Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Pioneirias, sonho do Escoteiro?


As crônicas de um Chefe Escoteiro.
Pioneirias, sonho do Escoteiro?

             Não existe maior alegria para um Escoteiro ou uma Escoteira quando ao terminar de fazer uma pioneiria dar uns passos atrás e olhar com carinho sua obra. Um sorriso brota, os olhos brilham e dá uma vontade de tirar foto, filmar e mostrar para todo mundo. – Fui eu quem fez! Fui eu quem fez! Pode alguém aparecer e dizer que está mal feita, podem dizer o que quiser, mas ele ou ela estão ali orgulhosos pela construção que dedicaram horas, calos nas mãos, suor e mosquitos a enlouquecer qualquer um. Nesta hora é que todo o escotismo brota no coração. Bate aquela chama que nos dá orgulho em pertencer ao movimento.

             Todos jovens que entram no escotismo logo ouvem falar nesta palavra mágica. Pioneirias. O que é isto? Perguntam. Construções rusticas feitas com nós e amarras diz o Monitor. E ele fica com aquilo na cabeça. Doido para acampar e fazer uma. Depois não importa se o vento sul a jogou ao chão, ele vai ter “causos” e muitos para contar. De um simples banco um dia ele vai dizer aos seus netos que construiu uma linda poltrona reclinável e que bastava fechar os olhos e ela balançava ao sabor do vento. Os netos irão ouvir com orgulho e sonhar também em fazer o que seu avô fazia.

             Dizem e contam por aí que pioneiria tem técnica. Já vi artigos, livros, desenhos todos escritos. Eu mesmo publiquei vários. – Técnicas de Pioneiras. Tenho lá minhas dúvidas. Quando as fiz não tinha livros nem desenhos. Eram criadas da imaginação. Um pau ou bambu aqui, outro ali, umas amarras com sisal ou cipó e elas iam brotando conforme as necessidades. De vez em quando vejo fotos de algumas, lindas, esplêndidas, algumas obras de carpinteiros/engenheiros e não de jovens escoteiros. Dias e dias para fazer. Não sei se tem graça. A graça meus amigos é o Escoteiro ou Escoteira fazer. Chefe! Xôô! Se manda. Não fale, não fique ai olhando. Não dê palpites. Deixa-os crescerem! Faz parte do nosso método!

             Para mim vale mais uma pequena amarra dada por um jovem que uma casa em cima de uma árvore que não tem finalidade no adestramento progressivo e que foi feita pelo Chefe/engenheiro/carpinteiro. Ao dar a Amarra de acabamento ou fazer um simples Volta do Fiel é o inicio de tudo. E a Costura de Arremate? Simplesmente maravilhosa! Quando visitava acampamentos escoteiros no passado, ficava orgulhoso em ver no campo de Patrulha, como um simples sisal ou cipó cercava o campo. Ninguém pulava ou entrava por ali. A entrada era pelo pórtico. Rústico, simples sem aquelas belezas que vemos em fotos ou em grandes acampamentos ou jamborees escoteiros e sempre feitas pelos chefes. – Sempre Alerta Patrulha! Licença para entrar? Todos respeitavam.

              E durante a inspeção de campo pela manhã, ver uma mesa simples, um toldo mesmo que enrugado, bancos para sentar nas refeições, um fogãozinho suspenso, um lenheiro, um porta ferramentas, fossas de líquidos e detritos com tampas, mais ao fundo um WC bem feito ou mal feito, um tripé para o lampião, chapéus, um porta bastão e por aí afora eu me orgulhava. Nunca gostei de chefes que em vez de ajudar prejudicavam a Patrulha. Tudo limpo alguns levavam no bolso palitos, papeis para jogar ao chão e dizer: Não estava tão limpo. É correto? O que dirá a Patrulha? - Chamei a atenção de muitos e até em cursos que dirigi apareciam chefes assim. Vejam bem, eram formadores!

              E quando o cerimonial de bandeira terminava, era bom dizer o que tinha achado do campo, e fazer muitos elogios. Entregar a bandeirola de eficiência, cumprimentar o Monitor e toda a Patrulha, era bom demais! Que orgulho! Vê-los sorrindo! Pioneirias! Ah! Como são belas quando feitas por eles. Xôô Chefes! Voces não. Voces não precisam disto. Treinem seus monitores. Orientem-nos a ter ideias, mas deixe que eles façam, deixe que eles criem e um dia, um belo dia eles dirão: - Chefe vamos fazer um acampamento de dois ou três dias só para grandes pioneirias? Já pensou? Eles dizendo isto e não você?


             Pioneirias! Quem já fez nunca esquece. Mesmo aquelas que o vento malvado jogou ao chão. Mesmo aquelas que umas vacas invadiram o campo e pisaram em tudo. Mesmo aquelas que um dia passamos uma noite sentados nos bancos sobre a proteção do toldo, pois a chuva torrencial encheu de água e barro as barracas. Lembranças. Belas lembranças de pioneirias que brotaram na mente do escoteiro. Trazer água de um córrego próximo usando bambus, fazer uma ponte, Jangada de piteiras, Pórtico de três metros ou mais, estrado para barracas suspensa, escadas de cordas ou cipó, o caminho do Tarzan, um ninho de águia, uma passagem suspensa de bambus ou madeira de lei e até um elevador rústico. Tantas e tantas que começaram com uma simples amarra! Isto meus amigos, isto é escotismo!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Programas de reuniões de Tropa.



Conversa ao pé do fogo.
Programas de reuniões de Tropa.

Não sei dar muitos pitacos em programas de reuniões de tropa. Bem eu sei que fiz várias centenas deles e participei como jovem em outros tantos. Não dou porque sempre confiei nos monitores e deixava tudo nas mãos das patrulhas. Se eu não gostava não importava, se eles gostavam então eu sabia que estava no caminho certo. Não foi assim que BP criou o método escoteiro? Eu não se como são preparados os chefes nas UD (unidades Didáticas) de cursos de formação que se referem ao tema – Programando o Programa. Pode ser que diferem muito do que eu acredito como devia ser. Como sei que tem muitos chefes que estão acertando não posso dizer para mudar. Vejamos o que a maioria dos escotistas da tropa hoje em dia estão fazendo para montar seus programas:

- Na semana ou no mês, com auxilio de assistentes (ou mesmo só) em casa de um deles, prepararam o programa, um ou vários, determinando as funções de cada um, horários e adestramento progressivo; Tem aqueles que resolvem o quer fazer e mandam via e-mail aos seus assistentes o programa sem dizer qual seria a responsabilidade deles. - Em um sábado, quase na hora de ir para o Grupo, o Escotista corre para rabiscar um programa, meio sem eira nem beira, somente para ter em mãos e não esquecer o desenrolar da reunião, pois o contrário ele iria se perder e não seria nada bom;

- Sem tempo, ele acredita que é um bom Escotista e não precisa de programa. E a improvisação faz parte do dia. A garotada se diverte com um “racha” de bola, ou jogos já batidos, mas que fazem sucesso sempre que colocados em ação. No sábado seguinte ele verifica que alguns não vieram e sempre mandam um aviso ameaçando os faltosos disto e daquilo. Desculpe isto é minoria. A grande maioria dos chefes realizam bons programas dentro do que foi proposto no sistema de patrulhas. Sei que eles sabem que na tropa são coadjuvantes. Se a tropa aplica o sistema de patrulha não tem erro. Sei que hoje em dia em qualquer reunião de tropa é dado tempo para que as patrulhas se reúnam entre elas e os monitores lideram como deveriam liderar. Dando liberdade aos patrulheiros de opinar e divergir. Quem sabe a tropa ainda funciona no verdadeiro sistema de Patrulhas? Vejamos como penso que deveria ser:

 - Conselho de Patrulha - Reunião programada pelo monitor, semanalmente, antes ou depois da reunião, onde se discutirá além de outros assuntos, as sugestões de programas para a chefia, visando o adestramento progressivo, e sugerindo outras atividades extra sede que porventura podem dar mais conhecimentos a patrulha. Ops. Aonde eles irão sem supervisão da chefia o local deve oferece condições para isto.

- Conselho de Monitores – Ideal para montar programas de reunião, com sugestões da patrulha. Nada há ver com a Corte de Honra. Pode ser realizada uma vez por mês na sede, na casa de um Monitor ou na casa do Chefe. Sempre haverá a presença do Chefe e seus assistentes. Ali de posse das sugestões dos monitores o Chefe e Assistentes terão condições de montar programas a curto, médio e longo prazo. Poderão também colocar programas surpresa ou jogos ainda não testados. Já vi tropas usando este método e com bons resultados. Os jovens quando participam dão mais valor. A Corte de Honra poderá analisar melhor os resultados.

Aprender a fazer fazendo, faz parte do programa escoteiro e talvez um dos principais. Se a patrulha não tem esta liberdade ela não cria, não cresce individualmente e muitos jovens se sentem alijados motivo pela qual muitas vezes não participam das reuniões e preferem deixar o escotismo. Isto é importante, pois a experiência sempre mostrou que as tropas que fazem seu próprio programa e em alguns casos atividades ao ar livre sem a supervisão de adultos, mantém em suas fileiras por mais tempo seus membros e isto diminui a evasão e ajuda em muito no futuro. Conheço Grupos Escoteiros que além da ajuda dos pais sempre tem dois ou três chefes oriundos do próprio Grupo.

O Sistema de Patrulhas e o método deixado por BP é enfático em dizer que o escotismo é para os jovens. Os adultos são meros colaboradores e responsáveis pelo desenvolvimento sadio da tropa. Não cabe a eles fazer e nem tomarem a frente de tudo. Conheço tropas que em muitos casos os monitores são partes importantes nos programas e em todas as atividades da tropa. Eles valorizam muito quando tem sua própria patrulha de monitores e acampam com seus chefes aprendendo e trocando ideias. Um bom Chefe lidera como irmão mais Velho sua tropa e está de mãos dadas com a Patrulha de Monitores. Acampamentos, atividades e passeios com os monitores e subs fazem do chefe um líder amigo cujos benefícios serão conhecidos em pouco tempo.

Lembro que muitos escotistas procedem de outra forma. Não sou contra. Baden-Powell sempre disse que o importante é o resultado. Se ele é o esperado então deve continuar com faz hoje. A melhor maneira de analisar é ver se a evasão é pequena. Ela sim diz se o caminho percorrido foi válido. Aqueles que têm boas patrulhas, bons monitores, patrulheiros/patrulheiras motivados e com mais de um ano de atividade eles sim estão caminhando para o sucesso esperado. A melhor tropa é aquela que está sempre se motivando, procurando fazer o que gostam se sentindo parte do todo e dificilmente deixando as fileiras escoteiras.


Nota - Quando me refiro aqui aos meninos, é claro que também se aplica e muito bem as meninas, que por sua natureza são mais conservadoras, interessadas e sabem organizar o que querem de uma maneira prática e objetiva. Risos, melhor ainda em tropas separadas.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Obrigado por me dar a honra de ser meu amigo e minha amiga!



O ANO FINDA, OUTRO COMEÇA, E COMO BOM MINEIRO DIREI AO ENTRAR EM 2014 - “A NÓS AQUI TRAVEIS”!

Obrigado por me dar a honra de ser meu amigo e minha amiga!

Hoje não vou escrever uma história. O dia foi para analisar o ano que passou. Um ano proveitoso para muitos e principalmente para mim que adquiri centenas de amigos. Os amigos chegaram e os recebi de braços abertos. Na minha página do Facebook, no Grupo Escotismo e suas Histórias, em meus sete blogs sem contar um Clube de leitura via e-mail onde os comentários do que escrevo são vários. Nem todos concordaram com tudo que escrevi, mas não dizem que toda unanimidade é burra? Bem vindos os que deram sugestões, os que fizeram críticas simpáticas, os que por falta de tempo nada disseram. Todos a sua maneira enriqueceram as minhas publicações.
Nunca em minha vida me senti tão feliz ou quem sabe, mais feliz do que se estivesse na ativa com os jovens. Publiquei milhares de fotos quase todas de jovens enaltecendo o escotismo, respondi centenas de e-mails de membros do escotismo todos com suas dúvidas. Em quase todas as minhas escritas fiz questão de falar em um escotismo autêntico, de uma Lei de uma Promessa, comentei sobre a honra, a palavra, a lealdade, a ética e tudo que nossos jovens precisavam conhecer e saber. Se não ajudei mais foi porque minha saúde não ajudou.
Não agradei a todos. Sabia que não. Usei da minha liberdade de pensamento para discordar com nossos dirigentes com os destinos do escotismo no Brasil. Não bati palmas como alguns queriam. Poucos formadores entraram em contato e por isto não dei um sorriso e um abraço, mas aos demais chefes eu fiz tudo para motivá-los. Sai duas vezes da minha caverna para visitar atividades escoteiras a convite. Senti-me honrado onde fui. Por falta de outros convites não houve mais visitas.
Não sei o que me reserva em 2014. Espero que repita 2013 um ano muito frutífero para mim. Entretanto o que vier aceitarei sem reclamar. Seguirei sempre nesta trilha de falar o que penso, de passar o que aprendi, de ajudar quando posso e estar sempre com um sorriso, claro quando não for chorar. Obrigado amigos e amigas por me aceitarem como sou. Estou orgulho de ser amigo de todos vocês.

Gostaria de estar presente e apertar a mão individualmente de todos. Não sendo possível o faço mentalmente com orgulho de ter você como meu amigo. Que 2014 seja o ano do escotismo. Não importa qual nação. Que a felicidade more no coração de todos vocês para sempre!

FELIZ ANO NOVO!

Chefe Osvaldo Ferraz.

Obrigado Senhor por tudo que me destes por todos estes anos.



Um poema sem nexo de um Velho Escoteiro.
Obrigado Senhor por tudo que me destes por todos estes anos.

“Senhor obrigado por ter feito de mim um Escoteiro”,
A ser também um mateiro, mil noites, em campos sem fim.
Por me deixar conhecer a natureza perfeita, a sua maior obra...
Obrigado senhor por me dar a visão, por ela eu vi o sol,
Vi a lua, as estrelas e o firmamento. Doces momentos, obrigado Senhor.
Tudo que me destes fez de mim o que eu sou. Me deste a água da fonte,
Fez de mim amigo dos animais, deixou-me andar pelas florestas do mundo,
Conhecer pássaros coloridos e Gaviões tão grandes que me fizeram sorrir.

Senhor eu agradeço de coração, pois me deu além do que merecia.
Meu deu o olfato para sentir o cheiro da terra, sentir o perfume das flores,
Deixou-me rolar em uma campina florida, sorrindo junto a borboletas douradas.
 Eu consegui Senhor só porque sou Escoteiro, senti o aroma da orquídea,
Nas florestas verdejantes e tão distantes que um dia explorei.
Eu sei senhor que fui um privilegiado, conheci a chuva tão doce a me refrescar.
E por ter me dado o tato eu a pude senti-la em meus ombros, O ribombar e o Estrondo, de uma tempestade juvenil.  Eu tive a benesse, de acariciar a
Pele de um esquilo, em um vale colorido quando o sol se escondeu.
Brinquei com os dedos no dorso, de um Lobo cinzento charmoso,
Que me aceitou venturoso como irmão de ideal.
Senhor quer alegria maior do que sentir o vento no rosto?  
Sentir o orvalho da madrugada? O sol nascer e o cantar dos pardais?
A audição que me destes, deixou-me ouvir os sons da natureza.

Meu Deus que alegria, ouvir o cantar da passarada, ouvir o trinar do bem-te-vi,
O som da cascata murmurante, o trovão da cachoeira distante,
O piar da Coruja no carvalho, ouvir o lenho arder nas noites de fogo amigo. As
Chamas tão vermelhantes, fazendo o lenho arder e fagulhas subindo aos céus.
O sorrir da meninada a cantar o Guinganguli, os olhos lacrimosos lembrando,
Da canção da despedida, cantada em versos sofridos, mas alegres no despertar.
Nada Senhor é mais lindo que sentir a respiração, ao subir em uma árvore.
A nadar num belo remanso e ver peixinhos a pular. E Senhor, ver todos,
Meus companheiros, cantantes alegres e faceiros, infantes lá nas estradas,
A marchar em terras desconhecidas, e na trilha do alvorecer!

Obrigado mesmo meu Senhor, por ter me dado o paladar. Estalar a língua no
Almoço e no jantar, feito pelo meu amigo cozinheiro. Ele um bom Escoteiro,
Não reclama mesmo se o sal faltar, se tiver picadinhos de folhas rosa,
 Se uma formiga no arroz pedir socorro, à gente a retira e nunca vai reclamar.
Tudo isto senhor será motivo de glória, pois sabemos que o que fizemos,
E o que somos, irá ficar na memória e para sempre em nossa história.
Obrigado Senhor, e nesta passagem de ano, eu nos meus setenta e três anos,
Ainda tenho no coração a alegria de um menino que nunca deixou de sorrir.
E sonhar. Sabe Senhor, a graça que me concedeu, de me dar grandes amigos.
Que os outros da minha idade, possam lembrar com saudade de tudo que aconteceu.
Aceite o agradecimento, de um Velho Lobo teimoso, que se acha venturoso,
Por ter estado presente em sua obra tão linda e eu só posso dizer:
Valeu meu Deus. Valeu! Escoteiro eu sou graças a ti!

   Vamos passando, passando, pois tudo passa. Muitas vezes me voltarei, as lembranças são trombetas de caça, cujo som morre no vento.

(Guillaume Apollinaire)