Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 15 de dezembro de 2012

O delicioso casamento do porquinho Markito, na Floresta Encantada do Seu Mathias.



Lendas Escoteiras.
O delicioso casamento do porquinho Markito, na Floresta Encantada do Seu Mathias.

                     Markito era amigo do Neném, que era amigo do Jofre, que era amigo do Leialdo, que era amigo do Natalino, que era amigo do Zefiraldo, que era amigo do Denis e que sempre foi amigo do Lelé e Geraldinho. Bem, só tinha uma diferença. Markito era um lindo porquinho rajado de cinza com branco. Os demais escoteiros da Patrulha Pica-Pau. Desculpem. Sei que não estão entendo e vou explicar. A Patrulha Pica Pau era da Tropa Escoteira Santos Dumont e esta era do Grupo Escoteiro Leão do Norte. Eram muito amigos até o dia que apareceu Markito. Ninguém não deu nada por ele. Estavam em reunião e eis que aparece um porquinho pequeno, branco e cinza e melhor, limpinho. Parecia porco de cinema.

                      No cerimonial de bandeira ele ficou entre o Monitor da Pica-pau e o patrulheiro seis. Eles acharam graça e ninguém falou nada. Nem o Chefe da tropa. Durante toda a reunião ele acompanhou a Patrulha. Quando foram para casa pensaram que nunca mais iam ver o porquinho. Engano. No sábado seguinte lá estava ele, e no próximo e no próximo. Sem perceberem ele virou um patrulheiro. Formava, quando davam o grito ele grunhia junto. Em pouco tempo se tornou uma celebridade na tropa. Onde morava, como se alimentava ninguém nunca soube. Fizeram pesquisa na vizinha e nada.

                     Dois meses depois a tropa foi para um acampamento de quatro dias aproveitando um feriado de finados na fazenda do Seu Mathias. Na saída ao subir no ônibus lá estava o porco. Já o haviam apelidado de Markito. Disseram que ele parecia com um Sênior namorador do grupo e quando ele soube disto virou “bicho”. Brigou, berrou, levou o caso para O Conselho de Tropa, para a Corte de Honra e nada. O apelido do porco ficou. Markito deu um salto gigante. Bateram palmas para ele, mas subiu com elegância os degraus do ônibus. O acampamento foi uma festa. Markito era o máximo. No terceiro dia ele sumiu de manhã. Lá pelas três da tarde apareceu. Agora com uma companheira. Uma porquinha linda. Dizem que ele falou com o Denis, não acredito nisto, mas o Denis era um bom Escoteiro e não mentia nunca.

                    Chefe, disse o Denis. Markito quer casar. – Casar? O Chefe deu boas risadas. Ele quer que eu faça o casamento? – Sim Chefe. Se ele quer assim porque não? Diga a ele que amanhã no fogo do conselho eu irei celebrar ao casamento dele com a... Qual o nome dela? Fiorentina Chefe. Ele insiste que chamem o Seu Mathias. Ele será o padrinho. A tropa quando soube caiu na gargalhada. Foi o fogo do conselho mais gostoso que participaram. Em determinado momento o Chefe anunciou o casamento do porco Markito e a porca Fiorentina. Quando iam iniciar um fato inusitado. A arena do fogo se encheu de porcos, cavalos, bois, bezerros, galinhas, galos, cabras, gatos, cachorros e uma passarinhada enorme.

                    Não teve jeito. O casamento foi feito. Os escoteiros ficaram boquiabertos. A bicharada começou a cantar, a dançar e até uma Coruja com voz de anjo e acompanhada por um violão tocado pelo Urubu Rei engrandeceu aquele casamento histórico. O fato deveria ficar entre quatro paredes, mas não se sabe como na cidade de Bela Aurora uma semana depois se encheu de repórteres de todos os jornais e TV do país. Todos queriam conhecer Markito e Fiorentina. Mas eles? Sumiram. Procuraram em todo o lugar. Uma semana depois um jornal do Rio de Janeiro publicou que o casal foi visto em Buzios na praia das Caravelas se revezando na linda e tranquila praia da Tartaruga com suas águas transparentes.

                    Só dois meses depois quase no final da reunião, foi que Markito e Florentina apareceram na sede.  Ele com a barriga bem grande e Markito sorria de felicidade. Contou para o Denis que não ia voltar mais para a Patrulha Pica-pau. Construíram uma casinha na Ladeira do Porco, próximo a fazenda do Senhor Mathias, e lá pretendiam viver suas vidas. Todos desejaram felicidades e assim termina a história do Porco Markito, sua esposa Fiorentina e seus Filhos Newmar, Freed, Ronaldo, Pelé e um porquinho azulado,  pequeno bem raquítico que poucos olhavam para ele. Maradona!

                  E acreditem se quiser. Eu conheci Markito e sua família. Mas eu sou um contador de histórias e poucos acreditam em mim. Risos. Para terminar, eu digo – Boi não é vaca, feijão não é arroz. E quem quiser que conte dois!   

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Aprender a fazer fazendo.



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Aprender a fazer fazendo.

           O método escoteiro é único e foi copiado por muitos, principalmente organizações educacionais e até setores de áreas comerciais e industriais. BP foi realmente benfazejo em suas ideias. Ele sempre enfatizou que nós chefes escoteiros, devemos fazer de tudo para que os monitores conduzam a própria patrulha sua moda. Quando um escotista está sempre olhando se preocupando, não deixando que eles façam sempre para aprender, é um erro e foge completamente do mais puro e mais correto método do Aprender a Fazer Fazendo. Aprender a fazer fazendo. Tão simples e muitas vezes esquecido. Hoje as escolas, organizações e até universidades estão fazendo isso e estão tirando proveito, mais que nós escotistas cujo fundador foi o idealizador do método. E ainda tem alguns educadores que nos chamam de um movimento atrasado e ineficaz. Afinal existe maneira melhor para aprender? Errar quantas vezes for até fazer o certo?

         Existem diversas maneiras para fazermos isto. Primeiro, dando a eles toda a liberdade para programar o programa, ficando a cargo da chefia somente elementos surpresas e condições físicas e ambientais. Outro dia, comentava com um jovem sênior, sobre o programa da tropa, e ele me dizia que a chefia fazia tudo. Perguntei se ele não opinava e me disse que não, pois assim havia surpresa no programa. Finalizei perguntando se no ano anterior quantos entraram e quantos tinham saído? Sua resposta – Somos somente quatro. Os demais saíram e ninguém entrou. Aí veio a realidade. Ali nunca foi dada aos seniores a liberdade de aprender a fazer fazendo. Tanto fizeram para eles que resolveram sair.

        Uma guia me respondeu que nunca pensaram em fazer nada. O chefe fazia tudo, assim ficava mais fácil. Elas não tinham de se esforçar, havia sempre um ar de mistério e todos gostavam. Perguntei como sempre, - Quantos vocês eram no ano passado? O mesmo número de hoje, somos seis, claro, saíram quatro e entraram quatro. Não perdemos nada! Como não existem bons programas que despertaram seus interesses e os mantenham na ativa, ficam sempre comentando, programando, e contando os dias de alguma atividade regional ou nacional. Não tiveram outra em suas tropas que marcaram e pedem bis. Ali nessas atividades eles se realizam, não pelo programa em si, mais pela amizade e fraternidade. Ali nada farão a não ser divertir. Tudo já está pronto, até as refeições. A Direção programou tudo. Desde a chegada ao término. Tudo feito de antemão. Eles serão um Bon vivant. Ou seja, “Comemos e bebemos, a Deus agradecemos”.

        Sempre em toda minha vida escoteira, tentei mostrar as vantagens de deixar os jovens fazer. Seja seu crescimento individual, sua evolução técnica, e lembrava que todos, escoteiros e escoteiras tinham e tem em seus bairros amigos de infância, que se encontravam sempre, faziam seu próprio programa e ficavam eternamente juntos. Nenhum deles jamais reclamou do programa que planejaram ou fizeram. Em recente artigo comentei sobre o programa da tropa. A patrulha tem condições para fazê-lo. Muito mesmo. Claro, não todo ele, mas boa parte sim. E alguns até me disseram que o programa seria ruim, e eles poderiam não gostar. Mas você já tentou? Pelo menos tentou? Agora não é somente em uma ou duas reuniões que você vai conseguir motivá-los. Isso é como se fosse uma pescaria. Tem de escolher a isca, a vara e o local onde vai pescar.

       Pela experiência de observador vi que os jovens que fazem seu próprio programa, ficam mais tempo no escotismo. Facilitam sobremaneira o desenvolvimento de uma atividade, onde a técnica e o conhecimento adquirido é desenvolvido de maneira impar. Se você usa bem a Corte de Honra, se sua tropa faz semanalmente um Conselho de Patrulha e se você tem sua patrulha de monitores bem formada, você sabe como é. Sucesso na certa.  É comum encontrarmos escotistas construindo pioneirias e os jovens formados em circulo olhando ou dando ferramenta ou madeirame. Ele esqueceu que já é formado na escola da vida e não é essa a maneira certa de praticar o sistema de patrulhas. Ficar mostrando que sabe fazer ou é um mestre mateiro, não é o caminho. Inclusive um me disse que assim é melhor, pois os escoteiros podem ver como fazer e aprender no futuro. Não pegou nada.

      Por experiência própria, as tropas que atuam dentro do método, tem melhor desenvolvimento e se orgulham do que fizeram. Observe a alegria de uma patrulha que fez uma mesa mesmo que torta e quase caindo e outra olhando o chefe fazer. A arte de aprender fazendo também se aplica ao programa da tropa. Muitos chefes alegam que eles não entendem, não sabem como fazer, e acha que tudo vai dar errado com muitos meninos saindo por esse motivo. Temos que acreditar. É nossa obrigação. Já vi excelentes tropas, que se formam maravilhosamente, perfilam feito soldadinhos, cantam como passarinhos, jogam de maneira espetacular as atividades próprias, enfim quem não conhece o método escoteiro diria que é uma tropa modelo. Por outro lado já vi tropas usando o método correto, aprendendo a fazer fazendo que se saíram muito bem em tudo àquilo que é exigido deles. Agora com mais sabor, eles fizeram.

      Esqueçam o “Não vai dar – É impossível – Eles não sabe escolher e programar” isso não é verdade. Claro não é de um dia para outro que o chefe terá os resultados esperados. Aprender a pescar demora. Talvez o chefe que ainda não conseguiu não deu a isca certa.

      É preciso lembrar que nosso movimento tem características próprias. Colocar jovens em forma, marchar, perfilar, saudar, gritar e cantar qualquer um com boa postura e voz de comando consegue. Mas esse não é o chefe que esperamos ter. O chefe que precisamos é aquele calmo, que fala pouco, que confia é um irmão mais velho, um aconselhador, tutor, não o dono de tudo. E ainda tem aqueles que dizem – Esta é minha tropa, esta é minha patrulha, este é meu monitor, esta é minha escoteira. Caramba comprou tudo? Experimente. Dê um prazo para você e para eles. Com o tempo irá se surpreender. Se mostrar aos monitores onde devem chegar, eles chegarão lá sem sombra de duvida. Confiar faz parte do método. Quem ensina e adestra é o monitor. Você sim é o monitor dos seus monitores.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A canção que ela fez para mim!



Lendas de um Chefe Escoteiro.
A canção que ela fez para mim!

                     Naquele sábado fui para a reunião meio desanimado. Não sei por quê. Muitas reuniões parados na sede, nenhuma excursão, jornada ou até um acampamento de fim de semana. Para ser franco eu também não mexi uma palha para animar a patrulha. Na sede ninguém. Por quê? Sempre nos encontramos ali antes do inicio, falar dos outros, papear, “causos” não era uma rotina? Fui para o pátio da sede. Então eu a vi. Fiquei sem fala. Linda! Impossivelmente linda! Uma princesa seria? Desceu das nuvens direto na sede? Ou quem sabe um anjo que Deus mandou para dar novo ânimo aos seniores? Olhe meu coração disparou. Minha mente deixava o corpo e se transportava para os mais lindos locais que já tinha ido. Fui à Cachoeira do Sonho, fui à Montanha Das Borboletas Douradas, fui até no despenhadeiro da Mil Mortes. Joguei-me lá de cima. Sabia que não ia morrer.

                 Foi então que percebi. Lá estavam os Seniores. Todos eles. Não faltou ninguém. Em pé encostados na parede da sede, e como eu não tiravam os olhos da linda moça dos cabelos dourados. Cachos despencando como na Cascata do Sol Nascente. Olhos? Azuis! Incrivelmente azuis. Uni-me a eles. Não notaram a minha presença. Seus olhos esbugalhados assim como o meu só tinham uma direção. Cláudia Alvonaro. Seu corpo? Não posso dizer aqui. Mas parecia ter sido esculpido por Michelangelo, ou melhor, Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni. Ah! Una Madonna Escoteira? Quem sabe ali estava sua obra prima da renascença sua bela escultura a Pietá. Não podia ser. Estávamos em 1958 e não 1498 quando ela foi esculpida.  

                   A paixão tomou conta de mim. De mim só não de todos os seniores. Doze rapazes perdidamente apaixonados pela bela Cláudia Alvonaro. Mas de onde ela veio? Da cidade não era. Conhecíamos todas as beldades. – Ela é de Vitória. Espírito Santo disse um Sênior. Meu Deus! Capixaba e linda assim? Bendita Vitória. Santino o Chefe Sênior adentrou ao pátio. Jovem ainda. Vinte e oito anos. Viu-nos e foi até nós cumprimentando. Ninguém olhou para ele. Inteligente como todo Chefe Sênior descobriu através de um “Kim” imaginário o motivo de nossa perplexidade e imutabilidade. – Ora, ora, parecem que nunca viram uma garota! Ele disse. Sem respostas. Continuávamos mudo. Olhos vidrados na bela Cláudia Alvonaro. A mais bela capixaba que o mundo conheceu. E nós os bravos seniores da tropa Anhanguera.

                     Ela estava linda. Uniforme azul, bonezinho de lobo. Saia curtinha (que pernas meu Deus!). Akelá? Não tinha mais de dezoito anos! Não seus bobos disse o Chefe Sênior. Ela é Assistente. Tem dezessete. Está fazendo uma visita. Vai embora hoje no trem noturno das oito. – Vou também! Falaram todos ao mesmo tempo. Chefe Santino riu sonoramente. Que vida. Descobre-se o amor de nossas vidas, a nossa alma gêmea e ela vai embora assim? E para piorar tudo ela começou a cantar. Os lobos sentados em círculo e ela cantando uma canção que não conhecia. Voz? Uma cantora nata! Ninguém na sede tirava os olhos dela. Maravilhosamente bela e uma voz de harmoniosa, que podia seguramente ser a maior cantora de todos os tempos.

                   O céu que me condene! Que me mate! Que acabe comigo. Estava “deverasmente” apaixonado. Perdidamente apaixonado. E o pior aconteceu! Ela olhou para mim e deu um sorriso. Senti o corpo tremer. Tive que sentar. Que sorriso! Que voz! Que rosto! Que corpo! Não podia ser uma mulher Akelá. Era uma deusa trazida do Olimpo. E eis que como se fosse uma chicotada, como se tivesse caído uma pedra enorme em minha cabeça, um Chefe novo de uns vinte e cinco anos entrou acompanhado do Chefe do grupo.  – Vamos embora meu amor! O que? Meu amor? Então olhei melhor, ele estava com a aliança na esquerda e ela também. Marido e mulher.

                  Ela se foi. Deu um “xauzinho” e disse um Sempre Alerta que nunca mais, nunca mais mesmo e eu juro, irei esquecer. A mulher dos meus sonhos, a mulher que iria ser a minha vida, a minha alma gêmea se foi. Se houve reunião de seniores eu não sei. Acho que os outros também ficaram como eu no mundo da lua. Começamos mudos e terminamos calados. Chefe Santino sorria no alto dos seus vinte e oito anos. Um homem experimentado sabendo o que sentia aqueles garotos que estavam crescendo e aprendendo com a vida. Cláudia Alvonaro virou a esquina abraçado com seu amado. A tropa acompanhou com os olhos seu ultimo adeus. E eu? Fiquei meses sonhando, pensando até que um dia!...

Atenção meus amigos. Preciso ter uma ideia de quantos estão lendo minhas postagens. Se você leu esta agradeceria muito se desse um clique no “curtir”. Meu muito obrigado.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Minha maior amiga foi uma Coruja.



Lendas escoteiras.
Minha maior amiga foi uma Coruja.

                       Eu conheci uma Coruja. Por favor, não riam de mim. Não foi uma coruja qualquer. Imagine, ela me olhando e eu olhando para ela e pam! Surgiu uma amizade eterna. Eu era amigo de uma Coruja. Alguém já foi amigo de uma Coruja? Eu fui e sou. Ela me disse um dia que apesar de ser um menino e ela uma ave, ela nos considerava irmãos! Podem acreditar, pois eu acreditei! Eu tenho certeza do dia que surgiu a maior amizade que já encontrei em minha vida.  Faz tempo. Muito tempo. Quem sabe mais de sessenta anos? Sim, acho que foi isso mesmo. Numa floresta densa, fumacenta, mas gostosamente adorável. Difícil para caminhar, abrindo caminhos entre espinhos com meu bastão, usando uma bússola silva velha de guerra, pele queimada, braços e pernas arranhadas, alguns profundos com sangue ao redor. Quem disse que paramos? Quem disse que voltamos ou desistimos? Nunca! Escoteiros não desistem! Ela me disse que nos acompanhava de longe. Disse que não sentiu pena de mim. Não gostava de meninos. Eles eram malvados. Jogavam pedras. Disse que não viu meu rosto. Disse que o chapelão de três bicos atrapalhavam.

                      Quando a vi pela primeira vez foi na clareira que fizemos. Difícil. Um matagal imenso. Não foi em um Fogo de Conselho. Não foi não. Lembro que fizemos um “foguito” pequeno, a clareira amarelou. Apenas uma “Conversa ao pé do Fogo”. Canções, “causos”, planos de jornada, gargalhadas coisas de escoteiros. Não vi as estrelas. As árvores não deixavam. Não havia lua. Escuro. Muito escuro. Apenas nosso lampião vermelho com seu lusco fusco brilhava. Teve um momento sublime. Isto sempre acontece quando escoteiros estão reunião em plena floresta. Um silencio, segundos que apenas os grilos zumbiam. Ela para chamar a atenção crocitava baixinho e me olhava com seus olhos negros profundos como se fosse me hipnotizar. Ninguém viu. Só eu. Todos foram dormir. Estavam cansados e eu também. A Coruja fez um sinal. Como se eu devesse ficar ali. Todos foram e eu fiquei. Um silencio tomou conta da floresta. Nem os grilos zumbiam mais. Vi alguns vagalumes ao lado da Coruja. Pareciam ser seus olhos noturnos a mostrar o caminho.

                      Senti seu peso nos ombros quando ela pousou. Olhava para mim. Não piscou. Não sabia o que fazer. Dizem que na floresta as corujas são sábias, todos a procuram para aconselhar. Uma vez disseram que era o símbolo da deusa Atena. Ela a chamava de Olhos Brilhantes. Contaram-me que uma Sociedade Secreta de nome Bohemian Clube onde anualmente se encontravam só os poderosos eram convidados. Dizem que a reunião era em uma floresta ao norte de São Francisco, e ficavam em volta de uma grande pedra talhada como se fosse uma coruja. Escreveram em baixo: “Weaving dealing spiders come not here”. Parece que vem a ser uma frase de Shakespeare que significava: “Deixe seus negócios sujos na porta”. Dizem que poucos contam até hoje o segredo da cerimônia. Quem contou morreu de morte misteriosa.

                      Mas isto não importa. Importa a amizade que fiz com a Coruja. Quantas coisas belas naquela noite conversamos. Eu contei minha vida de menino para ela. Ela me olhava e não piscava. A melhor ouvinte que já tive. Perguntei a ela se era uma ave de mau agouro. Ela riu. Quem sabe? Quem sabe? Disse. Mas olhe retrucou, quando tem uma festa no céu ou aqui na floresta eu pio e canto sem parar. Ela me disse que sabia canções Escoteiras. Ri baixinho. Não acreditas? E começou a cantar A Arvore da Montanha. Cantava com uma voz linda. Cantou outras. Notei que o por do sol aparecia através das árvores. Notei que eu tinha esquecido de tudo. Até o orvalho da madrugada não o senti no rosto. Ela me olhou. Passamos uma bela noite juntos. Noite inesquecível. Impossível ter outra como aquela. Ela disse – Adeus! Porque perguntei? Nunca mais voltarei. Dizem que entre nós quem conversa com meninos é condenada ao exílio. – Venha comigo! Venha morar comigo! Eu levo você para a cidade! Fica na minha casa. Lá tem um pé de Jacarandá lindo!  Não posso ela disse e voou entre os galhos negros e a folhagem espessa para nunca mais voltar!
             
                       Eu conheci uma Coruja. Não foi uma Coruja qualquer. Imagine, ela me olhando e eu olhando para ela e pam! Surgiu uma amizade eterna. Eu era amigo de uma Coruja. Alguém já foi amigo de uma Coruja? Eu fui e sou. Ela me disse um dia que apesar de ser um menino e ela uma ave, ela nos considerava irmãos! E acreditem! Eu acreditei! Pena que ela se foi e eu me fui também. Nunca mais voltei naquela floresta. Não sei se ela já morreu se está no exílio. Eu? Estou aqui. Sempre lembrando daquela noite que conheci uma Coruja de Olhos Brilhantes. Apenas uma noite. Noite que nunca mais irei esquecer...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Quando termina a motivação o que fazer?



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Quando termina a motivação o que fazer?

                    É difícil aconselhar. Quem não passou por isto? Tem hora que você desanima. Dá vontade de largar tudo e sair por ai. Outros ainda insistem, mas sabem que o caminho que estão seguindo não leva ao sucesso. Se procurarmos um serviço de autoajuda teremos vários. As belas frases de efeito pululam por todos os lados. Todas com belas palavras, mas que não nos fazem sentir revigorados como antes. O escotismo é interessante. No início tudo são flores, sorrisos, promessas, alguns até deixam as amizades que tinham em troca de novas que conquistaram. Nos primeiros meses, e até nos primeiros anos aqueles mais chegados que não foram catequisados espantam com tanto carisma, com tanta alegria e demonstração de que ele alcançou um novo patamar, uma nova vida. Seria assim mesmo?

                  Dizem os poetas que o que mais sofremos no mundo não é a dificuldade, é o desânimo em superá-la. Não é a provação, é o desespero diante do sofrimento. Não seria o fracasso e sim a teimosia de não reconhecer os próprios erros.  Mas o maior poeta já tinha dito que tudo isto são palavras e palavras nada mais são que palavras. Eu já passei por isto. Inúmeras vezes. Os problemas são diversos. Familiar, profissional, falta de ética, de amor, de sinceridade dos que se dizem irmãos de todos e que vontade, que vontade meu Deus de encontrar um buraco e se enfiar nele. Claro tem os mais fortes. Eles não transmitem para ninguém seus desânimos. São fortes. Tem sempre uma explicação para tudo. Mas será que dizem a verdade?

                 Se notarmos bem a matemática Escoteira é simples. Trinta e poucas reuniões por ano. Somando as reuniões de sede, acampamentos e excursões que sabe podemos chegar a aproximadamente quinhentas horas anuais. Claro, prevendo quatro atividades (e aí considerei às vinte horas do dia) e considerando também nove meses de atividade, pois muitos têm férias em julho, dezembro e janeiro. Se estiver certo dedicamos cerca de vinte dias por ano ao escotismo. Claro que tem aqueles mais abnegados com o dobro de horas trabalhadas. Para uns uma eternidade para outros muito pouco. Mas porque então o desanimo? Olhem, existem vários motivos, mas para mim o principal deles é a decepção com o ser humano. Querer abancar o mundo e dizer que o líder é aquele que sabe liderar e ser liderar é fácil. Mas nem todos pensam assim. Tem os déspotas, que com o tempo a gente se sente ameaçado por uma força opressora mesmo vindo de alguém que se diz amigo de todos e irmãos dos demais.

                Nestas horas é que todos nós sentimos falta de um aperto de mão carinhoso sincero. De um abraço, de um sorriso de uma palavra de carinho principalmente daqueles que convivemos em ambiente que achamos familiar no grupo Escoteiro. Tem aqueles que nos olham como se fossemos parte do todo, indispensáveis em todos os sentidos, mas não é assim a maioria. Estes nos veem como indesejáveis, subservientes, dispensáveis, e se pudesse diriam: - Vocês estão aqui para servir e mais nada! E então vem aquele desanimo aquela vontade de sumir de mandar todo mundo às favas. Nem sempre fazemos na hora. A promessa que fizemos é um nó que nos atou nos sonhos escoteiros. Insistimos e alguns dão a volta por cima, mas outros, estes não conseguem. Quem sabe está aí um dos motivos da grande perda que temos de adultos que estão nos ajudando como voluntários, mas foram desconhecidos como tal.

                   Não é o programa somente que nos afeta. Não são quem sabe nossa finanças que apertam a todos os escotistas nas suas atividades. Não sei e até posso estar enganado, mas se todos que labutam na lides escoteiras, do mais alto escalão a aquele que está dando tudo de si pensando que faz o certo e cada um deles pudessem quando a gente se encontrar dizer:
- Meu amigo ou minha amiga, que alegria em te ver novamente!
- Meu amigo ou minha amiga, aceite aqui meu aperto de mão sincero!
- Meu amigo ou minha amiga, posso te dar um abraço?
- Meu amigo ou minha amiga, quero que saiba que você é muito importante para nós, não nos deixe nunca, pois sem você iremos perder muito na expansão do nosso Movimento Escoteiro.

                     E aí quem sabe, seu desânimo seria guardado lá bem no fundo do bornal, pois você passou a acreditar que agora estava vivendo entre irmãos escoteiros. E você iria acreditar que não haveria mais os superiores, não haveria mais aquele sorriso de desdém, não haveria mais a conversa de esquina, a conversa de comadre. Ninguém iria desmerecer seu trabalho. Mas olhe, de vez em quando é bom dar um passo a frente. Faça um pouco a sua parte. Como dizia o nosso fundador e repetido por muitos, a felicidade só é completa quando você também conseguir fazer a felicidade dos outros! 

domingo, 9 de dezembro de 2012

Rir é o melhor remédio Piadas escoteiras



Rir é o melhor remédio
Piadas escoteiras

De manhã, a mãe foi bater na porta do quarto do filho:
- Filho acorda!
- Hoje não vou à reunião dos escoteiros! E não vou por três motivos: estou morto de sono, detesto aquele Grupo e não aguento mais os chefes!
 Mas você tem que ir, filho! E por três motivos: você tem um dever a cumprir, já tem 45 anos e é o Diretor Técnico!
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Dia de prova na sede Escoteira. Especialidade de Socorrista. Todos os escoteiros e escoteiras tensos. Entra na sala aquele pai metido a Chefe, que é instrutor de especialidade, cara feia e de quem todos têm medo e diz:
- O horário de entrega das provas é dez em ponto. Ouviram? Dez horas em ponto! Se alguém me entregar à prova as dez e um, eu não vou aceitar.
E então se inicia a prova. Muitos escoteiros acabam rápido, outros demoram, mas conseguem entregar até às dez horas. Apenas um escoteiro continua fazendo o exame. Quando o chefe está se preparando para ir embora, o escoteiro levanta e vai entregar a prova:
- Tá aqui, chefe!
- Agora eu não vou aceitar mais!
- Como não?
- Eu deixei bem claro que só aceitaria provas até às dez horas.
- Chefe... O senhor sabe com quem está falando?
- Não, não sei...
Então o escoteiro pega a pilha de provas, coloca a sua no meio, e diz:
- Então descobre...
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As duas chefes escoteiras de grupo diferentes se encontram:
- Oi, Teresa, como vai?
- Ih, minha querida, estou muito mal! Acabei de descobrir que tenho uma doença incurável.
- Meu Deus!
- E o pior... Só tenho mais alguns dias de vida!
- Ah, coitada! - e depois de refletir alguns segundos:
- Já sei, vou te ajudar!
- Como?
- Vou mandar o Chefe Nelsinho do meu Grupo Escoteiro passar esses dias com você!
- Por quê?
- Com ele, que é um chato de galocha, esses dias vão parecer uma eternidade!
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Era uma vez um Escoteiro sênior com um bafo de onça tremendamente horrível. Todos corriam dele quando era hora de dormir na mesma barraca.
Certa vez foi acampar com dois outros seniores os três dormiriam juntos na mesma barraca. Os amigos, sabendo do famoso bafo, disseram:
- Se você for falar algo, nos cutuque para enfiarmos a cabeça embaixo da coberta, assim evitamos esse seu bafo cruel...
Ele concordou e os três foram dormir.
Certa hora da madrugada ele cutucou os amigos e esses se esconderam embaixo das cobertas. O camarada do bafo fedido disse:
- Peidei!
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Maninho, um Escoteiro pirado estava com um balde de água e uma vara de pescar no seu campo de patrulha.
O Chefe viu e perguntou a ele:
- O que você está pescando?
- Idiotas. - Quantos você já pescou?
- Três, com o Senhor!
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A linda e deliciosa Pioneira Gracielle estava tendo um mal-estar no meio da rua, sendo ajudada pela mãe.
 Nesse momento, passa um Diretor Técnico, um senhor  muito educado e pergunta…
- Foi comida, não foi?
- Foi sim- respondeu a mãe. – Mas vai casar com o Mestre Pioneiro!
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Nildinha, uma lobinha filha de Dona Mortícia.
-Mamãe, cansei de brincar com o vovô.
- Tudo bem, escove os dentes, guarde os ossos no caixão e vai dormir.
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Às 3 horas da madrugada, Nany, uma lobinha da matilha cinzenta acorda e vai ate a sala, onde encontra a mãe sentada no sofá.
- Mamãe, me conta um historinha?
- Não filhinha, espera o papai chegar... Ele vai ter que contar uma historinha prá você e outra prá mim...
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Joselino escoteiro entrou em casa e perguntou pro pai:
- Paieeh! Eu nasci de um ovo? 
- Ora meu filho, claro que não! Mas que bobagem eh essa? 
- É que quando eu entrei no elevador o porteiro disse pro faxineiro: 
- "Olha aí o filho da galinha do quarto andar".
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O lobinho estava em um canto do pátio chorando muito. A akelá vendo que ele não parava de chorar e longe de sua matilha se aproximou. – Não chore Lobo, não chore. O lobinho Vadinho não parava de chorar. – Olhe você não deve chorar tanto, sabe por quê? – Não Akelá, por quê? Porque quando a gente é pequena e chora muito quando cresce acaba ficando feia, muito feia. Você não quer ficar feio quer? – Vadinho pensou e perguntou – Então Akelá, quando a senhora era pequena devia ser a maior chorona da Alcatéia não é mesmo?
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No acantonamento, no fogo de conselho, a Kaá resolve conversar com alguns da Alcatéia para animar, pois achavam que muitos estavam com medo.
- Lurdinha, me diga, do que você tem mais medo?
- Da mula-sem-cabeça Kaá.
- Lurdinha, a mula-sem-cabeça não existe. É apenas uma lenda. Não precisa ter medo.
- Lilian do que você tem mais medo?
- Do Saci-Pererê kaá. Morro de medo dele.
- É somente outra lenda, esqueça, não precisa ter medo.
- E você Valtinho, parece que está tremendo. Do que tem mais medo?
- Do MalaMen kaá. Morro de medo dele.
- Nunca ouvi falar disse a Kaá. Quem é esse tal de MalaMen?
- Quem é eu não sei Kaá. Mas toda noite minha mãe diz na oração: - Não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do Mala-Men!
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Serginho era um lobinho endiabrado. Na Alcatéia ninguém aguentava suas estripulias. Um dia a Akelá ao dar um jogo levou um tombo enorme. Sua saia do uniforme subiu-lhe até cabeça. Levanta-se imediatamente, ajeita-se e interroga os lobinhos:
- Luisinho, o que você viu? - Seus joelhos Akelá. - Vá para casa. Só volte na semana que vem.
- E você Carlinhos o que viu? – Suas coxas, akelá, magrinhas eim? – Um mês de suspensão em casa. Ora, onde já se viu um lobinho segunda estrela dizer isso?
- E você Serginho, me diga o que viu? – Serginho dá melhor possível para todos e vai saindo da reunião – Bem amigos da Alcatéia, até o ano quem vem...

E quem quiser que conte outra. Risos.