Hoje li aqui que um
companheiro que não tive a honra de conhecer pessoalmente está saído do
movimento Escoteiro. Não deu suas razões. Pode ser que sejam legitimas e
devemos aplaudir. Mas temos muitos que nos deixam por sentirem-se
desprestigiados. Por não serem valorizados. Tantos os motivos que não vou
alongar.
Ao amigo virtual que
nos deixa dedico este artigo. A ele desejo tudo de bom que mesmo não
participando que a felicidade seja sua companheira sempre.
Meu abraço fraterno.
Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Quando termina a motivação o que
fazer?
É difícil aconselhar. Quem
não passou por isto? Tem hora que você desanima. Dá vontade de largar tudo e
sair por ai. Outros ainda insistem, mas sabem que o caminho que estão seguindo
não leva ao sucesso. Se procurarmos um serviço de autoajuda teremos vários. As
belas frases de efeito pululam por todos os lados. Todas com belas palavras,
mas que não nos fazem sentir revigorados como antes. O escotismo é
interessante. No início tudo são flores, sorrisos, promessas, alguns até deixam
as amizades que tinham em troca de novas que conquistaram. Nos primeiros meses,
e até nos primeiros anos aqueles mais chegados que não foram catequisados
espantam com tanto carisma, com tanta alegria e demonstração de que ele
alcançou um novo patamar, uma nova vida. Agora sou feliz ele pensa. Será mesmo?
Dizem os poetas que o que
mais sofremos no mundo não é a dificuldade, é o desânimo em superá-la. Não é a
provação, é o desespero diante do sofrimento. Não seria o fracasso e sim a
teimosia de não reconhecer os próprios erros.
Mas o maior poeta já tinha dito que tudo isto são palavras e palavras
nada mais são que palavras. Eu já passei por isto. Inúmeras vezes. Os problemas
são diversos. Familiar, profissional, falta de ética, de amor, tratamento
diferenciado, de sinceridade dos que se dizem irmãos de uniforme e de sangue e
tantos sorrindo para você e você querendo chorar. Sabe da vontade de encontrar
um buraco e se enfiar nele. Claro tem os mais fortes. Eles não transmitem para
ninguém seus desânimos. São fortes. Tem sempre uma explicação para tudo. Mas
será que dizem a verdade?
Se notarmos bem a matemática
Escoteira ela é simples. Trinta e poucas reuniões por ano. Somando as reuniões
de sede, acampamentos e excursões que sabe podemos chegar a aproximadamente
quinhentas horas anuais. Claro, prevendo quatro atividades (e aí considerei às
de vinte horas do dia) e considerando também nove meses de atividade, pois
muitos têm férias em julho, dezembro e janeiro. Se estiver certo dedicamos
cerca de vinte dias por ano ao escotismo. Claro que tem aqueles mais abnegados
com o dobro de horas trabalhadas. Para uns uma eternidade para outros muito
pouco. Mas porque então o desanimo? Olhem, existem vários motivos, mas para mim
o principal deles é a decepção com o ser humano. Querer abancar o mundo e dizer
que o líder é aquele que sabe liderar e ser liderar é fácil. Mas nem todos
pensam assim. Tem os déspotas, que com o tempo a gente se sente ameaçado por
uma força opressora mesmo vindo de alguém que se diz amigo de todos e irmãos
dos demais.
Nestas horas é que todos nós
sentimos falta de um aperto de mão carinhoso sincero. Que falta que faz um
abraço, um sorriso uma palavra de carinho principalmente daqueles que
convivemos em ambiente que achamos familiar no grupo Escoteiro. Tem aqueles que
nos olham como se fossemos parte do todo, indispensáveis em todos os sentidos,
mas não é assim a maioria. Estes nos veem como indesejáveis, subservientes,
dispensáveis, e se pudesse diriam: - Vocês estão aqui para servir e mais nada!
Lembrem-se da promessa! Para ser como eu tem que “ralar”. E então vem aquele
desanimo aquela vontade de sumir de mandar todo mundo às favas. Nem sempre
fazemos na hora. A promessa que fizemos é um nó que nos atou nos sonhos
escoteiros. Insistimos e alguns dão a volta por cima, mas outros, estes não
conseguem. Quem sabe está aí um dos motivos da grande perda que temos de
adultos que estão nos ajudando como voluntários, mas foram considerados eternos
desconhecidos.
Não é o programa somente que
nos afeta. Não são quem sabe nossa finanças que apertam a cada atividade, a
cada taxa cobrada seja em cursos e tem alguns que pagam mensalidades. Pode!
Está ali ajudando e paga para ajudar. Não sei e até posso estar enganado, mas
se todos que labutam nas lides escoteiras, do mais alto escalão a aquele que
está dando tudo de si pudessem mudar tentar um pouco ser mais irmão, não pensar
em si próprio e dizer ao seu amigo ou não:
- Que alegria em te ver
novamente!
- Aceite um forte
aperto de mão sincero!
- Posso te dar um
abraço?
- Quero que saiba que
você é muito importante para nós, não nos deixe nunca, pois sem você iremos
perder muito na expansão do nosso Movimento Escoteiro.
E aí quem sabe, seu
desânimo seria guardado lá bem no fundo do bornal, pois você passou a acreditar
que agora estava vivendo entre irmãos escoteiros. E você iria acreditar que não
haveria mais os superiores, não haveria mais aquele sorriso de desdém, não
haveria mais a conversa de esquina, a conversa de comadre. Ninguém iria
desmerecer seu trabalho. Mas olhe, de vez em quando é bom dar um passo a
frente. Faça um pouco a sua parte. Como dizia o nosso fundador e repetido por muitos,
a felicidade só é completa quando você também conseguir fazer a felicidade dos
outros!
¶Põe tuas mágoas bem no
fundo do bornal e sorri, sorri e sorri,
O que importa é vencer
o mal, mantem sua alegria,
Não importa você se
zangar, pois o mal há de acabar e então!
Põe tuas mágoas bem no
fundo do bornal e sorri, sorri e sorri.¶.