Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Conversa ao pé do fogo. Apenas uma reunião do 1º Grupo de Gilwell.




Conversa ao pé do fogo.
Apenas uma reunião do 1º Grupo de Gilwell.

... - Os Chefes Portadores da Insígnia de Madeira fazem parte do 1º Grupo de Gilwell. É um grupo único, bastante original, que rompe todas as regras dos P.O.R,s do mundo, não possuindo Assembleia, Diretoria, Conselheiros e Programa. Reúne-se uma vez ao ano em Gilwell no primeiro ou segundo fim de semana de setembro. Poucos tiveram a felicidade de estar em Gilwell em uma das reuniões. A maioria conhece sua história e participaram de uma em seus habitats locais. Dizem que tudo que se passa ali é altamente secreto, eu no alto da minha boca larga conto tudo sem dizer nada! Risos. Apenas uma historieta pequena sem nada para dizer!

                    Não eram tantos, mas era um número considerável para aquela reunião de Gilwell em uma floresta perto da cidade. Um bom bocado nunca tinham participado e esperavam ansiosos pelo seu inicio. Sempre tiveram o sonho de estar lá, junto com irmãos escoteiros que tiveram de se esforçar para pertencer com orgulho do 1º Grupo de Gilwell. Muitos comentavam que o que ali se passava era confidencial, outros não escondiam que era uma reunião de amigos, uma historia uma lenda, e confraternizar com a Canção de Gilwell lembrando o título de sua matilha ou patrulha e cantar como se ainda estivessem em cursos passados.

                   A espera do inicio fazia com que muitos olhassem no relógio, conversassem entre si, para que a impaciência não tomasse conta do sonho de ser mais um do 1º Grupo de Gilwell. Finalmente foram chamados ao salão. Em circulo olhavam uns para os outros, os mais novos e mais antigos o que se deduzia que ali a fraternidade reinava de maneira concreta e real. Ninguem esperava, mas adentrou a sala um Chefe Escoteiro, com seus 83 anos, fisionomia carcomida pelo tempo, e com passadas trôpegas firmando em bengala, foi até onde estava o dirigente da reunião e educadamente numa mistura de sotaque inglês pediu a palavra. Todos o fitaram espantados. Alguns ficaram confusos, pois sabiam que o conheciam de algum lugar. O silencio reinou na sala a espera do que ele iria dizer:

- Caros amigos e irmãos escoteiros de Gilwell, estamos aqui reunidos alguns pela primeira vez, pensando como seria e como deve nosso encontro e nos transportar para a Grama Verde de Gilwell onde belas histórias marcaram época. Fechem os olhos e veem comigo para Gilwell, mais precisamente no campo do cerimonial onde o fogo crepita e em volta da clareira, estarão os primeiros cursantes e muitos que ainda lembram com saudade em estar aqui. Cada um de vocês já conhece a história das Reuniões do primeiro grupo de Gilwell, onde coube a direção ao Chefe Mundial Lord Baden-Powell pela primeira vez. Ele não foi longo e dirigiu uma breve palavra a todos. Não vou repetir suas palavras e sim acrescentar outras que vale a pena ter sua atenção. – Vocês sabem essa nossa vida é tão curta... O tempo em que ficamos neste mundo é tão breve... E esquecemos que existem tantas coisas boas, úteis, concretas e que, principalmente, estão ao nosso alcance e as deixamos de lado. Não lhe damos a atenção necessária. Talvez por não acreditarmos que os momentos e os detalhes são únicos. Ou talvez por esquecermos que as oportunidades podem ser descartadas, mas dificilmente repetidas.

- Deu uma parada, respirou fundo e continuou: - Estamos sempre nos queixando pelas grandes obras que não podemos realizar e deixamos de lado aquelas pequenas que nos são possíveis. Vivemos desejando asas, enquanto nossos pés nos convidam a pisar firme no chão. Acreditamos que a nossa felicidade está naquilo que desejamos e deixamos de amar o que possuímos. Nossa vida é breve e temos muita coisa útil a realizar. De modo algum se justifica nossa busca por satisfações efêmeras, enquanto nossa realização está justamente naquilo que já é nosso.

- Respirou fundo e terminou dizendo: - Devemos nos lembrar de que passaremos por este caminho, este mundo, uma só vez. Precisamos, portanto, aproveitar estas oportunidades única e breve, precisamos reconhecer que somos chefes e se estamos aqui foi porque Deus nos deu esta missão. Que o espírito de BP esteja neste encontro, que Gilwell não signifique apenas um lenço e um certificado... Cada um de nós temos um objetivo e no escotismo temos um manancial de nos tornarmos mais amigos e irmãos escoteiros um dos outros. A promessa que um dia fizemos é tão importante ou mais que a nossa maneira de agir.
Sempre Alerta!

                    Deu um sorriso, e saiu da mesma maneira que entrou desaparecendo na penumbra da floresta onde se realizava a reunião!

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Trans, LGBT e a liberdade de escolha.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Trans, LGBT e a liberdade de escolha.

- Não é minha praia. Sou um leigo e aprendiz escoteiro. Sei que nesses novos tempos são temas discutidos nos meios sociais, religiosos e me parece em todo o mundo moderno. Costumo ler tudo que me cai em mãos, mas sinceramente estou fora da jogada. Não discuto minhas opiniões ao tema em questão ficam restritas aos mais próximos e mesmo assim tomo cuidado no que vou dizer. O mundo inteiro discute o movimento gay, os transexuais e outros que ficaram apegados a sua crença no seio das famílias cristãs ou não. A nova identidade está aí presente no seu vizinho ao lado, na família do seu amigo, no rádio na TV e nos jornais. Inclui-se aí o ateísmo agora bem mais aberto já que a democracia nos autoriza a pensar e escolher o que desejos acreditar e ser.

Há alguns anos o Escotismo teve que aceitar discutir tais peculiaridades. Nos Estados unidos a Boy Scout of America, uma organização escoteira conservadora, ainda admitindo em seu seio somente escoteiros do sexo masculino abriu no ano passado a entrada do sexo feminino. Ela mantinha sua decisão de recusar a afiliação de gays e afins como membros da entidade. A Corte Suprema americana considerou preconceituosa e contrária aos direitos de igualdade. A decisão trouxe o tema da homofobia a tona e isto provocou polemicas. A imprensa comentou que para a Boy Scout este combate ao preconceito está previsto na própria Lei Escoteira (?).

O Berço do Escotismo nascido na Inglaterra vitoriana também liberou a participação da comunidade LGBT ao escotismo. Lá, no entanto não houve celeuma por parte dos seus associados e a aceitação foi normal. Considerando a França, a Alemanha, Portugal e outros países onde o escotismo tem força na sociedade, não vi nada que surgisse uma discussão do tema em pauta. Queira ou não o assunto corre célere no Escotismo mundial onde existe a democracia. No Brasil a Escoteiros do Brasil solapa levemente a aceitação conforme sua ultima publicação e o que está inserido em seu Manual de Identidade Visual. Li rapidamente esse manual. Sempre sou um “soy contra” de muitas ações da EB.

Bem, não sou uma sumidade e nem um emérito conhecedor do que acontece em outros países onde se adota a filosofia de BP a participação ou discussão sobre os Trans e LGBT. Entretanto a Escoteiros do Brasil arrumou um celeuma com sua publicação sobre os Trans, criando o dia da visibilidade do Movimento Trans. Os comentários foram diversos. Os a favor e os contra. Não vou comentar os dizeres da Associação Mater do escotismo brasileiro. Os mais fervorosos contras são os mais idosos, os religiosos que ainda carregam em seu seio e sua família o Tabu de não aceitar mudanças no que eles chamam de identidade escoteira, principalmente no artigo da 10º Lei do Escoteiro... “O Escoteiro é limpo de corpo e alma”. Sem tentar analisar a lei, a maioria dos cristão não aceitam esta discussão que para eles não tem cabimento na Seara do Senhor.

Pelo sim pelo não, recolho-me ao silencio neste tema. Não tenho experiência para explorar e ou aconselhar. Queira ou não me considero um preconceituoso, com tabus adquiridos no seio familiar e mesmo compreendendo os direitos e deveres de cada um prefiro não defender ou atacar. Ainda sou aquele Velho Escoteiro cheio de crendice, onde não me passa a ideia de mudar mesmo sabendo que é um pensamento ou uma luta inglória, pois não há como fugir da realidade. No fundo mesmo eu vejo certos direitos na maneira de pensar e agir. Nunca serviria para ser herói, dirigente escoteiro e ter que aceitar decisões da maioria nestes temas que aqui apresento. Nasci em uma família cristã, contra certas liberdades cujos direitos são fatos consumados.

Não me passa pela cabeça até mesmo o movimento escoteiro misto. Acredito na liberdade de cada um fazer e participar do escotismo, mas vejo o sistema de patrulhas de forma diferente de muitos. Meninos e Meninas deveriam ter liberdade de ação e atuar em suas patrulhas livremente. Não me passa em sã consciência uma Patrulha cheia de trejeitos, maneiras femininas ou masculinas principalmente aquela que acredito na formação do caráter, ética, honra e outros mais. Claro que discutir se o outro lado não poderia atingir tais metas prefiro não discutir. Às vezes penso entre recônditos do meu pensamento que se tivéssemos patrulhas com escoteiros e escoteiras separadamente atuando na metodologia Badeniana, não importando a raça, credo ou escolha individual poderíamos atingir o que sempre queremos na formação do jovem. Cada um deve ser livre para escolher o seu destino. Não cabe no meu modo de entender fugir do método de BP para introduzir temas aos escoteiros que muitos não estão preparados para tal.

Pensando bem nos esquecemos dos pais. BP quando trouxe o escotismo para o mundo definiu que somos um movimento de colaboração com os pais a escola e a religião. Não substituímos, não somos os responsáveis pela total educação formal de cada um. Somos uma pequena parte do todo. Quando houver unanimidade de pensamento entre os pais dos escoteiros e escoteiras sobre os temas atuais aí sim quem sabe podermos entrar nesta seara, deste que seja feito uma preparação e com objetivos definidos. Aquele Chefe que levou seus jovens a Parada Gay acredito ter tido a autorização dos pais e com finalidades de conhecer e saber quem são eles. Eu nunca iria com meus escoteiros a tal tipo de parada, mas aceito que outros o façam.

E nos finalmente me apego que tudo é válido deste que os objetivos escoteiros baseados na Lei e na Promessa e no Método Escoteiro de Baden-Powell seja alcançado. Reconheço que cada escoteiro trás de seu lar uma educação já caracterizada e não nos compete alterar ou modificar. O respeito à educação dada pelos pais merece nosso respeito. Muito do que fazemos e realizamos nem sempre são levados em consideração tais fatos no lar do Escoteiro e da Escoteira. Nem sempre para mim os fins justificam os meios. É somente pelos resultados que podemos reconhecer que nosso caminho nossa trilha atingiu os objetivos propostos.

Meus pensamentos aqui colocados são de um Velho Chefe Escoteiro. Desculpe se não me associei a sua maneira de pensar. Postei esta crônica pensando em dar uma satisfação aos meus leitores sobre o que penso sobre o movimento Trans e LGBT. Os pontos de vista de cada um sempre serão por mim aceitos e cada um de nós tem o direito de dar sua opinião. Assim como aceito o Movimento Trans e LGBT reservadamente que os demais aceitem o meu modo de pensar. É meu direito! Obrigado.