Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Uma crônica para dizer “não sei”. São coisas da esquerda! “E Sérgio Moro me chamou para acampar a “escoteira”




Uma crônica para dizer “não sei”.
São coisas da esquerda!
“E Sérgio Moro me chamou para acampar a “escoteira”

- Três vezes por semana, entro em contato com o “Senhor Corona” pedindo permissão para fazer uma caminhada de seiscentos ou setecentos metros em volta da minha casa. Coisa pequena. Já tinha problemas com meu perfil de Schwarzenegger sem contar meu pulmão de aço de Super Homem (às vezes me mandam pelo correio uma kriptonita que penso ser coisa da EB - kkkk) e se ficar sem uma caminhada, sou chamado ao SUS para dar satisfação aos homens e mulheres do Jaleco Branco.  Devidamente vestimentado com minha máscara que Célia fez para mim lá vinha eu em passos de tartaruga firmando trêmulo minha querida “bengala”. Na rua vazia a não ser um motoqueiro aloprado só se ouvia o ploc, ploc da minha bengala. Eis que sentado em um banquinho na porta de uma casa, um jovem dos seus dezessete ou dezoito anos dialogava com um senhor já idoso, sentado do lado de dentro devidamente vestimentado com sua máscara e a ou o jovem f alar: - “Isto é coisa da esquerda”.

Já não é a primeira vez que ouço ou leio sobre isso. Inculto, apesar da minha formação na Escola da Vida me vesti com meu amado caqui, coloquei o chapéu, procurei me ver no espelho se o lenço estava bem dobrado e bem colocado no meu pescoço pelancudo e cheio de rugas, pois o lenço costuma bloquear esta visão horrível parecida com aquele presidente da direita! Epa! Esqueçam o presidente, esqueçam o capitão. A coisa da esquerda agora é Moro. Mas vamo lá, bem uniformizado, conforme me lembrava de quando menino escoteiro e seguindo o exemplo do meu Chefe João Soldado um sargento e não capitão corri até o Google para saber o que seria “Coisa da Esquerda”. Já vi tal frase muitas vezes aqui no Face. Ensina-nos o novo “teacher” de codinome Wikipédia substituto das Enciclopédias do passado, como a Britânica e a Delta-Larousse, sem contar a Mirador e outras mais o seguinte:

- As ideologias “esquerda” e “direita” foram criadas durante as assembleias (não as escoteiras) na França do século XVIII. Nessa época, a burguesia procurava, com o apoio da população - especialmente os "sans-culotte", diminuir os poderes da nobreza e do clero. Era a primeira fase da Revolução Francesa (1789-1799). Com a Assembleia Nacional Constituinte montada para criar a nova Constituição, as classes mais ricas não gostaram da participação das mais pobres, (qualquer semelhança com a Escoteiros do Brasil e o Chefe Zé das Quantas é mera coincidência) e preferiram não se misturar, sentando separadas, do lado direito. Por isso, o lado esquerdo foi associado à luta pelos direitos dos trabalhadores, e o direito ao conservadorismo e à elite francesa. Interessante, eu pensei. Será que o jovem “palrador” sabia sobre isso? Ele explicava ao seu progenitor ou amigo idoso o porquê alguns discordavam do próprio Presidente aquele pai do Zero um, Zero dois e Zero três. Sem tem mais não sei. Dizia ele que Deus é brasileiro e a cura tá aí! Ele se referia a Hidroxicloroquina.

Bem, passei por eles com meu ploc, ploc rumo a minha barraca na Rua do Pardal. Ruminava e pensava: - Será que sabiam que o Doutor Sérgio Moro pediu demissão? Não, acho que não, senão estavam batendo palmas pela saída de um dos contra, o invejoso, o homem da lavajato, aquele da esquerda. Na virada da Rua Lucrécia quase tomei um tombo. Moro pediu demissão? Primeiro o Mandetta e agora ele? E dizem que o Paulo Guedes está ruminando se não segue atrás. Cheguei em casa pensando se os da direita (se somos da esquerda eles são da direita) se informam melhor. Muitos dizem que o hecatombe foi por causa das Fakes News aquelas que atacam autoridades (coitado do Maia) aquelas que subvencionaram os  gastos e chamamentos para multidões saírem às ruas com faixas e cartazes pedindo a volta dos militares e do AI5 e por uma incrível coincidência o Capitão passou por lá subiu naquela caminhonete estacionada ninguém sabe por que também estava também lá. Alegam os mal intencionados que foi coisa do Gabinete do ódio. Epa! Gabinete do Ódio?

Pois é. A celeuma bate na porta dos subcampos. Cada Patrulha alega ser da direita. Os pioneiros gritam na beira do Waingunga que são da esquerda. A escoteirada em fila diziam: - Chefe não fui eu! Sou da direita... Volver! E eu na minha inocência de brasileiro escoteiro, aquele promessado que nunca quis repromessar, pois a promessa é para sempre deixei que me convencessem que o Capitão também é inocente. Maria Naninha, uma antiga Chefe de lobinha que ainda não tem nem mesmo o anel de Gilwell me disse ao pé do ouvido: - Chefe, o Doutor Moro no telefone. Está convidando para um acampamento a “Escoteira” no Pico da Neblina. O Senhor atende? Pegou-me de calças curtas! Kkkk. Olá-lá! Adoro a calça curta, me sinto Baden-Powell quando estou com ela vestimentado a caqueana, mas com a camisa devidamente dentro dela. Pico da Nebline! Me aguarde!

O valente Juiz Moro se foi. Seguiu os Passos do Mandetta, do Terra, do Canuto, do General Floriano (ainda bem que não foi meu querido Chefe Floriano de Paula), do Santo Cruz, do Ricardo Velez, do Gustavo Bebianno, putz! É gente prá dedeu. Não sei qual o próximo. Será o próximo o Paulo Guedes? E o puxa-saco do Onyx Lorenzoni a dizer o nosso Capitão, o nosso mestre, o nosso comandante. Enfim, como sou da direita dirão os seguidores da Estrela Dalva, aqueles que aparecem ao amanhecer. Chefe viva um pouco mais, vais ver um Brasil que nunca viu. Seremos uma cópia das Américas do Trump, aquele que o Capitão é um eterno admirador. Seremos o exemplo para o mundo e para as galáxias distantes. E me lembro da Escoteiros do Brasil com suas promessas dos duzentos mil. E minha memória volta ao filme Blade Runner, com o inesquecível Rutger Hauer, no seu monólogo final do seu personagem Roy Batty, o vilão que não foi capitão dizendo para o herói do filme Rick Deckard, estrelado por Harrison Ford:

“Eu vi coisas que vocês, humanos, nem iriam acreditar. Naves de ataque pegando fogo na constelação de Órion. Vi Raios-C resplandecendo no escuro perto do Portão de Tannhäuser. Todos esses momentos ficarão perdidos no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morrer”. E ele morre como um herói! Não dou vivas ao capitão, nem aos seus zero, zeros. Estou no fim da idade e me desgostei com muitos dirigentes papudos da Escoteiro do Brasil e seus asseclas espalhados valentemente fazendo das suas. Como sou imbecil, idiota, palerma entre outros títulos honoríficos, Deixo para William Shakespeare dar meus últimos pitacos: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia.”.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Conversa ao pé do fogo. Passagem para o Ramo Escoteiro (Pelo Chefe Blair de Miranda Mendes).




Conversa ao pé do fogo.
Passagem para o Ramo Escoteiro
(Pelo Chefe Blair de Miranda Mendes).

                           Não raro encontramo-nos frente à situação de que excelentes Lobinhos, Cruzeiro do Sul, com várias especialidades, Primo ou Sub-Primo, quando passam para o Ramo Escoteiro, ficam alguns meses, começam a se desinteressar e faltar, e até abandonam o grupo. Por quê? Talvez fosse mais cômodo, para nós, Chefes de Alcatéia encerrar a questão com afirmações tais como: “Esse Chefe de Ramo Escoteiro é ruim!”; Porém, as coisas não são bem assim, a responsabilidade da permanência do menino no Grupo Escoteiro é de todos os Chefes dos ramos que o jovem passa, em última analise é responsabilidade do Conselho de Chefes.

                               Baden Powell no livro Guia do Chefe Escoteiro menciona textualmente “os objetivos do Movimento (...) para serem sentidos em sua verdadeira grandeza, devem ser avaliados por seus efeitos no futuro e por um prazo nunca inferior a 10 anos. Esta é a real unidade de medida que deve ser usada no Movimento”. Assim, nossa responsabilidade como educador é garantir a permanência do jovem por um lapso de tempo suficiente para que possa extrair do Escotismo os efeitos benéficos. Portanto, a passagem de um ramo para outro merece muita atenção. É primordial que levemos em consideração, primeiramente, que é nessa idade que se desperta a faculdade emotiva e se desenvolve a sensibilidade de alma, ou seja, o jovem em uma fase de transição, carente de cuidados especiais.

                           Desperta-se a consciência de sua personalidade, começa a sentir e pesquisar mais as coisas sente o peso de suas responsabilidades, e nasce um pudor que esconde seus desejos, temores, dúvidas e desapontamentos. E a ideia de acabar com sua antiga vida de Lobinho e ressuscitar como escoteiro parece-lhe uma aventura extraordinária, ao lado desse estado emocional próprio da idade. Outros fatores influenciam a aceitação da vida na Tropa, quais sejam: Perda de Status: O sistema de insígnias, ou seja, para cada avanço conquistado um símbolo (distintivo) que evidencie esta situação que tanto estimula os Lobinhos e escoteiros, pois influir negativamente na passagem, pois seja o Lobinho tão adestrado (e “enfeitado” no seu uniforme) vê-se de repente, sem nada, começando tudo outra vez, vai daí um motivo a mais para que trabalhemos para a conquista do Cruzeiro do Sul, pois o ex-Lobinho o ostentará no uniforme até 21 anos de idade, evidentemente é importante que o Chefe de Tropa faça seus escoteiros conhecer e valorizar este símbolo!

                          Outro dado importante é que o Chefe da Alcatéia evidencie na oportunidade da “trilha escoteira” que o adestramento obtido na Alcatéia é o início de um caminho e a base de conhecimento e aptidões que ele vai desenvolver paralelamente ao seu crescimento. Devemos mostrar ao Lobinho que os nós aprendidos na Alcatéia serão de valia em atividade de acampamento, jogos e grandes pioneirías como uma ponte, por exemplo; que cada especialidade tirada como Lobinho continuará valendo, e que surgirão novos desafios para aquela sua aptidão! 

Mudança de Ambiente: Qualquer um de nós já sentiu o quanto é desagradável adentrar (e se familiarizar) com um ambiente completamente novo e a Tropa, é algo muito novo para os Lobinhos, seja quanto à mística, como quanto à forma e organização, ou costumes e uniformes. É preciso por este ambiente o mais familiar possível antes da passagem. Por isso a “Trilha Escoteira” deve ser levada a sério.

Façamos, portanto, a conversa com Chefe de Tropa, deixemos o Lobinho conhecer bem seu monitor, sua patrulha e seu canto de patrulha e façamos que participe de um ou dois reuniões com a Tropa. Esses contatos devem ser preparados meticulosamente pela Chefia de Tropa levando-se em consideração a presença do Lobinho, provavelmente, é evidente, mas vale a pena lembrar que a acolhida da Tropa deverá ser familiar, sempre a de mostrar o júbilo em receber mais um elemento que contribuirá com crescimento quantitativo e qualitativo da patrulha e Tropa.

Transformar a palavra Lobinho em adjetivo pejorativo ou usar expressões como “praga azul” poderá ser útil a Chefes que procuram uma identificação barata com seus escoteiros tampando sua incapacidade de manipular o verdadeiro método utilizando-se do mais fraco, mas certamente será humilhante e desestimulante para o Lobinho.

Nota: - O Mineiro Chefe Blair de Miranda Mendes é DCIM e grande colaborador de cursos Escoteiros, atuando em diversos Estados brasileiros. Reconhecido como uma grande autoridade escoteira não só pelo seu saber e sua técnica como também pelos altos conhecimentos que adquiriu no ramo Lobinho. Tive a honra de ter sua ajuda quando Comissário Regional em Minas Gerais. Para ele faço questão de tirar o meu chapéu!