Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Sete de Setembro “Independência ou morte”!



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Sete de Setembro “Independência ou morte”!

Nota - Em 7 de setembro de 1822, foi proclamada, oficialmente, a independência do Brasil, em São Paulo. Quando regressou ao Rio de Janeiro, Dom Pedro foi aclamado imperador e coroado com o título de Dom Pedro I, em dezembro de 1822. Data cívica comemorada pelos escoteiros em todo o Brasil.

                    - Qual jovem não sonhou um dia em desfilar na avenida, uniformizado, marchando garboso, seguindo uma bela banda dos escoteiros, o povo aplaudindo, os pais gritando: - Ali está! É meu filho! Isto arrepia qualquer um que teve a oportunidade de estar em um belo desfile. É nesta hora que dizemos: Orgulho de ser escoteiro.

                      Desfilei muito nos sete de setembro em minha vida escoteira. Os preparativos, o desfile, depois a comemoração na sede onde se hasteava a bandeira e os comes e bebes trazido pelos pais. Sempre foi um dia de festa de alegria de mostrar ao povo que os escoteiros existiam e estavam ali presentes e sempre alerta para o orgulho do Brasil.

                      Nesta hora sei que a maioria já está voltando do desfile e em muitas cidades do Brasil eles se abrilhantaram para mostrar seu amor à pátria. Orgulho de todo menino, a gente sente no corpo um tremor em saber que tantos olhos nos veem como um soldado mirim do Brasil. Não importa aqueles que não nos consideram soldados. Não importa. Nossas raízes para defender a pátria nunca será esquecida.

                      Na minha cidade o povo corria em peso para ver os desfilantes. O Tiro de Guerra, o Batalhão da Policia Militar, Grupos Escolares, Colégios e claro os Escoteiros. Palmas e palmas. No palanque o Chefe do Grupo orgulhoso seu chapelão de abas largas e com suas estrelas de atividade brilhando. Quando saiamos da rua transversal, sempre na Frente o Pavilhão Nacional em seguida a banda, depois os lobos, os Escoteiros, os seniores e pais cada um se empertigava para mostrar seu orgulho em estar ali.

                     O trecho do desfile não era mais que oitocentos metros. A apoteose era em frente ao Palanque das autoridades onde sempre fazíamos evoluções, malabarismo e nosso caminhão com a carroceria aberta estava lá à barraca armada, uma mesa e um fogão suspenso que na hora exata quando passava pelo palanque o café está sendo coado. Já tinha um Escoteiro preparado com uma bandeja, xicaras e ia servir o café para o Prefeito, O doutor Juiz, O padre, o delegado e o comandante militar e o Capitão do Exercito.

                   Nosso desfile não parava por aí. Algumas ruas antes de voltar para a sede e o povo na porta na janela aplaudindo. Era rotina passar por várias ruas na volta para a sede. As famílias saiam de suas casas e vinham aplaudir. Ao chegar à sede, mesas cheias de salgados e você podia escolher: – Coxinha de galinha, bolinhos de carne, empadinhas da dona Armênia, croquete, bolinhos de bacalhau, pastel de carne, de queijo, pasteis de mandioca, e você ainda tinha suco de uva, de limão de groselha, de laranja todos naturais para sua escolha pessoal.  

                              E a gente saia da sede com os olhos brilhando e sonhando. Sonhando com um novo Sete de Setembro. Quanto tempo, quantos Sete de Setembro eu vivi. E fico triste em saber que em algumas capitais não se marcha mais. A maioria anda em passo comum alguns conversando e lá vão desordenados pela avenida sem saber aonde vão. Porque esta mania de achar que marchar não é escoteiro? Ainda bem que são poucos. Muitos Grupos ainda tem no sangue a marcha infante de um escoteiro orgulhoso do seu País.

                              - Três âncoras deixou Deus ao homem: O amor à Pátria, o amor à liberdade, o amor à verdade. Cara nos é a Pátria, a liberdade, mais cara; mas a verdade, mais cara de tudo. Damos a vida pela Pátria. Deixamos a Pátria pela liberdade. Mas à Pátria e à liberdade renunciamos pela verdade. Porque este é o mais santo de todos os amores. Os outros são da terra e do tempo. Este vem do céu e vai à eternidade... Rui Barbosa.

VIVA O SETE DE SETEMBRO, A INDEPENDÊNCIA DO NOSSO BRASIL!

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Crônicas de um Chefe Escoteiro. Aprender a fazer fazendo.



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Aprender a fazer fazendo.

Nota - Nosso Movimento tem características próprias. Colocar jovens em forma, marchar, perfilar, saudar, gritar e cantar qualquer um com boa postura e voz de comando consegue. Mas esse não é o chefe que esperamos ter. O chefe que precisamos é aquele calmo, que fala pouco, que confia é um irmão mais velho, um aconselhador, tutor, não o dono de tudo. E ainda tem aqueles que dizem – Esta é minha tropa, esta é minha patrulha, este é meu monitor, esta é minha escoteira. È o dono de tudo? Experimente. Dê um prazo para você e para eles. Com o tempo irá se surpreender. Se mostrar aos monitores onde devem chegar, eles chegarão lá sem sombra de duvida. Confiar faz parte do método. Quem ensina e adestra é o monitor. Você é o monitor dos seus monitores.


           O método escoteiro é único e foi copiado por muitos, principalmente organizações educacionais e até setores de áreas comerciais e industriais. BP foi realmente benfazejo em suas ideias. Ele sempre enfatizou que nós chefes escoteiros, devemos fazer de tudo para que os monitores conduzam a própria patrulha sua moda. Quando um escotista está sempre olhando se preocupando, não deixando que eles façam sempre para aprender, é um erro e foge completamente do mais puro e mais correto método do Aprender a Fazer Fazendo. Aprender a fazer fazendo. Tão simples e muitas vezes esquecido. Hoje as escolas, organizações e até universidades estão fazendo isso e estão tirando proveito, mais que nós escotistas cujo fundador foi o idealizador do método. E ainda tem alguns educadores que nos chamam de um movimento atrasado e ineficaz. Afinal existe maneira melhor para aprender? Errar quantas vezes for até fazer o certo?

         Existem diversas maneiras para fazermos isto. Primeiro, dando a eles toda a liberdade para programar o programa, ficando a cargo da chefia somente elementos surpresas e condições físicas e ambientais. Outro dia, comentava com um jovem sênior, sobre o programa da tropa, e ele me dizia que a chefia fazia tudo. Perguntei se ele não opinava e me disse que não, pois assim havia surpresa no programa. Finalizei perguntando se no ano anterior quantos entraram e quantos tinham saído? Sua resposta – Somos somente quatro. Os demais saíram e ninguém entrou. Aí veio a realidade. Ali nunca foi dada aos seniores a liberdade de aprender a fazer fazendo. Tanto fizeram para eles que resolveram sair.

        Uma guia me respondeu que nunca pensaram em fazer nada. O chefe fazia tudo, assim ficava mais fácil. Elas não tinham de se esforçar, havia sempre um ar de mistério e todos gostavam. Perguntei como sempre, - Quantos vocês eram no ano passado? O mesmo número de hoje, somos seis, claro, saíram quatro e entraram quatro. Não perdemos nada! Como não existem bons programas que despertaram seus interesses e os mantenham na ativa, ficam sempre comentando, programando, e contando os dias de alguma atividade regional ou nacional.

       Não tiveram outra em suas tropas que marcaram e pedem bis. Ali nessas atividades eles se realizam, não pelo programa em si, mais pela amizade e fraternidade. Ali nada farão a não ser divertir. Tudo já está pronto, até as refeições. A Direção programou tudo. Desde a chegada ao término. Tudo feito de antemão. Eles serão um Bon vivant. Ou seja, “Comemos e bebemos, a Deus agradecemos”.

        Gosto de mostrar as vantagens de deixar os jovens fazer. Seja no seu crescimento individual, evolução técnica, e lembrava que todos, escoteiros e escoteiras tinham e tem em seus bairros amigos de infância, que se encontravam, faziam seu próprio programa e ficavam anos e anos juntos. Nenhum deles jamais reclamou do programa que planejaram ou fizeram. Em recente artigo comentei sobre o programa da tropa. A patrulha tem condições para fazê-lo. Muito mesmo. Claro, não todo ele, mas boa parte sim. E alguns até me disseram que o programa seria ruim, e eles poderiam não gostar. Mas você já tentou? Pelo menos tentou? Agora não é somente em uma ou duas reuniões que você vai conseguir motivá-los. Isso é como se fosse uma pescaria. Tem de escolher a isca, a vara e o local onde vai pescar.

       Pela experiência de observador vi que os jovens que fazem seu próprio programa, ficam mais tempo no escotismo. Facilitam sobremaneira o desenvolvimento de uma atividade, onde a técnica e o conhecimento adquirido é desenvolvido de maneira impar. Se você usa bem a Corte de Honra, se sua tropa faz semanalmente um Conselho de Patrulha e se você tem sua patrulha de monitores bem formada, é sucesso na certa.  É comum encontrarmos escotistas construindo pioneirias e os jovens formados em circulo olhando ou dando ferramenta ou madeirame. Ele esqueceu que já é formado na escola da vida e não é essa a maneira certa de praticar o sistema de patrulhas. Ficar mostrando que sabe fazer ou é um mestre mateiro, não é o caminho. Inclusive um me disse que assim é melhor, pois os escoteiros podem ver como fazer e aprender no futuro. Ele não pegou nada do aprender a fazer fazendo.

      Por experiência própria, as tropas que atuam dentro do método, tem melhor desenvolvimento e se orgulham do que fizeram. Observe a alegria de uma patrulha que fez uma mesa mesmo que torta e quase caindo e outra olhando o chefe fazer. A arte de aprender fazendo também se aplica ao programa da tropa. Muitos chefes alegam que eles não entendem, não sabem como fazer, e acha que tudo vai dar errado com muitos meninos saindo por esse motivo. Temos que acreditar. É nossa obrigação. Já vi excelentes tropas, que se formam maravilhosamente, perfilam feito soldadinhos, cantam como passarinhos, jogam de maneira espetacular as atividades próprias, enfim quem não conhece o método escoteiro diria que é uma tropa modelo. Por outro lado já vi tropas usando o método correto, aprendendo a fazer fazendo que se saíram muito bem em tudo àquilo que é exigido deles. Agora com mais sabor, eles fizeram.

      Esqueçam o “Não vai dar – É impossível – Eles não sabe escolher e programar” isso não é verdade. Claro não é de um dia para outro que o chefe terá os resultados esperados. Aprender a pescar demora. Talvez o chefe que ainda não conseguiu não deu a isca certa.