Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sexta-feira, 21 de março de 2014

Chico Patávio, não provoque os fantasmas, um dia terá seu troco!


Lendas escoteiras.
Chico Patávio, não provoque os fantasmas, um dia terá seu troco!

              Chico Patávio tinha um ano de Sênior. Foi Escoteiro e fez a Rota Sênior desanimado. Achou que não ia dar certo. Ficou na Patrulha Rio Longo. Tudo ali mudou para ele. Uma amizade que nunca tinha visto igual. Respeito, sinceridade, alegria e fraternidade. Ele amava sua Patrulha e a tropa Sênior. Meio caladão. Falava pouco, mas todos gostavam de ouvir suas opiniões. Era uma tropa inteiramente masculina até que a tropa Escoteira feminina cresceu. Difícil criar uma tropa só de guias. No Conselho de Tropa aprovaram a vinda delas. Passaram cinco de uma vez. Uma rota Sênior difícil. Resolveram formar uma Patrulha feminina. Surgiu a Antares. Dizem que existe até hoje.

             Tudo era novo para os seniores. As moças eram tratadas a pão de ló. Uma época que o cavalheirismo imperava. Mas elas não gostavam deste tratamento. Passaram a desafiar as patrulhas masculinas e o pior, estavam ganhando em tudo. Sem querer surgiu uma animosidade logo quebrada com as vinda da Chefe Vanessa. Esta era calma e ponderada. Chico Patávio assistia a tudo calado. Mas ele não entendia sua queda por Tininha. Passou a sonhar com ela, que a levava ao cinema, passeava com ela no zoológico, mas era tudo sonho. Ela nem olhava para ele. Um dia mudou de tática. Disse a ela que tinha amigos fantasmas. Ela riu. Ele então inventou uma história do General Boca Torta e madame Cordélia do Papagaio. O que? Perguntou ela para Chico Patávio.  Um dia lhe conto. Ela ria e ele insistia que era verdade.

                Uma noite Chico Patávio acordou assustado. Ofegante tentou lembrar-se do sonho e não conseguiu. Isto aconteceu outras vezes. Foi em uma noite de agosto, relâmpagos prá todo lado, trovões que faziam assustar os mais valentes dos escoteiros, que Chico Patávio viu pela primeira vez o seu fantasma. Em carne e osso a sua frente o General Boca Torta a rir para ele. Horrendo! Um corte que ia da sua boca até a orelha direita. Pior, sangrava. Fedia. E ele ria e quanto mais ria mais sangue saia. – Vem cá Chico. Vem me dar um abraço! – Chico corria a mais não poder. Ele dando gargalhada atrás dele. Seu uniforme de General estava rasgado, sujo de barro o quepe virado para trás dava a ele uma figura não convidativa para abraçar. Chico Patávio tropeçou e ele o General o pegou com uma só mão, o levantou no ar, chegou seu rosto ao dele e deu uma gargalhada que soou por toda cidade de Cruz Verde.

                Chico Patávio acordou gritando. Putz grila! O que fui inventar? Levantou e foi trocar seu pijama. Estava todo molhado. No sábado na sede nem tocou mais no tal fantasma do General Boca Torta. Tininha quando terminou a reunião foi até ele e perguntou – Vai ou não vai contar? – Nem pensar! Nem pensar. Tininha ria gostosamente de Chico Patávio. O acampamento anual seria no próximo mês. Todos se preparando. Seriam oito dias, férias escolares, sempre fora o máximo na vida da tropa Sênior. Agora uma nova experiência. Meninas junto a eles. Elas não gostavam de ser chamadas de meninas. – Vamos dar uma lição a eles disse Marcia, a monitora. Dito e feito.

                  Na noite do quarto dia as patrulhas masculinas se reuniram. – O que houve? Quem perguntava era o Mário Monitor da patrulha Pico da Neblina. Olhe eu não sei disse Tito Livio, Sênior da Rocha Vermelha. As meninas ganham tudo. E não ganhamos nada. Chico Patávio nada dizia. Desde que chegara nunca mais andava sozinho na mata, no bambuzal e a noite sempre dava desculpas para não participar dos jogos noturnos. O medo do General Boca Torta era enorme. Ele sabia que fora um sonho, mas agora tinha horror a fantasmas. No sétimo dia, o Fogo de Conselho foi o máximo. Uma amizade enorme surgiu entre as patrulhas. A Patrulha Antares foi finalmente aceita na tropa Sênior.

                   Terminado o fogo ficaram ali deitados em volta do calor da fogueira, olhando as estrelas, conversando e alguns cantando numa amizade invejável. Chico Patávio viu Tininha se esgueirar entre as árvores e foi atrás. Pé ante pé, a seguiu por alguns metros. Estava intrigado por ela não falar a ninguém aonde ia. Incrível – Lá estava ela conversando nada mais nada menos que com o General Boca torta! E pela primeira vez Chico Patávio viu a namorada do General madame Cordélia. Os três pareciam ser bons amigos. Foi então que o General deu uma enorme gargalhada – Chegue aqui Chico, venha participar da roda conosco! Gritou alto. Quem disse que o Chico Patávio ficou ali? Saiu correndo feito um louco e só parou quando escondeu dentro de sua barraca, debaixo do saco de dormir e coberto com uma lona da cabeça aos pés.

                   Tininha o procurou no dia seguinte. Ele não queria ouvir. – Calma Chico! É só um espírito que se foi! – Para mim um fantasma isto sim. – Ele não faz mal a ninguém e precisa de nossa ajuda, falou Tininha. – De mim nunca. Dele só quero distância. Chico Patávio pensou em deixar os seniores. Quase fez isto se não fosse a Tininha ter ido a sua casa. Explicou para ele que não existem fantasmas. Tem gente que vê tem gente que não vê. São pessoas que morreram e precisam de ajuda. Chico Patávio ouviu calado. Mas ele nunca iria ajudar um morto. Nunca. O medo dele com defuntos era enorme.


                   Bem a história termina aqui. Muito depois soube que o General Boca Torta se chamava Alfredo. Morreu cortado no rosto por uma baioneta na guerra do Paraguay. Madame Cordélia era sua esposa e nunca o deixou só. Mesmo podendo ir para um lugar melhor ficou ao lado dele enquanto precisava dela. Tininha dizia, tinha mediunidade. Ajudava dentro de suas possibilidades. Mas esta é outra história. Aqui são dos escoteiros. Dos valentes seniores que não tem medo de fantasmas. Medo? Pergunte a eles! São valentes, durões e desafiam sempre os fantasmas das florestas e das montanhas distantes. Afinal, ser Sênior é que é bacana. Valentes, valorosos, enfrentam o perigo de frente, claro, até que não apareça nenhum fantasma na frente deles. Kkkkkkkkkk.  

segunda-feira, 17 de março de 2014

O escoteirinho sabido.


Conversa a pé do fogo.
 O escoteirinho sabido.

                   Os pais me pareceram snobes quando vieram fazer sua inscrição. Quando disse que eles teriam que fazer um pequeno curso de quatro horas para o filho ser aceito foi um Deus nos acuda. A mãe levantou e pegou o filho pela mão dizendo que não ia se submeter aquilo tudo. Ela tinha mais o que fazer. Ele gritou com a mãe e o pai. – Não sou idiota disse. Não queria vir aqui foi vocês que insistiram. - Agora aguentem e aceitem as normas! Nossa! Eu pensei. Ele teria quanto anos? Oito? Nove? O pai ficou parado. Vamos reunir em família. Foram lá fora e voltaram. – Tudo bem Chefe, que assim seja. No dia marcado eles apareceram. Fizeram o curso e foram apresentados ao grupo escoteiro no cerimonial. O filho recebido pela Aquelá. Todos os lobos apertaram sua mão. Ele parecia alegre. Ou pelo menos parecia.

                  Três reuniões depois Martinha a Chefe veio reclamar comigo. – Olhe Chefe, o sabe tudo está acabando com a Alcateia. Quer dirigir mandar decidir. Já reuniu duas vezes os lobos e disse que eles têm direitos. Não são obrigados a obedecerem tudo do Chefe. Que eles devem ler os Estatutos do menor e do adolescente. É difícil dialogar com um jovem como ele. Pela arrogância dos pais sabia que teria dificuldade. Soube que ele era superdotado. Estava liderando a Alcateia com nove anos. Conversei com o Chefe da tropa. Vamos fazer uma experiência? O Chefe ficou assim e assim. Nove anos? Tudo bem, vamos tentar. Vai para a Coruja, o Monitor é mais velho e durão. No programa a tropa ia acampar três semanas depois. O Monitor disse ao Chefe que ele não devia ir. Estava muito verde ainda.

                    Ele me procurou. Precisavam ver sua pose ao falar comigo. Exigia seus direitos. Nove anos o danado e pensei que quando crescesse seria um barril de democracia. – Tudo bem, você vai. Mas se chorar lá não vai voltar. Só no final do acampamento. Ele riu – Chefe sou homem e sou macho. Sem decidir minha vida. Chegou com uma mochila e apetrechos que tomavam todo seu corpo. Ele sumiu atrás da tralha que escolheu. Disse a ele que o ônibus nos deixaria quatro quilômetros do local do campo. Ele riu. Chefe precisa me conhecer melhor. Não sou de desistir nunca. Nunca pedi ajuda e nunca irei pedir. Sei o que faço. Dito e feito, dois quilômetros e ele para trás, três e ele sumiu de vista na curva da estrada. O Monitor voltou para ajudar.

                       No primeiro dia ele corria para todo lado. Parecia mesmo ser um jovem esperto com seus nove anos. Tudo aconteceu à noite após o jantar. Não gostou da janta. Procurou-me para levá-lo até um restaurante a beira da estrada. Eu estava com meu automóvel. – Nem pensar meu jovem. O que você comeu todos comeram. Chefe eu não comi nada! Porque não quis. Quem sabe o cozinheiro deixou uma porção para você na panela? Dito e feito, ele começou a gritar, a chorar e deitou no chão pegando a maior manha. Passou a noite toda chorando. Não o levei e nem mandei recado aos seus pais. Boi bravo é assim que aprende pensei. Certo ou errado ele ficou lá os quatro dias. Parou de gritar e chorar. No retorno vi que sua mochila diminuiu. Falei para o Monitor. Ele jogou fora boa parte de tudo em um barranco para diminuir o peso.

                    Na chegada seus pais estavam lá esperando. Ele desceu do ônibus e calado foi com a patrulha para guardar a tralha da patrulha. Estava uma luva agora. Obediente e disciplinado. Na semana seguinte seu pai me procurou - Chefe, meu filho mudou e para melhor. Parece outro menino. O que houve? Não entrei em detalhes. Disse que o escotismo é trabalho em equipe. Aprender a fazer fazendo. Ele aprendeu. – Seu pai agradeceu. Depois fiquei sabendo que era um alto executivo na Ford. Sua mãe advogada em um dos melhores escritórios de advocacia da capital. Os anos passaram e o escoteirinho lá conosco.


                       Três anos depois fui morar em outro bairro. Um grupo próximo a minha casa balançando para não fechar. Precisava de ajuda. Mudei de grupo. O escoteirinho eu o vi nove anos depois em uma atividade regional. Era outro, precisavam ver. O Que o escotismo pode fazer não? A vida é assim mesmo. Acampamento é para os jovens aprenderem a lutar pela vida. Dar cobertura, passar a mão na cabeça, chamar papai e mamãe para leva-lo não é o certo. Bem casos são casos. Cada um tem seu estilo. Este deu certo graças a Deus!

domingo, 16 de março de 2014

Saudades do meu Balu


Conversa ao pé do fogo.
Saudades do meu Balu

          Não sei por quê. Já se passaram tantos anos e ele me veio à lembrança. Todos nos o chamávamos de Balu, ele tinha um sorriso enorme, uns olhos negros brilhantes, não era gordo, não tinha bigode e nem barba. Quando chegava ao grupo se aproximava da gente com o andar do Urso da Selva, e sorria... Que sorriso lindo – Lobos! Melhor Possível! Melhor Balu, melhor e melhor! E agente corria para ele, pulava em suas costas e ele caia pelo chão rolava com a lobada para lá e para cá. Em toda minha vida de lobo, eu amava minha Alcateia, ali eu sonhava como se estivesse dentro dela da Grande Selva de Mowgly. As histórias que Akelá contava a maneira da Baguera pulando e contando, e a Kaa se enroscando no chão, nas árvores me transportavam junto ao Lobo Gris e seus irmãos para dentro da floresta. Mas o Balu era diferente, ele ensinava a gente a subir em árvores, a descer pela corda a correr, a nadar e mergulhar no lago sem incomodar as rãs.

         Balu oh! Balu! Onde anda você hoje? Sei que estou Velho, alquebrado já não sou mais aquele menino de outrora, quando sentava na sua barriga e você boiava no lago das Meninas, quando me ensinou a tirar espinhos, quando me ensinou a comer os frutos bons. Balu! Que saudades! Nunca esqueci o canto do Louva Deus, o canto da Cotovia, a maneira dos pardais quando acordavam nas madrugadas e voavam em círculos em barulhos gostosos de ouvir. E como você imitava os macaquinhos pregos a chamar sua prole, e sabe Balu nunca esqueci quando você me contou que Mowgly foi raptado pelos Bandarlogues, os macacos sem lei e pouco asseados e o levaram pensando que ele conhecia o segredo do fogo. Era um segredo dos homens. E sabe Balu sei que você, a Baguera e a enorme serpente libertou Mowgly. Você Balu se disfarçou de macaco e dançou até encontrar o Rei Lu. Eu sei Balu que o Rei Lu tentou impedir que salvasse seu amigo Mowgly.

           Oh! Balu quantas coisas lindas você me ensinou e contou? E quando eu fiquei em recuperação em matemática? Foi você meu querido amigo quem me ajudou. Saia altas horas do seu emprego de vigia e ia a minha casa me ensinar. Sabe Balu você era um vigia Professor. Lembro-me de sua mãe dona Mercedes cozinheira da família Borges, que o amava mais que tudo. Chamavam você de tantos nomes só porque você era negro, mas Balu, igual a você nenhum branco podia se comparar. Eu tinha você no meu coração, não só eu como toda a Alcateia. Nunca esqueci quando você partiu. Disse-me que não seria para sempre, era somente um até logo, mais nunca mais vi você Balu. Nunca mais. Naquele acampamento que fizemos atrás da mata do Quati, eu senti uma saudade enorme de você Balu. Eu o Levi, o Nonato, o Pardal, o Zé Bulacha, e tantos outros ficamos chorando quando terminou o fogo do conselho. A Kaa Naldinha tentou nos alegrar nos fazendo dançar e a dança do fogo. Mas não adiantou.

            Sabe Balu, ninguém ficou sabendo por que você se foi. Uns disseram que sua mãe voltou para Nazária no Interior do Piauí. A mãe dela faleceu e deixou um sitiozinho para vocês. Olhe Balu não sei se você foi feliz lá na sua nova terra, mas enquanto você foi nosso Balu nunca em minha vida eu senti tanta felicidade. Eu fui feliz muito na minha vida escoteira, mas como lobinho eu fui muito mais. A gente fazia excursão, nadava no rio, atravessava pinguelas, brincava nas porteiras das fazendas, dormia sob as estrelas, entrava na selva que você dizia ser a Jângal, uma época que não sabíamos o que significava até que você disse que era uma grande floresta. Quantos acampamentos fizemos, em quantos galpões das fazendas dormimos nas noites de tempestades. Você lembra quando o Chiquinho passou a noite gemendo de dor de barriga? Comeu tantas goiabas verdes e só foi melhorar pela manhã. E você Balu, lá estava você ao lado dele, cantando, brincando até que ele dormiu pelas tantas da madrugada.

           Sabe Balu, só fui saber seu nome muitos anos depois. Gravei na minha memória para sempre. Juventino Honório Santos. Precisava escrever sobre você, precisava mesmo. Sei que você já deve ter partido para o mundo da felicidade. Eu tinha 10 anos quando você foi embora e me disseram que você tinha 25. Uma diferença de 15 anos. Hoje se estiver vivo vai estar com 88 anos. Será que ainda vive? Será que está sentando na beira do rio com seu cigarrinho de palha a pescar traíras e corvinas? Não sei. Não sei mesmo. Estou longe da sua terra, mas hoje não sei por que me lembrei de você. Saudades do meu Balu. Um Chefe que amei tanto que até hoje eu tiro para você o meu chapéu!

Anrê, Anrê, Anrê. 

Muito além do por do sol existe um sonho!



Hoje me mandaram uma mensagem, li e compreendi e agradeço a quem me enviou :

- me perdoe a franqueza, mas se vc não vive o escotismo atual, deve-se abster de tecer opiniões sobre o que praticamos.......é muito legal quando vc lembra do seu tempo ...... mas tem muitos tradicionalistas e anti escotismo usando o seu texto pra atacar os regulamentos do escotismo.........e ainda muita gente que não conhece escotismo e le este texto, vai achar que o escotismo é uma droga.....

Para ele, quem sabe ainda não descobriu onde o por do sol se põe, onde um escotismo gostoso não tem hora data e local, e não importa se foi ontem hoje ou amanhã, ele sempre foi e sempre será o mesmo. Não importa o que fiz em um passado distante o que faço hoje. Amo o escotismo como qualquer um que dele participa, quem sabe muito pois luto por uma autêntica democracia transparente e para isto tenho de aceitar a opinião de todos, mesmo que não concorde... Sempre Alerta!

Conversa ao pé do fogo.
Muito além do por do sol existe um sonho!

           Escotismo! É meu amigo, ele tem uma força que dobra o mais valente com seu método, com sua filosofia, com sua promessa, com o sabor de aventura, onde se pode ir onde jamais se sonhou. Quem não se encantou um dia ao cantar o Rataplã? Quem não sorriu um dia ao ver o espetáculo do amanhecer em uma barraca na orla de uma floresta? E porque não dizer de sentir a fumaça do fogão, o cheiro de uma refeição inconfundível, os olhos vidrados na panela mágica, se coloca um galho aqui, uma lenha ali, ver o aguadeiro levar a água que dará a todos um manjar dos deuses? Escotismo marca. É como o ferro em brasa que escreve em nossos corações um amor difícil de explicar. Um caminho de alegrias e felicidade.

           Escotismo! O que você tem meu amigo? Que força é essa que nos atrai? Que nos hipnotiza e nos faz correr atrás de você, de peito aberto em busca de aventuras? A cada dia se vai descobrindo um lindo e belo caminho a seguir e mais e mais este escotismo vai fincando raízes que nunca nos abandonarão. Rimos das coisas simples do dia a dia, como lavar uma panela lá no riacho, mas tem cena mais linda? Quando você fez isto? Nunca eu sei. Nunca você cortou um bambu e quando você olhou para ele o viu dizendo: - Serei seu banco, sua cama, serei aqui para você sua casa seu lar. Simples não? Mas você amou tudo aquilo.

          Falar que você viu o nascer e o por do sol não vale. Já foi falado. Falar que você pode ver as estrelas no céu também não vale. Já foi visto. Mas dizem que a primeira vez é que a gente nunca esquece e isto vale. E todos nós sempre tivemos nossa primeira vez. Dormir em uma barraca, junto com amigos que brincam que contam piadas e acordar de madrugada sem o cobertor, pois lá não tem a mamãe para olhar você. Acordar e ver o sol entrando na barraca. Sair, esfregar os olhos e todos a correr para tantas aventuras que virão.  Mas preste atenção em coisas simples, que um dia vai fazer você recordar e pensar que agora elas se tornarão tão importantes em sua vida que sua mente. Quando você se lembrar quem sabe, terás um pouco de nostalgia, de saudade, que às vezes machuca e então você quer voltar no tempo e ir lá onde sempre esteve nos tempos de juventude.

         Um jogo, um abraço, um Monitor alegre, amigos do peito na Patrulha que lhe dão orgulho e quando juntos dão o grito tem uma coisa que fica mexendo com você. Você não sabe se ri se chora se abraça todo mundo, mas não para por aí. E quando senta a moda índia em volta de uma fogueira, já noite alta, e as chamas insistem em subir aos céus, iluminando as árvores, aquela coruja que olha a todos com surpresa, o rosto de seus amigos, os olhos que brilham como se ali estivesse à fogueira dos sonhos e então você pensa - Que lindo isto! Mas não param suas surpresas, todos cantam canções lindas, brincam ao redor do fogo e aos poucos você descobre que é a pessoa mais feliz do mundo!

       E quando chega a hora de apagar a fogueira, de voltar a sua barraca, de dar um belo sorriso quando for dormir, eis que todos dão as mãos, entrelaçadas, ainda ao redor do calor do fogo, dizendo que não irão se separar nunca, que não é mais que um até logo, um adeus que não existe, pois é apenas um até breve e você quase chora. E todos apertam mais e mais as mãos e dizem que um dia de novo irão se encontrar aqui ou em outro fogo. Você quando ouve e canta que o senhor protege e abençoa a todos, você não sabe mesmo se vai chorar. Chorar? E quem não chora? Ali não têm valentes assim. Não dá para segurar. E seus olhos ficam marejados. Lagrimas irão cair. Deixe cair. É bom. Ajuda a amar mais e mais este movimento incrível!

       Além do por do sol, além do arco íris existem sempre alguns escoteiros ou escoteiras que lá estão acampando. Estão a viver um mundo incrível. Uma aventura sem igual. Irão lembrar que o amor entre eles nada e ninguém vai separar. Vamos deixar o vento soprar, que venha o vendaval, que venha a brisa fria do leste. Que o orvalho caia e molhe a fronte de todos, pois isto é nossa marca que veio para ficar. Deixe que tudo aconteça normalmente. Olhe para o regato, veja uma folha que caiu na correnteza e vai aos poucos sendo levada para mar. Deixe o escotismo entrar em você. Aos poucos. Deixe seus olhos passear nas campinas verdejante, nos peixes saltitantes no rio formoso. Deixe que vejam as flores silvestres que desabrocham, abra os olhos e os ouvidos e veja o beija flor com seu bailado de mestre, a dançar em volta dos papagaios, dos bem-te-vis, dos pardais coloridos. São tantas coisas belas que você vai poder viver e guardar para sempre no seu coração.

         Além do por do sol, além do arco íris, existe um sonho. Real. Simplesmente fantástico. Escoteiros e escoteiras lá estão vivendo uma vida de aventuras. Isto é extraordinário. A montanha azul que lá está, é a casa deles. Vá você também viver o que eles vivem. Vamos! Eles vão receber todos de braços abertos com amor no coração. Pois sabem que além do por do sol, além do arco íris é ali que eles encontraram a verdadeira felicidade!


       Vamos, coloque sua mochila, desfralde sua bandeira e diga alerta para os que ficaram e grite alto: Avante! Sempre Juntos! Em frente marche! Cante uma bela canção e parta com eles em busca dos seus sonhos. Rataplã do arrebol, escoteiros vede a luz! Rataplã olhai o sol, de um Brasil que nos conduz!