São coisas da esquerda!
“E Sérgio Moro me chamou para acampar a “escoteira”
- Três vezes por semana, entro em contato com o “Senhor Corona” pedindo
permissão para fazer uma caminhada de seiscentos ou setecentos metros em volta
da minha casa. Coisa pequena. Já tinha problemas com meu perfil de Schwarzenegger
sem contar meu pulmão de aço de Super Homem (às vezes me mandam pelo correio
uma kriptonita que penso ser coisa da EB - kkkk) e se ficar sem uma caminhada,
sou chamado ao SUS para dar satisfação aos homens e mulheres do Jaleco Branco. Devidamente vestimentado com minha máscara que
Célia fez para mim lá vinha eu em passos de tartaruga firmando trêmulo minha
querida “bengala”. Na rua vazia a não ser um motoqueiro aloprado só se ouvia o
ploc, ploc da minha bengala. Eis que sentado em um banquinho na porta de uma
casa, um jovem dos seus dezessete ou dezoito anos dialogava com um senhor já
idoso, sentado do lado de dentro devidamente vestimentado com sua máscara e a ou
o jovem f alar: - “Isto é coisa da esquerda”.
Já não é a
primeira vez que ouço ou leio sobre isso. Inculto, apesar da minha formação na
Escola da Vida me vesti com meu amado caqui, coloquei o chapéu, procurei me ver
no espelho se o lenço estava bem dobrado e bem colocado no meu pescoço
pelancudo e cheio de rugas, pois o lenço costuma bloquear esta visão horrível parecida
com aquele presidente da direita! Epa! Esqueçam o presidente, esqueçam o
capitão. A coisa da esquerda agora é Moro. Mas vamo lá, bem uniformizado,
conforme me lembrava de quando menino escoteiro e seguindo o exemplo do meu Chefe
João Soldado um sargento e não capitão corri até o Google para saber o que
seria “Coisa da Esquerda”. Já vi tal frase muitas vezes aqui no Face. Ensina-nos
o novo “teacher” de codinome Wikipédia substituto das Enciclopédias do passado,
como a Britânica e a Delta-Larousse, sem contar a Mirador e outras mais o
seguinte:
- As ideologias “esquerda” e “direita” foram criadas durante as
assembleias (não as escoteiras) na França do século XVIII. Nessa época, a
burguesia procurava, com o apoio da população - especialmente os
"sans-culotte", diminuir os poderes da nobreza e do clero. Era a
primeira fase da Revolução Francesa (1789-1799). Com a Assembleia Nacional
Constituinte montada para criar a nova Constituição, as classes mais ricas não
gostaram da participação das mais pobres, (qualquer semelhança com a Escoteiros
do Brasil e o Chefe Zé das Quantas é mera coincidência) e preferiram não se
misturar, sentando separadas, do lado direito. Por isso, o lado esquerdo foi
associado à luta pelos direitos dos trabalhadores, e o direito ao
conservadorismo e à elite francesa. Interessante, eu pensei. Será que o jovem “palrador”
sabia sobre isso? Ele explicava ao seu progenitor ou amigo idoso o porquê alguns
discordavam do próprio Presidente aquele pai do Zero um, Zero dois e Zero três.
Sem tem mais não sei. Dizia ele que Deus é brasileiro e a cura tá aí! Ele se
referia a Hidroxicloroquina.
Bem, passei por eles com meu ploc, ploc rumo a minha barraca na Rua do Pardal.
Ruminava e pensava: - Será que sabiam que o Doutor Sérgio Moro pediu demissão?
Não, acho que não, senão estavam batendo palmas pela saída de um dos contra, o
invejoso, o homem da lavajato, aquele da esquerda. Na virada da Rua Lucrécia
quase tomei um tombo. Moro pediu demissão? Primeiro o Mandetta e agora ele? E
dizem que o Paulo Guedes está ruminando se não segue atrás. Cheguei em casa
pensando se os da direita (se somos da esquerda eles são da direita) se
informam melhor. Muitos dizem que o hecatombe foi por causa das Fakes News
aquelas que atacam autoridades (coitado do Maia) aquelas que subvencionaram
os gastos e chamamentos para multidões saírem
às ruas com faixas e cartazes pedindo a volta dos militares e do AI5 e por uma incrível
coincidência o Capitão passou por lá subiu naquela caminhonete estacionada ninguém
sabe por que também estava também lá. Alegam os mal intencionados que foi coisa
do Gabinete do ódio. Epa! Gabinete do Ódio?
Pois é. A celeuma bate na porta dos subcampos. Cada Patrulha alega ser
da direita. Os pioneiros gritam na beira do Waingunga que são da esquerda. A
escoteirada em fila diziam: - Chefe não fui eu! Sou da direita... Volver! E eu
na minha inocência de brasileiro escoteiro, aquele promessado que nunca quis repromessar,
pois a promessa é para sempre deixei que me convencessem que o Capitão também é
inocente. Maria Naninha, uma antiga Chefe de lobinha que ainda não tem nem
mesmo o anel de Gilwell me disse ao pé do ouvido: - Chefe, o Doutor Moro no
telefone. Está convidando para um acampamento a “Escoteira” no Pico da Neblina.
O Senhor atende? Pegou-me de calças curtas! Kkkk. Olá-lá! Adoro a calça curta,
me sinto Baden-Powell quando estou com ela vestimentado a caqueana, mas com a
camisa devidamente dentro dela. Pico da Nebline! Me aguarde!
O valente Juiz Moro se foi. Seguiu os Passos do Mandetta, do Terra, do
Canuto, do General Floriano (ainda bem que não foi meu querido Chefe Floriano
de Paula), do Santo Cruz, do Ricardo Velez, do Gustavo Bebianno, putz! É gente
prá dedeu. Não sei qual o próximo. Será o próximo o Paulo Guedes? E o puxa-saco
do Onyx Lorenzoni a dizer o nosso Capitão, o nosso mestre, o nosso comandante. Enfim,
como sou da direita dirão os seguidores da Estrela Dalva, aqueles que aparecem
ao amanhecer. Chefe viva um pouco mais, vais ver um Brasil que nunca viu.
Seremos uma cópia das Américas do Trump, aquele que o Capitão é um eterno
admirador. Seremos o exemplo para o mundo e para as galáxias distantes. E me
lembro da Escoteiros do Brasil com suas promessas dos duzentos mil. E minha
memória volta ao filme Blade Runner, com o inesquecível Rutger Hauer, no seu monólogo
final do seu personagem Roy Batty, o vilão que não foi capitão dizendo para o herói
do filme Rick Deckard, estrelado por Harrison Ford:
“Eu vi coisas que vocês, humanos, nem iriam
acreditar. Naves de ataque pegando fogo na constelação de Órion. Vi Raios-C
resplandecendo no escuro perto do Portão de Tannhäuser. Todos esses momentos
ficarão perdidos no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morrer”. E ele morre
como um herói! Não dou vivas ao capitão, nem aos seus zero, zeros. Estou no fim
da idade e me desgostei com muitos dirigentes papudos da Escoteiro do Brasil e
seus asseclas espalhados valentemente fazendo das suas. Como sou imbecil, idiota,
palerma entre outros títulos honoríficos, Deixo para William Shakespeare dar meus
últimos pitacos: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode
imaginar nossa vã filosofia.”.