Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 8 de dezembro de 2012

O simpático e assombroso Coqueiro do Lago dos Anjos.



Lendas que não foram contadas.
O simpático e assombroso Coqueiro do Lago dos Anjos.

                 Foi por volta do meio dia que chegamos ao nosso destino. Programa? Quatro dias acampado, construir um escada do sol e fazer um caminho nas nuvens aproveitando as arvores enormes que lá existiam. Sol a pino. Não houve dúvidas para chegar lá. A fonte informou que era o local ideal que procurávamos. O local era realmente maravilhoso. Sentamos a beira do Lago dos Anjos. Enorme, águas das cores do céu. Peixes pululavam nas suas águas frescas. O vento formava pequenas ondas que batiam na pequena praia de areia. Uma mata refrescante em volta do lago. Pássaros voavam sobre o lago a procura dos peixes. Um pequeno descanso e o trabalho nos chamou para a montagem do campo. Cada um sabia o que fazer. Não éramos mais os pata tenras do passado. Dois com o toldo e o fogão suspenso, dois com as barracas e dois com as pioneira de campo. Quem terminava ia ajudar os outros. No meio da tarde almoçamos.

                 À tardinha uma refrescada nas águas do lago. Gostoso. Delicioso àquela hora. Olhei o sol se pondo. Sempre fico encantado com o nascer e o por do sol. Para mim os dois maiores espetáculos da terra. Já assisti em cima de uma grande pedra no cume do pico do Roncador. Uma pequena nuvem deixou que pingos refrescantes caíssem em minha face. Quantas e quantas vezes fiquei maravilhado ao ver na Garganta do Rio Selvagem ou nas Escarpas do Menino que Chora e até nas Campinas do Riacho Azul. Mas algum me chamou a atenção. Não tinha percebido antes. Bem próximo a nós um coqueiro. Nada de extraordinário. Folhas verdes espalhadas em seu tronco e cinco lindo cocos redondos. Isto mesmo. Redondos. Quando o sol iluminou suas última luzes da tarde gostosa, foi através das folhas do coqueiro. Um espetáculo! Nunca tinha visto nada igual! Os raios do sol se espalhou por toda orla do lago, e alimentou as arvores como se fossem fogos coloridos. Fiquei ali até o sol se por. Na Patrulha ninguém viu ou ninguém notou. Só eu.

                 Era rotina levantarmos cedo. Antes de o sol nascer. Levantei sonolento e ao abrir a porta da barraca outro espetáculo se formava. Agora ao contrário. O sol que despontava no horizonte, batia sobre as folhas do Coqueiro que ficavam douradas e os cinco cocos pareciam bolas amarelas a piscar luzes coloridas. Aquele Coqueiro era especial. Notei que em suas volta não havia folhas caídas, nem sementes, nem nada. Nem tampouco cocos que amadureceram e não podiam continuar na arvore mãe. Em sua volta apenas uma grama macia, como se tivesse sido aparada por anjos invisíveis. Era um coqueiro que vivia no caminho do sol durante sua passagem para o oeste.  Mas a rotina de uma Patrulha Sênior não dava folga para amenidades nem imaginações de um sonhador. No primeiro dia o elevador que nos levaria ao céu ficou pronto. No alto da arvore no segundo dia construímos um Ninho de Águia que cabia perfeitamente os seis valentes escoteiros. A passagem nas nuvens demorou mais dois dias. Eram oito as arvores interligadas. Para que? Utilidade? Perguntem aos escoteiros. Eles fazem e só eles entendem.

                Todas a manhãs e todas as tardes eu não perdia o grande espetáculo que o sol e o Coqueiro davam naquele fantástico Lago dos Anjos. Lembro que no passado quase não observava as coisas em minha volta. A natureza é prodiga. Difícil entender tudo, mas fácil aprender a amar o que se vê. A primeira vez aconteceu na volta de uma jornada. Onze anos. Uma parada, deitado com a cabeça apoiada na mochila, observei uma formiguinha. Tentava levar tronco acima uma pequena flor. Dava alguns passos e caia. Ficamos ali descansando por vinte minutos. Vinte minutos a formiguinha tentando subir e caindo. Ela não desistia nunca. Partimos sem eu saber se a formiguinha tinha conseguido. Outra vez estava sentado no Penhasco das Pedras das Esmeraldas, quando sem querer avistei um grande gavião negro. Voava aqui e ali. Sempre fazendo o mesmo caminho. Por quê? Porque não se foi para outras paragens? Notei lá embaixo, um pequeno Tiziu Azul, escondido em uma fenda do penhasco. Natural. Era agora sua presa. Natureza cruel, mas existe e faz parte da vida.

                 Em toda minha vida sempre fui um Escoteiro sonhador e observador. Sempre gostei de diferenciar o vôo  e o som das aves. Sempre sabia onde as borboletas ficavam quando da sua dança do acasalamento. Uma vez fiquei dois dias observando o João de Barro a fazer sua casinha. Bati meu recorde quando conseguir chegar a menos de dois metros de um sagui, um mico muito esperto. Quando não acampando pegava minha bicicleta e ia seguir pistas de carros, charretes, bichos do mato nas redondezas do meu bairro. Dizem que devemos ver as coisas não como as vemos, mas tentar dar um pouco de vida no que podemos enxergar. Henry David dizia que em cada pôr-do-sol que via, lhe inspirava o desejo de partir para o oeste tão distante e belo quando aquele onde o sol sumiu!

                 Ver e imaginar o belo em todas as coisas. Somente o amor, sorri nos olhos da natureza como um espelho. Esses poetas e seus sonhos e suas frases maravilhosas. Prosseguir na vida é saber ver ao seu redor. Em tudo que vemos podemos ver o belo ali presente. Nossa mente é quem decide por nós. Carl Sagan amante do futuro e da natureza comentou um dia que nossos antepassados viviam do lado de fora. Eles estavam tão familiarizados com o céu noturno e as estrelas a piscarem luzes maravilhosas quanto à maioria de nós estamos com os nossos programas de televisão favoritos. Belo programa! A natureza não pode acabar. As árvores são nosso pulmão, os rios nosso sangue, o ar é nossa respiração e a terra, ah! A terra. Ela é nosso corpo. Faça você de seus olhos, sua mente o que devemos ver e lutar para que seja assim! Afinal você é um escoteiro! Sonhe o quanto quiser! Imagine o quanto puder! Faça da natureza o seu destino. Nós temos este direito!                 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Saudades da minha terra!



Saudades da minha terra!

Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

                 O tempo passa, e muitas coisas das nossas vidas vão sendo colocadas em uma parte do nosso cérebro, não esquecidas, mas para serem lembradas um dia. Eu sou um homem da terra. De muitas terras. De algumas cidades. Um dia destes li de Paulo Gondim, um poema, do seu lindo Ceará. “Minha terra tão querida, a quem sempre vou amar. Um dia eu deixei, mas voltarei, ao meu lindo Ceará”.
Ninguém esquece sua terra natal. Sua cidade, seu estado, seus amigos, suas histórias tão queridas. Nasci na minha querida Minas Gerais. Oh! Minas Gerais! Quem te conhece não esquece jamais. Nasci em uma cidade perdida no longínquo norte do estado, pequena, sem nada para viver, quem sabe uma ou duas ruas calçadas, uma pracinha, mas eu? Morava a seis quadras mais longe. Casa de taipa, esburacada, rua sem calçamento, esgoto a céu aberto, doenças. Três irmãs foram para o céu ainda com menos de quatro anos. Eu quase fui.

            Dois anos que não lembro a não ser as histórias contadas por meus pais e irmãs. Sobraram duas delas e eu. Meu pai seleiro, família pobre, lá fomos nós para uma fazenda. Não me lembro de nada. Menos de um ano e de novo outra cidade do outro lado das Minas Gerais. Poucas lembranças. Mais três anos e de novo outra e outra até que com seis fincamos o pé por muitos anos em uma maior, bem ao lado do formoso Vale do Rio Doce. Rio Doce! Quantas saudades, quantas travessias, jangadas, comer ingá nas suas margens nas cheias, quantos peixes. Hoje soube que está como o Tietê. Dói-me fundo. Ali praticamente cresci. Fui lobinho, Escoteiro, viajando a pé, de bicicleta vivendo uma vida de aventuras sem pensar no amanhã. Voltei um dia em todas as pequerruchas cidades que vivi. Fiquei tempos na terra onde nasci. Passei ali menos de duas horas. Vi a casa onde comecei minha vida de homem terreno. Nas outras poucas lembranças de uma época que minha memória não arquivou. Não tinham mudado nada na visão dos meus pais. Nesta última foram treze anos, de alegria, felicidades até que um dia a mudança aconteceu.

           Meu pai doente, início da década de sessenta, diabete ainda desconhecida era melhor procurar médicos especialistas. Capital do Estado. Nova vida. Novo emprego. Usina Siderúrgica. Peão no inicio. Interessante. Nunca fomos ricos. Ouve fases, algumas remediados outras? Melhor nem comentar. Estudo? Terceiro ano de ginásio. Iletrado. Nunca fui Doutor. Aprendi muito na Universidade da vida. Não sei como fui convidado para ser o chefão Escoteiro do estado. Comissário Regional. Uma época de viagens. Cidades e mais cidades sendo engolidas pelo escotismo. Amigos e amigos novos sendo conquistados. Quantas histórias, quantas estradas percorridas, quantas coisas ficaram para trás. Mas o tempo não para. Um dia alguém chegou para mim – Queres ser um Administrador de uma fazenda? Putz! Não pensei duas vezes. Celia ao meu lado. Sempre formidável minha linda Célia. Oito mil cabeças. Meu Deus! Que isso? Botas no pé, chapéu de couro, perneira, meu lindo gibão cravejado, um peitoril simples e lá estava eu vaquejando aqui e ali pelas largas e capoeiras da vida.

               Quantas aventuras. Viagens no Rio das Velhas, Sucuri de dez metros, enfrentar a correnteza do São Francisco, enfrentar pistoleiros morrendo de medo. Pescarias, criação a parte, porcos, galinhas, tratores, um D-8 da Caterpillar, enorme me hipnotizava. Comprei uma vacada de um fazendeiro em Barra do Guaçuí. 150 quilômetros. Achei melhor trazer por terra. Para mostrar ao Diretor que era econômico. Pobre “bunda”. Seis dias ida e volta. A cavalo. Levando um gado fácil, mas trabalhoso. Cinco anos maravilhosos. Filhos crescendo. Precisavam de bons colégios. São Paulo. Meu destino final. Empregado. Luta constante. Osasco era minha morada, ou melhor, ainda é. A luta dizem que é renhida, difícil. Sempre ao olhar minha vida lembro-me do poema de Gonçalves Dias. - Juca-Pirama. “Sou bravo, sou forte, sou filho do norte”. Andei longes terras, lidei cruas guerras, vaguei pelas serras dos vis Aimorés...

               Ei, calma! Não sou bravo e nem forte. Mas o tempo vai passando. Os anos não perdoam. Não dá mais para trabalhar. Uma vil aposentadoria. Mas feliz. Muito feliz. Quatro filhos criados e casados. Oito netos, uma linda árvore genealógica dando prosseguimento as lides traçadas por milhares de anos no espaço. Rodei meio Brasil. Pisei em outras terras. Conheci outros rumos, outros destinos. Mudei demais. Não sei se fiz bem. Não vejo como traçar o meu destino de outra forma. Tenho dúvidas não arrependimento. Quem sabe nem todas as trilhas que escolhi deram em boas estradas. Um dia destes irei por aí. Sei aonde vou. Não posso levar mais minha barraca, minha mochila e meu chapéu de três bicos. Lá dizem tem lindos locais de campos. Córregos dançantes de águas tão claras que dá para ver o passado e o futuro. Onde as florestas são verdes e as flores as mais lindas do universo.

               Sempre é bom lembrar o caminho. Sempre é bom ver o que se foi o que se fez. Nunca fui rico. Morei em casa de taipas. Morei em tantos lugares que de vez em quando perco a memoria onde estou. Meu carrinho está encostado. Não anda mais. Me obriga a forçar meus passos por aí. Melhor assim, pois sempre fiz isto em minha vida. Viajei meio mundo no lombo de uma bicicleta. Com meu Vulcabrás conquistei montes e vales desconhecidos. Adoro o que fiz. Adoro o que sou. Não tenho duvidas do que serei.

                 Eu gosto de São Paulo. Fiz dele minha morada por mais de 35 anos. Não sei se fiz aqui muito amigos. Os mais chegados já partiram para começarem tudo de novo com os novos tempos. Eu ainda não fui. Deus me reservou outro destino. Seja ele o que for estarei pronto a enfrentar. Mas sabem, não tenho medo, não tenho receios. O que tem de ser será. Não podemos fugir do nosso destino.

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Gonçalves Dias.

Cursos escoteiros, para que servem?



Crônicas Escoteiras
Cursos escoteiros, para que servem?

                    Estou ficando “gagá”. Sempre batendo na mesma tecla. Lembrei-me de um amigo no Facebook que comentou comigo sobre os cursos escoteiros. Diz ele que muitos são cancelados por falta de alunos. Brilhantemente ele diz que a evasão de jovens e adultos no movimento Escoteiro se deve aos chefes que não se adestraram suficientemente. Não estranhem por usar a palavra adestrar. Desde 1970 que os sábios da Equipe Nacional de Adestramento queriam mudar. Eles entendiam que a palavra adestrar se adequava mais ao treinamento de animais que de homens. Beleza! Então mudaram para formação. Interessante que nas forças armadas até hoje este termo é usado para adestrar os soldados, a tropa. Bem, o exercito moderniza seus arsenais adaptam tecnologias, mas não abandonam seus métodos e tradições. Diferente do que acontece conosco. Mas o tema não é este.

                   Hoje os cursos estão aí em profusão. Só não aprende quem não quer. Claro uma vez comentei sobre as taxas. Um formador me respondeu que era mais barato que um hotel cinco estrelas! Arre! Meu Deus, que comparação! Comecei na minha lide de adestrador (formador desculpe) em locais inóspitos, pois campos escolas na época era um luxo. Quando dirigi meu primeiro Insígnia, me deram uma apostila mimeografada em inglês! Em cima uma tradução mal feita e a caneta, mas que dava para fazer do curso um aproveitamento nota dez. Era uma época diferente. De vez em quando leio aqui e ali que os novos formadores se reúnem sempre para aprimorar e conhecer novas técnicas de ensino. Bom isto. Outro dia vi uma foto onde a equipe tinha mais de 14 formadores contra 12 alunos. Beleza! Sobrando formadores e faltando chefes. Lindo isto!

                  Lembro uma vez que fui convidado para colaborar em um curso fora do meu estado e o diretor chamou a equipe e disse – Aqui tem um despertador. Ele vai tocar sempre quando terminar o tempo de vocês. É sinal de parar. Deus do céu! Quase cai de costas. Já pensou? Dando uma palestra e prim, prim, prim! Não sei não. O pior foi que a ideia disseminou. Nunca gostei disto. Só uma vez éramos mais de seis formadores nos cursos sob minha responsabilidade. Sempre meu número ideal eram quatro. Hoje alegam falta de tempo e muitos só vão lá para dar uma palestra ou sessão. Também não gosto disto. Difícil desenvolver um tema sem conhecer os chefes/alunos. Também tínhamos uma maneira de baratear cursos. Nada sofisticado. Não estou agora sabendo como estão dando os cursos. Eu mesmo fiz diversos e dois deles pagamos passagens para chefes que morassem a mais de quatrocentos quilômetros do local. Hoje só vejo comentários aqui e ali. Antes conversávamos com os alunos sempre, fazíamos mais discussões em grupos que propriamente falando e falando.

                 Como os cursos eram dados em regime de acampamento, nos tempos livres (almoço e jantar) sempre íamos às patrulhas bater papo. Surgiam assim amizades entre cursantes e diretores que duravam para sempre. Não esquecendo que nossas taxas eram mínimas. Eram cursos diferentes. Um grande acampamento onde todos saiam conhecedores do método, do programa e do aprender a fazer fazendo. Os horários eram elásticos. Nada de despertador ou Chefe fazendo sinal para encerrar. Como trabalhávamos em equipe cada um sabia o tempo que precisava sem prejudicar a próxima sessão. Depois, ao final da década de setenta iniciaram uma cruzada por cursos menores, feitos em fins de semana, acantonados e surgiram ideias de cursos por correspondência. Estavam já naquela época aparecendo os modernistas. Eles são danados. Existem em todas as épocas. Afinal se um Escotista planejar um curso por ano, como nós fazíamos no passado, não sei por que desmembrar em dias, pois assim se perderia muito o Sistema de Patrulhas, a mística da Jângal, enfim discussões que sei muitos não vão concordar comigo.

                   Mas se cursos não estão sendo procurados pelos chefes é preciso pesquisar o motivo. Quem sabe pode ser a taxa, quem sabe é a abordagem dos dirigentes no convite muita vezes formal demais, quem sabe o receio de não poder sugerir e só ouvir os palestrantes. Podem ser muitos os motivos. Uma coisa é necessária. Todos os chefes sem exceção devem procurar ser portador da Insígnia de Madeira. O mínimo para que possa desenvolver com exatidão seu trabalho em suas sessões. Vejo que hoje a uma gama enorme de cursos. Não sei se isto é bom. Uma época você Chefe de lobos só fazia cursos correlatos. Depois foi se abrindo em leque. Eram dois os principais. O CAB – Curso de Adestramento Básico, e o Insígnia parte campo (II). Cada um com seu ramo. Depois surgiram cursos técnicos, mas sempre no intuito de apoio e conhecimento de temas desconhecidos pelos escotistas.
               
                   Hoje soube que existe uma infinidade deles. Mas não acredito que este seja o motivo da falta de chefes/alunos. Os motivos poderiam ser os que eu já mencionei. Só digo que o curso Escoteiro devia ser ao ar livre. Este é o método. Este é que deve assimilado. Técnicas modernas são bem vindas. Mas os cursos tem que ser diferentes daqueles quer são feitos na vida profissional dos cursantes se não será maçante e sem graça. Ficar sentado olhando um escotista membro da equipe falando e falando, não sei. Mas como sou um “sapo de fora” é melhor deixar para os formadores atuais os problemas que já não são meus.

                  Mas sabem, eu gostaria, gostaria mesmo se pudesse, se minhas pernas ajudassem voltar a dar um curso. A antiga. Quem sabe de oito dias! No campo, bem longe da civilização, em barracas, com tralhas, intendência, sapa, patrulhas vivendo escotismo ao vivo. Fazendo seu campo, suas refeições, sem correrias, se divertindo. Uma boa jornada de vinte e quatro horas. Deixar para conversar com eles sentados ou deitados na relva em uma boa sombra, jogar com eles jogos gostosos, conselhos de patrulhas discutindo temas interessantes, reuniões de tropa para finalizar. E a Corte de Honra para bater o martelo. Acordar todos às duas da manhã, ver a estrela Dalva no céu, tomar um banho frio, cantar e por os cavalos para trotar. Quem sabe fazendo um ninho de águia, uma ponte elevadiça, muitos jogos noturnos vendados, até uma caminhada pela trilha do leão. Vendo todos sorrirem, pois estão aprendendo sorrindo e fazendo. E depois de uma Conversa ao Pé do Fogo tirar um tempo, todos deitados na relva, um calorzinho de brasas adormecidas, recebendo uma brisa gostosa, um ventinho que vem do sul, olhando as estrelas e ali discutir em um fórum gostoso, as nuances de como é bom ser um Chefe Escoteiro.

                        Isto eu sei só ficará na saudade. É uma história não escrita. Não sou da equipe. Nunca aprovariam um curso destes. Mas garanto, se os amigos que tenho soubessem que eu daria um curso assim, não duvidem, eu aposto, aposto sem sombra de dúvida, centenas de flores silvestres que em menos de uma semana as inscrições seriam encerradas. Coloco estas flores para quem quiser apostar que haveria uma grande procura dos chefes e das chefes, que estão querendo aprender a fazer fazendo, de maneira diferente, sem tantas bugigangas modernas, a mostrar em telas gigantes um escotismo que não é o seu! Ei você? Quer fazer um curso deste comigo? Entrem na fila, façam suas inscrições na região do São Nunca. E sonhe quem sabe um dia aparece um curso assim? Risos.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Histórias que não deveriam ser contadas. O menino Escoteiro cujos sonhos o vento levou!



Histórias que não deveriam ser contadas.
O menino Escoteiro cujos sonhos o vento levou!

(Esta é uma história de ficção. Semelhanças com pessoas, organizações, são meras coincidências. Tudo não passa de uma fantasia de um "Velho" Chefe Escoteiro). 

              Era uma tarde “rabugenta”. Uma pequena garoa caia desde as primeiras horas da manhã. Naquela rua sem graça, molhada, escorregadia, quem passasse ia ver naquela casinha de varanda simples um velho sentado, vestindo um pijama azul e sobre suas pernas uma manta cheia de distintivos escoteiros. Se observasse melhor veria que era um velho de cabelos brancos, cacheados, pele enrugada, os olhos fechados como se estivesse dormindo. Vovô Teobaldo dormitava. Sua mente, entretanto estava viva. Não parava de pensar como nosso mundo nos deixa de vez em quando triste e muitas vezes nos falta ação para continuar a sorrir. A mente do Vovô Teobaldo voltou no tempo. Naquela manhã de domingo. Estava lendo um livro no seu quarto quando foi à cozinha beber uma água gelada. Ele gostava. Uma das suas manias.

             Na sala, sentados na poltrona estava Nininha, sua neta de oito anos e lobinha, Maninho, seu neto de doze anos e Escoteiro e em pé ao lado Landinho o neto mais velho de dezesseis anos e escoteiro Sênior. Vovô Teobaldo se assustou. Eles estavam chorando. – O que foi? Interpelou. – Vovô, meu Vovô querido, vão acabar conosco! – Acabar como? Vão fechar nosso grupo Escoteiro! – Calma isto não vai acontecer. Conheço o Chefe Mauricio. Ele nunca faria isto. – Não é ele Vovô, são os outros! - Outros? – Olhe Vovô Teobaldo, ontem na escola minha amiga Joaninha que é lobinha do outro grupo me deu uma cópia de um artigo que ela copiou de seu tio, Chefe Escoteiro. No artigo dizem que vão acabar com nosso Grupo! – Onde está este artigo? Ela entregou para ele. Ele sentou em outra poltrona e leu.

                - Era um comunicado da outra organização. Informava aos seus sócios das providencias que estavam tomando para processarem todos os que não estivessem do lado deles. Claro, um direito sem sombra de duvida. Mas ali estava escrito que eles não podiam ser chamados de escoteiros, de lobinhos, de pioneiros, de chefes, não podiam dizer a promessa Escoteira, estavam proibidos de usar a Lei Escoteira, de comprar livros deles, pois tinham registrado tudo na organização deles. Que usasse seria processado. E terminava com uma lista dos processos que já foram abertos. Vovô Teobaldo se assustou com aquilo. Ele já sabia que isto estava acontecendo. Infelizmente os meninos que entraram naquele e em outros grupos que não eram da organização, sonharam com o escotismo. Nunca se preocuparam se eram de outra organização. Achavam que todos eram irmãos. Fizeram promessa, as leis que seguiam eram do fundador Baden Powell. Agora diziam que eram dono de tudo! Eles choravam copiosamente.

                 Vovô Teobaldo ficou triste. Maninho em lágrimas perguntou – E agora Vovô! Minha promessa não vale? Não posso mais ser chamado Escoteiro? Pensei que era um nome mundial. Até pesquisei e vi que tem muitos que o usam. Nas estradas de ferro chamam de locomotiva sozinha de Escoteira. Vovô, eu gosto de ser escoteiro. Não quero mudar de grupo. Eu amo onde estou. – Vovô Teobaldo não sabia o que dizer. – Landinho o Sênior também chorava. – Vovô! – ele disse. Tenho sete anos no grupo. Fui lobinho, Escoteiro, e agora sênior. Meu passado não vai mais existir? Olhe Vovô, o Senhor lembra. Eu sonhava em ir ao Jamboree deles. Não deixaram. Mesmo o Senhor indo conversar com o Comissário deles foram inflexíveis. O Senhor lembra-se disto. E olhe Vovô como sonhei em ir lá e conhecer tanto jovens como eu! O Senhor sabe Vovô, nós temos muitos amigos lá. O tal comissário já foi no grupo deles falar que deviam ficar longe de nós. Mas somos da mesma cidade. Do mesmo colégio. Somos amigos Vovô, não importa onde estamos!

                  A noite chegava mansa e gostosa e a garoa continuava. Um frio gelado soprava com a brisa noturna. Vovô Teobaldo pensava. Mundo difícil. Mundo de expiação e provas? Mundo mutante? Mas eram escoteiros, afinal não dizem que são amigos de todos e irmãos dos demais? Será que vale só para eles? Mas não eram só eles, os outros também. Dirigentes que não se entendiam. Ele sabiam que de ambos os lados não haviam adultos anjos. Gastavam fábulas com processos só para ver o outro lado no chão. Vovô Teobaldo pensou se Jesus de Nazaré viesse a terra para ser o juiz da contenda o que iria resolver? Ia falar que devemos amar a Deus sobre todas as coisas? Ou quem sabe lembrar a palavra do seu pai, que dizia que devemos amar ao nosso próximo como a nós mesmos? Que diria Jesus de Nazaré? Vovô Teobaldo não sabia o que dizer. Não teve palavras para consolar seus netos. Lá em cima, entre os homens fortes de cada organização só havia ataques, defesas, direitos e deveres de ambos os lados. E os jovens? E a sua neta lobinha? O que seria dela? Nunca iria perdoar os adultos que fizeram isto. Afinal é culpa dela?

                   Vovô Teobaldo dormia. Alí. Naquela cadeira em seus sonhos rezava. Rezou muito. Rezou pelos homens, pela sua promessa que eles um dia fizeram. Prometeram pela sua honra, cumprir seus deveres para com Deus e a pátria. Ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião e obedecer à lei do Escoteiro. A lei. Ora a lei. Seria só deles? Baden Powell doou tudo que fez para eles? Ah! Jesus. Deixe que eles conheçam melhor suas palavras. Não foi o Senhor quem  disse que devíamos amar nossos inimigos, que devemos fazer o bem para aqueles que nos odeiam. Que devemos abençoar aqueles que nos amaldiçoam, rezar por aqueles que nos maltratam. E Jesus só você mesmo para dizer a eles, pois eu não posso – “Se alguém te bater no rosto, ofereça a outra face”.

                   Vovô Teobaldo acordou na sua varanda altas horas da noite. Todos já haviam ido dormir. Não havia mais chuva. Não havia mais garoa. Uma brisa gostosa e refrescante soprava em sua face. No céu uma lua enorme. Rechonchuda, iluminando o céu cheio de estrelas. Lá, muitas delas brilhantes parecia escrever no céu azul, em letras grandes, enormes – Pai perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem! Vovô Teobaldo foi dormir. Sorria. Sabia que tudo se resolveria. Afinal Jesus de Nazaré não disse que “o que queres que os homens façam por ti, faça igualmente por eles”? “O amor é tudo”

“Ame seus inimigos, faça o bem para aqueles que te odeiam, abençoe aqueles que te amaldiçoam, reze por aqueles que te maltratam. Se alguém te bater no rosto, ofereça a outra face”.
Jesus de Nazaré

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Passamos a fase da Torre de Babel?



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Passamos a fase da Torre de Babel?

“Não é colocando o dever em primeiro lugar e o êxito em segundo, que se eleva o padrão da virtude”?
Máximas dos Anacletos XII

                              A Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica no Gênesis, foi uma torre construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para tornarem o nome do homem célebre. Isto era uma afronta dos homens para Deus, pois eles queriam se igualar a Ele. Deus então parou o projeto, depois castigou os homens de maneira que estes falassem varias línguas para que os homens não se entendessem e não pudessem voltar a construir uma torre com esse propósito. Esta história é usada para explicar a existência de muitas línguas e etnias diferentes. Não serve de comparação para uma grande participação entre irmãos escoteiros concordando e discordando de artigos e temas que publiquei.

                              Isto não é uma luta pessoal. Acredito mesmo que possa estar errado em muito do que comento e escrevo. Até justifico muitas vezes as colocações que fazem aqui no grupo e em minha página. É ruim ser o dono da verdade.  A UEB vem realizando uma serie de mudanças desde a década de setenta. Nos estatutos, no uniforme, no programa, em tradições simples que não precisavam ser mudadas. Nunca disse e nem direi que não devemos nos atualizar. Afinal o mundo todo se atualiza a cada momento. Mas existe a maneira correta. Não essa que promoveram e ainda estão promovendo. Nota-se que sempre tem aqui muitos defensores das colocações feitas pelos dirigentes. Nenhum deles, os dirigentes, no entanto manifestou. Dei boas risadas em ler um comentário de um Escotista a dizer que eles estão nos monitorando.  Isto lembra o que? Claro, eles só estão lendo e tirando suas conclusões. Monitorar? Suas atas para quem as lê, não passam de temas já votados por eles e aprovados, e outras tantas nas mãos de um ou outro para tomada de decisões futuras. Assim parece que vão levando as mudanças que até hoje não deram certo. E por favor, não estou desmerecendo ninguém. Sei do esforço voluntário de cada um. Mas quem se candidatou e foi eleito, tem a obrigação de dar muito mais que outros escotistas em suas sessões.

                            Interessante que em nenhuma destas atas publicadas está escrito que deveriam fazer uma pesquisa abrangente, saber as opiniões dos nossos escotistas e quem sabe uma consulta direta as bases ou cada um dos membros da associação. Repito, não sou contra a mudança, sou contra da maneira com que ela é imposta como se só eles tivessem o dom do saber, a última palavra, e pensar que sabem o que precisamos para nos desenvolvermos mais no escotismo. De uns tempos para cá muito se tem falado sobre a os atos do CAN e da DEN. Isto era “tabu” em um passado não tão distante. Já é ruim ficar sabendo de mudanças que não agradam, pior ainda é ficar sabendo por terceiros que determinado tema vai ser alterado. Francamente nas atas que leio não vejo quase nada sobre aprovações e pedidos de estudo de temas discutidos em Assembleias Regionais e Nacionais.

                            Nesta última ata um membro da diretoria do CAN simplesmente pediu que se desse uma explicação, ou melhor, abrangência em algumas mudanças, pois ele sentia que estava sendo muito solicitado nas redes sociais. Se lerem bem a ata verão que foi uma ou duas frases perdidas ali no emaranhado das mais de seis paginas da ata. Interessante que todos pisam e repisam que o escotismo é para os jovens e até nesta ata no final foi feito um adendo de desculpas aos jovens presentes (com direito a participar e sem direito a voto) por não terem sido convidados a usar da palavra o que seria feito na próxima reunião do CAN. Ouvir os jovens?

                            São mais de quarenta anos. Os membros da nova Equipe Nacional de Gestão de Adultos, (antiga Equipe Nacional de Adestramento) no início da década de setenta resolveram que ela não mais teria assento nas Assembleias com direito a voto. Centenas de justificativas. Achei interessante, pois queiram ou não eles os membros se consideram uma elite dentro da estrutura Escoteira e como tal não deveriam ser ouvidos? Claro, muitos deles são membros, mas eleitos por direito ou não de outras formas. Lembro bem que não sou contra as modificações sou contra a forma como são feitas. Um ou dois falam pelos outros, apresentam suas ideias são discutidas em clube fechado, votado e aprovadas. Chegam ao cúmulo de decidir o que os jovens querem sem um consulta direita a eles.

                           Dizer que qualquer um de nós (menos eu, não fiz o registro e não farei para evitar dissabores de ter de enfrentar uma Comissão de Ética) podermos ser eleitos é uma falácia. Comparo isto à eleição do Senhor Lula a presidência da republica. Somos milhares e citar um ou dois que conseguiram não serve como exemplo. Muitos aqui insistem na transparência. Ela até hoje não existe. Enquanto um Supremo Tribunal Federal é transparente nas suas ações, nós os membros do escotismo nacional não somos informados de nada. Dos processos que se fazem com outras organizações, baseados em qual motivo. Processos que frequentemente estados estão julgando membros por conduta não previsível na visão deles, e assim só vamos tomando conhecimento por terceiros ou quando surge em uma Ata de tempos em tempos. O Informativo Sempre Alerta é um amontoado de Marketing da própria organização.

                             Não tenho como comentar todos que aqui deram vasão nas suas ideias. Impossível. Mas mesmos os que discordam e outros que concordam e também aqueles que sugerem, em fico contente. Aqui no Facebook é histórico. De uns tempos para cá surgiram diversos grupos que escotistas de todo o país que agora sentem a liberdade de opinar. Isto não é válido? Não seria melhor abrir um canal mais próximo com a UEB? E por favor, não me venham dizer que as mudanças e tudo que colocamos estão sendo feitas. São quarenta anos. Tempo demais. Fica, portanto meu agradecimento àqueles que resolveram se manifestar. Isto é importante. Uma voz a mais. Que seja em concordância com as diretrizes que a UEB vem realizando ou não. Para mim importa agora é que existem vozes no Brasil inteiro que querem se manifestar. Quer falar, quer cobrar o seu direito de ouvir e ser ouvido e claro votar e ser votado.
Obrigado.