Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Era uma vez... O trem dos Escoteiros.


Conversa ao pé do fogo.
Era uma vez... O trem dos Escoteiros.

             Tonico estava na roça. Ao seu lado Zeca e Alfeu. Seu pai estava mais ao longe e todos capinavam a roça onde iriam plantar milho e feijão. As chuvas de março não iriam demorar a cair e o tempo era curto para o plantio. Não havia nada de novo, era sempre assim, mês a mês, ano a ano. Tonico não sabia sonhar, não desejava o que não tinha. Afinal sonhar com que? Ele só conhecia aquela vida. Uma pequena casa de três cômodos, uma mesa com dois bancos e um fogão de lenha. Não havia luz elétrica. As noites seu pai ligava um radinho de pilha e Tonico ouvia com gosto a Voz do Brasil. Debaixo da Aroeira eles costumavam sentar a noite antes de dormir. Era ali que ele pensava no mundo a sua volta, mundo que não conhecia. Tonico queria estudar, mas a escola mais próxima era em Santo Agostinho. Um vilarejo a mais de trinta quilômetros de distancia. Ele sabia que seria como seu pai, como seu avô. Fazia parte de sua vida do seu destino.

           Era um simples trem. Cinco ou seis vagões de passageiros. Tonico sempre o via pela manhã a passar correndo nos trilhos de aço da estrada de ferro proximo onde trabalhava. Dava uma parada na capinagem, segurava no cabo da enxada e via pelas janelas os sorrisos, as alegrias dos viajantes e até alguns deles diziam adeus com as mãos fora da janela. Seu pai dizia ser o Trem Expresso das onze da manhã. Era por ele que paravam para almoçar. Sua mãe sempre prestimosa levava as marmitas com um pouco de arroz, um ovo cozido e farofa que ele adorava. O trem seguia seu caminho e Tonico voltava à labuta que era sua vida, sua rotina. Com doze anos Tonico não podia ser chamado de um menino triste, não era. Ele gostava de a noite pegar a viola de seu pai, dedilhar uma canção e cantar baixinho com medo de que a noite escura não lhe ouvisse seu cantar tristonho. Sua mãe fazia questão que na hora de dormir ele e ela dessem as mãos quando pediam a Deus para que nada faltasse aquela família.

          Tonico ouviu o apito do trem. Lá vinha ele correndo feito um louco em cima dos trilhos de aço. Desta vez ele diminuiu a velocidade, parou bem em frente onde Tonico, Zeca e Alfeu capinavam. Tonico sorriu quando viu que o trem parou. Não entendia porque ele parou. Da janela de um vagão meninos de chapéu de abas largas acenavam para ele. Quem eram? Tonico sorria sem saber do porque o sorriso. Quem sabe pelos meninos de roupas iguais? De chapéu grande? De lenço no pescoço? Ah! Tonico daria tudo para saber quem eram eles. Lá onde estava ouviu o cantar deles no trem das onze, hora para eles almoçarem, pois sua mãe estava chegando. Mas ele prestou atenção no cantar na letra e sabia que nunca mais iria esquecer: - ¶ “Escoteiros sempre avante, pois nos vamos acampar, bem além do horizonte, lá na serra do além-mar” ¶. Tonico sorria, ele gostou da canção. Aprendeu os primeiros versos e acordes. Sabia que a noite ele iria cantar e seu pai e sua mãe iriam ouvir sem saber o que significava.

        O trem das onze começou a andar devagarinho. Buzinou para o céu azul como a dizer – “Eu quero passagem, eu preciso seguir meu destino”! Tonico sem perceber começou a correr ao lado do trem. Ele corria junto à janela daqueles meninos de roupas iguais com lenço no pescoço e uns chapéus enormes. Os meninos começaram a bater palmas para ele, um deles lhe jogou um lenço e Tonico saltou como uma onça e o pegou no ar. Era seu troféu. Um lenço azul cor de anil. Apertou com suas mãozinhas no peito o presente que ganhou daqueles meninos de roupas iguais, um lenço no pescoço e chapéus grandes na cabeça. O trem foi mais veloz que Tonico e sumiu na curva do Boiadeiro, onde Tonico, Zeca e Alfeu e seu pai voltavam à noitinha para casa após a capina. Tonico parou e nem sabia no que pensar. Tonico chorava e não sabia se de alegria, de tristeza e de saudades daqueles meninos de roupas iguais, de um lenço no pescoço e de um chapelão na cabeça.

            Ouviu seu pai lhe chamando para almoçar. Hoje iriam comer correndo, pois no céu nuvens negras se formavam. Em nenhum momento Tonico não esqueceu o trem das onze, dos meninos de roupas iguais, da canção que cantaram para ele e do lenço que deram a ele de presente. Seria seu troféu por toda a vida. Enquanto almoçava Tonico pensava. O que eles iriam fazer? Para onde iriam? Será que eles conhecem a Mata do Sino? Será que eles algum dia cantaram ao som de uma viola em volta de uma fogueira? Tonico não sabia. Mas Tonico sabia que eles sorriam muito, que eles cantavam que eles eram muitos e que ele nunca mais iria ver aqueles meninos sorridentes de roupas iguais, lenço no pescoço e um chapelão na cabeça. Tonico voltou naquele dia para casa tristonho, e pela primeira vez pensou que ele também poderia ser um deles, pela primeira vez Tonico sonhou. Que sonho lindo, ele no trem das onze, na janela cantando, todos se abraçando e partindo para um lugar maravilhoso, que ele só imaginava, pois nunca esteve lá.

            Nunca mais Tonico viu os meninos de roupas iguais, de lenço no pescoço, com um chapelão na cabeça e dentro do trem das onze. Tonico nunca mais esqueceu aquele dia e hoje, já homem feito, lá na mesma roça que antes era do seu pai, junto ao seu filho Felipinho, ele sempre conta a mesma história, canta a mesma canção, dos meninos de roupas iguais, de lenço no pescoço e de chapelão na cabeça. Felipinho sorri sempre quando ele canta e conta a história do trem das onze. Ele não imagina como devia ter sido e presta muita atenção quando o trem apita, quando o trem passa correndo e não para. Não dá para ver quem vai lá dentro dos vagões. Não dá para ouvir canções e sorrisos. A vida é assim mesmo. Tem aqueles que podem ter e viver um sonho tem aqueles que podem sonhar, mas nunca irão viver o sonho. Mas cada um em sua vida pode ser feliz, pois Deus nos trouxe ao mundo para viver o seu destino. 


- ¶ “Escoteiros sempre avante, pois nos vamos acampar, bem além do horizonte, lá na serra do além-mar” ¶.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Nem sempre o destino é feito de sonhos.


Lendas escoteiras.
Nem sempre o destino é feito de sonhos.

Prólogo

“Saiu de casa para conversar com um amigo e contar para ele a novidade”. Vibrava com a possibilidade de ser Escoteiro. Seu pai iria levá-lo neste sábado. O presenteou com seu uniforme que usou quando era menino. Ele se encantou com o chapelão e o lenço. Um sonho que acalentava há muito tempo. Ao atravessar a rua, foi pego por um carro a toda a velocidade, fugindo da policia que vinha logo atrás. Foi arremessado à grande distância. Ficou inconsciente e perdeu muito sangue. - Levado ao hospital ficou em coma dois meses. Saiu do coma, mas sem movimentos no corpo, ficara paraplégico. Durante um bom tempo não lembrou mais de seus sonhos. Agora eram outros e escotismo para ele ficou em um passado distante. “Pensou que com o tempo seus movimentos voltariam, ele não desanimou e o tempo passou.”

           Quatro anos se passaram quando seus pais o levaram para casa. Nenhum movimento durante este tempo. Conseguiu mexer os braços isto depois de muito tratamento em um centro de reabilitação. Mas as pernas não. O corpo também não. No primeiro ano não falava. Não tinha o que dizer. A voz engasgada. Uma terapeuta fez tudo para ele sorrir e nada. Não acreditava em que diziam a ele. O dia mais feliz de sua vida se foi como uma grande tempestade. Ele agora só via raios e trovões a lhe auscultar o cérebro. Seu atropelamento foi um desastre. Matou seu sonho e até sua vontade de viver. Treze anos uma vida a começar assim interrompida. Sua mãe sempre com os olhos vermelhos. Seu pai fez tudo que podia, gastou o que não tinha até que os médicos disseram que era melhor ele ir para casa. Seu corpo não mais reagia ao tratamento.

          Em casa pediu a sua mãe que colocasse o uniforme Escoteiro que seu pai lhe dera no baú do seu pai. Ele não queria vê-lo nunca mais. Seu quarto era aconchegante, a janela dava para um pequeno jardim que sua mãe cuidava diariamente. Mas ele não sentia mais o perfume das flores e o sol e a lua para ele não tinha diferença. Dormia de dia ficava acordado a noite. Dormia a noite e ficava acordado durante o dia. Trocava sempre à noite pelo dia. Em tempo algum nada lhe faltou. Sua mãe sempre presente. Banhos, fraldas, refeições, virá-lo sempre para não dar ferida ao corpo, enfim uma mãe incansável para que seu filho pelo menos sorrisse.

        Uma tarde bateram em sua porta. Sua mãe atendeu. Surpresa. Dois escoteiros uniformizados queriam falar com Miltinho. Ele não entendeu nada. Não os conhecia. Nunca os viu e esteve na sede deles por pouco tempo. – O que querem? Falou. Sejam breve estou sem tempo agora! Mal educado. Nunca pensou que um dia falaria assim. Eles sorriram. Nós não queremos nada de você. É você que vai querer de nós. Chega de auto-piedade. Você só sabe sentir compaixão de sí mesmo? Está com dozinha de você? Lastimando-se? Não vê que tem pessoas sofrendo a sua volta? Afinal, você é um homem ou um rato? – Quem são voces? Quem dá o direito de falarem assim comigo? – Eles não responderam.  Mudaram de assunto. – Sábado que vem vamos vir aqui e levar você para a reunião escoteira. Afinal não era seu sonho? Só porque se acidentou se acovardou?

            Miltinho não escondia sua surpresa e eles foram embora. Chamou sua mãe e perguntou quem eram eles? Eles quem? Ela disse. Os dois escoteiros que aqui estiveram. – Meu filho, não veio ninguém aqui hoje. Miltinho ficou mudo. Por quê? Quem eram? Fantasmas? Assombração? Afinal ele já estava com dezesseis anos e não tinha medo de nada mesmo entrevado numa cama. Mas porque, porque, insistiu com seu pensamento. No sábado bateram a porta. Lá estava os dois de novo. Vamos – disseram. Ir com voces? Voces são fantasmas! Não ando com fantasmas. Eles riram. Pegaram Miltinho, colocaram-no em uma cadeira de rodas e saíram de casa rumo à sede Escoteira. Nem despediu de sua mãe e seu pai. Os dois a pé empurrando a cadeira de rodas. Uma festa. Aplausos de todos os jovens. Abraçaram-no, e foi para uma Patrulha Sênior com duas meninas e três meninos. Ele era o sexto. Claro na cadeira de rodas.

Miltinho! Largue esta cadeira, agora vamos fazer um jogo e não dá para você ficar sentado feito um folgado! Um deles sem ele esperar o levantou e outro empurrou a cadeira para o canto do pátio. Miltinho pensou que ia cair, mas suas pernas se firmaram. Ele não acreditava! Vamos molenga! Diziam todos! Miltinho sorriu, correu, brincou, suou e de volta a sua casa quando entrou viu que esqueceu a cadeira de rodas na sede. Que fique lá para sempre, disse para si mesmo. Aperto de mão, abraços e Sempre Alerta e lá foram os dois escoteiros.

            Sua mãe o chamou várias vezes e ele custou para acordar. – Mãe a senhora me viu chegar ontem com os dois escoteiros? Como? Ela disse. Eu fui lá com os dois escoteiros. Sua mãe sorriu. Mas e a cadeira de rodas? Ela não veio! Meu filho, você nunca teve uma cadeira de rodas. Não pode sentar. É bom que ele sonhe pensou sua mãe. Pelo menos não fica tão triste como estava. Se isto lhe faz bem vou ajudar. E eis que Miltinho senta na cama, se levanta e diz a sua mãe – Deixa que eu vá ao banheiro, escovar os dentes e depois vamos todos tomarmos juntos o café da manhã. Há tempos não fazemos isto! Sua mãe estava boquiaberta! Meu Deus! Um milagre? Ela não sabia se ria ou chorava. Gritava de alegria e chamou seu pai que veio correndo. O abraçou. Quem visse veria uma família maravilhada e sorrindo como ninguém sorriu antes.

           Miltinho voltou a estudar. Seu pai o levou aos escoteiros. Ele se tornou um jovem tão feliz que o mundo mudou e ele acompanhou. Sei que hoje é muito requisitado na fábrica que trabalha pela sua felicidade. Os outros querem saber como fazer para ser feliz. Miltinho lembra-se de tudo que aconteceu. Não sabe explicar o que houve quem eram os escoteiros e qual o grupo que foi. Não importava. Se Deus quis assim, agradecemos a Deus por ter me dado à vida de novo. Os escoteiros do sonho nunca mais apareceram. Mas Miltinho nunca os esqueceu. Casou e teve um filho sendo batizado com o seu nome. Miltinho Alencar. Quase não tinha tempo para ele. Quando fez treze anos disse que queria ser Escoteiro. Miltinho sorriu. Deu para ele seu uniforme. Vou lá com você no sábado, seu filho sorria de alegria.


          De manhã abriu a janela, agradeceu a Deus pela vida e sua alegria em ser Escoteiro. Correu a casa de um amigo para contar a novidade. Ele seria escoteiro como seu pai fora. Ao atravessar a rua viu um carro em alta velocidade fugindo de um carro da policia. Pneus rangeram uma batida forte. Alguém gritava. Miltinho por sorte escapara.  Não sabe como não foi atropelado. Alguém o empurrou antes da batida. O carro dos bandidos bateu em um poste. Um morto e outro ferido. Miltinho Filho respirava ofegante. Graças a Deus, Graças a Deus. Olhou no final da rua e viu dois escoteiros acenando. Seriam eles os escoteiros dos sonhos de seu pai? Acenou também. Meus anjos da guarda ele pensou. A vida nos reserva surpresas sem explicação. Fazer o que? Aceitar o seu destino, pois Miltinho sabia que do destino ninguém foge!  

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Da vida nada se leva, a não ser amigos.


Lendas escoteiras.
Da vida nada se leva, a não ser amigos.

            Nanquim sempre foi um bom Escoteiro. Era também um bom católico, pois por muitos anos foi coroinha na Paróquia Santo Antonio. Nanquim nunca prestou atenção nas vicissitudes da vida, pois ele era apenas um menino. Deus sabia que ele era bom, levava a sério a lei escoteira e fazia do décimo artigo seu modo de vida. Ele estudava, mas não entendia muito pois Nanquim tinha a “cabeça fraca” como sua mãe dizia. Seu pai pouco ligava para ele e sempre viajando na firma que trabalhava. Nanquim não entendia muito das provas escoteiras e seus amigos de patrulha ficavam horas em sua casa tentando mostrar a ele os nós Escoteiros, os sinais de pista, entender o desenho da Bandeira Nacional e cantar o rataplã. Todos sabiam que ele dificilmente ia ler um mapa, nunca iria fazer um percurso de Giwell e dificilmente seria um Sinaleiro.

           Todos na patrulha amavam Nanquim. Seu sorriso simples sem reclamar o fazia o preferido de todos. Bem mandado no inicio foi preciso que o Monitor explicasse a patrulha que ele não era empregado de ninguém. Em vez de pedir porque não dividir as tarefas junto com ele? Quando ele fez a promessa não só ele mas toda tropa veio às lagrimas, de alegria é claro. Nanquim quando recebeu o lenço e o distintivo de promessa, deu um enorme salto e gritou: - Viva Deus, viva meu Monitor, viva meu Chefe e viva a minha mãe. E começou a cantar alto o rataplã. O bonito é que toda tropa acompanhou. Dois anos depois ele com catorze anos ainda continuava noviço. Sem desmerecer ninguém seu Chefe deu a ele varias especialidades e um distintivo que ninguém conhecia. O chamou de Escoteiro Padrão. Nanquim ria e andava olhando seu distintivo de Escoteiro Padrão.

         Quando soube do Jamboree Nanquim sorriu de orelha a orelha. – Já pensou? Eu lá? Vendo tantos escoteiros? Todos sabiam ser impossível. Era uma fábula para ir. E não é que Seu Josué da Loja de presentes soube e mandou chamá-lo: - Nanquim, veja quando vai dar. Vou pagar toda a despesa. Você vai ao Jamboree. Durante dias Nanquim sorriu, cantou e foi a todas as missas na paróquia Santo Antonio. Padre Wantuil estava assustado. Quem mais iria? Perguntou ao Chefe escoteiro – Ninguém Padre. Ninguém tem condições financeiras para ir. – E você acha que ele pode ir sozinho? – claro que não padre, mas o que eu posso fazer? Sabemos todos até onde ele pode ir, sabemos que ele tem um pouco de deficiência mental, mas o que eu posso fazer Padre? Ele sonha dia e noite com esta viagem. Tenho medo, medo de falar com ele e isto piorar seu desenvolvimento mental. Até hoje senti que ele está amadurecendo mas deixá-lo ir só? O que vai acontecer lá?

            O Chefe procurou a mãe de Nanquim para conversar. Foi uma conversa triste. Dona Elza, não sei o que fazer – Nem eu Chefe. Ele fala neste tal de Jamboree o dia inteiro. Vai para a escola cantando a canção do Jamboree. Foi na biblioteca e leu tudo sobre o tema. Voltou e me chamou aos gritos: - Mamãe, Mamãe! Nosso Chefe mundial foi em três jamborees! Já pensou em encontrar com ele lá? Todos da tropa ficarão surpresos. – Depois Chefe fui saber que o Senhor Baden-Powell é falecido. Falei para ele e ele sorriu – Mamãe, consegui ir ao Jamboree agora vou encontrar o Baden-Powell e a senhora vai se convencer que ele está vivo. – Como fazer? Como resolver? Falar com ele seria uma decepção tremenda. Dona Marisa a sua professora dizia que o escotismo deu outra vontade a ele de estudar. Se continuasse assim ele poderia terminar aquele ano o primeiro grau.

           Na patrulha ninguém dizia nada. Então um dia, em um Conselho de Patrulha foi votado que o Martins seria o responsável para explicar tudo ao Nanquim sobre o Jamboree. Como ninguém a não ser ele iria, precisava conhecer como agir, como participar, como fazer amigos enfim, tudo que ele precisasse saber para divertir no Jamboree. – Nanquim ficou pensativo. Nunca poderia fazer nada sem a sua patrulha. Em casa comentou com sua mãe que eles não iriam, e ele? – Mamãe o que vou fazer sem eles? Eles me ajudam, nunca me deixaram sozinho e agora vou sozinho no Jamboree? – Sua mãe não disse nada. Ela não sabia o que dizer. Durante toda a semana Nanquim não pensava em outra coisa. Com o Chefe ele não obteve resposta, com o Padre Wantuil também não chegaram a uma solução. – Chefe, disse o padre, é ele quem tem de decidir sozinho.

           No sábado, quando terminou o Cerimonial de Bandeira e feita à oração Nanquim foi até o centro da ferradura e pediu ao Chefe a palavra: - Chefe, meus amigos da tropa um dia vocês me disseram que aqui somos todos irmãos. Somos iguais aos três mosqueteiros que sempre disseram – “Um por todos, todos por um” Ou vamos todos ao Jamboree ou não vai nenhum! Nunca irei sair daqui sem vocês, afinal somos todos irmãos fraternos não? A tropa calada explodiu em uma palma escoteira que até hoje ninguém esqueceu. Nanquim sorriu. - Quanto vale um Jamboree? Perguntou a todos, quanto vale a amizade de vocês? Esta não tem preço. Nunca irei para nenhum lugar sem ter vocês juntos e podem acreditar irão morar no meu coração para sempre! – O Chefe da tropa estava às lágrimas. Carregaram Nanquim por todo o pátio da sede. Daquele momento em diante todos eles por causa de Nanquim sabiam o que significa “Um por todos, todos por um”.


            Sei que Nanquim cresceu, sei inclusive que vinte anos depois foi eleito prefeito da cidade, sem ainda que ficou famoso naquele município e muitos quiserem fazer dele um deputado ou um senador. Ele nunca aceitou. – Aqui nasci aqui morrerei. Aqui fiz amigos e com eles ficarei para sempre. Se fosse verdade o romance que Alexandre Dumas escreveu, Athos, Aramis, Phortos e D’Artagnan iriam levantar suas espadas, abraçar Nanquim e junto a ele gritar aos quatros ventos – “Escoteiros! Um por todos? Todos por um”.

Quando termina a motivação o que fazer?


Conversa ao pé do fogo.
Quando termina a motivação o que fazer?
(Publiquei a tempos este artigo aqui e em meus blogs. Não sei porque mas tenho recebido e-mail, lido aqui em comentários que um desanimo tem sido uma tônica em muitos membros do escotismo. Porque não publicar novamente?)

                    É difícil aconselhar. Quem não passou por isto? Tem hora que você desanima. Dá vontade de largar tudo e sair por ai. Outros ainda insistem, mas sabem que o caminho que estão seguindo não leva ao sucesso. Se procurarmos um serviço de autoajuda teremos vários. As belas frases de efeito pululam por todos os lados. Todas com belas palavras, mas que não nos fazem sentir revigorados como antes. O escotismo é interessante. No início tudo são flores, sorrisos, promessas, alguns até deixam as amizades que tinham em troca de novas que conquistaram. Nos primeiros meses, e até nos primeiros anos aqueles mais chegados que não foram catequisados espantam com tanto carisma, com tanta alegria e demonstração de que ele alcançou um novo patamar, uma nova vida. Seria assim mesmo?

                  Dizem os poetas que o que mais sofremos no mundo não é a dificuldade, é o desânimo em superá-la. Não é a provação, é o desespero diante do sofrimento. Não seria o fracasso e sim a teimosia de não reconhecer os próprios erros.  Mas o maior poeta já tinha dito que tudo isto são palavras e palavras nada mais são que palavras. Eu já passei por isto. Inúmeras vezes. Os problemas são diversos. Familiar, profissional, falta de ética, de amor, de sinceridade dos que se dizem irmãos de todos e que vontade, que vontade meu Deus de encontrar um buraco e se enfiar nele. Claro tem os mais fortes. Eles não transmitem para ninguém seus desânimos. São fortes. Tem sempre uma explicação para tudo. Mas será que dizem a verdade?

                 Se notarmos bem a matemática Escoteira é simples. Trinta e poucas reuniões por ano. Somando as reuniões de sede, acampamentos e excursões que sabe podemos chegar a aproximadamente quinhentas horas anuais. Claro, prevendo quatro atividades (e aí considerei às vinte horas do dia) e considerando também nove meses de atividade, pois muitos têm férias em julho, dezembro e janeiro. Se estiver certo dedicamos cerca de vinte dias por ano ao escotismo. Claro que tem aqueles mais abnegados com o dobro de horas trabalhadas. Para uns uma eternidade para outros muito pouco. Mas porque então o desanimo? Olhem, existem vários motivos, mas para mim o principal deles é a decepção com o ser humano. Querer abancar o mundo e dizer que o líder é aquele que sabe liderar e ser liderar é fácil. Mas nem todos pensam assim. Tem os déspotas, que com o tempo a gente se sente ameaçado por uma força opressora mesmo vindo de alguém que se diz amigo de todos e irmãos dos demais.

                Nestas horas é que todos nós sentimos falta de um aperto de mão carinhoso sincero. De um abraço, de um sorriso de uma palavra de carinho principalmente daqueles que convivemos em ambiente que achamos familiar no grupo Escoteiro. Tem aqueles que nos olham como se fossemos parte do todo, indispensáveis em todos os sentidos, mas não é assim a maioria. Estes nos veem como indesejáveis, subservientes, dispensáveis, e se pudesse diriam: - Vocês estão aqui para servir e mais nada! E então vem aquele desanimo aquela vontade de sumir de mandar todo mundo às favas. Nem sempre fazemos na hora. A promessa que fizemos é um nó que nos atou nos sonhos escoteiros. Insistimos e alguns dão a volta por cima, mas outros, estes não conseguem. Quem sabe está aí um dos motivos da grande perda que temos de adultos que estão nos ajudando como voluntários, mas foram desconhecidos como tal.

                   Não é o programa somente que nos afeta. Não são quem sabe nossa finanças que apertam a todos os escotistas nas suas atividades. Não sei e até posso estar enganado, mas se todos que labutam na lides escoteiras, do mais alto escalão a aquele que está dando tudo de si pensando que faz o certo e cada um deles pudessem quando a gente se encontrar dizer:
- Meu amigo ou minha amiga, que alegria em te ver novamente!
- Meu amigo ou minha amiga, aceite aqui meu aperto de mão sincero!
- Meu amigo ou minha amiga, posso te dar um abraço?
- Meu amigo ou minha amiga, quero que saiba que você é muito importante para nós, não nos deixe nunca, pois sem você iremos perder muito na expansão do nosso Movimento Escoteiro.


                     E aí quem sabe, seu desânimo seria guardado lá bem no fundo do bornal, pois você passou a acreditar que agora estava vivendo entre irmãos escoteiros. E você iria acreditar que não haveria mais os superiores, não haveria mais aquele sorriso de desdém, não haveria mais a conversa de esquina, a conversa de comadre. Ninguém iria desmerecer seu trabalho. Mas olhe, de vez em quando é bom dar um passo a frente. Faça um pouco a sua parte. Como dizia o nosso fundador e repetido por muitos, a felicidade só é completa quando você também conseguir fazer a felicidade dos outros! 

terça-feira, 27 de maio de 2014

Ainda sobre a vestimenta escoteira da UEB.


Conversa ao pé do fogo.
Ainda sobre a vestimenta escoteira da UEB.

           Tem aqui no Facebook chefes que sentem calafrios quando falo dos uniformes Escoteiros. Um disse para mim que temos de ser obediente e disciplinado e fazer o que eles mandam, outro disse que agora teremos uma vestimenta que vai ser reconhecida de norte a sul. Outro disse que foram profissionais do ramo quem confeccionaram esta vestimenta. Um deles me mandou ler o que a UEB escreveu sobre ele. Outro disse que se eu não tenho registro não tenho direito de falar nada. Outro me disse onde é o lugar para que possa apresentar minhas reinvindicações. São tantos a defenderem que penso em correr para uma caverna e ficar lá hibernando na companhia do Balu, aquele urso amigo do Mowgly. Mas olhe, acredite, não serei eu que aceitarei tudo de mão beijada. Que cada um use o que quiser, mas eu não serei conivente com uma posição autoritária onde nem mesmo o Congresso Nacional aprovou. Simplesmente fizeram um espetáculo para apresentá-lo e mais nada.

           Agora uma jovem escoteira devido a um acidente vem alertar sobre a possibilidade que o tecido da vestimenta não seja o ideal para aqueles que possam se aproximar do fogo. Até mesmo obteve uma explicação de um funcionário da Loja Escoteira Nacional. Certo ou errado fico na minha. Sempre desde 1947 quando minha mãe fez o brim azulão para lobo e depois para o caqui que uso este tipo de uniforme lá se vão mais de 66 anos. Cacilda, eu fez fogueira em lugares impossíveis. Mesmo não sendo bom cozinheiro quantos fogões usei? Suspenso, tripé, duplo, estrela, tropeiro e por aí vai e acredite se quiser. Fiz uma sopa em um fogão improvisado no alto de uma árvore. Aprendi que a pólvora para fogos de Conselho de surpresa só vale para profissionais assim como a gasolina. Chamusquei-me muito, mas o caqui não pegou fogo. Ninguém virou tocha humana. Os tempos agora são outros. Profissionais de todos os tipos a dizerem o que é bom e ruim para meninos e meninas nos campos. Devem prevenir quanto ao bujãozinho a gás. Lenha mesmo a maioria não usa. Brasil enorme, um lado calor demais do outro frio de rachar. O talzinho do novo dizem serve para tudo. Bendita modernidade.

          E assim, de grão em grão ou de quilos e quilos vão mudando, vão dizendo que eles são os donos da verdade e que cada um abaixe a cabeça e lembre-se que a disciplina é tudo. Já pensou se você meu caro Escoteiro ou minha cara escoteira tivesse recebido em sua tropa e todos do seu grupo também, um questionário pedindo sugestões para um novo tipo de uniforme? Já pensou se você tivesse como bom democrata colocado suas ideias? E se você soubesse que tudo isto foi checado por especialistas em pesquisas e eles vissem as que mais se aproximavam, convidassem cada região a fazer um seminário para a escolha final? E que ela fosse discutida exaustivamente em atividades próprias nacionais para isto? Tenho certeza que se tivesse acontecido ninguém comentaria o bom e o ruim. – Esqueça Chefe. Isto demora. Quem faz as mudanças hoje precisa ser reconhecido com o grande mestre e nunca vai abrir mão de sua autoridade. Mas uma coisa garanto, se a escolha de um novo uniforme claro, por uma pesquisa nacional e se chegassem todos a conclusão que precisamos dele nunca iria ser tão contestada como está sendo.

        Demoramos dezenas de anos para que o nosso uniforme caqui fosse reconhecido de norte a sul e agora vamos começar tudo de novo.  Se vai ser bom ou ruim não sei. Sei que os defensores poucos deles vestiram o caqui desde criança. Se alguns de vocês notarem bem, a maioria da Liderança Nacional e Regional sempre se apresentaram com o traje (azul mescla). O mote que o caqui continua é conversa para boi dormir. A nossa liderança não diz nada dele, exige que seus membros de comissões diretoria entre outros se apresentem com ele. Fazem marketing em todas suas publicações. Querendo satisfazer a todo mundo criaram vários estilos a escolher. A barafunda está começando. Já se ouve aqui e ali que a apresentação da vestimenta deixa a desejar. Mas como se ela foi regularizada nas normas escoteiras?


          Este tema cansa. Assim me disseram e eu também acho. Os politicamente corretos dizem – Lá vem ele de novo com esta lenga lenga. Prometo a eles e a todos que não gostam das minhas postagens falando de coisas que não tem volta, que passarei 80 horas sem tocar no assunto. Depois? Bem depois me aguentem. Não vou calar mesmo. Risos.

domingo, 25 de maio de 2014

“O FANTÁSTICO JOGO NOTURNO NA MISTERIOSA ILHA DO GAVIÃO NEGRO”


“O FANTÁSTICO JOGO NOTURNO NA MISTERIOSA ILHA DO GAVIÃO NEGRO”

Caríssimo Chefe Osvaldo. Acabei a pouco de ler seu livro. ADOREI!!! Leitura leve, dinâmica e com um suspense saudável. Nos faz querer acabar logo para ver o que acontece em seguida. Claro que sou uma devoradora de livros, mas, quando a leitura te envolve fica muito mais gostoso. (de uma leitora amiga).

Se você ainda não recebeu o que está esperando para pedir? Mais de 640 leitores já leram. Um livro de Escoteiro para Escoteiro. Uma história incrível, e você vai amar o Chefe Remo, os monitores e os dois Escoteiros seniores. Alma do jogo. Vamos lá, escreva para mim: - Chefe Osvaldo, me mande já urgentíssimo em PDF o livro O Fantástico Jogo Noturno na misteriosa ilha do Gavião Negro. Chefe lembre-se GRATUITO! Pronto, espere e vai receber ainda hoje.

Pense uma tropa de 28 Escoteiros sedentos de aventuras em um grande jogo noturno. Pense em quatro monitores da pesada, daqueles que a patrulha confia até a morte. Pense em dois seniores colaboradores que darão a vida para que exista um jogo misterioso e fantástico. Pense em dois chefes aventureiros que fazem do jogo a maior aventura de suas vidas. Agora jogue todo mundo em uma ilha misteriosa com centenas de gaviões negros e um Velho de barba branca coberto somente por um couro de cobra e que pula de galho em galho como um macaco. Agora entre na pele destes Escoteiros onde cada patrulha lutou para chegar a um ponto da ilha e vai ter de atravessá-la de uma ponta a outra durante uma noite escura e sem luar dentro de uma floresta. E para terminar pense em centenas de armadilhas que faz com que cada Escoteiro fica estarrecido com o silêncio e depois o barulho infernal da floresta como se o céu desabasse sobre a ilha. E para terminar pensem em uma luta de “morte” no final do jogo no Forte Hã-Hã-Hãe-quibaana. E que como diz a lenda de histórias de mistério “Só um pode sobreviver”! E aí, vai ficar sem a maior aventura escoteira de todos os tempos?

elioso@terra.com.br