Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 14 de abril de 2012

APRENDER A FAZER FAZENDO



APRENDER A FAZER FAZENDO

           Uma das máximas do escotismo tão importante e que BP sempre enfatizou, diz que nós chefes escoteiros devemos fazer de tudo para que nossos monitores conduzam a própria patrulha. Quando um escotista está sempre olhando se preocupando, não deixando que eles façam sempre para aprender, é um erro e foge copletamente do mais puro e mais correto ensinamento que temos.

         Aprender a fazer fazendo. Hoje as escolas, organizações e até universidades usam esse método e estão tirando proveito, mais que nós escotistas cujo fundador foi o idealizador do método. E ainda tem alguns educadores que nos chamam de um movimento atrasado e ineficaz. Afinal existe maneira melhor para aprender? Errar quantas vezes for até fazer o certo?

         Existem diversas maneiras para fazermos isto. Primeiro, dando a eles toda a liberdade para programar o programa, ficando a cargo da chefia somente elementos surpresas e condições físicas e ambientais. Outro dia, comentava com um jovem sênior, sobre o programa da tropa, e ele me dizia que a chefia fazia tudo. Perguntei se ele não opinava e me disse que não, pois assim havia surpresa no programa. Finalizei perguntando se no ano anterior quantos entraram e quantos tinham saído? Sua resposta – Somos somente quatro. Os demais saíram e ninguém entrou. Aí veio a realidade. Ali nunca foi dado aos seniores a liberdade de aprender a fazer fazendo. Tanto fizeram para eles que resolveram sair.

        Uma guia me respondeu que nunca pensaram em fazer nada. O chefe fazia tudo, assim ficava mais fácil. Elas não tinham de se esforçar, havia sempre um ar de mistério e todos gostavam. Perguntei como sempre, - Quantos voces eram no ano passado? O mesmo número de hoje, somos seis, claro, sairam quatro e entraram quatro. Não perdemos nada!

       Como não existem bons programas que despertem seus interesses e os mantenham na ativa, ficam sempre comentando, programando, e contando os dias de alguma atividade regional ou nacional. Não tiveram outra em suas tropas que marcaram e pedem bis. Alí nessas atividades eles se realizam, não pelo programa em si, mais pela amizade e fraternidade. Ali nada farão a não ser divertir. Tudo já está pronto, até as refeições. A Direção programou tudo. Desde a chegada ao término. Tudo feito de antemão. Eles serão um “Bon vivant”. Ou seja, “Comemos e bebemos, a Deus agradecemos”.

        Sempre em toda minha vida escoteira, tentei mostrar as vantagens de deixar os jovens fazer. Seja seu crescimento individual, sua evolução técnica. Sempre lembrei a todos, sejam os escoteiros ou as escoteiras tinham e tem em seus bairros ou ruas amigos de infância, que se encontravam sempre, faziam seu próprio programa e ficavam eternamente juntos. Nenhum deles jamais reclamamou do programa que planejaram ou fizeram. A “turma” ficava unida por muitos e muitos anos.

       Em artigo aqui comentei e repisei sobre o programa da tropa. A patrulha tem condições para fazê-lo. Muito mesmo. Claro, não todo ele, mas boa parte sim. E alguns até me disseram que o programa seria ruim, e eles poderiam não gostar. Mas voce já tentou? Pelo menos tentou? Agora não é somente em uma ou duas reuniões que voce vai conseguir motivá-los. Isso é como se fosse uma pescaria. Tem de escolher a isca, a vara e o local onde vai pescar.

       Pela minha experiência em tropas, sempre vi que os jovens que fazem seu próprio programa, ficam mais tempo no escotismo. Facilitam sobremaneira o desenvolvimento de uma atividade, onde a técnica e o conhecimento adquirido é desenvolvido corretamente. Se voce usa bem a Corte de Honra, se sua tropa faz semanalmente um Conselho de Patrulha e se voce tem sua patrulha de monitores bem formada, voce sabe como é. Sucesso na certa. 

      Por experiencia própria, as tropas que atuam dentro do método, tem melhor desenvolvimento e se orgulham do que fizeram. Observe a alegria de uma patrulha que fez uma mesa mesmo que torta e quase caindo e outra olhando o chefe fazer. A arte de aprender fazendo tambem se aplica ao programa da tropa. Muitos chefes alegam que eles não entendem, não sabem como fazer, e acha que tudo vai dar errado com muitos meninos saindo por esse motivo.

      Esqueçam o “Não vão dar – É impossível – Eles não sabe escolher e programar” isso não é verdade. Claro não é de um dia para outro que o chefe terá os resultados esperados. Aprender a pescar demora. Talvés o chefe que ainda não conseguiu não deu a isca certa.

      É preciso lembrar que nosso movimento tem características próprias. Colocar jovens em forma, marchar, perfilar, saudar, gritar e cantar conforme já disse, qualquer um com boa postura e vóz de comando consegue. Mas esse não é o chefe que esperamos ter. O chefe que precisamos é aquele calmo, que fala pouco, que confia é um irmão mais velho, um aconselhador, tutor, não o dono de tudo. E ainda tem aqueles que dizem – Esta é minha tropa, esta é minha patrulha, este é meu monitor, esta é minha escoteira. Caramba comprou tudo?  

      Experimente. Dê um prazo para voce e para eles. Com o tempo irá se surpreender. Se mostrar aos monitores onde devem chegar, eles chegarão lá sem sombra de duvida. Confiar faz parte do método. Quem ensina e forma é o monitor. Você sim é o monitor dos seus monitores.

       Se isso acontecer, irá ver maravilhas no crescimento de sua tropa. Tenho certeza que a evasão irá diminuir muito. Os amigos que não participam iram interessar e em pouco tempo as vagas serão preenchidas e a fila de espera irá crescer. Torno a repetir que entra ano e sai ano, o melhor programa é feito pelos jovens em seus bairros, na sua comunidade junto com seus amigos. Se for um programa ruim ou não eles gostam e estão lá sempre participando. Acredito que voce não viu nenhum adulto lá com eles fazendo o programa e eles assistindo. Tenho certeza que não.

      Quando a tropa caminha com suas próprias pernas, quem ganha são os jovens e voce. Eles porque estão aprendendo o que o escotismo se propós, voce porque vai ter mais tempo para eles e para sua familia. Experimente não custa nada tentar. E vai se surpreender com os resultados.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Parábola da Televisão, Internet, Celular e o Acampamento. A lição de Olhos Azuis Profundos!



Parábola da Televisão, Internet, Celular e o Acampamento.
A lição de Olhos Azuis Profundos!

Olhos Azuis Profundos chegou a sua casa aborrecida. Todos os dias a rotina era a mesma. Escola, amigas, casa, TV, internet e seu inseparável celular que lhe fazia companhia vinte e quatro horas por dia. Queria mudar. Fazer outra coisa. Mas fazer o que? Entrou e quando chegou à porta do seu quarto ouviu alguém conversando. Quem era? Ninguém podia entrar ali. Seus pais, seu irmão sabia que ela não aceitava intrusões em seu quarto. Queria privacidade.

Abriu a porta devagar. Viu a Internet falando. Junto a Televisão e uma Barraca imaginária. Depois soube que era o símbolo do acampamento. Dizia a Internet: - Ainda bem que Olhos azuis Profundos têm a mim. Dou diversão a ela o tempo todo. Comigo ela viaja pelo mundo, conversa com os amigos, faz trabalhos escolares e me lendo pode até sonhar! Todos riram da Internet. Deixa disso metida, disse a Televisão.

- Olhem quem dá ela as novelas? Quem deixa ela ver em uma tela grande seus filmes preferidos? Quem lhe dá opção de deitada ou descansando em uma poltrona ao simples toque de um controle escolher os melhores canais do mundo? E olhe, se ela dormir, ou cochilar eu não paro de funcionar. Fico colocando em sua mente tudo que passa em mim. – Uma revolta se apossou do celular que estava em sua mão.

- Ele gritou e esbravejou. – Metida e metido! Podem cair fora! Eu sou o preferido dela. Afinal ando em sua bolsa, em sua mão, ela faz de mim o que quiser. Conversa com amigas, lê suas mensagens, passeia no Face book e no Orkut comigo e quando quer acha em mim todos os canais que você Televisão soberbamente se jacta de ter! Eu sou o único. O seu preferido. Quando não me tem a mão ela chora. Reclama. Por isto tenho que estar sempre presente.

O acampamento estava calado. Era humilde. Nunca se revoltou. Agora mais triste se sentia, pois só falavam em novos tempos. Sabia que Olhos Azuis Profundos não era Escoteira. Pensou em nada dizer. Mas ele sabia de sua importância. Pediu se podia falar. A Internet, a Televisão e o Celular riram bastante. O que uma barraquinha “mixuruca” tem a dizer? O acampamento era educado. Não gostava de jactar-se. Nunca fez isso. Sabia de sua importância para quem o conhecia.

- Eu meus amigos, poderia oferecer a ela o perfume das flores silvestres. Poderia mostrar a ela a mais bela e misteriosa flor da floresta, o desabrochar de Orquídea branca lá em cima da montanha no carvalho centenário. Ela iria ver os olhos brilhantes como os dela na Coruja da noite.  Poderia mostrar a ela a beleza do Balé dos Beija Flores na primavera. Ensinar a ela a seguir as estrelas brilhantes no firmamento. Quem sabe um passeio de sonhos na Via Láctea? Iria ensinar a ela a reconhecer as estrelas, que sabe a Alfa-Centauro? Já pensou ela ver a chuva caindo na mata? Leve, calma como se fosse uma linda sinfonia imperdível aos ouvidos de um mateiro. E a noite iria cantar com ela em volta do fogo junto a tantas amigas que lá estarão.

- E continuou – Ela iria sorrir com o nascer do sol, e maravilhar-se com o por do sol, iria jogar, passear, fazer jornadas, ter uma fome tal que comeria um elefante o que não faz agora. Iria tenho certeza maravilhar-se na piracema, a ver os peixes saltitantes na cascata da nevoa branca, tentando alcançar o inatingível.  Ela meus amigos iria sentir orgulho de sí mesma. Não seria mais dependente, pois ali iria aprender junto à natureza uma vida de aventuras. Ela iria colocar uma mochila e partir para um mundo de sonhos, onde nada estava previsto. A descoberta seria dela. Ela iria aprender a fazer fazendo e depois meus amigos quando retornasse, ela saberia que o escotismo e eu poderemos lhe oferecer muito mais.

- O Acampamento com tristeza disse para terminar – Nossa jovem meus amigos em breve terá as pernas e os braços atrofiados. Ela não anda mais. Agora viajam com voces vendo outros fazerem e ela nada fazer. Sua mente irá desaparecer na loucura do tempo. Nunca irá ver Deus em plena natureza, na cascata do riacho, nas campinas verdejantes, na noite e no amanhecer de um novo dia. Eu fico triste por ela. Triste porque só ela pode dizer sim ou não e voces e eu somos meros coadjuvantes! E sabem? Fico triste por voces, pois se a luz faltar e a bateria acabar voces desaparecem como o vento na tempestade. Eu? Nunca vou desparecer, com chuva ou não, tendo eletricidade ou não. Eu sou a mão de Deus aqui na terra!

Olhos Azuis Profundos suspirou fundo. Nunca imaginou que aquela barraca era tão sábia. Quem era ela? Escoteiros? Já tinha ouvido falar. Tomou uma decisão. Procurou na Internet endereços de um Grupo Escoteiro. A Internet riu com orgulho. Ligou a TV e viu um belo acampamento passando em um canal. A TV deu gargalhada. Chamou pelo Celular uma amiga que conhecia outra que era Escoteira. O Celular explodiu em felicidade.

Olhou para o Acampamento e disse meu amigo, você me convenceu. Vamos acampar? E lá foi ela com o acampamento, sua nova mochila e deixando para trás a Internet, A Televisão e o Celular. Eles tentaram reclamar, mas Olhos Azuis Profundos disse – Não vou levar voces. A natureza não pode se misturar a modernidade. Verei Deus ao meu lado e poderei sonhar com uma viagem nas estrelas brilhantes e quem sabe, pegar uma carona em um cometa azul? Mas eu volto, sempre pensando no meu amado e adorado acampamento. Adeus, ou melhor, até logo meus amigos eletrônicos, que surgiram com a natureza, pois foi ela quem fez voces!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Que susto! “eita” Pesadelo.



Que susto! “eita” Pesadelo.

Ainda bem que foi um pesadelo. Ainda bem. Estou com a respiração ofegante até agora. Que coisa senhor. Um pesadelo horrível! Acho que vou até passar mal quando me lembrar de tudo novamente. Vou rezar bastante para que isso não aconteça nunca. Acontecer o que? O que meu pesadelo me mostrou o que seria o escotismo no futuro. – Mas afinal que “raios” de pesadelo é este? – Calma. Deixe-me recuperar o folego primeiro e conto para você.

- Sente-se aqui na beira da cama e vou contar. Mas lembre-se foi só um pesadelo, nunca isto vai acontecer conosco. Juro que não vai acontecer.

- Fui dormir ontem muito tarde. Fiquei escrevendo histórias escoteiras até de madrugada. Como não tinha jantado, preparei dois ovos estrelados e comi com feijão inteiro e farinha torrada. Adoro isso. Mas foi o que me fez mal. Dormi e meu corpo doía. Acordei – Lembrei-me que era dia de reunião. Estava agora acordando 30 anos depois! Eu já não era mais do Movimento e tinha prometido fazer uma visita ao meu antigo grupo. Afinal me considero um antigo Escoteiro. Claro que sim! Fui lobinho, Escoteiro, Sênior e fiquei mais três anos com assistente na tropa Escoteira.

Tomei um banho, vesti meu antigo uniforme caqui com chapelão e lá fui eu cantando – “Põe tuas mágoas bem no fundo do bornal e sorri!” Gosto desta canção. Adoro. Quando cheguei à porta do pátio, vi um movimento pequeno. Entrei e eles estavam formados para a bandeira. Era um "Chefe" Escoteiro que dirigia. Estranhei. Na minha época era a Patrulha de serviço. Fui até lá, saudei a todos e entrei na ferradura fazendo o sinal de praxe.

Estranhei mais ainda. Na oração foi um "Chefe" Escoteiro quem a fez. E incrível, não houve inspeção. Estavam todos misturados. Meninas e meninos juntos. Já tinha lido sobre isso. Era a tal coeducação. Pena que as patrulhas não estavam completas. Perguntei ao "Chefe" Escoteiro o porquê. Ele riu e me disse que o escotismo não é para qualquer um. Só aqueles abnegados, os que tem escotismo no coração. - Nossa! Nunca soube disso.

Como não vi ninguém de segunda ou primeira classe e nos lobinhos no boné não tinha ninguém de primeira ou segunda estrela, perguntei se o grupo era novo. – Claro que não respondeu abruptamente. Agora temos um novo sistema de progressão de provas. O ultimo não deu certo, mas nossos dirigentes benfeitores sempre mudam para melhor.

Percebi que muitos estavam de camiseta e o lenço do grupo. Alguns até de chinelo. O "Chefe" Escoteiro e um assistente estavam com calça Lee incrivelmente desbotada e calçavam um tênis branco. Um deles tinha um chapéu esquisito na cabeça. Perguntei se não usavam mais o caqui. – Amigo, me disseram, você está por fora. Isto que vê é escotismo moderno! Escotismo do futuro!

Bem, não iria discutir com ele. Não fui lá para isso. Olhe falei, eu fui da Lobo. Uma Patrulha antiga que tinha uma tradição aqui. No livro de ata da Patrulha eu escrevi muito lá. Onde estaria para eu reler? – Amigo, me disseram – Esqueça. A Patrulha lobo desapareceu. Os meninos e meninas preferem agora nomes de patrulha em inglês. Muito mais moderno!

Fiquei pensativo. Você poderia me fazer um favor? – Onde encontro o Chefe de Grupo? Ele riu. Que isso moço. Isto não existe mais. Agora é Diretor Técnico. Perguntei então se eu poderia participar na chefia com eles. Olhe procure nosso Diretor Técnico, ele vai lhe dar uma ficha para preencher, e se for aceito vai lhe dizer quem é seu assessor pessoal. – O que? Aqui tem isso? Claro que sim. Fiquei em duvida. Não via ali mais que quatro chefes atuantes.

Mas me diga, quando vai ser o próximo conselho de Grupo? Ele riu de novo – Aprenda amigo, hoje tudo mudou. Conselho não existe mais. Agora é Congresso. Nacional, regional e de grupo. – Pensei comigo, mudou muito. Mas querendo ser amigável eu disse a ele que na minha época o grupo recebeu a visita do Escoteiro Chefe. Ele deu risadas. Esqueça meu caro, agora não existe isto mais. É só presidente e diretor. Lá na cúpula tem o CAN e o DEN! E o que significa isto, perguntei.  Não sei, ainda não aprendi ele respondeu.

Resolvi ir embora. Quando ia saindo ele gritou – Oi! Se vier aqui de novo tire este uniforme ultrapassado. E saiba quem sem o registro não pode usar. Deu um belo de um sorriso. Gritei ainda para ele – Quando vai ser o próximo acampamento da tropa? – Ele disse – Quase não fazemos mais. Quando vamos vai todo mundo. Lobinho, escoteiros, Sênior e pioneiros. Os pais levam panelões e cozinham para todos! Vai gostar. Ninguém faz nada. Se você for registrado e aceito pelo assessor quem sabe pode ir a uma atividade Distrital, Regional ou Nacional? São essas atividades que agora fazemos
.
Fui embora pensando e fiquei sem voz. Quis cantar e não consegui. Levei uma pedrada na cabeça e cai no chão. Alguns escoteiros passaram e um disse para ligar o 191 do Samu. Eles são quem socorrem os bêbados! E foram embora rindo!

Ainda bem que acordei no passado onde vivia. Puxa vida! Que pesadelo! Graças a Deus voltava ao que era antes. Meu belo e charmoso escotismo a moda antiga!
Risos, risos e milhares de risos.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O filho do "Chefe"



O filho do "Chefe"

A meditação nos trás paz e muitas vezes respondem as nossas inquisições do dia a dia. Eu gosto de meditar. Principalmente sobre o nosso Movimento Escoteiro. Voltei os olhos para o passado, aquele bem distante e depois fui percorrendo o caminho que conheci até chegar os dias de hoje. Quando jovem nossos escotistas eram oriundos do próprio movimento Escoteiro. Difícil explicar e difícil de muitos entenderem. Os jovens ficavam mais anos e a evasão era menor. Enquanto isso aconteceu se manteve o tradicional e o sistema de patrulhas que aprenderam em sua mocidade.

O tempo foi passando. Já não havia tantos escotistas oriundos das próprias tropas. Alguns voluntários adentraram no escotismo. Isto foi bom, pois mantivemos o crescimento que desejávamos. Pequeno é claro, mas satisfatório. Infelizmente a evasão começou a aumentar. Acontece que as cidades crescendo e a falta de adultos se tornou uma tendência que poderia até prejudicar o andar do escotismo em termos nacionais.

O número de escotistas advindo das tropas foi suplantado pelos pais. Um número crescente deles adentrou no escotismo. Aos poucos eles assumiram posições diversas na hierarquia escoteira e para nossa felicidade mantiveram o escotismo unido. No entanto foi aí que começaram as mudanças. Todos é claro sempre acreditaram que o faziam em beneficio do escotismo. A maioria dos pais permaneceram nas sessões escoteiras do grupo. Muitas tropas e alcateias devem agradecer a eles as suas atividades e continuidade.

Como foi essa chegada dos pais? O jovem interessa em participar. A mãe ou o pai ou ambos o levam a um Grupo Escoteiro mais próximo. Isto acontece muito nas cidades maiores. Difícil deixar o jovem ir e vir só. Já não confiamos como antes. O pai ou a mãe ficam ali esperando o final da reunião. Duas três horas (depende muito do Grupo que leva a sério a pontualidade Escoteira e a retidão do horário). É cansativo. Mas chega uma hora que passam a gostar das atividades. E se já ficam ali esperando porque não participar diretamente? (o começo do vírus escoteiro é aí – risos)

Quando entra o casal muito bom. Se não pode haver discordâncias no lar. Claro que o filho une a todos e o seu sorriso quando de uniforme faz com que os pais se entendam. (tem casos que não).  Ai vem à parte mais difícil. Deixar que o filho ande com suas próprias pernas. A proteção familiar sem perceber se estende ao grupo. Muitos pais acreditam piamente que isto não acontece. Os demais chefes da sessão olham de outra forma. Quando o Grupo Escoteiro tem boa estrutura tudo se resolve satisfatoriamente.

Mas não é fácil. O espirito Escoteiro ainda não foi assimilado. Existem casos que isto até prejudica ao filho. Principalmente quando um dos pais é o titular da sessão e quer mostrar que ali não tem proteção. Outros casos são que os pais tem receio de fazer certos tipos de atividade que julgam ser perigosas. Não viveram aquela situação e não é fácil participar confiando. Se temos nas sessões escoteiras escotistas bem formados o problema inexiste. Caso contrário à discórdia poderá se um fato que prejudica em muito o filho ou a filha que aos poucos vai sentindo uma animosidade com sua pessoa.

Não é fácil a convivência entre adultos seja no escotismo ou em qualquer parte da sociedade. Uma solução seria um Diretor Técnico com mentalidade aberta, democrático e com boa vivencia no escotismo. Teria que ser um “Salomão” para resolver contendas, um psicólogo para aconselhar e um político (no bom sentido) para resolver tudo entre todos os participantes adultos. Mas sabemos que temos poucos desses escotistas no cargo de Diretor Técnico.  Pelo que vejo pelo que ouço e por histórias contadas o Conselho de Chefes de Grupo praticamente inexiste em boa parte dos grupos escoteiros.

Mas apesar de tudo, se não fossem os pais o destino do escotismo teria sido outro. Talvez bem pior. Eles trouxeram sangue novo. Ideias novas. Vontade de fazer e agir. Louvo isso. Só está faltando que aqueles que aderem a órgãos superiores sejam mais compreensivos nas decisões e na formação de ideias, pois muitos estão dizendo até que BP está ultrapassado, que o mundo é outro, que os jovens aspiram outra forma de atividade. Mil explicações.

Não discuto. Até acho válido. Quem sabe esses poucos que pensam assim não deveriam criar outra organização? UJF (união dos jovens do futuro). Ali eles ou até mesmo escotistas mais antigos poderiam por em prática tudo que acham válido, podem ser criativos, ter um belo traje, um lenço diferente (quem sabe um belo chapéu australiano – risos). Poderia até ser um caminho que precisamos para trazer todos os jovens a uma organização infanto juvenil. Mas o escotismo não. O escotismo é único. O escotismo é aquele de BP. Adaptar sim mudar nunca. A época da carrocinha passou. Não dá mais para sair em Patrulha com ela ao campo. Agora precisamos adaptar outros meios de transporte. Mas só nestes poucos casos posso concordar.

Bem vindo os pais. Eles são hoje o baluarte do Escotismo nacional. Tem um longo caminho ainda a percorrer, mas quem sabe eles serão a solução do futuro? E para encerrar, não se esqueçam. Se querem mesmo mudanças lembrem-se da UJF. Lá é o lugar certo para isso. Risos.

domingo, 8 de abril de 2012

O Comissário, o pistoleiro, o Delegado, o peixe e tantas lambanças que ficaram no passado.



VOCÊ JÁ LEU AS ANTERIORES? FAMOSAS LAMBANÇAS DO PASSADO.

O Comissário, o pistoleiro, o Delegado, o peixe e tantas lambanças que ficaram no passado.

De volta com as lambanças. Já contei tantas aqui, porque não mais algumas? Alguns dirão: Chefe! Isto é uma obra de ficção, hipotético, invenção sua. Outros irão acreditar. E eu? Fico na minha. Não digo nada. Olhe vivi tantas coisas que de vez em quando minha mente confunde a verdade da ficção. Afinal foram tantos anos e como dizem – Eram dois caroços de feijão no passado e hoje dá para fazer uma feijoada para toda a família. O tempo, só o tempo multiplica o passado. Risos. 


Mais duas lambanças. Lembranças do passado. E acredite se quiser.

Primeira – 1968. Comissário Regional em Minas. Viajando pelo interior visitando Grupos Escoteiros. Um convite interessante de uma cidade próxima a Caratinga. Peguei o noturno da Central do Brasil até Ponte Nova. Lá embarquei no trem misto da Estrada de Ferro Leopoldina. Ela me levaria até a cidade próxima a Caratinga, onde deveria ir. Viagem normal. Gostosa. Uma parada em uma estação. Lá fora dezenas de policiais armados até os dentes. Ninguém na plataforma. Uma voz gritou alto! – “Zé Neguinho, desça com as mãos para cima! O trem está cheio, desça sem fazer mal a ninguém”. Ele se levantou da poltrona próxima a minha. Assustado. Olhou-me.

- Bolinha? É você? (meu apelido de infância) Incrível, era o Zé Neguinho do Passado. Das brigas homéricas em Governador Valadares. Briga entre mim e ele. Motivo? Não sei até hoje. Acho que ambos gostávamos de brigar. Lembrei-me imediatamente. Dei um sorriso e disse – Zé, de novo? Pensei que tinha morrido cabra da peste! – Ele riu e disse – Acho que não vou morrer tão cedo. Mandou um passageiro que estava do meu lado sumir e sentou ao meu lado.

- Sabe a melhor briga? Disse ele. Foi aquela no morro da Pastoril. Só eu e você. Ninguém para assistir. Brigamos quase uma hora. Depois você sentou e eu também. Nós dois “pregados” olho roxo, sangue no nariz. Ficamos olhando um para o outro e você disse. – Filho da Puta! E eu disse – Filho de uma égua! E caímos na risada. Essa valeu. Foi a nossa última? Perguntou. - Acho que não respondi. Tivemos mais uma na Rio Bahia, próximo à ponte do São Raimundo, eu já ia fazer 17 anos.

A voz lá fora do Delegado foi mais forte – Saia com as mãos para cima e vamos evitar um tumulto onde podem morrer muita gente! Zé Neguinho gritou – Delegado, espere! Saio em cinco minutos. E ficou ali comigo a lembrar. Não sei se éramos amigos. Não sei. Brigávamos pelo menos quatro a seis vezes por mês. Quando passava mais tempo sentia falta. – Ele apertou minha mão. – Olhe – disse – Você foi o único Escoteiro que me enfrentou sozinho sem a cambada. E deu grandes risadas. Levantou me olhou com aqueles olhos esbugalhados que já conhecia, deu uma bela de uma gargalhada e saiu se entregando a policia.

Segunda – Acampamento em Derribadinha do Rio Doce. Lá tinha uma pequena gruta. Dava para ficar a Patrulha. Resolvemos fazer um pesqueiro. Íamos sempre lá. Levei seis lanches, Romildo mais seis. Éramos só quatro. Dois tinham faltado. Mamãe fez lindos lanches de pão com carne moída. Colocou gostosos molhos. Comemos todos até fartar. Mas no dia seguinte deu alguma coisa errada. Comi mais dois lanches. De calção estávamos a fincar estacas na beira do rio com água na cintura. Dois foram cortar capim para forrar as estacas no fundo.

Uma dor de barriga tremenda. Romildo também. Os dois que não comeram não sentiram nada. Cheguei a rolar no chão de tanta dor. Fui para a gruta. Deitei gemendo. Dormi. Acordei noite escura, ninguém ali. Só eu. Chegaram quatro homens mal encarados. Olharam-me e riram. Acenderam uma fogueira. – Vamos assar este menino! 

– um disse. Agarraram-me pelas orelhas. Gritei, chamei Romildo, Fumanchú, Israel e Tonho. Ninguém apareceu para me ajudar. Um medo terrível!

Gritava e gritava. Berrava de medo. Eles rindo. Romildo gritando – Acorda Vado, acorda! Acordei suando. Ainda era dia. Um pesadelo. Puta Merda! Parecia verdade. Terminamos o pesqueiro. À tardinha Tonho pegou um piau que dava mais de dois quilos. No nosso fogo estrela ele jazia lá, tostando. Peixe frito na brasa. A noite veio. Barriga cheia. Todos foram dormir. Eu não. Achava que nunca mais dormiria ali. Risos.

E como digo no final das minhas histórias, acredite se quiser
E quem quiser que conte outra!