte do adestramento e do aprender a fazer fazendo. Sabemos que a maioria dos chefes treina ou adestra seus monitores e a Akelá os seus primos. Algumas sessões fazem isso pelo menos uma vez por mês. Afinal manter seu material faz parte do nono artigo da lei. Não é fácil equipar o material da Patrulha, da chefia ou da alcateia. Perder materiais de sapa muitas vezes é desleixo e vai fazer enorme falta para a próxima atividade de campo. Bom quando se tem um intendente ou almoxarife bem adestrado. Merecem uma medalha de Parabéns!

                   O importante é treinar ou adestrar como se diz os chefes de antigamente. Todos podem errar uma duas ou três vezes, mais que isso alguma coisa está errada. É ruim quando a mãe nos cobra a falta de algum objeto do seu filho principalmente aquelas que abarrotaram a mochila dele e ainda pespegaram um enorme bornal de coisas supérfluas. Podem não acreditar, mas em um acampamento de distrito, quando todos já tinham ido embora encontrei uma mochila com todo seu material encostado em uma árvore de um Chefe que displicentemente pegou o ônibus e foi o mais alegre cantante na viagem!


domingo, 15 de dezembro de 2019

Contos de Fogo de Conselho. A origem de Donald e seus sobrinhos Escoteiros.




Contos de Fogo de Conselho.
A origem de Donald e seus sobrinhos Escoteiros.

Huguinho, Zezinho e Luisinho.

... - Sobre a origem de Donald e seus sobrinhos Escoteiros. Era o tipo de enredo das colunas publicadas em 1937 nos Estados Unidos, quando os sobrinhos de Donald apareceram pela primeira vez. Eles eram o resultado do trabalho de Alfred Taliaferro, um dos desenhistas da Walt Disney. - Quem quando jovem não se divertiu com Donald e seus Escoteiros-mirins?  Quem um dia não ambicionou a ter um Manual do Escoteiro–Mirim? São histórias que ficaram gravadas em nossas memórias em uma época boa dos Gibis e principalmente dos personagens da Disney que tanto nos encantaram. Conheçam a história deles.

Os trigêmeos HuguinhoZezinho e Luisinho (Huey, Dewey e Louie em inglês são patos trigêmeos fictícios de histórias em quadrinhos e desenhos animados criados em 1937 pelo escritor Ted Osborne e pelo cartunista Al Taliaferro, e são de propriedade da The Walt Disney Company. Os três são os sobrinhos do Pato Donald, filhos de sua irmã mais nova Dumbela Pato, que os colocou sob os cuidados do tio e nunca mais os buscou. A identidade do pai dos patinhos é desconhecida, nisso, Donald acaba sendo a figura paterna para os meninos, e o tio-avô Tio Patinhas é como um avô para os mesmos, uma vez que é como um pai para Donald. Como seus tios, os meninos são patos brancos antropomórficos com bicos e pés amarelo-laranja. Eles geralmente usam camisas e bonés de beisebol coloridos, que às vezes são usados ​​para diferenciar cada personagem.

Huey, Dewey e Louie fizeram várias aparições animadas em ambos os filmes e na televisão, mas os quadrinhos continuam sendo o meio principal. O trio é coletivamente o 11º personagem de quadrinhos mais publicado no mundo, e fora do gênero de super-heróis, perdendo apenas para Donald. Enquanto os meninos foram originalmente criados como criadores de travessuras para provocar o famoso temperamento de Donald, aparições posteriores mostraram que eles eram ativos valiosos para ele e Patinhas em suas aventuras. Todos os três meninos são membros da organização de escoteiros fictícios Junior Woodchucks (Escoteiros Mirins).

Certo dia, Donald ao chegar a casa encontrou três simpáticos patinhos que traziam uma carta. Na carta, a prima Anita pedia que Donald lhe cuidasse dos "três anjinhos" por algum tempo. Logo de cara, os "três anjinhos" deram-lhe de presente, uma caixa de bombons recheados de pimenta, fizeram mil gracinhas que quase deixaram o Donald maluco. Era o tipo de enredo das colunas publicadas em 1937 nos Estados Unidos, quando os sobrinhos de Donald apareceram pela primeira vez. Eles eram o resultado do trabalho de Alfred Taliaferro, um dos desenhadores da Walt Disney. Este sentiu a necessidade de ampliar o mundo de Donald, que tinha vivido até então na esfera familiar de Mickey.

Donald, que era um dos alvos preferidos das brincadeiras dos traquinas sobrinhos de Mickey, acabou por ganhar os seus próprios sobrinhos: três de uma vez só! Nos primeiros tempos, os três patinhos eram terríveis: adoravam atormentar toda a gente, especialmente o tio, e, além disso, detestavam tomar banho e ir à escola! Com o tempo, porém, eles foram criando juízo e, de meninos traquinas, transformaram-se em espertinhos patinhos. Escoteiros-Mirins. Desde as primeiras histórias de Donald, os três sobrinhos já acompanhavam o tio em muitas aventuras. No 1º número da revista O Pato Donald (1950), publicada pela Editora Abril, os três patinhos apareciam com Donald e Tio Patinhas na história "Donald e o Segredo do Castelo". Mas nessa época chamavam-se Nico, Tico e Chico. Só mais tarde receberiam os nomes que têm hoje. De vez em quando Huguinho, Zezinho e Luisinho vestem a roupa de Escoteiros-Mirins, partem para ajudar aos outros e proteger a natureza e os animais.

Como Escoteiro-Mirins, consultavam sempre o fabuloso livro que os tirava de quase todas as dificuldades "Manual do Escoteiro-Mirim", o qual apareceu pela primeira vez em Março de 1954. Esse Manual ficou tão famoso que foi necessário publicá-lo "de verdade" com aquela riqueza de informações. O primeiro fez tanto sucesso foi logo seguido de um segundo do volume. Os três sobrinhos tornaram-se Escoteiro-Mirins em Fevereiro de 1951, na revista Walt Disney's Comics Stories (n.125), como criação de Carl Barks. Os três escoteiros tentavam, nesta história, conquistar o posto de Brigadeiro General nos "Junior Woodchucks" (nome inglês original para os Escoteiros-Mirins). Na edição de Setembro de 1951 (n.132) já tinham conquistado o posto de Generais de dez-estrelas.

Origem dos nomes.
Não se conhece com rigor a origem dos nomes dos sobrinhos de Donald. Uma das hipóteses avançada é que em 1937, o desenhador Al Taliaferro deu a cada um dos sobrinhos do Pato Donald o nome de figuras populares nos Estados Unidos da América de então: «Huey» (Huguinho) como homenagem a Huey Long, governador da Louisiana, «Dewey» (Zezinho) em homenagem ao governador republicano de Nova York Thomas E. Dewey, e « Louie» em homenagem ao trompetista Louis Armstrong.

Outra hipótese é a de que Taliaferro tenha pretendido homenagear o almirante George Dewey (1837-1917) da Guerra Hispano-Americana e que "Louie" seja uma homenagem ao animador Louie Schmitt (1908-1993). O prenome completo de Huey é Hubert, de Dewey é Deuteronomy e de Louie é Louis. Existem rumores sobre um quarto sobrinho, chamado Phooey, mas acredita-se que não seja realmente um personagem e sim um erro de desenhistas entusiasmados que vez por outra faziam quatro e não três personagens.

No Brasil até hoje valorizamos pouco nossas personagens históricas que de alguma forma foram escoteiros ou simpatizantes. Caio Vianna Martins, Gerson Issa Satuf e Hélio Marcus de Oliveira Santos são eternos desconhecidos. Surgiu há poucos meses a publicidade interessante da “Turma da Mônica” de Maurício de Souza, eles devidamente vestimentados (o caqui nem passou perto). Não sei se tudo já foi esquecido, se a imprensa falada escrita e televisada deu publicidade ao evento da Escoteiros do Brasil. Uma pena. Seria se bem aproveitado e se os valores fossem compatíveis (o que desconhecemos) poderia haver uma busca dos jovens admiradores da Mônica e seus amigos pelas aventuras escoteiras. O Escotismo Brasileiro ainda anda a passos de tartaruga na Publicidade Escoteira.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Conversa ao pé do fogo. Kim Por Rudyard Kipling




Conversa ao pé do fogo.
Kim
Por Rudyard Kipling

... – Você já deve ter participado ou dirigido um “Jogo de Kim”. Já leu sobre ele? Veja o que Baden-Powell comentou em suas memorias: - “Um bom exemplo daquilo que um Escoteiro pode fazer encontra-se na história do Kim do escritor Rudyard Kipling”. Vejam algumas de suas frases mais conhecidas: - Tenho seis servos que me ensinaram tudo o que sei: O quê? Por quê? Quando? Como? Onde? E Quem? - Não há prazer comparável ao de encontrar um velho amigo, a não ser o de fazer um novo. Nenhum homem tem o dever de ser rico ou grande ou sábio: mas todos têm o dever de serem honrados. Divirtam-se com Kimball O´Hara mais conhecido com Kim uma das personagens mais famosas depois de Mowgli.

                       Kim, ou, para lhe darmos o nome completo, Kimball O’Hara, era filho de um sargento de um regimento irlandês da Índia. O pai e a mãe morreram quando era criança e ele ficou entregue aos cuidados de uma tia. Por companheiros tinha só rapazes indígenas e pôde, assim, aprender a falar a língua deles e a conhecer todos os seus costumes. Ele e um velho sacerdote ambulante tornaram-se grandes amigos e juntos percorreram todo o norte da Índia. Um dia, Kim encontrou por acaso o antigo regimento do pai, em marcha, e quando fazia uma visita ao acampamento foi preso por suspeita de furto. Encontraram-lhe a certidão de nascimento e outros documentos e o pessoal do regimento, vendo que ele lhe pertencia, tomou conta dele e mandou-o educar. Mas, todas as vezes que conseguia ir passar férias fora, Kim vestia-se à moda indiana e andava entre os indígenas como se fosse um deles.

Aqui um pequeno trecho do seu mais famoso livro onde Kim é um pitoresco espião. Escrito por Sir Rudyard Kipling e publicado em 1901. A historia é baseada no conflito político na Ásia Central entre o Império Russo e o Império Britânico, chamado The Great Game. Notável para o retrato detalhado do povo indiano.

Resumo da historia:
Kimball O’Hara, chamado Kim, é um órfão, filho de um soldado inglês e uma mãe branca pobre. Ele sobreviveu implorando e fazendo recados nas ruas de Lahore durante o período da Índia colonial. Ele está tão imerso na cultura local, que poucos percebem que ele é branco. Ele ocasionalmente trabalha para Mahbub Ali, um comerciante de cavalos e também um agente do Serviço Secreto Britânico, a quem Kim mais tarde entra. Kim faz amizade com um antigo lama tibetano que está em busca do lendário Arrow River, através do Samsara. O menino se torna seu discípulo ou chela, e eles untos em uma viagem atravessando uma antiga estrada chamada Great Trunk. No caminho, aprende-se sobre o Grande Jogo, um conflito político entre o Império Russo e o Império Britânico. Ele é fortuitamente comissionado pelos britânicos para levar uma mensagem ao comandante britânico em Ambala.

O capelão do regimento do pai de Kim descobre que o último pertence à Maçonaria, observando que ele carrega o símbolo do Maçom que envolve seu pescoço e o obriga a se separar do Lama. Kim opõe-se à separação, mas o Lama o convence de que é melhor para ele e, finalmente, Kim é enviada para estudar a cidade de Lucknow, uma prestigiada escola britânica, financiada pelo Lama. O tempo passa e Kim mantém a comunicação com o Lama, para quem o menino continua a ter carinho. Kim também esteve em contato com o serviço secreto britânico, e durante um feriado, Kim é recrutado e treinado como espião, pelo saur Lurgan, um joalheiro, que também é agente britânico na cidade de Simla. Parte da educação inclui um exercício de memória visual chamado The Game of Jewels. Depois de três anos de treinamento, Kim recebe um trabalho do governo, de onde ele começará a operar no The Great Game, mas antes de ser concedido um merecido descanso. Kim retorna para encontrar o Lama e, por ordens de seu superior, babuíno Harry Chunder Mookherjee, faça uma viagem ao Himalaia.

Neste ponto, o mundo da espionagem e os fios espirituais da história colidem, quando o Lama inconscientemente entra em conflito com agentes de inteligência russos. Kim, por sua parte, consegue obter dos mapas russos, documentos e outros detalhes importantes, que mostram o trabalho do Império Russo nas áreas sob controle britânico. Mookherjee se aproxima secretamente dos russos sob o pretexto de ser um guia, e assim garante que os elementos obtidos por Kim não voltem às mãos dos russos. Com a ajuda de porteiros e aldeões, Kim consegue resgatar o Lama. Este percebe que ele se desviou ao descobrir que sua busca pelo rio Arrow deveria ser feita nas planícies, não nas montanhas, e ordena aos porteiros que retornem o caminho. Já de volta, Kim e o Lama descansam e recuperam sua saúde após a difícil viagem.

Kim entrega os documentos russos aos seus superiores e é visitado por Mahbub Ali, que está interessado nele. O lama finalmente encontra o Rio Seta e consegue a iluminação espiritual. Kim está na encruzilhada entre o restante de uma peça no Grande Jogo, seguindo o caminho espiritual do budismo tibetano, ou seguindo uma combinação de ambos. A moral dessa história, caro leitor, é que hoje em dia precisamos ficar atentos a todas as conquistas humanistas, as quais permitem que a educação seja inclusiva, ecumênica, antirracista ou etnocêntrica, e instauradora da noção de que não há povos ou culturas superiores ou inferiores; mas, ao mesmo tempo, nunca devemos deixar que se perdesse o crescimento da imaginação e da sensibilidade que o desejo pela aventura carrega consigo. Os Grandes Jogos mudam, mas os pequenos Kims, cada um na sua medida, sempre estarão aí para o que der e vier.

Kim é não apenas um dos livros mais importantes de Rudyard Kipling o Criador do Livro da Jângal, mas ocupa também posição de destaque na literatura de língua inglesa. Foi lançado em 1901, quando a Índia, onde se passa o romance, era ainda uma possessão britânica e doze anos após Kipling, tendo nascido na Índia, haver migrado para a Inglaterra. Kim se insere numa segunda etapa dessa literatura, na qual predominava um ponto de vista predominantemente britânico e que buscava afirmar a legitimidade do império.


quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. O sonho da formação escoteira. De São Paulo para o Brasil e o Mundo.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O sonho da formação escoteira.
De São Paulo para o Brasil e o Mundo.

... Estava pronto para montar e publicar um artigo sobre o Sistema de Formação de Adultos e seu processo atual de aprendizagem pelo voluntário recém-chegado ao Escotismo. Eis que me deparo com um relato interessante desde os primórdios do Escotismo paulista. Porque não publicar?

Foi em São Paulo que surgiu em 1914 a primeira entidade escoteira de caráter nacional: - “ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCOTISMO” – (A.B.E). Seus mentores foram Mário Sérgio Cardim, Júlio Mesquita e Olavo Bilac. Foi Mário Cardim que selecionou dentre várias opções, a denominação “Escoteiro” e o lema “Sempre Alerta” traduzidos dos termos originais em inglês “Boy Scout” e “Be Prepared”. Finalmente, em 29 de novembro de 1914 foi realizada a cerimônia de fundação da A.B. E no “Skating Palace”, na Praça da República Numero 59. Nesta ocasião com a presença de 450 escoteiros. Foram aprovados os estatutos e eleito o Conselho Superior com mandato até 1919. Mais tarde esse conselho se reuniu e elegeu a diretoria sendo o primeiro presidente o Dr. José Carlos de Macedo Soares.

Foi o primeiro estopim para que os demais estados brasileiros tivessem sua associação escoteira. Apesar do sucesso a iniciativa da A.B.E ainda estava muito distante dos princípios escoteiros concebidos por Lord Baden-Powell. Suas características eram fortemente ligadas ao militarismo e subvencionadas pelo estado. Consequentemente a fraternidade escoteira mundial não reconhecia a iniciativa da A.B.E e tantas outras como escotismo. Paralelamente, também sob a inspiração de Mário Cardim, era organizado o Escotismo Feminino (aqui cabe uma pequena nota: - O Bandeirantismo surgiu depois, baseado nos mesmos princípios, e por bastante tempo os dois existiram simultaneamente). Em 1915 a A.B.E já tinha representante em seis estados. Em 1º de Setembro Mário Cardim realizou uma viagem a então Capital Federal em companhia de quatro escoteiros uniformizados, e foram recebidos pelo Presidente da Republica, Venceslau Brás e pelos ministros. Eles visitaram os principais jornais e aproveitaram para divulgar o Escotismo.

Em 1916 foi organizada a primeira Escola de Chefes sob a direção do Ten. Cel. Pedro Dias de Campos da Força Pública do Estado de São Paulo. Ele foi figura fundamental nesses primeiros dias e por muito tempo permaneceu na direção do Escotismo da A.B.E. Não podemos esquecer e colocar em posição de destaque Benevenuto Cellini dos Santos, autor do “Emendário de Escoteiros”, livro de instrução técnica para escoteiros e autor da letra do “Rataplan do Arrebol” hoje hino da União dos Escoteiros do Brasil. Nesta época o movimento escoteiro expandiu-se bastante, tanto que na década de 1920 chegou a haver cerca de 100.000 escoteiros. Logo após a I Guerra Mundial, foi notável a ação dos escoteiros prestando serviços auxiliares durante o surto de gripe espanhola, que vitimou milhares de pessoas no Estado e São Paulo.

Em 1917 é fundada no Rio de Janeiro a “Associação de Escoteiros Católicos do Brasil” na paróquia de São João Baptista da Lagoa por iniciativa do monsenhor André Arcoverde, vigário da Paróquia, Cônego Dr. Carlos Manso e os Srs Edmundo E. Lynck, Rodolfo Malempre e o Dr. Joao Evangelista Peixoto Fortuna. Essas Associação foi à primeira iniciativa propriamente dita que seguia os princípios puros do escotismo, tanto que em 1921 foi reconhecida internacionalmente pela Organização Internacional Escoteira como a primeira e única entidade escoteira no país. Em 1920 Rodolfo Malempre mudou-se para São Paulo onde liderou diversas iniciativas de escotismo em São Paulo com a fundação da “Boy Scouts Paulistas” em 23 de setembro de 1923 com a ajuda do monsenhor Francisco Bastos, vigário da Igreja da Consolação. Começou aqui a primeira iniciativa do verdadeiro escotismo em São Paulo, ligada a uma Associação Reconhecida internacionalmente e que seguia todos os princípios concebidos por Baden-Powell.

Em 1922 foi realizada uma homenagem ao Centenário da Independência nos campos do Ipiranga com a presença de dez mil escoteiros. Nesta época passaram a ser realizados os “Raids Pedestres”, nos quais os escoteiros percorriam grandes distancias a pé. Foram realizados “Raids” em Natal – São Paulo, Recife, Niterói, Belo Horizonte e Porto alegre entre outros. Entre 1920 e 1930 o Escotismo em São Paulo foi fortalecido pela ação da Secretaria de Estado da Educação que encampou a pedagogia escoteira no curriculum escolar e passou a oferecer nos estabelecimentos de ensino a prática de “Escotismo Escolar”. A intenção era agregar os ideais de Baden-Powell na formação da juventude e assim houve uma grande expansão do escotismo no estado. Nesta época existiam diversas associações escoteiras espalhadas pelo Brasil que com o tempo foram se unindo a nova entidade de caráter nacional, fundada no Rio de Janeiro em 4 de novembro de 1924 e que até hoje dirige os Escoteiros: - a União dos Escoteiros do Brasil.

Em 1940 o Estado Novo criou a “Juventude Brasileira” (de cunho fascista) e incorporou todas as organizações juvenis por decreto, inclusive o escotismo. A “Boy Scouts Paulistas” alterou seu nome para “Associação de Escoteiros São Paulo” devido à proibição de nomes estrangeiros, e se negou a participar de atividades de cunho político. A Associação foi fechada pelo DOPS (Departamento de Ordem Politica e Social), seu Chefe geral foi detido e interrogado, mas não permaneceu preso por interferência de altas personalidades, dando-lhe então liberdade condicional. Durante os dois anos seguintes a Associação de Escoteiros de São Paulo funcionou na clandestinidade, os mais jovens foram dispensados, mantendo-se apenas os Pioneiros (Rover-Scout) e chefes, que continuaram a se reunir e acampar, usando os uniformes apenas no campo.

Em 1942 a Associação de Escoteiros de São Paulo foi oficialmente reaberta e com enorme influência regional, nacional e internacional. Esta época se destacaram pelo apoio em diversas ações como: - Organização do 1º Curso da Insígnia da Madeira com a participação dos maiores dirigentes nacionais e de países vizinhos. – Implantação do esquema internacional de adestramento de “Gilwell Park”. – Nomeação dos primeiros quatro diretores para a formação da equipe de Adestramento, para cursos da Insígnia da Madeira. Tais nomeações foram feitas pelo Bureau Internacional de Escotismo e por Gilwell Park, o Centro mundial de adestramento. Participação de Chefes da Associação em cursos de formação de Escotistas na Inglaterra e nos Estados Unidos. – Organização de Cursos da Insígnia da Madeira e outros em diversos países da America Latina, inclusive na Jamaica e Estados Unidos, liderados pelos nossos Escotistas.

Por volta de 1946, ainda por exigência do governo federal as unidades escoteiras passaram a se denominar Grupos Escoteiros ao invés de Tribos como se chamavam na época. Em 1954 em comemoração ao 4º Centenário da Fundação da Cidade de São Paulo foi realizado o “Acampamento Internacional de Patrulhas”.

Continuaremos proximamente.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Caros amigos Escoteiros, hoje tirei o dia para filosofar...




Caros amigos Escoteiros, hoje tirei o dia para filosofar...

- Existe um ditado que diz: "Quem planta tâmaras não colhe tâmaras" isso porque as tamareiras levam de 80 a 100 anos para darem os primeiros frutos. Certa vez um jovem escoteiro encontrou um Velho Chefe plantando tâmaras e logo perguntou: Chefe porque o senhor planta tâmaras se o senhor não vai colher? O Velho Chefe respondeu: se todos pensassem como você, ninguém comeria tâmaras. Cultive, construa e plante ações que não sejam apenas para você, mas que sirvam para todos. Nossas ações hoje refletem o futuro... Se não é tempo de colher, é tempo de semear. Nascemos sem trazer nada, morremos sem levar nada... E, no meio do intervalo entre a vida e a morte, brigamos por aquilo que não trouxemos e não levaremos... As coisas têm seu tempo. Até podem ser aceleradas, mas será que é saudável? A maioria das pessoas deseja que as coisas ocorram rápidas e valorizam muito que é veloz. É preciso respeitar o tempo da árvore e o seu. Se você insistir, irá pular etapas importantes de sua vida e de seu futuro. Pense nisso: Viva mais ame mais, perdoe sempre e seja mais Feliz. Deus Abençoe tua vida. (Proverbio Árabe).
Sempre Alerta

domingo, 1 de dezembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Ser franco... Para sempre!




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Ser franco... Para sempre!

... - Escotismo... Onde estás que não te vejo, onde estás que não te ouço, onde estás que não consigo te chamar, por favor, Deixe-me entrar nos meus sonhos, para nunca me esquecer de você... Jamais!

- Quando envelhecemos aprimoramos nossa autoanálise, vemos a sinceridade e a lealdade de outra forma. Queremos ser franco, podemos? Tenho dúvida, podemos deixar um rastro de desconfiança e duvida pelo caminho. Um poeta disse que somos francos com os outros na medida em que não dependemos deles nem lhes damos importância. E outro completa; “A primeira lei da natureza é a tolerância; já que temos todos uma porção de erros e fraquezas”. Quanto eu penso em ser franco com o que vejo ouço e falo me recolho a minha insignificância. Tento na medida do possível ser como os três macacos sábios, eles sabiam cobrir os olhos, ouvidos e boca! O Provérbio “não veja o mal, não ouça o mal, não fale mal” é conhecido, conforme o dito popular e serve como regra de ouro para explicar que promover a harmonia entre pessoas significa: “Não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem a você”.

Sou um escoteiro a moda antiga. Quase entrando nos meus 79 anos sou fiel a minha maneira de ser. Quando me dizem que o mundo mudou eu pergunto ao meu espelho: - Que mundo meu? Mundo da deslealdade, onde dissimulados e partífice estão aí a fomentar o contraditório que sempre acreditei? Mas se tento expressar o que sinto alguns se retraem, outros vem com figurinhas e uns poucos se prendendo ao que ouviram leram ou então o que sabem fazer. Sejamos francos. Todos nós abominamos a franqueza. Sair por aí a dizer o que pensa é criar ranços, azedume que não trás nada de benéfico. Tenho de me calar e aceitar. Se criam uma nova maneira de fazer escotismo, se abominam o garbo, se querem ser donos do poder, se tratam os mais novos com superioridade desmedida, se pensam em ficar em um pedestal para serem admirados, atrás de um atributo de um dote que não possuem nada posso dizer nem mudar. Ai vem os três macaquinhos: - Meu Chefe é melhor cobrir os olhos, ouvidos e boca.

Querem uma medalha? Querem ser o escoteiro que não foram? Querem poder nas hostes da associação? Querem ensinar sem ter nenhuma experiência pessoal? Querem mostrar seus certificados, fotos dirigindo e na frente de sua sessão ser o tal? Onde está à modéstia, o orgulho de estar preparado para ser irmão exemplar de seus jovens, de viver com eles como eles e os deixando expressar o que pensam e o que gostariam de fazer? Tapo os olhos, mas não consigo tapar os ouvidos. Consigo fechar a boca para não ser mais franco do que deveria. Quanto tempo labutando nas hostes escoteiras, amando cada passo, cada nova amizade, cada nova jornada, respirando ar puro, envergando meu uniforme com orgulho, mesmo sabendo que serei visto pelas arvores, pelos pássaros e pelo vento. Diz alguém que não diz seu nome, atrás de pseudônimo que o Escotismo que Queremos é o que estamos a fazer. Cumprindo normas, ser disciplinado, pensando em ajudar para melhorar a juventude do Brasil. Certo, até “certo ponto”.

Mas continuar me expressando muitos irão dizer que estou amargo, azedado e assim continuar é chover no molhado. Estou navegando com velas soltas, sem cordas para amarração e deixando as ondas e o vento me levar. Dizem que nos agrada a franqueza dos outros que nos apreciam. No entanto a franqueza dos outros chamamos de insolência e desaforamento. Melhor mesmo é se fechar sorrir e dizer tudo bem, o vento está calmo, as nuvens são brancas, o ar é respirável e o céu é de brigadeiro. No caminho a seguir vamos cantar o Rataplã! Envelhecer dizem é adquirir sabedoria, sapiência experiência e compreensão. Pensar que a franqueza não consiste em dizer tudo que se pensa, mas em pensar tudo o que se diz seria o melhor ensinamento. Há tanta coisa para dizer, para enxergar e ouvir que faço na minha lembrança os gestos de Kikaru, o macaco surdo, Mizaru o macaco cego e Iwazaru o macaco Mudo. E seja o que Deus quiser! Bons caminhos e bons ventos!

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Sem nada para escrever, dou risada a mais não poder!




Sem nada para escrever, dou risada a mais não poder!

Quinta feira chuvosa, Facebook “dando prego” Técnicos dizendo calma, logo vai voltar. “Male, male” consegui ler. Rotineiramente como sempre muitas curtidas, alguns a compartilhar e “necas de catibiriba” de comentários, nenhuma análise ou uma opinião, melhor ainda um ponto de vista das minhas publicações, que às vezes acho ser um “Festival de Besteira Escoteiro” que assola os meios dirigentes e chefes de uma maneira geral. Procurei no Livro do Sérgio Porto algum parecido. Diferente dos contos, das histórias e crônicas escoteiras ele não comentou sobre nosso Escotismo Brasileiro, afinal são tempos modernos e tudo se pode fazer... Exemplo quase não se vê! Cada um querendo ser o melhor ou se alguém reclama é chamado atenção, ou então admoestado, aconselhado e recomendado a corrigir seu “modus vivendis” conforme normas estatutárias e normas da associação magistralmente alterada para EB e até hoje não sei por que, pois EB é Exército Brasileiro e eles magistralmente quiseram que fosse Escoteiros do Brasil. “Sargento” Chame o Capitão e depois o coronel, se necessário um General vamos corrigir esse pais pseudo Escoteiro sim Senhor! Cheguei à conclusão que tudo posso tudo faço, pois quase não recebo um abraço e a não ser os Maiorais próceres mor, ou melhor, o “Great Business Boss” do Facebook que resolveram me cercear nos meus direitos de publicar... Às vezes! Censura? Putz, eu censurado? Pode se que sim, deve ser a “Liberta que será tamen” escoteira no festival de besteira que assola este país. Eu num acesso de paz cheguei à conclusão que eles só queriam a guerra! Se for assim, me armo escoteiramente, faca na direita, machadinha na esquerda o cantil preso por um cipó, chapelão na cuca, lenço bem dobrado e colocado e camisa dentro da calça... Faça-me o favor! Pego meu bastão com ponteira de aço, e no pedaço vou fazer uma batalha que a invasão da Normandia será um troco de um tostão de pão de ló (saudades) preso no dente de leite. Chega por hoje. Mais tarde uma história para boi dormir. Amanhã tem artigos, tem crônicas tem histórias e paciência. Não tem comentários? Não importa o Velho Chefe que insistem em me chamar de Velho lobo que nunca foi Impeesa vai se retirar. A escoteirada meu fraterno abraço, meu Anrê, meu Bravoô e meu aperto de mão que envio nas asas da imaginação!

segunda-feira, 25 de novembro de 2019




Nuvens baixas cor de cobre é temporal que se descobre!

- Polegar não disse sim nem não. A semana toda só “toró”. Um leve sol na quinta e na reunião de Patrulha preferiu ficar calado. Um mês de sede parado no mesmo lugar sem um bom acampamento no pedaço ninguém é de “ferro” e como escoteiro não dá para aguentar. Ele sabia que precisavam de uma dose de vento, de trilhas, de capim Colonião de fumaça de lenha no fogão, de estrelas e de uma lua fulgurante no céu para matar os dias de papo “pru” ar, rodando na pracinha e nenhuma “menina” para interessar. Nunca namorou. Um dia quem sabe... Talvez!. Que venha temporal, pé-d’água, que venha o aguaceiro que Deus mandar. Um Conselho de Patrulha no cantinho do portão da sede debaixo do abacateiro não deu discussão e tudo foi só aprovação. – Saímos sexta logo depois da escola do Jenipapo e Narizpontudo. Nilo Peçanha o Monitor se alegrou. Ele como os demais sentiam o desgosto de passar um mês sem acampar. Quantos acampamentos fizeram debaixo de temporais, toró, ou seja lá o que for? Fliztipaldo que nunca correu na Fórmula I gostou. Foi para casa já pensando na sua mochila no seu bornal o que levar. Joaninha que era enorme e nunca foi pequeno já tinha tudo no papo. Material pronto Monitor, tudo separado bem arrumado oleado e afiado! Copenhague que nunca foi capital da Dinamarca era um Sub Monitor que topava qualquer parada. Jenipapo e Nariz pontudo nem falaram. Não precisava. Os Albatrozes sabiam do seu valor. Nem bem se levantaram viram o Chefe Nolasco no portão. – Má noticia escoteiros. Coronel Fontenelle nosso patrono acabou de falecer. Enterro no sábado as quatro. Os valentes Albatrozes se entreolharam... Fazer o que? O Cemitério de Arlington que nada tinha a ver com o americano militar localizado no Estado da Virginia onde está enterrado o Ex-Presidente John F. Kennedy e sua esposa Jacqueline, estava lotado. Prefeito, governador, juiz deputado senador delegado e o escambal estavam lá. Quatro e meia um rebombar no ar. Um trovão de assustar até os Albatrozes. Um raio partiu ao meio o Esquife feito por Romualdo o melhor marceneiro da cidade. Ninguém ficou lá. Era praga, só podia ser. Nilo Peçanha chamou a Patrulha. Temos que enterrar nosso patrono. Nosso lema diz não deixar ninguém para trás. Fizeram o possível, jogaram o que sobrou na sepultura. Com as mãos e gravetos empurraram o que puderam de terra. A chuva caiu, forte, um diluvio para ninguém botar defeito. Dias depois ficaram sabendo que o Córrego Sapecão encheu e virou água na mata do Tenente. Cada um olhou para o outro. Eram onde iam acampar. Na reunião de Patrulha de mãos entrelaçadas fizeram a oração: “Obrigado Senhor por ter nos protegido e nos mostrado o caminho”. É como dizem os velhos escoteiros: - “Uns tem e não podem, outros podem e não tem, nós que temos e podemos agradecemos ao senhor”!

sábado, 23 de novembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Sonhos escoteiros, o belo que a natureza tem.



Sonhos escoteiros, o belo que a natureza tem.

Nota... Eu desejo que sua semana seja maravilhosa quando for acampar. Quanto verdes irias ver, o desabrochar de uma rosa, que exala seu perfume, como de costume quando o sol começa a esquentar, ou como seu singelo beijo que me deixa lá nas nuvens, lugar onde o cheiro do seu perfume costuma me levar!

                        Estão a me dizer que os sonhos dos jovens de hoje são outros. Repetem a todo o momento que o mundo da simplicidade, da natureza, da fonte de água limpa e do canto dos pássaros que um dia foi um pedaço do céu e a voz de Deus para os escoteiros, são poucos que conseguem ouvir. Um dia você acorda e vê que não é mais o menino de outrora que a vida mudou e suas escolhas são outras. Esqueceu seu estilo de apreciar gostar e amar a natureza vivendo cada momento, cada pensamento, tudo que recebemos de Deus e da natureza a vida. Agora você vê que o aprendizado o estilo e o hábito nos faz amar e sentir a natureza em todo seu esplendor acabou. Um poeta dizia que é acreditando nas rosas que as fazemos desabrochar. Já nos perguntamos qual o propósito dos pássaros cantarem, pois o canto é o seu prazer uma vez que foram criados para cantar? Devemos voltar à mente humana sem se inquietar com a extensão dos segredos dos céus? A diversidade do fenômeno da natureza é tão vasta e os tesouros escondidos em nossa mente não são mais aqueles que um dia procuramos sem encontrar? É, e quando chega à primavera podemos ver o espetáculo do desabrochar das flores, o vento que sopra mais formoso e os habitantes da floresta sentem na pele o florescer para a vida.

                         Quantos de nós chefes motivamos nossos jovens para ver a beleza e o encantamento da natureza? Será que ainda vivemos para dar aos jovens sonhos de uma vida em pleno campo, deixar que eles viagem pelas estrelas, pelo firmamento e sentir o perfume da floresta em flor? Será que podemos mostrar a eles o cheiro da terra, o silencio e o ronronar da mata? Quantos de nós ensinamos aos nossos jovens a dormir sob o manto da noite, a ouvir o vento e tentar entender porque ele viaja nos trazendo a brisa, deixar que ele nos leve para longe. Quantos que um dia dormiram sob as estrelas, uma barraca que fica armada no firmamento. E ao acordar com o lusco fusco da manhã, rosto molhado do orvalho do amanhecer, pássaros cantando voando em bandos para mais um dia de esplendor. Quem teve o privilégio de ver a nevoa crescendo em cima das águas calmas de um riacho, lindas cascatas de águas cristalinas e fria brotando da terra? E quem aprendeu a não se assustar sem sentir ameaçado com um lobo guará que aparece sua frente quem sabe querendo dizer: - Somos irmãos tu e eu! Não importa o tempo, se soubermos amar a natureza amamos a liberdade, a tempestade o frio e o calor. Mesmo com seus perigos a selva nos ensina e nos mostra o som da chuva, o clarão dos raios que pipocam no céu. O medo do trovão acaba o vento acalma, os grilos repicam canções de ninar. O pisca-pisca dos vagalumes é uma doce visão para nunca mais esquecer. O cantar da cigarra, o ribombar surdo, ressoando fortemente na queda de águas cristalinas de uma cachoeira encantada. Viajar, pés no chão a caminhar olhando cada passo que nos leva para as criações do Criador. Um animal que passa, um beija flor que para no tempo a ver onde pode ter o seu caule da vida.

                       Nada se perde tudo se transforma quando se ama a natureza. As delicias de uma sombra embaixo de uma árvore centenária, ouvir o ranger dos seus galhos ao ver e sentir o vento passar. Procurar através de suas folhas uma nesga do sol ou pássaro cantante invisível que canta tão belamente. É lindo sentir a harmonia, a estética da mata que foi feita para nosso deleite de sombras e cantos invisíveis só para os que não querem acreditar. Bom demais ver os insetos apressados, um frescor diferente do aroma das flores silvestres tudo é lindo tudo parece dizer que a natureza quer falar com você. E o cheiro da terra? Impossível descrever. Coisas de velhos mateiros que aprenderam a viver com a natureza no respeito que é devido de um Escoteiro.

                     Acampe, em montanhas, em vales, em serras ou várzeas onde os animais pastam, onde a busca da sobrevivência faz parte da vida daqueles que são os donos da natureza. Acampar em uma praia deserta é extraordinário. Sons maravilhosos do mar ao subir ou descer da maré uma obra tão bem feita que sabemos que ali mora o Redentor. O bater de asas de um albatroz, de uma gaivota a se exibir no ar, de um trinta-réis ou de um Atobás. Se tiver sortes quem sabe aparece uns tesourões gritando no espaço a procura de um cardume que lhe dará o alimento do dia. Ah! Sonhar com a natureza, viver com a natureza, sentir todo seu esplendor entrando em seus poros e fazendo sentir o espetáculo que um dia Deus nos deu e nada cobrou. É como as tempestades que deixam cair às folhas verdes assustadas ainda no outono que um dia brotaram no desabrochar dos lindos campos, suas essências... Deixadas como folhas em vendavais. Voando, vagando, sem destino; por entre pensamentos, como mãos que tocam almas, fazendo das harpas sons siderais.

                      Não há como esquecer o som do regato, dos peixinhos que pulam a procura de um inseto, no coaxar de um sapinho, do lindo som de uma cachoeira fantástica, do bater de asas de papagaios coloridos.  Os sons das abelhas e dos beija flores a procura do néctar nas flores, de olhar uma campina verdejante e ver o vento tocar as folhas do capim, das flores silvestres e elas como se fosse uma onda verde vão e vem no horizonte. São tantos os sons da natureza que é impossível dizer que Deus não está ali. Sons e sons. Da noite do dia. Do nascer e do por do sol. Sons da chuva, da terra molhada, do riacho manso que corre para o mar. Sons das ondas, das gaivotas, dos falcões, dos macacos guinchando nos galhos como se estivessem a rir de nós. Sons das estrelas, da lua, do sol. Sons imperdíveis da nevoa da madrugada. Quantas saudades daqueles dias que o som da natureza me invadia e tomava conta do meu ser. Um som como se estivesse ouvindo melodias nunca antes tocadas por nenhuma orquestra deste mundo. Sons da natureza!