Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 24 de março de 2012

As três portas do sucesso – Parte I, II e III



As três portas do sucesso – Parte I

A Alcatéia, a Tropa Escoteira e a tropa Sênior.

Deveriam ser quatro. Porque não incluí a última ficarei devendo. O Clã Pioneiro. Claro tem validade. Muita mesmo. Entretanto neste artigo não é primordial na aplicação do método Escoteiro que vou explanar aqui. Sua importância não se discute. É fundamental. Mas não cabe agora comentar. Por quê? Um artigo sobre os pioneiros pretendo escrever proximamente. Afinal fui um deles. Outra época, mas fui por dois anos e meio.

Muitos podem discordar e até aceito. Mas a porta principal do movimento Escoteiro é a tropa Escoteira. Ela é o coração do Grupo Escoteiro. Com o passar dos anos as idades sucessivas para as sessões escoteiras foram alteradas, sempre pensando no desenvolvimento do rapaz. As idades que na maneira de ver dos dirigentes deveriam receber formação Escoteira foram alteradas através dos tempos conforme se pensa da maturidade nos dias de hoje.

E os Lobinhos? Não são importantes? Claro que são. Mas vejamos – BP vendo que os “pequenos” também queriam participar deu uma oportunidade a eles. Como não podiam ainda viver a vida aventureira do Escoteiro, surgiu os lobinhos com a fenomenal ideia da Mística da Jângal. Assim como os escoteiros, naquela época tudo era muito simples. Nada como o tal mundo sociológico e pedagógico de hoje. Risos.

Sempre houve uma preocupação com a tropa Escoteira. Sem desmerecer, ela é um baluarte em qualquer Grupo Escoteiro. É comum termos alcateias sempre cheias. Mas as tropas não são fáceis de manter. Tanto que nem sempre os lobos advindos da alcatéia permanecem muito tempo na tropa. Existem é claro aqueles abnegados e também existem boas tropas que sabem receber e manter o lobo em seu meio por mais tempo. Mas isso é exceção e não a regra.

Se olharmos com atenção, os seniores/guias tem sempre o menor número das sessões escoteiras. Por quê? Porque todos os jovens que passam para esta tropa abandonam em menos de um ano? Em minhas andanças por este Brasil afora, vi poucas tropas seniores/guias com mais de duas patrulhas. Advindos todos da Tropa Escoteira só encontrei uma meia dúzia com quatro patrulhas. Se não fosse as moças acredito mesmo que ter duas seria uma exceção e não a regra. Será um tema interessante para discutir.

Portanto a Tropa Escoteira era e ainda é o sustentáculo da permanência dos jovens dentro da vida Escoteira. Se ela for realmente uma tropa onde se pratica um bom escotismo, é claro que muitos desses jovens ao passar para a idade da Rota Sênior irão pelo menos “engordar” mais as patrulhas que lá estão. Mas não podemos e esquecer que, se eles aprenderam a opinar, a sugerir, a fazer seus próprios programas e ali forem tolhidos pelos chefes, não irão ficar por muito tempo.

Acredito, portanto, que as três partes do sucesso do escotismo são: A Alcatéia, A tropa Escoteira e a Tropa Sênior. Agora temos que pensar que sem uma boa tropa Escoteira dificilmente o Grupo Escoteiro irá ter o sucesso esperado no seu crescimento quantitativo e qualitativo. Pretendo dissecar o assunto com mais clareza em artigos futuros. É para ela que sempre se volta o pensamento quando se organiza um grupo e é ela quem dará o caminho para o sucesso a todas as demais que irão se materializar ali.

Para não alongar, no próximo artigo irei dar minhas opiniões sobre a tropa Escoteira em especial. As três partes do sucesso da Tropa está presente nesta sessão de outra forma. Podem ser reconhecidas como O Monitor a Patrulha e a Corte de Honra.  Aqueles que por um motivo ou outro não concordam com o meu raciocínio, aceito de bom grado. Insisto e torno a insistir que somos amadores. Se não nos virem assim nunca iremos fazer o escotismo como queria Baden Powell (BP).

E torno a afirmar que nosso movimento é de fim de semana e não semanal. Quando todos nós nos imbuirmos que nosso voluntariado deve ser exercido de maneira simples, então tenho a certeza que vamos ter sucesso em nossa jornada.

As três portas do sucesso – Parte II

A Tropa Escoteira

Quem viu o vídeo de Ian Hislops, sobre a vida de Baden Powell (BP) (Escotismo para Rapazes segundo Ian Hislops – Ficheiro único (pt-pt) no You Tube poderá ter uma ideia mais clara do que significa escotismo tradicional, ou seja, na minha modesta opinião escotismo em sua forma simples, atingindo de maneira clara seus objetivos. Sempre acreditei que isso que o jovem procura quando adentra no escotismo.

As ideias e as práticas com o passar dos anos foram sendo alteradas. BP nos deixou um legado. Muitos hoje em nome dele dizem que se estivesse vivo estaria mudando também. Será? (quantos gostam de falar por ele). Quando ele escreveu em forma de fascículos o Escotismo para Rapazes, estava assentado as bases do movimento Escoteiro. Os jovens aos milhares começaram a fazer o escotismo na sua forma original. Claro precisavam de um rumo. Se isso não acontecesse não seria benéfico para uma organização que se avizinhava.

E foi aí que surgiu à organização. Homens querendo dar um rumo a historia do escotismo. Lembramos que conforme Aldous Huxley em seu livro Admirável mundo Novo ele dizia: Uma organização não é consciente nem viva. Seu valor é instrumental e derivado. Não é boa em si, é boa apenas na medida em que promoveu o bem dos indivíduos que são parte do todo. Dar primazia as organizações as pessoas é subordinar os fins ao meio. A organização precisava mostrar a que veio.

Se pudéssemos ver o passar da história veríamos que a cada década um pouco do escotismo original mudava. Agora acrescentavam suas ideias no método escoteiro na forma como começou. Chegamos a tal ponto que hoje os pedagogos entre outros acreditam piamente que o passado deve ser enterrado. O escotismo na sua nova fórmula atual não permite a simplicidade. Os cursos de formação a cada ano vão dando novo sabor ao aprendizado. Ainda lembro que quando comecei a labutar na seara do adestramento, os manuais mimeografados eram ainda em língua inglesa. Não era a pureza na sua forma original, mas se aproximava muito.

Seria interessante ver que na “época de ouro” se podemos chamar assim, o aumento quantitativo foi surpreendente. Analisar o que aconteceu em muitos países seria difícil, mas em alguns deles o escotismo chegou a multiplicar-se anualmente. Porque os jovens gostavam tanto? Todos irão responder que era pela maneira nova e simples que se apresentava aos rapazes, dando oportunidade a todos que ali ingressassem em ser heróis, a fazer o que sempre liam nos quadrinhos. A busca da aventura, das atividades mateiras, enfim o sonho de toda criança.

E o tempo foi passando. Em nosso país ele não cresceu tanto. Poderia analisar aqui talvez os motivos. Mas fica para um futuro próximo. É bom lembrar que tudo já foi absorvido e aplicado de maneira constante e sistemática. Isto se tornou um hábito de comportamento. Esta a maneira com que os ditadores fazem para mudar a mentalidade dos seus povos. Não quero dizer que no escotismo tenhamos ditadores, não.  Mas os dirigentes a cada ano passaram a pensar pelos jovens. Passaram a dizer o que é bom ou ruim para eles.

O escotismo na sua forma original passou a ser considerado ultrapassado e ineficaz. Não deram condições de ver o outro lado. Quem sabe se tivessemos seguido outro caminho ele poderia ser mais bem aceito pelos jovens do que é hoje. As mudanças foram feitas. O advento da internet, da TV avançada, do celular da ultima geração. Ou então a velha crença de que os jovens estão crescendo mentalmente acima de suas idades. Penso que isso deu espaço para que o desejo da aventura fossem substituídos por outros valores. A debandada foi natural. Muitos ADULTOS falando em nome dos jovens.

As três portas do sucesso – Parte III

A Tropa Escoteira

Tentaram colocar os jovens para opinar. Como? Já havia um hábito de comportamento entre eles. Aprenderam com a nova terminologia. Agora só se sabia fazer o que faziam. Não tiveram nenhuma possibilidade de fazer o que BP pensou nos primórdios escoteiros. Não funciona agora! – Dizem. Se alguns de voces prestarem atenção no que falam alguns jovens que publicam em sites de relacionamentos, se vê que o desejo da aventura está ainda arraigado em seus pensamentos. Já viu algum deles dizerem que adoram as provas escoteiras para pesquisa na internet?

É como dizem. Temos que mudar para viver bem no meio sociológico e pedagógico de hoje. Os jovens querem mudar. Estão pensando diferente. Vamos dar a eles o que eles querem. Será mesmo? Sempre adultos falando em nome dos jovens. Sei que tem muitas tropas espalhadas pelo rincão brasileiro que ainda vivem um pouco da originalidade. Não se preocupam com as mudanças. Fazem ou dizem que fazem o escotismo tradicional.

Lembro-me bem que nosso "Chefe" Escoteiro era uma pessoa esplendida. Não ficava ali a apitar, fazer sinais manuais e inventar atividades sociológicas e pedagógicas. Cada um de nos tinha em suas casas o Guia do Escoteiro. (escrito pelo Almirante Benjamim Sodré em 1925). A cada página uma descoberta, uma aventura, um desejo de fazer o que estava escrito. Sei que hoje isso não é possível. Mas se pudesse se tivesse condições iria fazer uma tropa nesses moldes. Convidar oito rapazes. Entregar a cada um deles o Guia do Escoteiro e perguntar um mês depois – E aí? Vamos fazer nossa Patrulha? E tenho certeza que quase todos iriam topar.

Seria é claro algum novo. Deixar que eles fossem responsáveis pelo seu adestramento, sua formação. Mas podem me dizer, é isso que fazemos hoje. Não é não, irei responder. Poucos sabem fazer o Sistema de Patrulhas. Poucos deixam que os monitores façam sua Patrulha andar. Sempre o adulto com seu novo manual na mão a dizer – Vamos treinar isso e aquilo. (vejam meu artigo o Sistema de Patrulhas para não ficar repetitivo).

Seria bom que muitos dos leitores revissem suas estratégias. Sei que poucos procuram estudar melhor a falta de motivação de novos para terem suas tropas completas. É como se fosse uma obrigação semanal ir à reunião e voltar para casa. Mas acredito que muitos devem se perguntar – O que estou fazendo aqui? Formar cidadãos honestos? Mas como se a cada ano sempre tenho escoteiros novos?

Uma pena que poucos grupos tem em suas fileiras as bases escoteiras completas. Sessões em que as vagas são poucas. Mas que lutam para criar outras dando maior poder de participação àqueles que ainda não conhecem o escotismo e agora se motivaram. O vídeo de Ian Hislops nos mostra que aquele escotismo nos seus primórdios ainda persistem em muitas mentes de jovens pela nossa nação hoje e claro pelo mundo.

Melhor seria que nossos audazes dirigentes mudassem nosso nome ou mudassem nosso método. Aprender a fazer fazendo está complicado. Muitas interpretações. Cursos de formação para isso e aquilo. Bastava que dissessem, vamos ver as tropas Escoteiras em ação? Liberdade de pensamento, democracia nas patrulhas, respeito as suas ideias e isso seria o começo de uma nova era.

E para terminar, nada melhor que o que Kipling, que não era Escoteiro escreveu:
   “ Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite;... deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido...”.




quarta-feira, 21 de março de 2012

A audácia dos amarelos



A audácia dos amarelos

Moreno olhava no espelho. Gostava do que via. Era simpático, agradável. Cabelos negros lisos, vasta cabeleira. Um nariz afilado e uma boca que as mulheres desejavam. Usava um perfume exclusivo importado. Sabia que todos o admiravam e sempre impressionava a primeira vista. Moreno não sabia o porquê do seu apelido. Tinha a pele clara, alto, dentes perfeitos. Moreno se achava um partidão. Mas infelizmente Moreno sabia que não era isso que procurava. Ria sempre do que fazia. Dizia a sí mesmo – Enquanto houver escoteiro otário nesse mundo eu vou me dar bem.

Moreno nunca fora Escoteiro. Um dia em uma cidade do interior tentava aplicar um golpe no prefeito da cidade quando viu os escoteiros. Isso mesmo. Moreno era um escroque. Melhor dizendo ele era um embusteiro, trapaceiro, impostor e fraudador e ladrão. Vivia disso. Seus golpes já não davam os resultados esperados. Porque não dar um golpe nos escoteiros? Bolou um plano. Plano que deu certo. Na primeira cidade na Bahia, conseguiu roubar um cofre cheio de dólares. No Piauí não foi muito, mas deu para o gasto. Assim o nordeste conheceu a fama de Moreno. Ou melhor, os escoteiros. Mas nunca puderam provar nada.

Era simples seu golpe. Comprou um uniforme Escoteiro caqui de tergal, um chapéu, distintivos, um lenço azul (ficou sabendo que era o lenço dos dirigentes) e além da meia de seda um sapato preto incrivelmente bem engraxado. Sabia que isso impressionava. Chegava à cidade, se informava do dia de reunião e hora. Chegava com aquela estampa toda – Sempre Alerta! Abraços. Beijos aperto de mão forte. Moreno aprendeu muitas coisas. Até nós o danado sabia dar. Aprendeu alguns jogos que os meninos adoravam. Fazia amizade com os chefes, mas suas vítimas eram os lobinhos.

Isso mesmo. Eles eram sempre mais puros, mais simples, acreditavam em tudo. Moreno escolhia o mais bem uniformizado, o mais falador e aos poucos descobria os mais ricos. Fazia jogos (as Akelás adoravam) Contava história e assim cativa à turma do Mowgly. Na cidade de Ubaráu, interior de Goiás lá estava moreno. Conquistou todo mundo. Os lobinhos riam a valer com ele. Anotava tudo. Vamos fazer o jogo dos ricos – Eu pergunto voces respondem um por um! – Quem é o mais rico na cidade? Dr. Antônio dizia um - Não o Senhor Ludovico! Dizia outro. E aos poucos ia sabendo o que faziam e o resto era fácil.

Escolheu a casa do Dr. Antônio. Sabia que ele era do Lions Club e todo sábado com a esposa ia ao jantar que faziam. Não chegariam antes da meia noite. No hotel tirou o uniforme, vestiu sua roupa preta, guardou a mascara e esperou pacientemente a saída do casal. Eram nove da noite quando entrou. Tinha uma chave mestra. Abria com facilidade qualquer porta. Entrou. Silencio. Tudo na penumbra. Viu a escada que levava ao quarto. Subia pé ante pé quando recebeu na cabeça com toda força um saco de areia na cabeça. Caiu da escada.

Uma voz horrenda gritou – Deita no chão bandido. Vou te matar. E Moreno ouviu um tiro. Deitou logo. Alguém amarrou suas mãos e seus pés. O viraram de barriga para cima. Meu Deus! Não acreditava no que via! Era a matilha amarela e a frente o Neco, o primo da matilha. Logo chegou o delegado. Levaram Moreno preso. A cidade inteira ficou sabendo. O delegado disse que ele dava golpes em muitas cidades com Grupo Escoteiro.

No sábado, após a cerimonia de bandeira todos se reuniram com Neco. Como você desconfiou Neco? "Chefe" Escoteiro, fácil. Muito fácil. Voces não notaram que ele usava o distintivo de promessa no bolso direito? E o distintivo da região do Rio de Janeiro no ombro esquerdo? E as estrelas de atividade? Todas no bolso direito. Tudo errado! Se ele era "Chefe" Escoteiro, devia saber como colocar no lugar certo!

Muitas risadas. E o tiro? Perguntaram. O saco de pipoca.  E o saco de areia? Vimos no filme que a Akelá passou aqui. E a voz grossa? Ligamos o som, já tínhamos gravado em casa. Papai achou que era uma brincadeira. A Matilha Amarela se portou com vivacidade e sabia como fazer. Não eram ainda Sempre Alertas, mas abrir os olhos e os ouvidos isto sim, eles eram perfeitos. Esses lobinhos maravilhosos. Fico espantado com eles sempre que os encontro.

E viva os Amarelos, agora chamados na Alcatéia de “OS AUDACIOSOS” Uma grande palma Escoteira para eles! E para terminar eu digo sempre,

ADORO ESSES LOBINHOS E LOBINHAS DAS ALCATEIAS DO BRASIL!

terça-feira, 20 de março de 2012

O Sistema de Patrulhas parte II (continuação)



Eu sou parte de uma equipe. Então, quando venço, não sou eu apenas quem vence. De certa forma termino o trabalho de um grupo enorme de pessoas!

O Sistema de Patrulhas parte II (continuação)

Eu gosto do tema. Gosto de debater, discutir e tentar mostrar a mim mesmo até onde tenho razão. Lendo sobre o que significa razão vi que seria a capacidade da mente humana chegar a conclusões a partir de suposições ou premissas. A razão seria por assim dizer associada à natureza humana, e que é único e definidor do ser humano. Ela permite identificar e operar conceitos em abstração, resolver problemas e encontrar coerência ou contradição entre eles.

Vejamos. Existe uma gama imensa de escotistas e dirigentes, sejam os que estão atuando em tropas, seja como assessores ou mesmo os Formadores que tem grandes conhecimentos do Sistema de Patrulhas. Estes últimos podem ver o tema de uma maneira ampla, já que possuem vasta experiência além de material didático de primeira qualidade. Se não é assim pelo menos deveria ser. Mas porque falhamos tanto no Sistema de Patrulhas? Porque ele ainda não foi absorvido completamente por toda a comunidade Escoteira que lida com tropas?

Bons programas, técnicas escoteiras, crescimento individual nada mais são na minha modesta opinião que um bom Sistema de Patrulhas aplicado corretamente. Outro dia li um artigo, onde um Escotista conhecedor do ramo discorreu sobre a falta de motivação dos jovens, tentando mostrar que tudo isso era proveniente de bons programas, agradáveis, chamativos enfim tudo aquilo que sabemos ser a pura verdade. Alerta o Escotista que os chefes deviam se preocupar muito com seus programas, procurando ler e conhecer melhor a literatura Escoteira, participar mais de cursos de formação e claro, ter um bom “estoque” de fichas de jogos atrativos.

Continua o "Chefe" Escoteiro que um bom Escotista é aquele quem mantem sua tropa dentro de padrões pelo menos razoáveis, dando a eles não só a alegria de continuar participando, mas encorajando-os a trazerem seus amigos às lides escoteiras. Se os chefes conseguirem fazer programas tecnicamente agradáveis os jovens terão mais motivos em continuar. Sim, para ele a chave do sucesso será a confecção de bons programas.

Nada contra. Muito antes pelo contrario. Risos. Mas digam-me, como conseguir tudo isso? Afinal sempre fomos amadores, sem muito tempo livre, dedicando com alguma dificuldade nos fins de semana. Sempre corrido na área profissional familiar, social e ainda colaborar dentro de um Grupo Escoteiro. Vi por diversas vezes escotistas em reunião, seja na sede ou em casa de um deles, se “matando” para fazer bons programas. Na época assim como hoje tinham a preocupação de fazer programas pensando crescimento individual de cada um jovem participante.

Ufa! Que luta. Pensava comigo, se isso é o certo, porque os dirigentes não deixam pronto programas para um, dois ou três anos já escritos e testados em forma de manuais? Não seria melhor? Você pega o manual vai para a sede e ali está: - Duas horas, bandeira, oração, inspeção. Duas e quinze jogo ativo. Duas e quarenta... E assim até o final. Como dizem – Maneiro! Assim até eu! Risos. Claro que não. Não é o caminho. Mas então qual é o caminho? Não é certo? Por quê? Não seria meio caminho andado? Afinal se os entendidos sabem como deve ser uma boa reunião de tropa, que vai prender os rapazes e moças seria bem mais fácil entregar para eles um material perfeito nos seus objetivos.

Se isso fosse feito será que a evasão que assola de maneira impiedosa as tropas escoteiras não só no Brasil, mas em muitas nações que praticam o escotismo, não iria diminuir? Porque não o fizeram até hoje? Claro sabem que não é benéfico. Não é assim que deve ser feito. Mas como então? Não sei hoje, mas no passado, o Questionário parte III da Insígnia da Madeira era sucinto neste tema. Se você colocava uma resposta fora do contexto era devolvido. Vi casos que um Escotista teve que refazer onze vezes as respostas.

Mas o que está acontecendo então para que muitos me questionem que não sabiam que o Sistema de Patrulhas era assim (vide Sistema de Patrulhas I). Achavam que não era possível realizar programas e desenvolver com os rapazes e moças a maneira como descrevi. Um pelo menos apresentou uma dezena de razões. Fiquei pensando que aprenderam infelizmente com alguém que nunca dirigiu tropas nestes moldes. Sem criticas. Desculpe. Mas ninguém é sã consciência pode ensinar um tema se não fez e sentiu os resultados. Resultados que demoram anos para aparecer.

Há alguns meses tive a oportunidade de dialogar com rapazes e moças no MSN no Orkut e até através do meu e-mail o que eles achavam de opinar e sugerir sobre as reuniões ou deixar por conta dos chefes o programa. Sabe o que responderam? Gostamos da surpresa do programa. Não interferimos. Eles sabem mais que nos! Beleza! Acabaram com o método Escoteiro. Esses jovens não tiveram a oportunidade de aprender que eles são os responsáveis pelo seu crescimento. Eles nunca iram guiar, pois são guiados. Mas aí vem a pergunta: - Quanto tempo vai durar essa surpresa?

Sempre disse aos chefes que antes de tudo, procurem se informar melhor o que fazem os jovens em seus bairros. Se eles tem programas escritos, a curto médio e longo prazo (risos) se algum adulto ajuda ou se os pais tem participação ativa. Não tem. Conheço turmas de bairro que estão juntos há muitos anos, sem ninguém abandonar a turma e todas as noites estão lá. Firmes. No escotismo não. A Patrulha é formada e ela não passa de uma massa de manobra de adultos que acreditam estar fazendo o certo. Criticar? Nunca. Eles aprenderam assim.

É difícil, eu sei como é. Já vi vários chefes que quando chega à sexta feira começam a se perguntar: O que farei amanhã? O trabalho me absorveu tanto na semana que nem tive tempo de preparar alguma coisa. E no sábado o “coitado” lá está com um programa improvisado, tentando agradar e vendo a maioria dos seus jovens faltando. Será que eles voltam na próxima? Mas não era para ser assim era? Afinal ele fez muitos cursos e aprendeu que os jovens só permanecem enquanto os programas forem melhores que os seus em seus bairros. Nada como uma boa “pelada” com a turma, ou bom filme a ser visto com as amigas ex-escoteiras.

Mas vá dizer para eles, os chefes – Olhem, o Sistema de Patrulha é o caminho. É a salvação. Trabalhar com monitores. Dar vida a tropa. Ouvir mais do que falar, prometer menos. Chega de promessas não cumpridas. Saia da sua estreita rotina meu amigo. (isso foi BP quem disse).  Claro vai ser difícil agora. Você os ensinou a pescar na poça d’agua da rua e até eles verem que ali não tem peixe vai demorar. Mas nunca é tarde para começar. Ficha modelo 120 para todos. Que eles juntos com seus monitores sejam o responsáveis pelo seu adestramento. Que a Patrulha participe. Que A reunião de Patrulha aconteça em todas as reuniões. Façam de seus monitores os responsáveis pela Patrulha.

Mas já falei muito sobre isso. No meu ultimo artigo sobre o Sistema de Patrulhas fui enfático. E quem sabe com esse complemento ajudo em alguma coisa? Procurem ver a realidade. Somos amadores. Como amadores somos bons e como profissionais somos uma negação. Veja a coisa com simplicidade. Você não tem todo tempo do mundo. É preciso ver que o escotismo é um movimento de fim de semana e não semanal. Quando os jovens participarem ativamente dos programas que eles próprios criaram, vai ver que seu tempo será maior, que a evasão vai diminuir e que o crescimento deles com as provas de classe serão o que sempre você esperou.

Acrescento que você vai intervir sim no programa. Vai dar um colorido especial sem tirar o excencial que eles fizeram. Mesmo que achar que não é um bom programa. Será bem mais fácil do que fazê-lo por completo. E lembre-se sempre se eles fizeram o programa É PARA ELES E NÃO PARA VOCE! Eu mesmo acredito que não fizeram ainda um manual de programas de reuniões de tropa porque sabem que esta não é a finalidade. Não existem duas tropas iguais. Cada uma tem sua característica, seu estilo e suas necessidades. Desenvolver para que a maioria consiga suas etapas, conseguir o Liz de Ouro ou o Escoteiro da Pátria. Não será fácil, mas não é impossível. Chega de ter um ou dois que conseguiram e os outros não. 

Eu teria mais mil coisas para escrever aqui. Difícil falar tudo que sei. Afinal foram dezenas e dezenas de anos fazendo e dando certo. Quem sabe um programa só para fazer uma grande pioneirias por patrulha. Um programa para ensinar aos monitores como montar um campo de Patrulha, um programa para fazer um fogo espelho, fogo do lenhador, e tantos fogos que irão servir como o inicio de grandes atividades. Um programa gostoso lá no campo sem essa de dez minutos para isso e quinze para aquilo. Esqueçam o relógio. Eles nos seus programas em seus bairros nunca se preocuparam com isso. (a não ser a hora de retornar conforme instruções dos seus pais – risos).

E deixe a coisa andar. Caminhar. E o Caminho para o Sucesso tenho certeza será o caminho de sua tropa. Se isso for feito tenho certeza que estará no caminho certo e em poucos anos vais ver que agora é bem mais fácil fazer o escotismo andar! Com suas próprias pernas! E viva Caio Vianna Martins. Dê tempo ao tempo. Se você nunca fez assim vai demorar um pouco para que o Sistema de Patrulhas engrene. E não se preocupe com jogos. Vá lendo um e outro livro sobre o tema. Anote. Quando "Chefe" Escoteiro andava sempre com uma caderneta (risos, hoje os tais celulares de mil e uma utilidade) anotando quando tinha uma boa ideia.

Consiga o seu sucesso. Consiga o sucesso da sua tropa. E então irá dormir tranquilo depois da reunião. Do acampamento. É isto aí meu caro "Chefe" Escoteiro e minha cara "Chefe" Escoteira. E lembre-se, é você e só você pode fazer com que dê certo. O caminho para o sucesso é seu. Use-o como achar melhor!

Enquanto estiver em uma equipe, siga o exemplo de seus dedos e lembre-se de que eles não fariam nada sozinhos.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Civismo, garbo e boa ordem. Onde está o erro?


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Civismo, garbo e boa ordem. Onde está o erro?

Segunda parte do artigo - O imbróglio de uma foto no Face book

Diversas vezes assisti e ouvi comentários diversos sobre ordem unida nas seções escoteiras. Eu mesmo tive experiências, algumas boas outras nem tanto quanto a ordem unida, marchas militares etc. Não sei o quanto isto implicou com minha formação escoteira e formação de vida. Acho que nada. E olhe, marchei muito quando jovem, tive instruções de ordem unida por muitos anos. Mas acreditem, nosso Sistema de Patrulhas era formidável.

Quando fiquei adulto, comecei a ver o escotismo de outra forma. Não na sua parte de  Princípios e Métodos, isto não. Alguns membros da Equipe de Adestramento, diretores nacionais e regionais nunca aprovavam muito a ordem unida. Dizem que o escotismo não é militarista e etc. e etc. No desfile devíamos apenar andar sem marchar (?), apenas mantendo o garbo e o espírito escoteiro.

Participei de alguns desfiles conforme as instruções dadas. Senti-me um peixe fora d’água. Andando feito um idiota (sem ofensas, por favor) Caramba! Pensei. Que mal faz marchar um pouquinho? Sentido, descansar, meia volta volver! Em frente marche! Palavras banidas do vocabulário Escoteiro? Vi tantas fotos de jovens recebendo, cumprimentando e saudado Baden Powell (BP) todos garbosamente perfilados que não sei o porquê desta implicância com uma marchinha ou ficar perfilado a moda militar. Nas suas exéquias as fotos dos escoteiros nada deixam a desejar o estilo militar britânico.

Claro que no passado, lá pelos idos de 1920/50, diversos políticos nacionais e regionais em cargos de relevo, aprovavam o escotismo de tal maneira, que, quase era obrigatório ter um Grupo ou Associação como se dizia na época em todas as escolas. Na falta de chefia, as polícias militares e o exército eram convidados a colaborar. Muitos cursos foram dados a estes, mas nem todos proveitosos.

No meu caso em especial marchei muito. Fui “bamba” em fanfarras. Isto não prejudicou em nada as atividades de tropa, o sistema de patrulhas e as atividades extra sede eram frequentes. (desafio a alguém ter mais noites de bons acampamentos do que eu) Nesta época sempre nos portávamos com uma postura militar o que para nós significava garbo e boa ordem. Acho que valeu muito para a minha disciplina e postura quando adulto. Aprendi a respeitar, a chegar no horário, (pontualidade britânica) a conversar com uma autoridade, enfim aprendi coisas que me valeram muito na minha vida Escoteira e profissional.

Hoje aconselho sempre que posso, que uma postura como esta é necessária. Admito que alguns pensem o contrário, até aceito, mas não acho válida participação de atividades cívicas, onde todos estão com uma postura e o escoteiro mantém outra. Melhor não participar. O público não vai entender e nem vamos ali explicar para todos o porquê desta situação ridícula. Risos. (para o publico é claro)

Fiz diversas pesquisas deste assunto na internet e vi que muitos psicólogos e pedagogos (nem todos) dizem o contrário do que penso. Acham que a formação não precisa disto e o movimento escoteiro também. Não sei. Não concordo muito. Precisamos mais de disciplina e respeito na juventude atual. A liberação, a escolha e a forma que é mostrada atualmente não me satisfazem. Prefiro um grupo sério no seu pragmatismo a outro liberal. Acredito que ambos podem atingir o seu objetivo, mas prefiro o primeiro no sentido mais disciplinar.

Ao formar patrulhas, matilhas, ou mesmo adultos escotistas em atividades próprias, insisto na disciplina, na postura militar sem exigir claro, igualdade aos métodos militares. Se colocarem escoteiros junto ao público durante uma festividade cívica, iram ver os comentários sobre tal colégio garboso e escoteiros displicentes. E não venham me dizer nada, vá dizer ao publico.

Gosto de desafios. Há tempos fiz um a um amigo que não concordava comigo. Dizia a ele – Olhe tenho visto milhares de jovens que juntos labutamos quando em tropas e alcateias e agora adultos são espelho na postura, na honra, na ética e no respeito. Caráter ilibado com famílias bem formadas.  Não participam de sessões escoteiras, pois não é esta a finalidade do escotismo. Agora não entendo porque dos milhares de jovens que vi crescer nenhum quis ser político. Por quê? Risos.

Todos eles receberam formação séria no escotismo. Postura militar sim, sem serem militar. Abomino qualquer outra característica que nos trazem os pensadores, a respeito de nossa juventude escoteira, mas acredito é claro, que também a forma apresentada por estes podem dar excelentes resultados.

Enfim, um pouco de ordem unida em suas seções, podem trazer excelentes benefícios no futuro e não fazem mal a ninguém. Não me convidem para uma atividade cívica onde os jovens estarão andando displicentemente, ou atividades escoteiras onde a postura é deixada a desejar. Não irei gostar mesmo.

"A educação, no sentido em que a entendo, pode ser definida como a formação, por meio da instrução, de certos hábitos mentais e de certa perspectiva em relação à vida e ao mundo. Resta indagar de nós mesmos, que hábitos mentais e que gênero de perspectiva pode-se esperar como resultado da instrução? Um vez respondida essa questão, podemos tentar decidir com o que a ciência pode contribuir para a formação dos hábitos e da perspectiva que desejamos." 

domingo, 18 de março de 2012

O que eu gosto e o que eu não gosto



O que eu gosto e o que eu não gosto

Eu gosto – De ver jovens sorrindo, alegres, participando do escotismo com amor e abnegação.

Eu não agosto - De ver grupos escoteiros mal formados, e uniformes mal postados.
Eu gosto – De ver um belo aperto de mão esquerda, não precisa ser aquela forte canhota como dizem muitos. Risos. (no passado um chefe quase me quebrou a mão).

Eu não gosto – De reclamações, de choros, de falta de luta nas dificuldades, da falta de entendimentos e de alguns acharem serem os donos da verdade.

Eu gosto – De canções escoteiras, seja como for, mas prefiro as cantadas com alegria, e claro em bom tom. E adoro a Canção da Despedida. Vivo chorando! Risos

Eu não gosto – Deste tal jogo da lama. Mesmo que os meninos gostem. Não acho próprio, pois me parece uma atividade militar! – perdão! Não me condene!

Eu gosto – Do cheiro da fumaça da lenha em um fogão suspenso ou tropeiro e em volta deles escoteiros cozinheiros esfregando os olhos pela fumaça e soprando o fogo como um avião ao levantar voo.

Eu não gosto – De chefes no campo dos escoteiros fazendo o que não deviam fazer. Deviam ter ensinado aos monitores antes.

Eu gosto – De observar todos em volta do fogo em um acampamento. Da surpresa, da espera, os olhos piscando, gravando para depois contar aos seus amigos o que se passou.

Eu não gosto – De ver tropas fazendo o Comando Crow, ou corda bamba, ou seja, lá o que for com um fazendo e toda a tropa esperando chegar a sua vez. Não pensou que isso poderia ser feito rápido em um jogo de bases?
 
Eu gosto – Da pose dos jovens no cerimonial de bandeira. A saudação e o olhar são incríveis. Fico pensando que ainda temos essa atividade de cidadania.

Eu não gosto – De ver chefes levando lobinhos, escoteiros, seniores guias e todo o grupo para o campo e ficar fazendo atividades com todos. Isto para mim não está certo.

Eu gosto – De ver os lobinhos e lobinhas no Grande Uivo. O olhar deles, esperando a hora certa para dizer lobo, lobo, lobo é incrível. A gente não esquece.

Eu não gosto - De jogos complicados e cheios de detalhes. Nem sempre os que participam gostam.

Eu gosto – De deitar na relva com a tropa ou a Alcatéia, e ouvir os comentários deles sobre o céu estrelado, o grito de um dizendo – Um cometa! Faça um pedido!

Eu não gosto – De ver cozinhas em acampamentos prolongados com fogareiro a gás. E principalmente as explicações dos chefes do por que.

Eu gosto – Do grito de Patrulha. Adoro. Principalmente quando é feito com raça.

Eu não gosto – De escoteiros mal uniformizados, desleixados com seu uniforme, lenço colocado de qualquer jeito.

Eu gosto – De um escoteiro ou lobinho bem uniformizado. Sua pose, seu estilo é inconfundível. Sabemos que ali tem uma boa tropa e uma boa alcateia.

Eu não gosto – De que achem que eu vivo de lembranças. De que sou saudosista. Que vivo do passado. Risos. E De convites tais como – Oi "Chefe" Escoteiro, venha nos visitar! Vais matar as saudades do passado. Risos.

Eu gosto – Dos amigos que tenho dos que fiz aqui no Face, de quando comentam algum artigo que posto. Sinto orgulho deles apesar de não conhecer a todos pessoalmente. (e adoraria conhecer).

Eu não gosto – Da palavra “tradicionalista” que é dita muitas vezes por pessoas que não viveram o passado e que dizem que com Baden Powell (BP) era assim e assado.

Eu gosto – De um Grupo Escoteiro bem organizado, todos irmãos, todos com registro na sua associação e onde se vê que ali eles são uma grande família.

Eu não gosto – De ficar falando tanto do que gosto e não gosto. Não é um tema agradável para alguns que poderão dizer – "Chefe" Escoteiro e daí?

Mas eu gosto mesmo do escotismo. Fiz dele uma lição de vida. Não sou saudosista apesar de estar sempre lembrando do passado, mas quem não se lembra?

O quem se importa do que eu gosto e não gosto? Risos, risos e risos.

Um pouco de Rui Barbosa



Um pouco de Rui Barbosa

CARTA AOS MOÇOS

“Já vedes que ao trabalho nada é impossível”. Dele não há extremos, que não sejam de esperar. Com ele nada pode haver, de que desesperar. (...)

O trabalho, pois, vos há de bater à porta dia e noite; e nunca vos negueis às suas visitas, se quereis honrar vossa vocação, e estais dispostos a cavar nos veios de vossa natureza, até dardes com os tesouros, que aí vos acha reservado, com ânimo benigno, a dadivosa Providência. Ouvistes o aldrabar da mão oculta, que vos chama ao estudo? Abri, abri, sem detença.(...)

Estudante sou. Nada mais. Mau sabedor, fraco jurista, mesquinho advogado, pouco mais sei do que saber estudar, saber como se estuda, e saber que tenho estudado. Nem isso mesmo sei se saberei bem.Mas, do que tenho logrado saber, o melhor devo às manhãs e madrugadas.(...)

Mas, senhores, os que madrugam no ler, convém madrugarem também no pensar. Vulgar é o ler, raro o refletir. O saber não está na ciência alheia, que se absorve, mas, principalmente, nas ideias próprias, que se geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por que passam, no espírito que os assimila. Um sabedor não é armário de sabedoria armazenada, mas transformador reflexivo de aquisições digeridas.(...)"

SINTO VERGONHA DE MIM

Sinto vergonha de mim, por ter sido educador de parte deste povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade, e por ver este povo já chamado varonil, enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim, por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o ‘eu’ feliz a qualquer custo, buscando a tal ‘felicidade’ em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos ‘floreios’ para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre ‘contestar’, voltar atrás e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer…

Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor, ou enrolar o meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo deste mundo!

‘De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto’.