Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Lembranças de um "Velho" Escoteiro. Era uma vez... No carnaval.



Lembranças de um "Velho" Escoteiro.
Era uma vez... No carnaval.

            Faz tempo. E quanto tempo! Nunca fui de “pular” o carnaval. Sempre aproveitei seus dias de folia para acampar. Houve um carnaval que não esqueci. Carnaval acampando. Misturado. Sacrificado. Corrido. Mas que valeu e valeu mesmo. Melhor contar como foi. – Chefe de Tropa, lá pelos anos de 1960, nosso programa marcava um acampamento de tropa em Vale Feliz. Menos de cem quilômetros da nossa cidade, mas sem estradas a não ser as vicinais. Mesmo assim elas eram interrompidas pelas corredeiras do Rio Doce.  Chegar lá só de trem. Acampei lá uns quatro anos antes. Descíamos na estação e menos de doze quilômetros chegávamos. Na discussão da Corte de Honra eles fizeram planos e planos para este acampamento.

           Seria um programa sui-generis. Um grande jogo que iria virar uma noite inteira atrás da Caveira do Ouro. Fazer uma “caçada” das Galinhas D’Angola selvagens. Outra época. Valia o aprendizado. Isto sem contar levar água até o centro do acampamento por bambus gigantes. Mais de trezentos metros de distancia. Soubemos que as Emas selvagens eram ariscas. Tentar achar sua pista e tirar uma pena foi outro jogo bolado. Os Monitores não saiam de minha casa. Sempre uma ideia nova. Chefe Jessé conseguiu passagens ida e volta. Levaríamos três carrocinhas no vagão de bagagem. Ração B. Na mochila e no bornal trazida de casa. Taxa zero!

           Uma semana antes tudo preparado. As quatro patrulhas vibrando. Fizemos outros, mas este tinha o dedo delas no programa em quase tudo. Estava em casa pela manhã quando parou um veículo na porta. Inusitado. Não tinha amigos com carros e poucos na cidade tinham. Só os bem de vida. Vi que era o Senhor Romualdo. Presidente do Ilusão Esporte Clube. Caramba! O que pretendia na minha casa? Sabia que não me conhecia, nunca me cumprimentou, mas fui até o portão de madeira e ele deu um belo sorriso. Fiquei na defensiva. – Meu jovem Escoteiro, preciso de você! Eu? Você mesmo! Deve estar sabendo que no desfile do carnaval a luta pelo primeiro lugar vai ser difícil. Agora para piorar tudo, o homem contratado da capital para tocar o clarim no desfile adoeceu. Não pode mais estar presente.

            Pisquei um olho, depois outro. Não disse o celebre – “E dai?” nada disto. Deixei-o continuar. – Conto com você nos três dias. Sábado, domingo e segunda. Sei que você tocou por muito tempo corneta e clarim. É o único na cidade que poderá nos salvar. Tocar só no desfile. Menos de uma hora por dia. Fizemos este ano um gasto enorme com a apresentação de Nero, aquele que botou fogo em Roma! Sem o clarim para anunciar o desfile e a entrada de Nero tudo perderá o valor. Estou disposto a lhe pagar o mesmo do moço da capital. Mil reais. “E agora José”. Expliquei não ser possível. Falei dos meninos dos seus sonhos e não podia faltar. Ele insistiu. Sumiu para dois mil e chegou aos cinco mil! Incrível! A quantia ajudaria muito ao meu pai doente na capital. Seria uma salvação que ninguém esperava.

            Tinha que montar um plano. Não tinha assistentes. Tinha sim bons Monitores, mas não poderia ficar de fora com a programação que eles tanto lutaram para fazer. Conversei com os monitores. Aceitaram meu plano. Vir de trem e voltar não dava. Eram dois por dia um cedo e um a noite. Sem condições. Falei com o Chefe Jessé. Preciso levar minha bicicleta no trem. Falei com seu Romualdo. Preciso de quinhentos adiantado. Ele coçou a cabeça. Tudo bem. Conto com você e sei que vocês tem palavra. Viajamos na sexta. O retorno marcado para quarta. Uma hora e meia de viagem. Chegando fui direito na casa do barqueiro. Preciso atravessar o rio seis vezes em três dias em horários impróprios. Pago a você cinquenta por viagem. Ele riu e aceitou na hora.

             Não foi fácil. Às seis e meia corria para o rio com a bicicleta. Atravessa na canoa e aprontava uma correria nas estradas vicinais até minha cidade. O desfile começava as dez. Minha fantasia de Trombeteiro do Rei (que vergonha meu Deus para vestir) levava no bornal. Às onze e meia terminava. Mandava-me pela estrada até o local combinado com o barqueiro. Sempre entre uma e duas da manhã chegava. Foi um acampamento que marcou. Ninguém reclamou quando não estava presente de seis da tarde até duas da manhã. Duzentos quilômetros ida e volta dirigindo uma bicicleta feito um louco em estradas vicinais. No quarto dia desmaiei de sono. Dormi até meio dia. Nonato um Monitor me acordou. – Chefe, não se preocupe. Tocamos tudo. Reunimos os Monitores e combinámos ajudá-lo no programa.

              Falar o que? Nada. Monitores são Monitores. Nosso orgulho. Mas acampei e fui um Trombeteiro do Rei. Toquei como nunca. Dei belas risadas. Fui pessoalmente uma semana depois à capital levar o dinheiro para meu pai. Estava com diabete. Ninguém conhecia esta doença na época em minha cidade. Mas valeu tudo que fiz. As noites mal dormidas. Andar a toda em estradinhas de terra correndo feito um maluco. Escotismo! O que você nos deixou como legado acho que nenhuma outra associação deixaria. Foi bom viver intensamente o escotismo. Outra época. Outra vida. Mas daria tudo para voltar de novo ao passado e fazer tudo de novo!

Sempre Alerta e bom carnaval para quem gosta!        

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Do destino ninguém foge.



Conversa ao pé do fogo.
Do destino ninguém foge.

Certa vez, há muito tempo atrás, fui convidado por um Grupo Escoteiro de uma pequena cidade do interior, para proferir uma palestra sobre os Valores do Escotismo na sociedade. Era um Grupo simples, com um efetivo excelente e uma alegria e amizade que não se encontra facilmente aonde eu vou. Moças e rapazes sorridentes, me olhando respeitosos e dentro de seus olhos sentia o verdadeiro “Espírito Escoteiro” tão procurado por todos nós.

Durante a palestra, em um salão paroquial repleto, composto por muitos pais, amigos simpatizantes e até alguns membros da sociedade política da cidade, observei um chefe, que permaneceu encostado em uma parede, me olhando com olhos ávidos, prestando uma atenção canina, que fez com que me perdesse algumas vezes na continuidade da palestra. Este chefe, aparentando uns 50 anos, tinha um aspecto não muito simpático, apesar de estar muito bem uniformizado, com o caqui tradicional (um pouco velho, mas limpo e bem passado) um chapéu de abas largas bem posto, meiões dentro dos padrões e o lenço impecavelmente bem dobrado. Seu semblante deixava a desejar. Sua boca parecia inchada e uma grande mancha no rosto não dava um ar atraente a sua pessoa.

Cabelos negros, lisos e compridos, contidos por um “rabo de cavalo” simples, dava uma conotação estranha e extravagante. Tinha uma maneira de andar meio bizarra com os braços abertos, ombros curvados, mas seu sorriso era contagiante. Após a palestra, fui dar uma volta no pátio onde se realizava as reuniões, e vi ali um bom escotismo sendo praticado por uma alcatéia mista, duas tropas uma masculina e uma feminina e uma tropa sênior composta de uma só patrulha.

O chefe em questão estava em pé, observando o andamento das reuniões, sempre curvado, e esperando que alguém o chamasse. Estranhei que ele não participasse diretamente de alguma sessão. O Chefe do Grupo que me acompanhava vendo minha curiosidade explicou:- Apareceu aqui há uns quatro anos. Fica sempre afastado, pois sabe que sua fisionomia assusta os jovens e também os adultos. Com o tempo estamos nos acostumado a ele. Remo era o seu nome, o sobrenome ninguém sabia. O uniforme foi doado por um chefe que mudou desta cidade e acho que a doação foi como o descobrimento de uma grande pessoa. Sua alegria, mesmo com um sorriso torto, contagiava.

Sempre tivemos receio de convidá-lo para uma das sessões. Não fizemos sua promessa, achamos que não deveríamos. Os pais não o viam com bons olhos. Muitos ainda o julgavam pela fisionomia. Até eu acreditei que fosse analfabeto e você sabe a dúvida em colocar alguém assim em uma sessão é preocupante.  Ele é um dos primeiros a chegar à sede, faz a limpeza com esmero, fica a porta esperando que alguns de nós peçamos alguma coisa e é de uma vassalagem preocupante. No inicio das reuniões sempre está pronto a colaborar com a chefia, buscando materiais, e limpando o pátio quando alguém joga algum ao chão ou mesmo depois das reuniões.

Muitas vezes quando venho à noite à sede, o encontro sentado no meio fio, como, a saber, que eu viria. Entra comigo e enquanto faço minhas obrigações ou mesmo aguardo outros para alguma reunião, ele está a ver figuras sem parar na pequena biblioteca escoteira que temos aqui no grupo. Claro que sempre dou um livro para ele levar para casa, sempre com muitas gravuras. Ele sorri e me agradece muito. Enfim, nos acostumamos com ele, como se acostuma com um... Ele ia dizer cão amigo, mas preferiu se calar. Acho que não era sua intenção desmerecê-lo.

O pouco que sabemos é que trabalha no moinho do português (muito conhecido na cidade) e mora em um pequeno quarto alugado num bairro afastado. Achei interessante o fato. Para mim inusitado. Os anos se passaram e de novo voltei ao Grupo citado e agora não me lembro bem o motivo. Foi num verão atraente, mas cujo calor ameaçava passar dos 40º. Cheguei pela manhã, viajando boa parte da noite em um ônibus de carreira. Após os comprimentos de praxe, conversava com um ou outro escotista e foi então que dei falta do Chefe Remo. Seu lugar de sempre onde ficava encostado a parede estava vazio. Vi com espanto lagrimas nos olhos do chefe do grupo e a tristeza nos demais quando perguntei a respeito.

- Ele desapareceu um dia da sede e não voltou mais. Sentimos uma grande falta. Não tínhamos mais aquele que limpava que ficava a nossa disposição como um serviçal sem salário, nunca reclamava, estava sempre pronto a ajudar e então chegamos à conclusão que não demos o valor necessário ao um grande homem, a um grande Escotista que foi sem nunca ter sido. Todos, sem exceções sempre esperavam chegar à sede e encontrá-lo ali, subserviente, pronto a ajudar e nunca esperando nada em troca.  Até mesmo os jovens perguntavam por ele. Antes do seu desaparecimento ele já participava de pequenas atividades, mais como colaborador e assim a admiração pela sua fidalguia estava crescendo no coração de todos.

Esperamos duas semanas e fomos ao moinho onde ele trabalhava. Ficamos sabendo que ele desapareceu também de lá. Seu Manuel dono do moinho foi com a policia ao quarto dele e nada encontrou. Convidou-nos a ir até lá para vermos como era. Meu amigo foi uma punhalada no coração, pois o quarto dele era uma linda sede escoteira, com um quadro enorme de BP. Quadro de nós, de sinais, bandeirolas de semáforas penduradas na parede, uma colcha bordada com flor de Liz jazia em sua cama e uma linda Bíblia aberta na pagina onde se lia o salmo jazia acima de uma pequena cômoda. Ficamos chocados com tudo. Nunca esperávamos isto.

 Seu quarto era muito limpo e bem arrumado. Não havia cartas, papeis nada que pudesse identificar de onde era e para onde foi. O tempo passou não mais que cinco meses e ficamos sabendo que ele tinha sido atropelado em uma cidade próxima, e imprensado a um poste tinha morrido na hora. Mesmo com sua identidade não sabiam de onde era e de onde vinha. O enterraram como indigente. Ele estava com o cinto escoteiro e um dos investigadores resolveu fazer uma consulta à direção escoteira do estado. Em vão. Ele não tinha registro lá. Alguém sugeriu consultar o Grupo Escoteiro mais próximo. Conversa daqui e dalí se passaram vários meses. Um pai soube e comentou do desaparecimento do Chefe Remo. Ele o conhecia e recordava como todos ficaram preocupados. Ao confirmar a identidade, não havia mais dúvida.

Foi um choque para todos nós. Não sei por que, se foi uma boa idéia, mas reunimos todo o grupo e um dia de domingo à tarde fomos até a cidade onde havia sido sepultado. Em volta de sua campa simples, fizemos uma oração, cantamos a cadeia da fraternidade, todos chorando, engasgados dizendo com dificuldade que não era mais que um até logo, não era mais que um breve adeus, pois bem cedo junto ao fogo, tornaríamos a nos ver. Ali, com os olhos marejados de lágrimas, vimos um beija flor azulado, sozinho, batendo asas em volta do seu tumulo, e enquanto permanecemos ele também ficou, sem pousar, sem cansar. Não digo que seria um sinal, nada disto, eu mesmo não acredito. Sou meio céptico com essas coisas. Um fato não pode ser esquecido, o chefe Remo merecia ter tido muito mais de nós. Pelo menos sua promessa.

Voltamos tristes, silenciosos. Não havia canções, só as lembranças pululavam na face e no íntimo de cada um. Agora sabíamos que tínhamos conhecido um grande escoteiro, um grande chefe, mas só demos o valor quando ele se foi. Não houve promessa, não houve medalhas, não houve certificados de gratidão. Nem um simples agradecimento verbal. Só mesmo a lembrança ficou. Saudosa, dolorida e que nunca mais vai ser esquecida em nosso grupo escoteiro.

Fiquei pensando que nem sempre a escrita, a formação intelectual e docente deve ser avaliada para a escolha de um líder. Como diz o Grande Arquiteto do Universo, a muitas moradas na casa de meu pai.  Ele se sentia satisfeito com o que fazia e ali era o seu lugar. Confirmar tais indivíduos que se multiplicam por todas as plagas, dando seus valores merecidos, faz parte de nossa aceitação em chamá-los de escotistas, de chefes. Voltei para casa meditando. Era um Escotista cumpridor de seus deveres. Não almejava nada. Fazia seu trabalho sem recompensas. Era o lixeiro, o carregador, o apanhador de sonhos. Vi então que a Lei do Escoteiro também é a lei do Chefe Escoteiro.

Nunca mais voltei lá. Não porque não quis, não houve oportunidade. Mas o chefe Remo ficou marcado para sempre em minha memória.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Lembrando Patropi. Um grande poeta. Será que vale a pena, meu?



Lembrando Patropi. Um grande poeta.
Será que vale a pena, meu?

                   A última vez que coloquei o pé na estrada com uma tropa de escoteiros foi há muito tempo. Depois o os anos passaram, aqui e ali um curso que foi rareando, uma palestra uma vez ou outra e pluft! Vi-me aposentado e sem poder sentir minha mochila, meu cantil, minha faca, meu chapéu de três bicos e sem sentir mais o cheiro da terra, o nascer e o por do sol em uma montanha qualquer. Guardei na lembrança o escotismo que fiz quando criança e quando adulto. Os ultimos lobos e escoteiros que tive contato hoje são homens feitos. Pais de família. Cidadãos viventes em suas comunidades.

                  Ainda sinto uma ponta de nostalgia, mas diferente dos muitos que só lamentam o passado e de outros que acham saber fazer o presente e não sabem que não fizeram um passado para lembrar. Eu sei que no escotismo temos diversos tipos de pessoas. Afinal somos seres humanos. Apesar de transmitirmos uma filosofia de vida belíssima nem todos assimilam as benesses de uma vida pura, honesta, alegre e esquecendo-se de ver em cada passo a beleza inconteste do escotismo. Tem muitos ainda que procuram fazer do escotismo uma maneira de vida. Fazem o que sabem e não o que o escotismo é. Dizem que em todo ser humano existe um sonho de comandar. De ditar ordens. Alguns vão mais longe e sonham em fazer dos seus comandados uma sequência de suas vidas, do que são e do que foram.

                 Outros que galgaram postos de comando levam a sisudez de suas empresas, de suas maneiras e tratos com os colaboradores para o escotismo. Um manancial aberto e ali se sentem realizados.  A profissionalização é feita sem salário, mas com exigências. Não sei se estou certo. Acho que não. Vejo o escotismo de outra maneira. Vejo como um jogo para ser jogado com alegria e vontade de dar e servir. Vejo sempre um sorriso, uma palavra amiga, um incentivo a mais. Vejo uma fraternidade em muitos casos maior que irmãos viventes no mesmo lar. Vejo uma aceitação sem invenção. Vejo uma percepção do escotismo no seu natural. De vez em quando olho para mim mesmo e lembro as palavras do Comediante Patropi:

- Pô meu, cê parece que num sei! - Meu, do fundo do meu coração, você prá mim, é problema seu! - É o seguinte, quer dizer, eu também não sei, mas supondo que soubesse, eu diria, sei lá entende!

                Pois é, parece mesmo que num sei! Alguns me escrevem ou deixam comentários que mesmo se entendesse eu diria, sei lá entende! Falar o que? Responder o que? O que dizem não foi e nunca será o meu escotismo. Alegre, sorridente, amigo, sem interesses, respeito, sendo o primeiro a sorrir para o jovem. Mas não. Dizem que sou um contador de historias nada mais que isto. E histórias são historias. Outro dia cheguei a pensar em mudar o rumo dos meus contos. Escrever para outro público que não o Escoteiro. Queria plantar uma muda para mudar o modo de pensar de muitos, mas no fundo do meu coração, acho que não vou conseguir. Até penso e me lembro dele dizendo: - “Meu, daria para me incluir fora dessa?”, e “olhe, para compensar que cheguei atrasado, vou sair mais cedo!”.

                 Escrever dizem-me que é uma arte. Eu ainda não sou arteiro. Como o velho poeta Patropi dizia, “Às vezes a mentira é melhor que a verdade, quer ver? O que é tudo, e o que é nada? Nada é a ausência de tudo, e tudo a ausência de nada”. Para dizer a verdade eu não sabia que você sabia que ela sabia... E até parece que não sei. Caramba! Derrubei com o pé o sustentáculo principal da moradia campeira. Chutei o pau da barraca meu! 

                Acho que fora da realidade do meu saber tem um mundo maravilhoso que não vejo. Tem um escotismo feito do jeito que sempre quis. Quem sabe ele sim vai dar uma nova vida um novo rumo ao que eu penso ao que tu pensas, e o que os outros pensam? Risos. Até parece que não sei. Parece mesmo. Pois é meus amigos escoteiros com minha cultura, será que perdi alguma coisa? Não sou eu quem diz as coisas para vós? Não tá vendo como a comunicação é tudo meu? Claro, nunca serei politico, não sei mentir. Estou mentindo? Pô, e ninguém me avisa? Tudo bem, pá daqui, pá de lá, agora fui quando devia estar voltando.

             -: ”Rosa (rosa), nega (nega) Nega rosa Rosa nega”. Mais tem rosa que é rosa porque é rosa mais não é a minha rosa porque a minha rosa é rosa, mas, a minha rosa é nega Minha rosa Rosa nega...
Que loucura meu! Plies! Sem crise! Bicho. Fuiiii!

Obs. Orival Pessini  o Patropi (seis de agosto de 1944) é um humorista de televisão;

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Técnicas de acampamento.



Conversa ao Pé do Fogo.
Técnicas de acampamento.

 “Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite;... deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido...”.
KIPLING

        A arte de acampar. Existe? Li em algum lugar que se instalamos barracas e dormimos nelas, então estamos acampando. Simples não? Vejam outra descrição: Acampamento (do inglês, camping) é um local onde se estabelecem barracas ou tendas, geralmente com proximidade à natureza onde toda a infraestrutura é levada pelos campistas, tal prática é conhecida por campismo. Bem essa é mais abrangente. Mas ainda está longe do que chamamos Técnicas de Acampamento olhando é claro nossos objetivos escoteiros.

                 Não estou e nem pretendo ensinar aos nossas e nossos escotistas, que são chefes de tropas escoteiras ou seniores (guias). Sei perfeitamente que estão aptos a desenvolverem essas técnicas e suas tropas são exímios mateiros no bom sentido da palavra. Penso ou até posso estar enganado que BP tão maravilhosamente nos trouxe essas técnicas dentro dos seus princípios e métodos escoteiros para nos dar uma visão do seu método. Ele sempre foi enfático em dizer que atividades ao ar livre é o mais importante em nosso movimento. E é nessas atividades que os jovens podem jogar o seu próprio jogo. Aprender a fazer fazendo.
            Técnicas de Acampamento. Existe mesmo? Dizem que foi isso que BP fez quando acampou pela primeira vez em Brownsea. Dizem, não sei. Várias vezes eu conheci tropas que fizeram assim e alcançaram excelentes resultados. E quais são esses resultados? – Sem sombra de dúvida manter o jovem por mais tempo nas fileiras escoteiras e quando adultos mostrar que é digno, que seu caráter se afirme e demonstra o alto espírito escoteiro de que é possuído. Vejamos um pequeno teste de uma boa tropa que conhece o que é técnicas o meu pensamento:

- Vocês fazem um mínimo de dois acampamentos por ano, três excursões por ano e ao menos uma atividade aventureira por ano. Sem contar atividades do distrito e região.

- Vocês acampam com seus monitores pelo menos duas vezes ano, seus monitores já se desincumbem sozinhos na arte mateira, eles estão em perfeita sintonia com suas patrulhas, no campo as patrulhas cozinham para si. Em qualquer situação sempre tem no seu campo um fogão suspenso, uma mesa, bancos e toldos, fazem uso de um WC/particular ou Geral e feito é claro pela patrulha de serviço.

- Suas patrulhas já possuem e mantêm com orgulho todo material de intendência. Aí incluído sapa, panelas, barracas, e outros. As patrulhas já conseguem se transportar para distâncias longas em sacos ou similares. Ao primeiro sinal de chuva elas já estão devidamente preparadas, pois conhecem a técnica de previsão do tempo e sabem como agir nesses casos. Claro que levamos em consideração tropas em grandes cidades e nas menores.

- Na falta de cabos ou sisal, elas as patrulhas são peritas no uso do cipó. Conhecem e sabem a melhor maneira de utilizá-lo. Além dos nós, amarras e costuras de arremate elas dominam perfeitamente a confecção de uma cabana ou oca indígena ou improvisam com arte mateira um abrigo natural.

- Vocês sempre têm a mão ótimos locais para atividades ao ar livre. Tem bom trânsito com os proprietários. Já entregaram para ele um lenço do grupo em uma cerimônia de bandeira como prova de agradecimento ou então fizeram outro agrado para que ele sempre colocasse ali a disposição. Ele sabe que vocês irão deixar o campo exatamente como o encontraram.

- Os monitores já discutem em patrulha os programas da tropa principalmente os de atividade ao ar livre com os demais patrulheiros. Você os consulta na programação das atividades e muitas delas já são dirigidas por eles. Toda patrulha já tem seus cozinheiros e se orgulham dele. Todos os demais têm seu cargo na patrulha e o cumprem satisfatoriamente seja o do campo seja o da sede.

- Você não é daqueles que não sai de perto da patrulha no campo. Sabe que deve deixa-los na arte de aprender fazendo. Ensinou a eles o respeito pela natureza, sabem distinguir uma água potável de uma não potável, e é exigente com o uniforme mesmo acampado. Suas inspeções são sempre pela manhã ou pode haver outras durante o dia. Você conhece perfeitamente as regras do POR sobre normas para acampar.

No retorno o material já vem limpo, arrumado e empacotado e dificilmente fica para ser feito na sede em um dia de reunião. Isto só em casos extremos como sair do campo com tempo chuvoso. Uma semana após, você pede às patrulhas que se reúnam e façam um relatório do que gostaram e do que não gostaram. Este relatório é discutido em Corte de Honra e lavrado em ata.

     Se você fez assim parabéns. Você está no caminho certo. Caso isto ainda não acontece, não sei não. Acho que tem alguma coisa errada ou eu não estou vivendo o escotismo como Baden Powell o idealizou. Assim acredito que você ainda não acertou o seu caminho para o sucesso. Lembre-se o importante são os resultados. Caso não está fazendo nada disto e está perdendo jovens repense o que está fazendo. Desejo a você tudo de bom e que encontre se não o encontrou o Caminho para o Sucesso. Boa sorte!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A morada da felicidade existe entre o céu e a terra.



Lendas Escoteiras.
A morada da felicidade existe entre o céu e a terra.

                  Um silêncio sepulcral na sala de aula. Se entrasse uma mosca pela janela seria como o barulho de um avião levantando voo. Dona Nena de olhos semi-serrados em sua mesa lia um livro comum. Os meninos e meninas calados fazendo uma redação. “Como evitar Escorpiões”. Ela tinha dado uma aula sobre o tema. De vez em quando passava os olhos pela sala. Uma austeridade que era reconhecida em toda cidade. Seus ex-alunos tremiam quando encontravam com ela. Um grito estridente assustou todo mundo – Escorpiões na sala. Corram! Uma correria e uma gritaria sem fim. Dona Nena também assustou. Viu que a sala esvaziou em segundos. Olhou de novo. Só Ruanito sentado, compenetrado fazendo a redação. Dona Nena o pegou pelas orelhas e o levou ao Diretor. Não era a primeira vez.

                 Aniversário da cidade. Na praça um enorme palanque. Várias festividades programadas. O Prefeito Paredes discursando. Ao seu lado Dona Eufrásia sua esposa. Muitas autoridades juntos. O povo em pé na praça. Alguém gritou alto! – Uma cobra! Uma cobra! É uma cascavel! Ela atravessava o palanque devagar rumo às escadas. Um reboliço. O delegado Marcondes esvaziou seu revolver na cobra. Pá, pá e pá! Ela não parou. Gente gritando, caindo, o palanque quebrando. Dona Eufrásia caiu sobre a multidão. Seu vestido novo subiu até as orelhas. O Povo viu tudo. Ela adorava azul com bolinhas amarelas. A multidão dá praça correndo pela Avenida Tiradentes. A praça vazia. Muitos de pernas e braços quebrados foram para o pronto socorro. Só o Zé Bedeu um bêbado ria sem parar e gritava: “Viva Ruanito, o único gente boa da cidade!”. Sentado no banco da Praça Ruanito olhava sério para tudo aquilo. Na sua mão a linha de pesca que usou para puxar a cobra morta.

              Todos sabiam que onde havia estripulias tinha a mão de Ruanito. Seu pai já fora intimado várias vezes na delegacia. Alfredão adorava o filho. Sua mulher fora internada na casa de repouso Santo Angelo há muitos anos. Diziam que ela era louca. Ele não achava. Ela só gostava de se divertir. A cidade não tinha ninguém capaz de ajudar seu filho. Naquela época falar em psiquiatras ou analistas seria um palavrão. Chefe Cleyde era assistente de Tropa. Sempre soube de Ruanito. Tinha pena dele. Um dia tentou com todos os chefes do grupo a aceitá-lo. Ninguém quis. Convenceu o Chefe Manollo a dar uma oportunidade ao menino. – Ele quer se um de nós? – Não sei disse – Se ele quiser vamos tentar por seis meses.  Ela foi a sua casa. O pai de Ruanito gostou da ideia. Ele não disse nem sim e nem não. Olhou indiferente para a Chefe Cleyde.

               Quando foi apresentado à tropa todos se assustaram. Já conheciam sua fama. Romerito era o Monitor mais antigo. Dá Patrulha Peixe Boi. Com quinze anos ainda não tinha ido para os seniores. A pedido do Chefe Manollo ficou até os dezesseis. Era considerado o guia da tropa.  Ficou responsável por Ruanito. Ele o pegou pela mão e o levou até um grande abacateiro que dava sombra no pátio onde se reuniam. – Está vendo aquela formiga? Ela está a “Escoteira” significa aquela que anda só. Você vai ficar aqui e observar quando ela encontrar uma folha e levar para sua morada. Marque o tempo e quantas vezes ela deixa cair à folha! Ruanito olhou para Romerito, olhou para a formiga e não disse nada. Sentou na grama de olho na formiga. A reunião terminou às seis e meia da tarde. Ruanito sentado. Romerito o viu quando ia saindo. Romerito foi embora. O deixou lá. Nem até logo disse. A sede vazia. Ruanito firme sentado no pé do abacateiro.

              Às duas da manhã alguém bateu na porta da casa de Romerito. Ele com sono levantou-se e ao abrir a porta viu Ruanito todo molhado. Chovia a mais de quatro horas. O mandou entrar. Foram para a cozinha onde preparou um café forte.  – “Foram doze horas, vinte e quatro minutos e trinta segundos”. A folha caiu vinte e três vezes e vinte e três vezes a formiga repetia fazendo tudo de novo. Sempre com uma nova tentativa. Pensei em ajudá-la. Mas será que serviria para ela aprender como deveria fazer? Quando ela conseguiu entrou em um buraquinho no tronco do abacateiro não apareceu mais. Romerito olhou para Ruanito. Não disse nada. Pegou dois guarda chuva e o levou até sua casa. Seu pai dormia sono solto.

             No sábado seguinte pela primeira vez Ruanito foi apresentado a Patrulha. Romerito perguntou: - Algum de vocês conseguiram seguir a formiga do abacateiro? Cada um olhou para o outro e não disseram nada. Uma prova muito difícil. Apertem a mão de Ruanito. Ele conseguiu! Os escoteiros olharam espantados. Três meses depois Ruanito fez a promessa. A tropa feliz. Muitos seniores e chefes preocupados. Chefe Cleyde acreditava na mudança. Chefe Manollo era outro que sorria. A cidade se assustou quando viu Ruanito de Uniforme andando garboso pela Avenida Tiradentes. O delegado tirou o boné da cabeça. O Prefeito veio à janela da prefeitura para vê-lo. Zé Bedeu na sua bebedeira dava risadas e gritava: - Viva Ruanito, o maior Escoteiro do Brasil!

           E assim termina a história. Aquela cidade passou a ser uma feliz morada da felicidade. Ela ficava bem ali, bem próxima entre a terra e o céu!   

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O inesquecível Chefe Gafanhoto. (baseada em fatos reais)



Lendas escoteiras.
O inesquecível Chefe Gafanhoto.
(baseada em fatos reais)

               Gente boa. Educado. Sabia ouvir, sabia cantar, era um grande mateiro, sempre sorrindo e com uma tropa Escoteira maravilhosa. Tinha um sonho. Um sonho maluco – Chefe Osvaldo, se Deus quiser um dia eu vou me alistar na Legião Estrangeira. – Você sabe o que é isto? Perguntei. - Claro, sei que quando se alista são cinco anos sem poder sair. Bem cada um com seus sonhos.  Eu o conheci em um curso Escoteiro. Foram oitos dias na mesma Patrulha. Chefe gafanhoto praticamente liderou a patrulha. Surpresa foi quando me disse que morava em Barra das Vertentes. Menos de cento e cinquenta quilômetros de onde eu morava. Em Luz do Amanhã. Tinha sido promovido a Chefe da Tropa há poucos meses. O curso me deu um novo caminho a seguir.

               Chefe! Que tal acamparmos juntos? Minha tropa e a sua. – Grande ideia Chefe Gafanhoto. Quando? Vamos aproveitar janeiro do próximo ano. Falta menos de seis meses. Ficamos combinados. O local ainda iriamos decidir. Em fins de outubro recebi uma carta dele. – Chefe, o Senhor Molixto, pai de um Escoteiro tem uma fazenda próxima a Três Estrelas. Metade do caminho para mim e você. Acho que uns noventa quilômetros de sua cidade. Você passa Três Estrelas e marca mais cinco quilômetros. Verás uma bifurcação. Alí será o ponto de encontro. Até a fazenda são mais oito. Senhor Molixto me garantiu que lá tem um excelente local, próximo de uma cascata para banho e muitos bambus. Ele irá nos ceder dois carros de bois para transporte do material do entroncamento até o local. Garantiu também que será por conta dele a carne de porco, de boi, gordura, arroz, feijão, batata e verduras e frutas. Ele tem isto na fazenda!

                  Beleza! Mandei outra carta confirmando o horário de encontro. A tropa vibrou quando contei do acampamento. Consegui na prefeitura um caminhão lonado, Chefe João o Chefe do Grupo conseguiu o que precisávamos de alimentos no Armazém do seu Amadeus. Iriamos com quatro patrulhas. Fizemos dois Conselhos de Patrulha e duas Cortes de Honra. Metade do programa nosso e a outra do Chefe Gafanhoto. Seriam seis dias acampados. Partimos em uma manhã chuvosa. O caminhão estava lonado. Rio Bahia, estrada de terra ainda sem asfalto. Noventa quilômetros. Chegamos às nove e meia da manhã. Corre daqui, corre dali, tralha nas costas, chuvinha intermitente e pegamos a bifurcação. Vimos à tropa do chefe Gafanhoto do outro lado do pontilhão de madeira. O córrego cheio. Imenso. Passava por cima da ponte. Não dava para atravessar. Um barulhão tremendo das corredeiras.

                  A Patrulha Raposa montou rápido um posto de transmissão de semáforas. Entendemo-nos. Armamos barraca debaixo de chuva e combinamos esperar a enchente diminuir. As patrulhas improvisaram um toldo e um fogão tropeiro. Saiu uma sopa com pão fresco. À noite as patrulhas resolveram conversar por Morse. A turma do Chefe Gafanhoto era boa na sinalização. Dormimos cedo. De manhã sem chuva, mas cinzento o céu. A enchente diminuiu. Rogério Monitor me procurou. Chefe, as barracas estão cheias de escorpiões. Ensinei o que deveria ser feito para empacotar o material de campo e individual. Graças a Deus ninguém foi mordido. Resolvemos atravessar sem a ponte, pois se não iriamos perder alguns dias o que não estava no plano. Cada Patrulha fez uma pequena jangada. Uma festa. A outra tropa gritando e ajudando. Às onze da manhã estávamos do outro lado.

                   Abraços, saudações, apertos de mão, uma festa. Partimos. Os carros de boi lotados. Rangendo. Cantando como sempre. Adorava isso. Chefe Gafanhoto brincando com todos, animando, todos rindo. Oito quilômetros tirados de letra. Uma hora da tarde chegamos. Seu Molixto gente boa. Comemos goiabas e bananas. Ele tinha uma carne de porco frita. Mas iriamos fazer o almoço. Fomos para o campo. Lindo local. A cascata era linda. Tem nome? Perguntei. Não. Eu te batizo como Cascata da Fraternidade. E assim foi dito, e assim foi feito e assim lavrado em ata. Seis dias maravilhosos. Parecia que os sessenta jovens ali presentes se conheciam a longo tempo. Mais que irmãos. Seu Molixto um gentleman. Dois meninos filhos de um meeiro (mora nas terras da fazenda, planta e dá uma parte para o dono) se encantaram. Chefe Gafanhoto os colocou cada um em uma Patrulha.

                      Tiana filho do Seu Molixto uma bela morena dos seus dezessete anos não tirava os olhos de mim. Fiquei triste quando partimos e ela chorou. Lagrimas e lagrimas em seus olhos. No acampamento teve de tudo. Bois que invadiram o campo à noite acordando todo mundo. Ricardinho pegou uma traíra de quatro quilos. Só vendo para acreditar. A luta do bastão no remanso da Cascata da Fraternidade valeu por um acampamento. A jornada na Caverna do Vento outro. Começava em um lado da montanha e saia do outro lado. Mais de dois quilômetros na escuridão. E os pistoleiros? Sempre escorados no tronco da macaxeira a nos espiar. Seu Molixto dizia que eram de paz. Norbertinho em um jogo noturno caiu de uma arvore. Quebrou a perna. Foi levado a cidade e voltou para o acampamento enfaixado. Ele mesmo fez uma espécie de muleta para ele. Nunca chorou. Aproveitou tudo do acampamento.

                      A falsa baiana em cima do remanso a mais de quinze metros de altura deu o que falar. A ponte pênsil que a Patrulha do Morcego fez durou dois dias com um belo tombo do Japirim. O ninho de águia da Patrulha Coruja dizem está lá até hoje.  Risos. A “desandeira” que deu em todos por comerem muita goiaba deu para rir a beça. Sempre um correndo para o WC que logo encheu! Final de campo. Meninos da fazenda chorando. Seu Molixto emocionado fez o juramento e recebeu os dois lenços um de cada grupo. Os dois pistoleiros vieram nos cumprimentar. Tiana me procurou dizendo que me amava e nunca mais ia me esquecer. Nunca mais a vi.  Retorno triste, Chefe Gafanhoto tentando animar. Partida chorosa, nosso caminhão lotado. Dando adeus. Edinho com sua bandeirola de semáfora dizendo e repetindo um até logo até o caminhão virar a curva da estrada. Meninos se acenando dizendo adeus. Promessas de um novo reencontro. Amizades que se formaram e duraram por uma eternidade. Janeiro de mil novecentos e cinquenta e nove que entrou para a história.

                      Cinco anos depois recebi uma carta do Chefe Gafanhoto – Chefe Osvaldo, estou partindo para a França. Vou me alistar na Legião Estrangeira. Nunca mais o vi. Acho que seu sonho de ser um legionário foi realizado. Ainda deve estar lutando nas montanhas ao norte da Argélia. Sonhos são sonhos. Cada um faz o seu. Belo acampamento. Grande amigo o Chefe Gafanhoto. Nunca mais o vi e nunca mais o esqueci. Ficou marcado para sempre em meu coração.