Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Conversa ao pé do fogo. Existem limites para continuar?



Conversa ao pé do fogo.
Existem limites para continuar?

... – Transcrito de uma observação de um amigo em uma publicação minha: - Infelizmente, chefe, se tendência a isso... Vida longa aos tradicionais (?). Escoteiros de verdade ainda firme na sua uniformização. Hoje vejo aquela “roupinha” ridícula, de meias vermelhas, tênis amarelo, lenço sem arganel, camisa fora da calça, cabelos verdes, amarelos, tri... Penta, hexa cor. Uma tropa horrorosa, desleixada e que sem nenhuma técnica ou Lei Escoteira no coração vão fazendo escotismo por alguns meses, pois logo saem para nunca mais voltar...

- Às vezes eu me pergunto... O que estou ainda fazendo aqui? Vale a pena minhas crônicas minhas histórias no seio da Patria Amada Escoteira do meu Brasil? Não seria melhor me abdicar dos meus pendores se é que tenho algum, dos meus amores, da minha admiração dos meus velhos tempos e esquecer que ainda sou um Escoteiro do Brasil? Por escolha pessoal não tenho laços com nenhum Grupo Escoteiro, não sou convidado para nenhuma atividade em nível distrital regional ou nacional e não tenho vínculos com a associação escoteira que amei. A União dos Escoteiros do Brasil é agora uma sombra do que foi. De união partiu para ser uma só entidade. Escoteiros do Brasil. Tudo se resume a grandiosidade, agride a fraternidade com esta pujança de ser a melhor. Somos tantos, temos tanto, e de tanto em tanto se esqueceu do seu papel fundamental: - Formar jovens dentro dos princípios educativos que propôs o Líder Escoteiro Robert Baden-Powell.

Cansa, e se cansa estou cansado demais para ver tanta mediocridade que nesta época os novos pedagogos e pensadores (eles existem?) dão a bula de como fazer o escotismo moderno nos  dias de hoje. Que me desculpem os arautos do saber. Os jovens hoje em sua maioria são massa de manobra nas mãos de ecléticos donos do poder que acreditam saber qual o melhor caminho a seguir e o caminho a evitar sem perguntar, sem pesquisar e ver se os resultados foram os esperados. Eles os paladinos da nova geração salpicam a sua maneira onde está o futuro que devemos buscar, e para isto tomam as rédeas sem ao menos ser amistoso com aqueles que como ele se preocupam se este seria o caminho para o sucesso.  

Não serve como fonte as conversas, as anotações, os comentários, as postagens nas redes sociais para saber se estamos seguindo o caminho correto. Posso estar enganado, mas boa parte dos dirigentes dos Grupos Escoteiros, dos chefes, preferem ficar em OF e fazerem seu trabalho sem alarde, sabendo que o escotismo é para os jovens e é este o caminho a seguir. Eu na minha ingenuidade às vezes pergunto aos demais: - Os jovens foram consultados? Seria este o escotismo moderno que escolheram e adotaram como linha de vida no seu crescimento individual no seu crescimento escoteiro? Costumo ficar boquiaberto com o que leio pensando se é assim que devemos fazer escotismo. Cada um oferece para dar testemunho na sua maneira de pensar. É um tal do meu grupo faz assim, minha tropa é assado, minha alcatéia adora, e quando vejo uma foto quase desfaleço... Lá estão meia dúzia de gatos pingados, escorados em seu bastão, outros em uma sala fazendo reunião, gritando melhor, melhor e o escotismo para aqueles meninos e meninas será uma breve passagem no tempo do que um dia sonharam encontrar.

Há uma carga de eletricidade no ar. Lá dos States vem a noticia que muitos nunca quiseram ler: - “Os Boy Scouts of America se declaram em bancarrota”! Milhares de jovens hoje adultos entram na justiça americana pedindo indenização pelo abuso sexual que sofreram. Não se enganem. Tal fato é notório em muitos países inclusive no Brasil. Como aconteceu e ainda acontece no Clero tudo é tratado por baixo do pano para evitar publicidade negativa. Seria esta maneira de agir a mais correta? Afinal se pensarmos que em nosso país os erros cometidos no escotismo foram escondidos a sete chaves, que a Comissão de Ética dos diversos segmentos da hierarquia escoteira mantém tudo em sigilo (o que em alguns casos até posso concordar) e nunca houve uma preocupação maior para descobrir e evitar tais predadores que estão no escotismo apenas para aproveitar suas taras já que  nosso sistema é fácil para atingirem seus objetivos.

Dizer que isto é moderno discordo. Vi no passado casos escabrosos que só foram descobertos anos depois. Mas hoje se tornou mais fácil. Milhares de adultos adentraram no escotismo. Há uma farta distribuição de favores que muitos deixam seus jovens nas mãos de outros para absorverem suas potencialidades, atrás de promoções, elogios, e conquistas que os colocam no pedestal de muitos que já passaram nas fileiras escoteiras. Os cursos de formação até que se preocuparam no sistema moderno de ensino, mas esqueceram-se do principal... Aprender fazendo, sistema de patrulhas, treinamento técnico, vida ao ar livre e ser responsável com sua própria autoeducação sob a supervisão de adultos.

Grupos Escoteiros hoje tem a liberdade de terem em suas fileiras meninos e meninas em atividades mistas e muitas vezes os chefes não estão devidamente preparados para agirem dentro dos padrões esperados pelos pais, pela escola e pela religião, já que estes são os principais pilares da existência do escotismo. Nada contra a coeducação. Mas não como fazemos hoje no escotismo. Peço a Deus que não estoure por aqui, centenas de reclamações de abusos sexuais como está acontecendo em outros países. Eu estou deverasmente pensando em diminuir minhas considerações que aqui diariamente posto. Como dizem por aí, é sonífero para boi dormir. Ninguém em sã consciência pode dizer que elas são válidas.

Sei que poucos apreciam e dão seu testemunho no que costumo escrever, mas o Velho Chefe Escoteiro mais parece um Juan Guaidó, líder da oposição e presidente do Parlamento da Venezuela, aquele que se acha presidente sem nunca ter sido. Ainda bem que as forças estão acabando e breve muito breve serei obrigado a deixar a luta no que sempre acreditei ser um escotismo verdadeiro do qual me orgulho. Sei que minhas palavras escritas não são levadas a sério. Cada um acredita no que aprendeu e o caminho hoje é esse. Alguns ainda me seguem, outros apenas dão suas curtidas sem ler. O tempo não é a favor do tempo. Não quero e não pretendo ser unanimidade.

Termino repetindo as palavras do Dr. Spock personagem da série Jornadas nas Estrelas... – “Após algum tempo, você vai perceber que ter não é tão agradável como querer. Não é logico, mas é normalmente verdade”. “É curioso como vocês humanos (escoteiros) conseguem tantas vezes obter aquilo que não querem”. – “Se eu fosse humano eu acredito que minha resposta seria “vá para o inferno”! Se eu fosse humano”. E eu poderia terminar com esta pérola da Interprise: “Uma pessoa pode começar remodelando a paisagem com apenas uma flor, capitão”.

- E chega por hoje, desejo a todos bons ventos, bons caminhos e uma vida longa próspera e feliz!


domingo, 16 de fevereiro de 2020

Conversa ao pé do fogo. Os heróis não tem idade.




Conversa ao pé do fogo.
Os heróis não tem idade.

O que uma pessoa precisa para ser um herói? Coragem? Sabedoria? Alguém disse que o herói é tipicamente guiado por ideais nobres e altruístas. Possui a liberdade de decisão, fraternidade com o próximo, sacrifício e coragem, sem faltar à justiça a moral e a paz. Ser herói não é ser egoísta e não ser motivado pela simples noção de que ele agiu baseado nos princípios de se mostrar como um. Suas motivações sempre serão moralmente justas ou eticamente aprováveis mesmo que ilícitas. Pensemos que ser herói e preciso observar que o heroísmo caracteriza-se principalmente por um ato moral. No escotismo temos uma gama enorme deles. Não só os que ajudam o próximo, os que salvam vidas, mas também aqueles que querem ajudar a formar homens de caráter e com sentimentos nobres. Nosso país tem se esquecido de muitos. Nossos heróis são uns eternos desconhecidos. Poucos alcançaram a fama e são lembrados por isso.

Dizem que os heróis surgem em tempos difíceis, em fatos e atos que merecem destaque. Alguns afirmam que os heróis não se fazem eles já nascem assim. Caio Vianna Martins ajudou muitos, mas não salvou ninguém. Tornou-se um herói e se mudou a história escoteira foi com suas palavras que o fizeram um exemplo a ser seguidos por todos nós escoteiros do mundo. Nunca esqueci o que o Chefe Joel um dia me disse em um intervalo de um curso que dirigia. Estava eu embaixo de uma castanheira saboreando uma gostosa sombra quando ele chegou. Aluno do curso sentou ao meu lado e ficamos conversando banalidades até que o assunto surgiu: – Olhe Chefe desde pequeno que procurei ajudar o próximo. No escotismo o fiz em todas as sessões que participei. Mas quer saber? Nunca fui herói de nada. Se os meninos seguiam meu exemplo, não sei se um dia fui herói para eles.

Pensei em suas palavras. Cheguei à conclusão que também nunca fui um herói no bom sentido. O Chefe Joel me deu dois exemplos – Chefe, quando Sênior estávamos indo para uma atividade aventureira, de bicicleta quando vimos na beira da estrada um amontado de pessoas ajudando feridos e mortos em um ônibus que sofrera um acidente. Paramos e os patrulheiros correram para ajudar. Eu fiz o mesmo, mas confesso que não sabia o que fazer. Parei pensando que não fomos preparados para isto. Ouvi gritos e pedidos de socorro. Minha mente trabalhava para dizer quais as primeiras coisas que poderia ajudar ali naquele momento. Isto levou alguns minutos. Bem no final ajudei sim com os parcos conhecimentos de primeiro socorros que tenho. Mas Chefe eu demorei em tomar uma decisão. Dizem que os heróis agem por instinto e resolvem o que fazer em poucos segundos. Portanto não me considerei um herói.

Enquanto ele narrava sua saga de herói fiquei pensando em Joaquim José da Silva Xavier o Tiradentes. Pensei também em Alberto Santos Dumont. Não podia esquecer Heitor Villa-Lobos e Monteiro Lobato assim como o Visconde de Mauá e os irmãos Villas-Boas. Cada um deles ate hoje é lembrando e foi herói ao seu modo. O Chefe Joel não me deu chance de pensar melhor sobre o que ele fez e logo contou o segundo fato que aconteceu – Chefe eu estava em uma sessão de cinema. Não estava cheio, quem sabe dois terços de sua capacidade total. Cometi um erro que um bom Escoteiro que diz estar Sempre Alerta não comete. Não prestei atenção às saídas de emergências, extintores e portas contra fogo. O filme aqueles antigos de celuloide pegou fogo e se espalhou na cabine onde estava o projetor. A fumaça saia dos buraquinhos e logo uma chama apareceu. Alguém gritou fogo! Outro gritou mais alto que o cinema estava pegando fogo.

Eu levantei da poltrona e olhei aquela balburdia onde todos queriam sair por uma só porta. Vi choro de crianças, senhoras gritando e claro os mais fortes empurrando os demais para sair primeiro. Eu estático. Minha mente trabalhava para me dizer o que deveria fazer. Enquanto isto crianças e mulheres eram pisoteadas e eu um herói fracassado sem tomar nenhuma atitude. Isto demorou alguns minutos e logo sai em disparada para ajudar os feridos. Sempre Assim, poderia ter evitado aquela balburdia, socorrendo e mostrando o melhor caminho a seguir para fugir do fogo. Se tivesse conhecimento antecipado onde estavam às saídas de emergências muitos poderiam ter um melhor destino. Graças a Deus que não morreu ninguém. Mas uma dezena deles foram parar no hospital. Aprendi a lição. Não entro mais em local fechado sem ver as saídas de emergências, se estão fechadas a chave ou cadeado, sem perguntar quem fica com as chaves e claro estar pronto para gritar se preciso e tomar a liderança em qualquer emergência que aparecer.

Ouvi o toque do Chifre do Kudu. O tempo livre para um lanche tinha terminado. O Chefe Joel saiu correndo para formar. Olhei para ele. Quanta juventude, quantos sonhos quanta vontade de se sentir bem como um herói Escoteiro. Fui devagar à sala da chefia. Pensava comigo se eu também fui ou seria um herói no lugar dele. Eu sei que existem casos em que as pessoas sem vocação heroica protagonizam atitudes dignas de um herói. Sei também que tem aqueles outros que demonstram virtudes heroicas para realizar façanhas de natureza egoísta, motivados por vaidade, orgulho, ganancia ou mesmo ódio. Um dos assistentes do curso fazia um belo jogo com os cursantes. Adorava aquele campo escola. Era como se estivesse saído da cidade de pedra e entrasse em plena natureza que só os bons escoteiros sabem reconhecer.

Fico pensando quanto heróis escoteiros já tivemos. Acredito que muitos. A maioria na clandestinidade. Quase ninguém saberá quem foi. Não temos um programa para formar e fazer heróis. Ainda bem. Eu sei que o heroísmo é um fato profundamente arraigado no imaginário e na moralidade popular. Feitos de coragem e superação inspiram modelos em diversas situações. A atitude heroica surge muitas vezes a partir da problemática imposta por um ambiente ou situação adversa, cuja solução exige um feito grandioso ou um esforço extraordinário. Fico feliz em ver que temos muitos lideres sejam homens ou meninos, mulheres ou jovens participando do escotismo que de uma maneira ou de outra tem fibra de herói e fazem o que podem pelo escotismo. Caio Martins com sua frase “O Escoteiro caminha com suas próprias pernas” ficou na história. Compete a nós chefes dar uma volta no passado ou na história e trazer para o presente o valor dos nossos heróis e mostrar a nossa escoteirada que também temos exemplos a dar.