Lendas Escoteiras.
A história de Caio Vianna Martins.
A bravura de um herói.
(Esta é uma historia contada aos pedaços da vida de
Caio Vianna Martins, muito do aqui contado é fruto da imaginação do autor. O
desastre e outros detalhes foram reais).
Verdades
e imaginação. A historia de Caio Vianna Martins ficou na historia do escotismo
brasileiro. Muitos heróis alcançaram a fama, o estrelato mostrando seus pontos
fortes e levando uma palavra de esperança de um futuro melhor. Temos aqueles
heróis do passado, das grandes pelejas, e eles em tempo algum se compararam aos
feitos como Aquiles, o maior defensor de sua cidade. (as Ilíadas). Tróia
sobreviveu. Foi um fato da história assim como também sobreviveu na mente de
todos nós o que se passou com o bravo e valente monitor que nunca será
esquecido e sempre lembrado na memória dos escoteiros.
Dizem
que os heróis surgem em tempos difíceis quando as oportunidades aparecem,
outros dizem que os heróis não se fazem, já nascem assim. Não sei se Caio
Vianna Martins mudou a história escoteira com suas palavras. Quem o conheceu
nunca diria que um dia ele seria um Herói. Não é uma historia cheia de
surpresas e sim cheia de valores. Eu aprendi que nós controlamos nossa atitude
ou será que é ela quem nos controla? Heróis são as pessoas que fazem o que tem
de ser feito, quando tem de ser feito, independente das consequências.
Encontrei tudo isto em Caio Vianna Martins. Poderia contar outra, mas Caio
percorreu com sua fama os anais da glória, desde os tempos outros até o limiar
do nosso século. Falar de Caio Vianna Martins é voltar ao passado. Um passado
de glória, de um valente Escoteiro que nunca será olvidado porque está presente
em todos os corações escoteiros, todos que um dia fizeram sua promessa.
Muitos
até hoje discutem sua frase, tão bela, dita em hora tão difícil em sua vida.
Nem todo os escoteiros conhecem sua história. Ele se tornou um marco para nós.
Não foi um mito e nem uma fantasia como muitos dizem, mas sim um fato, uma
realidade e que o transformou em nosso herói! - Quando o conheci pela primeira
vez, não passava de um jovenzinho magro, raquítico, de um olhar profundo, sem
se importar muito com sua aparência. Não diferia dos demais jovens. Brincava,
ria e como estudante não era o melhor, mas também não era o pior. Lembro quando
entrou em minha sala e pomposamente me chamou de senhor professor. Claro, era
uma obrigação na época, mas nos seus olhos vi um brilho que somente aqueles que
se sobressaem têm.
Eu
lecionava no Grupo Escolar Visconde do Rio das Velhas. Lá o conheci em meados
de 1930. Para dizer a verdade, quem o visse não diria o que ele seria um dia.
Com seis anos completos ainda não tinha ideia dos escoteiros. Na cidade de
Matozinhos em Minas Gerais não havia Grupos Escoteiros. E ele é claro nunca
pensou que um dia fosse entrar e viver sua maior aventura, que terminou com sua
celebre frase e que ficou para sempre gravada na historia escoteira. Ficou
poucos anos na escola que lecionava e seus pais mudaram para a capital do
estado. Caio se matriculou na escola Barão do Rio Branco e não sei por que
ficou ali pouco tempo. Logo se transferiu para o colégio Arnaldo e mais tarde
no Afonso Arinos. Dizem que a lenda é feita de mitos e fatos. Na vida juvenil
de Caio não existem tantos fatos assim que justifiquem a lenda. Num sábado,
Caio resolveu assistir a uma partida de futebol em seu colégio. Viu pela
primeira vez e ficou fascinado com a reunião de uma tropa de escoteiros. Nunca
tinha visto nada igual.
Ficou
toda a reunião ali, com os olhos pregados nos jovens escoteiros. Na sua mente
só pensava que precisava ser um deles. Tinham belos chapéus, belos uniformes,
um lenço no pescoço seguro por um anel de couro, e cada um portava um bastão de
madeira. Fizeram jogos, correram, gritaram e o que mais agradou a Caio, o
sorriso estampado nos escoteiros o tempo todo. Foi para casa e sabia que agora
ser escoteiro para ele era ponto de honra. Caio era um obstinado. Tanto falou
que seu pai o levou numa tarde de maio e o matriculou. Caio simpatizou logo com
seu chefe Clairmont Orlando Gomes. Assim como também com o chefe Rubens Amador.
Em casa sempre comentava com seus pais como eles eram. Amigos, prontos a
ajudar, pareciam irmãos mais velhos do que chefes escoteiros. Gerson Issa Satuf
era de outra patrulha. Caio sempre na Patrulha Lobo. Ele gostava de todos os
membros da tropa, mas tinha um carinho especial com sua patrulha.
A
alcateia quase não dava as caras, pois suas reuniões eram em horários
diferentes. E quem sabe seja por isso ele nunca soube que ali havia outro
lobinho que seria lembrado para sempre naquele dia fatídico. Mas vamos falar um
pouco de Hélio Marcus. Ou melhor, Hélio Marcus de Oliveira Santos. Um lobinho
recém-admitido. Amava com todas as forças sua matilha amarela, e um tagarela
tanto na escola com os amigos, na alcateia e em casa com os pais. Hélio tinha
nove anos. Fazia mais de um que entrara para os lobinhos. Sorria pouco, mas
como falava. Era um entusiasta e sempre era o primeiro a chegar e o ultimo a
sair. Um dia durante um jogo do Kim (onde se colocavam na mesa diversos
objetos, os lobinhos observavam por minutos e tinha de lembrar pelo menos da
metade). Ele se lembrou de todos os vinte e quatro objetos. Todos. Ficaram
perplexos. Como? Perguntou a Akelá. Ninguém soube responder. Nem o próprio
Hélio.
Em setembro
fizeram um acampamento, próximo onde hoje é cidade de Contagem, que faz parte
da grande Belo Horizonte. Era um sítio de outro amigo e chefe do grupo. Era
também um alto dirigente do escotismo mineiro, um grande escoteiro chamado
Francisco Floriano de Paula. Mestre, Reitor e doutor, fez do escotismo mineiro
um grande marco na historia da União dos Escoteiros do Brasil. Foi um dos que
colaborou na formação da UEB na época dividida em varias federações. Escreveu
grandes obras, mas destacamos o Para ser Escoteiro. Uma marco introdutório para
os jovens escoteiros iniciantes. O acampamento teve a duração de quatro dias.
Os lobinhos ficaram acantonados na casa sede. Os escoteiros a uns 500 metros,
próximo a uma pequena mata e um riacho de águas claras e límpidas e que hoje é
conhecido por Rio Arruda. Nada a ver com o hoje com o de ontem. À noite fizeram
um grande jogo noturno.
Duas
turmas, cada uma com duas patrulhas. Uma turma ficava na defesa e outra no
ataque. (eram 24 escoteiros). Os atacantes tinham de se camuflar de maneira tal
que pudessem passar sem ser percebidos em uma área de 100 metros, por uma
passagem de mais ou menos 30 metros. Os defensores estavam armados com bolinhas
de barro mole e se acertassem os atacantes estes eram considerados mortos. Caio
tirou toda roupa, ficou só com um calção preto. Pintou-se todo de negro.
Rastejando, como uma cobra, passou fácil pelos defensores que guardavam a
passagem. Ninguém o viu. Foi o único que conseguiu. Os demais foram todos
descobertos e mortos. No dia seguinte, ele não conseguiu tirar a pintura do
rosto quando da inspeção e ficou marcado no acampamento como “cara guaxinim”. À
noite, após o fogo do conselho, o chefe Clairmont convidou todos para deitarem
na relva e observarem a movimentação das estrelas e constelações. Um espetáculo
inesquecível.
Foi ali
pela primeira vez que Caio se interessou a aprender orientação pelas estrelas.
Sabia que isto facilitaria muito numa provável tomada de rumo, evitando que se
perdessem. Não sabia que ao seu lado cochilava o Escoteiro Gerson Satuf. Isto me foi contado pelo chefe
Clairmot, quando nos encontramos seis meses após o desastre na Praça Raul
Soares em um encontro regional de professores do Estado. Não tínhamos uma
grande amizade e nem sei por que o assunto veio à baila. Mas o desastre foi de
proporção nacional e todos inclusive eu gostaria de saber de detalhes. Muito me
foi narrado. Até mesmo a promoção de Caio a monitor. Ele não esperava. Era novo
na patrulha e quem sabe por ser o mais alto e mais velho (já estava com 14
anos), foi escolhido. Naquela época BP comentava em seu livro Escotismo para
Rapazes que os mais velhos sempre são mais respeitados pelos mais novos.
No mês de
novembro de 1938, a Comissão Executiva do Grupo Escoteiro Afonso Arinos,
programou uma excursão técnica-cultural até São Paulo. Nem todos participaram.
Somente seis lobinhos, doze escoteiros, três pioneiros, o chefe Clairmont o
chefe Rubens e mais dois da Comissão Executiva. Uma delegação de vinte e cinco
membros. Caio convenceu seus pais a ir. Sonhava dia e noite com a viagem.
Queria conhecer a famosa capital - São Paulo. Embarcaram à tarde na estação de
Minas, um imponente prédio em estilo neoclássico. O primeiro relógio público de
Belo Horizonte ali foi instalado no alto da torre da estação. Em frente está
uma bela praça, a Rui Barbosa, onde se encontra o “Monumento da Terra Mineira”
uma linda estátua de bronze que representa a conquista do território mineiro
pelos entradistas e bandeirantes e os mártires mineiros.
Quem um dia
for visitar este imponente local, não deve deixar de ver os dois leões, que
foram encomendados ao artista belga Foline. É um belíssimo trabalho esculpido
em mármore. Durante o embarque aquela alegria contagiante que todos os
escoteiros têm. Muitas canções, muitos “Anrê”, muitos gritos de patrulha.
Alguém já me disse que são “coisas” de escoteiros esta cantoria quando viajam.
Conseguiram um vagão especial de primeira classe, que ficava no meio da
composição de onze vagões no seu total. Na partida, uma grande palma escoteira
ecoou quando o Condutor, o velho Gabriel, com seus bigodes imensos, seu
uniforme impecável, e seu boné bem colocado na cabeça, começou o seu périplo em
todos os vagões. Uma rotina de anos, seu inconfundível apito para anunciar a
partida do trem, e agora ali depois de percorrer os vagões da frente pedia
educadamente – Bilhetes! Bilhetes! E todos estavam sorridentes, com ele a mão
para ver como ele picotava e perfurava numa manobra de deixar todos os
passageiros embasbacados.
A viagem era
longa. Era uma volta enorme. Iriam até Volta Redonda e lá pegariam o rumo de
São Paulo. Volta Redonda era uma bifurcação. Seguindo em frente estava a
capital do país Rio de Janeiro. Retornando São Paulo. Quase 20 horas em um trem
sacolejante, mas que seria motivo de alegria e felicidade se tudo corresse
conforme os planos. Caio dormitava em uma poltrona e sempre acordava olhando
pela janela a fumaça do trem e ouvindo o matraquear das rodas. O trem apitando
aqui e ali ia cortando montanhas era um espetáculo a parte. Quando me contaram
de Caio, seus olhos abrindo e fechando de sono, naquela viagem que seria sua
última, penso como seria bom estar junto a ele. Sempre gostei de viajar de trem
e sei que Caio adorava aquela viagem cujo destino ninguém ainda sabia. O cheiro
do trem ninguém esquece. As fagulhas lançadas no ar, as paradas nas caixas
d’água para matar a sede da locomotiva. E os guarda-pós? Uma tradição de anos e
anos.
Naquele
vagão de primeira classe, dormia vinte e cinco escoteiros. Vinte e cinco almas
cujos destinos estavam traçados. O relógio não parava. Onze da noite, meia
noite, uma hora. Clairmont fez sua ultima inspeção no vagão. Todos os
escoteiros e lobinhos dormiam. O destino estava escrito. E como disse alguém,
do destino ninguém foge. Não poderia ser mudado. Nada em tempo algum poderia
fazer com que a história fosse outra. Em sentido contrário, descendo a serra da
Mantiqueira, um trem cargueiro seguia a todo vapor como a desconhecer o que
iria encontrar a sua frente. Não se sabe até hoje porque o chefe da estação
João Aires não parou o trem, ou se esqueceu do noturno, que sofregamente
começava a subir a serra.
Qual seria o
sonho de Gerson Issa Satuf? Ou de Hélio Marcos de Oliveira Santos? Ou do
próprio Caio Vianna Martins? Difícil saber. Poderiam estar sonhando com seus
irmãos, seus pais, ou mesmo sendo preparados lá no alto por anjos protetores do
desastre que iria acontecer em seguida. Em uma curva Jonas o maquinista do
noturno, que era conhecido como o Coruja, pois nunca dormia a noite, viu o
cargueiro se aproximando em sentido contrário a toda velocidade. Mario Duarte
também viu o noturno, Mario era o maquinista do cargueiro. Mais de vinte anos
fazendo aquele caminho. Sabia que nada poderia impedir o desastre. Nada. A
velocidade do cargueiro era grande e ambos os maquinistas sabiam o que ia
acontecer. Os freios rangeram, os apitos soaram e a batida veio forte. Estrondos
se fizeram ouvir. Vagões foram expulsos da linha, jogados em uma ribanceira.
Eram duas horas e cinco minutos da madrugada. Uma madrugada que entrou para a
história. Um engavetamento monstro se formou. Alguns vagões ficaram
irreconhecíveis. 19 de dezembro. A cinco dias do natal. Ano de 1938.
O carro
dos escoteiros saltou dos trilhos e atravessou para a direita. Outro carro
colidiu com ele engavetando e o partindo ao meio. O vagão prensado deitou-se em
um barranco sendo comprimido por muitos outros. Gritos. Pedidos de socorro,
tudo escuro, não se via nada. Noite sem lua. O chefe Clairmont e o chefe Rubens
acordaram e sentiram tudo. Estavam apenas com alguns arranhões. Atônitos viram
o desespero dos passageiros. Gritos de socorro, gemidos, o barulho da colisão
agora se fazia em menor escala. Clairmont e Rubens se puseram na ativa. Ali
começou seu trabalho de escotistas na hora do perigo. Os chefes Escoteiros
sabem que um dia terão de agir e esta hora chegou para Clairmont e Rubens. A
seu modo eles também foram heróis. Poucos se lembram deles. Seus nomes foram
esquecidos. Reuniram todos os jovens em um ponto da estrada. Deram falta de
Hélio Marcos e Gérson Issa Satuf. Procuraram e os encontraram mortos embaixo de
escombros.
Impossível
descrever tudo nos seus detalhes mais íntimos. Era uma carnificina. Feridos
gritavam e a escuridão não ajudava na localização. As duas patrulhas e os
pioneiros fizeram uma grande fogueira. Usaram madeiras destroçadas dos vagões.
A única luz que ali poderia ajudar naquela hora fatídica. O pânico
reinava. Clairmont e Rubens batalhavam.
Com os pioneiros e escoteiros que nada sofreram socorriam os feridos, fizeram
macas para os casos mais graves e o resgate prosseguia, mas agora mais devagar.
Caio cambaleante ajudava em tipoias, estancando sangue de feridos, e até ajudou
na remoção de cinco até o um vagão dormitório que permaneceu intacto e serviu
de pronto socorro. Caio havia recebido uma forte pancada na região lombar.
Quase não comentava a dor intensa que sentia. Só às sete da manhã chegou o
socorro com médicos e enfermeiros da cidade de Barbacena.
Fora uma
madrugada terrível. Os passageiros que nada sofreram trabalharam
incansavelmente. Clairmont e Rubens estavam esgotados. Não pararam um só instante.
Dois heróis. Dois homens que tinham a carisma dos grandes heróis anônimos que
surgem e nunca são lembrados. Quando a maioria dos feridos tinha sido removida,
viram Caio claudicando, sentindo dores terríveis. Tentaram levá-lo. Ele não
aceitou. Disse e apontava para as vitimas que pareciam em estado mais grave - Há
muitos feridos. Eu não estou tão ferido como eles. Recusou a maca.
A história
como disse é cheia de fatos heroicos. Eles surgem assim do nada. Caio Vianna
Martins é um deles. Nunca pensou que ficaria como o grande herói do escotismo
nacional. Não disse suas belas palavras por dizer. Saiu naturalmente. Viram que
ele estava cambaleante, e seus olhos piscavam. Seus lábios tremiam uma golfada
de sangue saiu de sua boca e mesmo assim não deixou em tempo algum que o
carregassem. Disse para todos calmamente, sem medo, coisas de heróis que ainda
não sabem que suas palavras ficarão para a história: – “Há muitos feridos aí.
Deixe-me que irei só. Ajudem os outros, eu sou um Escoteiro e o Escoteiro caminha
com suas próprias pernas”!
Saiu
caminhando e desfaleceu quando chegou à cidade de Barbacena. Morreu horas mais
tarde em consequência dos rompimentos das vísceras e de uma intensa hemorragia
interna. Poucos o ouviram pronunciar essas palavras. Alguns escoteiros e alguns
enfermeiros. Elas foram comunicadas a nação e ao mundo graças a dois homens
públicos que lá estavam na hora. Eles foram testemunhas da história. Alcides
Lins e Otacílio Negrão de Lima. Este último ficou conhecido como um grande
político mineiro. Eles ficaram impressionados com o que viram. Não só pelas
palavras de Caio como a ação dos escoteiros na ajuda aos feridos. Levaram aos
jornais o que tinham assistido. O mundo inteiro ficou sabendo que o Brasil
também forja homens e jovens com a desenvoltura de Caio Vianna Martins e seus
amigos escoteiros. As manchetes dos jornais e rádios correram por toda a parte.
Reconheciam no gesto de Caio Martins um fato marcante na mente dos jovens que
fazem parte desta nossa bela fraternidade. Caio foi escolhido e eleito como o
símbolo Escoteiro no Brasil.
Seu nome
ficou gravado na história. Praças, monumentos, e até um estádio de futebol tem
seu nome. Estádio Caio Martins. Sua fama faz parte do nosso orgulho Escoteiro.
Ficamos ali sentados na praça eu o chefe Clairmont por horas. Vi em seus olhos
lagrimas furtiva, que correram em sua face quando me narrou toda a epopeia.
Completou dizendo que Caio Vianna Martins, Gerson Issa Satuf e Hélio Marcos de
Oliveira Santos, foram sepultados em uma tarde de dezembro, véspera de natal,
no cemitério Bom Fim, na zona norte de Belo Horizonte.
Hoje seu
Grupo no Colégio Afonso Arinos não existe mais. Mas ali um placa de bronze é
vista por todos do herói e seus amigos. Escoteiros pelos alunos que por anos e
anos cursaram suas salas. Esta é uma história contada aqui e ali em pedaços
imaginários e reais. Caio e seu gesto foram uma realidade. Ninguém pode
duvidar. Escoteiros pelos alunos que por anos e anos cursaram suas salas. Esta
é uma historia contada aqui e ali em pedaços imaginários e reais. Caio e seu
gesto foram uma realidade. Ninguém pode duvidar. Suas palavras nunca serão
esquecidas e servirão sempre como uma diretriz para todos nós escoteiros. O
Escoteiro é alegre e sorri nas suas dificuldades.
Em memória a Caio Vianna Martins, Gerson Issa Satuf e Hélio Marcos de
Oliveira Santos, saudemos no panteão da glória e dos heróis nacionais com o
nosso: SEMPRE ALERTA! E tiramos o chapéu com o Grito de guerra da União dos
escoteiros do Brasil – Anrê – Anrê – Anrê! – Pró Brasil? Maracatu!
“Há muitos feridos aí. Deixe-me que irei só. Ajudem os
outros, Eu sou um Escoteiro e o Escoteiro caminha com suas próprias pernas”!
Estoicismo
(Noticia
publicada em jornais em todo Brasil)
Passou
provavelmente despercebida, nas notícias pormenorizadas sobre a última
catástrofe da Central, a serena coragem daquele pequeno Escoteiro, uma criança
de quinze anos, que estando gravemente ferida, os que o queriam levar em maca
para o hospital, dizendo com um sorriso de homem forte: "Um Escoteiro
caminha com suas próprias pernas". E caminhou. E foi, mas foi para morrer,
poucas horas depois, no leito em que o colocaram para uma tentativa de
salvação. Este menino de quinze anos honrou o nome e deu um exemplo a todos os
Escoteiros do País. E mostrou a muita gente grande que um Escoteiro sabe sorrir
para morte que o acompanha de perto.
Se um
dia for erguido qualquer monumento ao "Escoteiro Desconhecido", a
lembrança do estoicismo desta criança resumirá a bravura de uma geração de
Escoteiros do Brasil.

Nota
do autor
Em julho de 1973, na cidade de Matozinhos, comemorando
o cinquentenário de nascimento de Caio Vianna Martins, fizemos a entrega da
medalha de Valor ouro, post-mortem a Caio Viana Martins através de seu irmão
ali presente. Foi uma cerimônia simples, com altas autoridades executivas,
educacionais e políticas. Presentes mais de 600 escoteiros mineiros e uns
poucos convidados de outros estados que ali fizeram o primeiro acampamento da
fraternidade.