Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 25 de maio de 2013

Conversa ao pé do fogo. Como vivíamos antes de 1945?



Conversa ao pé do fogo.
Como vivíamos antes de 1945?


Eis uma pergunta interessante Muitos jovens ao ouvirem esta crônica vão argumentar:
 “Ora, vim da mesma maneira que viveram nossos antepassados”.

Tudo bem, o raciocínio está certo. Entretanto vejamos como era a existência antes dos inúmeros eventos que surgiram nestes 50 anos e sem as mordomias científicas de hoje. Nós nascemos antes da televisão, antes da penicilina, da vacina Sabin, da comida congelada, da fralda descartável, do Xerox, do plástico, das lentes de contato e da pílula. Nós nascemos antes do radar, do cartão de crédito, fissão de átomos, raio lazer e canetas esferográficas. Antes da máquina de lavar pratos, cobertores elétricos e ar condicionado.

Nós nascemos antes dos direitos humanos, da mulher que trabalha fora de casa, da terapia de grupo, dos SPAS e dos Flats. Nós nunca tínhamos ouvido falar em vídeo cassete, computadores, vídeo games, “danoninhos” e rapazes de brinco. Nós nascemos antes dos antibióticos, dos transplantes de coração e do Viagra. Todavia, mesmo sem este remédio a população decuplicou. Era uma época de famílias numerosas, oito a doze filhos... As moradas só possuíam um banheiro e é fácil de imaginar a fila de espera pela manhã. Casávamo-nos primeiro e só depois morávamos juntos. O casamento não era descartável. Os casais viviam junto durante muitos anos e acreditem, com os mesmos parceiros!

Gente estranha não?

Sexo era tabu. Motel? Tornar-se-ia apelido pejorativo de Hotel. Éramos tão inocentes que acreditávamos na existência de Papai Noel... E que a cegonha era mãe de todos os bebês. Nos nossos dias fumavam-se cigarros livremente. Erva era usada para fazer chá, coca era refrigerante, pó era sujeira, Biquíni era uma ilha do Pacífico e sacanagem era palavrão.

Embalo era como se fazia para crianças ir dormir, Lambada era chicotada. Fio dental servia para higiene bucal e malhar era coisa de ferreiro. Nós fomos à última geração tão boba, a ponto de que se precisava de um marido para ter um bebê. Além disto, éramos tão ingênuos que cedíamos lugar para uma senhora sentar na condução e pagávamos a despesa quando saíamos com a namorada.

A geração de hoje, talvez olhe para nós com cara de espanto, tentando saber como sobrevivíamos com tão poucos recursos e manias estranhas e esquisitas... Bem, nós nos contentávamos com o que tínhamos. Tínhamos o bonde e as praias despoluídas. Quando não era possível ir à Miami, fazíamos passeios à Ilha de Paquetá, Petrópolis, Santos ou Guarujá.

Tínhamos as brincadeiras de rua, os bailes de formatura, as novelas da Rádio Nacional. Curtíamos o delicioso namoro no portão, com todo respeito. E as favelas eram apenas temas de belas músicas. Também fazíamos passeios ao Joá, e ao Pico do Jaraguá ou na Barra que era então um grande areal. Existiam muitos terrenos baldios, onde a garotada se divertia e jogava pelada. E o mais importante, andávamos pelas ruas sem medo de assalto ou sequestro.

Parece muito pouco, quase nada comparado com a trepidante época atual. Mas éramos felizes, inocentes, românticos e sem a terrível competição de hoje. Não é de espantar que estejamos hoje confusos e haja tamanha lacuna entre as gerações.

Mas nós vivíamos! Sim, nós vivíamos e continuaremos a viver, apesar das próximas invenções.

Henrique Nigri – autor.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Conversa ao pé do fogo. O belo do escotismo está em sua simplicidade.


Conversa ao pé do fogo.
O belo do escotismo está em sua simplicidade.

                     Faça escotismo não faça a guerra. Uma metáfora interessante. Hoje me questionei sobre muitas coisas. – Quanto tempo nós escotistas ficamos com nossos jovens? – Duas horas por semana? Três? Poderíamos somar as atividades extra sede, mas sei que na maioria dos grupos elas não são tanto assim. Nestas horas procuro ver se nosso caminho percorrido foi ou está sendo realmente frutífero. Gosto muito de ver o vídeo de Ian Hislops, detalhando o Escotismo para Rapazes de Baden Powell. (Youtube Escotismo para Rapazes segundo Ian Hislops-Ficheiro único (pt-pt)). Claro ele faz uma analise subjetiva do escotismo de BP. Disseca de uma forma simples e deliciosa o livro Escotismo para rapazes. Pergunto-me se o passado e o presente não podiam andar na mesma trilha. Muitos acham que não e dão centenas de exemplos. Então me pergunto novamente – Quanto tempo ficamos com os jovens por semana? Porque a pergunta?

                          Estamos hoje com uma preocupação constante com o Escotista. Seja na Alcatéia seja na tropa. Desenvolveu-se uma parafernália de cursos, visando aprimorar e qualificar o adulto para que possa desenvolver bem suas funções de líder Escoteiro. São centenas de formadores por todo o Brasil dando todo apoio aos chefes na sua labuta na Alcatéia e na tropa. Mas eu me pergunto. Será isso excencial? Tantas informações, técnicas, para apenas duas ou três horas por semana? É necessário mesmo? Eu me pergunto quanto deles leram os três livros básicos de Baden Powell. Convenhamos que se olharmos um simples professor de uma escola secundária ele não recebe tantas informações assim para desenvolver sua atividade. Bem não cabe aqui comparar, mas vejam onde quero chegar. Nos primórdios do escotismo BP sentiu que não poderia deixar os jovens ao “Deus dará”, sem ter pessoal qualificado para ajudá-los no seu novo sonho aventureiro. Nos bosques, matas via-se meninos a correrem como se estivessem fazendo tudo àquilo que leram nos fascículos que ele escrevia. Ansiavam aventuras. Viver na natureza. Fazer o que ele descreveu tão bem de atividades aventureiras.

                           Para testar as habilidades e conhecimentos BP fez acontecer o primeiro acampamento Escoteiro em Browsea. As bases para deixá-los fazer fazendo foram assentadas. O tempo foi passando. Até alguns anos atrás (acredito até a década de oitenta) tínhamos três cursos básicos para que o adulto pudesse adquirir conhecimentos e chegar a Insígnia de Madeira. Nestes cursos ele vivenciava muito a vida ao ar livre, os acampamentos, vida em equipe, e com isto o método e o programa foram mantidos na formula que BP acreditava. Aconteceu que muitos jovens começaram a abandonar o escotismo. Os adultos começaram a mudar para atraí-los. Não havia mais uma continuidade nas tropas chefes advindo da própria tropa. Começou-se a criar uma estrutura burocrática que sem perceber dominou todo o movimento escoteiro. Os cursos foram alterados. Experiências e experiências foram feitas. Muitas sem esperar os resultados e implantadas como fato consumado.

                            Criamos sem perceber uma oligarquia que decide em nome dos jovens, fala pelo jovem e acredita piamente o que eles os jovens desejam e sonham. Claro, não esqueceram as belas coisas do método Escoteiro. Mas sem querer alienaram o jovem. É comum escotistas exaltarem seus feitos dizendo que a atividade foi linda! Que isto foi ótimo, que “meus” escoteiros adoraram. Esqueceram-se de perguntar os interessados e muitas vezes até perguntaram, no entanto a maneira usada para a pesquisa não deixa dúvida que o jovem vai dizer que gostou. A prova sim ou não o tempo mostra. A saída de muitos das fileiras escoteiras. Vejam o uniforme. Muitos escotistas dizendo o que o jovem vai ou não dizer a respeito dele. Outros até comentam que agora a procura será bem maior com o novo uniforme. Então não precisamos mais do método e do programa Escoteiro não?

                             Não sei, posso estar enganado, mas estão a cada dia complicando mais a estrutura Escoteira. Esqueceram que não somos profissionais, somos voluntários, temos nossas obrigações familiares e profissionais e o escotismo devia ser uma atividade que não assoberbasse tanto nosso tempo. Tentam toda sorte de dar conhecimentos nos cursos de formação. Para que? Duas ou três horas por semana? Não vou me iludir, sei que a responsabilidade é grande, mas o objetivo é um só. Formar jovens com ética, amor, fraternidade, honra respeito tudo isto vivenciado na Lei e na Promessa Escoteira. Mas afirmo se não estivéssemos complicando, se pensarmos como BP pensou, em deixar que o jovem aprenda a fazer fazendo, que lá na Patrulha ele vivencie sua turma de amigos e amigas, que eles pudessem fazer seu próprio programa baseado na orientação do adulto conforme prescreveu Baden Powell.

                          São duas ou três horas por semana. Só. O que precisamos? Simples. Motivar ao jovem participar espontaneamente, sentir que ele gosta de sua “turma”, que ele foi lá em uma tarde de sábado sabendo que ele seria mais um. Que ele poderia dar opinião, que ele fizesse o que gostaria de fazer. O Sistema de Patrulhas é simples. Na escola e em seu bairro ele vivenciou outras atividades, agora gostaria de encontrar outras. Muitas vezes nós mesmo complicamos tudo. O jovem na sede quer ver e sentir tudo aquilo que não vivencia fora de lá. Ficar em forma por mais de quinze minutos com alguém falando para ele, com alguém pegando em sua mão para ensinar, com Monitores brigões, com exigências descabidas, com ameaças gerais que costumam acontecer ele logo vai desistir.

                         Ainda acho que dois ou três cursos de formação seriam suficiente. Estamos enchendo os fins de semana com cursos e cursos e os resultados ainda não foram animadores. Escotismo não tem segredo. Qualquer um que entenda os objetivos do método e do programa, do fazer fazendo, do Sistema de Patrulha vai sem nenhum problema atingir o sucesso esperado. Já disseram e eu torno a repetir alguns temas que John Thurman disse em seu artigo os sete perigos: (os que não leram podem pedir o artigo completo).

Seriedade Demasiada. O Escotismo é algo sério, contudo, uma das grandes coisas é a alegria de participar dele, isso tanto para os dirigentes como para os rapazes. Em alguns países, há o perigo de se pensar em termos educacionais ou psicológicos e, enquanto fazemos isso, perdemos muito da nossa condição de "amadores". E vocês todos sabem que como amadores somos bons, mas como profissionais somos péssimos. Somos uma parte complementar na vida do rapaz; complementar na escola, dos pais, da igreja, e, mais tarde, do trabalho.

Sem dúvida, Baden-Powell tocou o dedo em algumas das mais formidáveis ideias e práticas que levam os rapazes a segui-las com entusiasmo, e nos métodos, e modo de manejar e guiar os rapazes. É por isso que devemos nos manter o mais possível dentro da simplicidade, da alegria e do entusiasmo que ele inspirou. Ele termina dizendo – Os únicos capazes e possíveis de pôr o escotismo a perder são os próprios chefes e dirigentes. Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento.


Feliz palavra de John Thurman. O mundo está mudando, e a mudança que o escotismo tem feito pode não está dando certo. Muitos rapazes e moças estão saindo. Reclamam das atividades. Precisamos meditar. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Os maravilhosos contos de Panchito Flores. Um Escoteiro aventureiro como eu fui.


Lendas escoteiras.
Os maravilhosos contos de Panchito Flores.
Um Escoteiro aventureiro como eu fui.

                      Nunca esqueci Panchito Flores, foi da Patrulha Onça Parda da mesma tropa onde fui da Raposa. Apesar de patrulhas diferentes havia uma amizade entre nós bem diferente dos demais da patrulha. Eu gostava de ouvi-lo contar histórias e ele parecia gostar também das minhas. Desde pequeno tinha aquele “it” de contador de historias. Eu sei que quem conta um conto aumenta um ponto. Mas não seria isto o doce sabor delicioso de uma boa história? Quando passei para Sênior Panchito Flores foi embora com seus pais. Passaram-se anos até que nos encontramos novamente. Era normal quando voltava do meu trabalho parar no bar Aurora e tomar um chope com dois quibes fritos. Sentava em uma mesa e refastelava de um dia da “Boca do Forno” na usina siderúrgica que trabalhava. Ficava pouco tempo e logo embarcava no ônibus que me levava a minha morada.

                      Lembro que um dia ao procurar uma mesa, pois o bar estava cheio me dei conta que lá estava Panchito Torres. Mais velho é claro, mas não podia ser outro. Aproximei-me e ele também me reconheceu. Efusivamente ficou de pé e gritou alto em posição de sentido: - Sempre Alerta Escoteiro Osvaldo! Fiz o mesmo. Juntando os “cascos” gritei – Bem vindo amigo Panchito! Sempre Alerta! Sem perceber atraímos atenções gerais e sorrisos dos que estavam ali. Depois de abraços sem beijos nos sentamos para colocar a conversa em dia. E como rendeu. Dei conta por volta de uma da manhã. A barra ia pesar com a Célia. Fazer o que? Panchito era demais. Contou-me em pormenores as cidades por onde passou o que fez e os grupos escoteiros onde atuou. Combinamos de nos encontrar ali no Bar Aurora toda quarta feira do mês. Ele nunca faltou e eu também. A última vez notei que ele estava alegre, dando risadas, e sabe, é sempre bom estar em companhia de pessoas assim.

                    Panchito! Hoje você está na sua eim? - Pois é Osvaldo, hoje lembrei que poderia estar rico, muito rico, mas não acreditei e deixei a oportunidade passar. Mas quem não passa pela vida nunca aprende não é? Dizem que quem passa aprende mais que quem fica parado. – Verdade amigo, verdade. – Osvaldo, lembra-se da enorme Pedra que existia em Jardim Formoso? – lembro sim, A chamavam de Pedra da Laguna. Fui lá uma vez e jurei nunca mais voltar. Que subida! E olhe que era bom de escalada. – Pois é. Aconteceu comigo também, mas não tinha jeito, a patrulha sempre querendo saber tudo da pedra. Eu achava que ela tinha um certo encantamento. Dizem tinha mais de mil e oitocentos metros de altura. Não sei se era tudo isto. Você deve lembrar que acompanhando a pedra tinha um recôncavo de mais de seiscentos metros de extensão e fui aí que a história começou. Achamos que se fizéssemos uma picada até na ponta do recôncavo teríamos uma vista maravilhosa do Rio Formoso e outras cidades. Assim foi feito. Combinamos de voltar munidos de bons facões e machadinhas. Não seria difícil. O terreno era coberto por uma vegetação rasteira coberta por enormes samambaias. Mais de dois metros de altura.

                   Vi que a história seria longa. Mais uma vez iria enfrentar os olhos da minha querida esposa. Risos. Grande Célia. Dizem que ao lado de um péssimo Escoteiro sempre tem uma grande mulher – Mas voltemos a Panchito. – Pois é Osvaldo, mochila nas costas lá fomos nós. Bem cedo que era para aproveitar os dois dias. Sábado e domingo. Metemos a cara nas samambaias. Aprumei o rumo SSW para não haver duvidas e cair pelas beiradas da encosta e fomos em frente. Meia hora para cada um de facão e machadinha. Levou o dia inteiro. Levamos lanche para o primeiro dia e a velha e gostosa sopa de macarrão com linguiça para a noite. Interessante. Achei que em menos de quatro horas chegaríamos ao ponto. Nada disto. Começou a escurecer. O melhor a fazer era acampar por ali. Dia limpo, céu sem nuvens claro que não iria ter tempestades. Fizemos das estrelas nossas barracas. No domingo bem cedo continuamos. Ao meio dia chegamos na encosta. Não dava para ver nada.

                Tentamos limpar o mato e as samambaias na busca de uma ponta para ver o vale, notamos que pisávamos em umas pedras bem colocadas em forma de escadaria. Interessante. Ela descia pela encosta como se fosse um enorme caracol. Não dava mais tempo. Tínhamos que voltar. Engrenamos cinco sábados e domingos seguidos. Foi um custo convencer o Chefe Jessé da nossa nova atividade. Mas eram outros tempos. Patrulhas faziam escotismo no campo e não na sede. Bem cedo no sábado lá estávamos nós percorrendo com nossas bicicletas os vinte e dois quilômetros que separavam nossa cidade até o pé da Pedra da Laguna. Queríamos desvendar a todo custo o que seria a escadaria. No topo não tinha nada. Nenhum rastro de construções antigas. O que seria não sabíamos. Meio dia e chegamos na ponta da encosta. Notamos que o mato e as samambaias cresceram onde capinamos na escadaria. Impossível crescer assim em uma semana! Meninos, jovens cheios de vida não desanimamos. Escada abaixo eis que lá estávamos nós a procurar o mistério da escadaria sem fim.

                        A escadaria fazia a volta no recôncavo e na pedra. Notamos que para dar a volta nela precisaríamos de mais de oito fins de semanas. Não desanimamos. Foi Locardo um Escoteiro caladão que nos mostrou ao lado da escadaria um pequeno busto de uma Deusa Inca coberta de poeira e barro. Voltamos, pois o horário já estava avançado. Levamos conosco o busto. Na segunda feira mostramos para o Diretor do Colégio Dom Bosco o padre Esculápio. Ele achou que tínhamos roubado e deu o golpe do João sem braço. Recolher para averiguações. Bem meninos inocentes acreditam em tudo. Voltamos de novo na Pedra da Laguna. Descobrimos um enorme Cálice pesado, mais de trinta quilos. Foi difícil para trazer. Só com uma maca improvisada de camisas escoteiras. Você sabe, elas sempre foram uma salvação para nós. Desta vez procuramos o Professor Pinta Silgo. De novo em nome da ciência nos tomou o cálice.

                         A história se espalhou. No domingo seguinte centenas ou milhares de pessoas da cidade estavam lá tentando achar algum tesouro. Uma bagunça grande. Ninguém se entendendo. Foi necessário a policia e o prefeito mandou colocar uma cerca. Veio da capital uma equipe de arqueólogos. Não ficamos sabendo de nada. O tempo passou. Semana passada lendo um jornal da cidade li sobre as descobertas. O filho do Professor Pinta Silgo vendeu para um Museu de Berlim o Cálice por quarenta e cinco milhões de dólares e o sobrinho do Padre Esculápio vendeu para o museu de Madrid o Busto da deusa Inca por cento e vinte e cinco milhões de dólares! Osvaldo, não deu para chorar. Dizem que rir é o melhor remédio não achas?


                        Despedimo-nos e pela rua deserta era mais de meia noite fiquei pensando em tudo que aconteceu conosco no passado. Eu mesmo tinha muitas histórias para contar, mas não encontrei riquezas. Consegui sim fazer de minha vida uma felicidade que muito me valeu. Meu ônibus só chegou às duas da manhã. Agora era enfrentar a “baixinha”. Muitas e muitas quartas feiras eu e o Panchito Flores trocamos histórias. Aumentando um ponto ou não. Isto é que realmente dá sabor ao conto. Saber florear, procurar transmitir no papel o perfume das flores silvestres, tentar dar a visão ou a dádiva de ver um sol nascer em pontos distantes. Assim era Panchito Flores. Um dia vim para a capital. Esqueci de trocar endereços com ele. Nunca mais o vi, mas nunca mais esqueci suas histórias. São muitas. São coisas de escoteiros, coisas de aventuras. Só quem as teve sabe como é!