Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Crônica de um Velho Chefe Escoteiro. Uma homenagem aos Antigos Escoteiros. Tempo “bão” tempos que não voltam mais.



Crônica de um Velho Chefe Escoteiro.
Uma homenagem aos Antigos Escoteiros.
Tempo “bão” tempos que não voltam mais.

Nota: Resolvi fazer uma crônica. Uma pequena crônica como uma homenagem ao Antigos Escoteiros. Temos muitos deles aqui. Sempre lendo e comentando lembrando com saudades seus velhos tempos. Isto é uma forma de resistir à passagem do tempo. Como escreveu Mário Quintana, o tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais Velho que a gente...

                    Ouve um tempo que foi há tanto tempo que nem sei se esse tempo ainda pode de novo voltar... Nem que seja em saudades, em pensamentos, em vontades daquela que faz a gente sonhar, tremer, tempo que a gente lembra e vive a se orgulhar. Tempo “bão” de bastão a caminhar, bandeirolas soltas no ar. Chapelão do sol do quente do poente de tudo que ele guardava a chuva, na caminhada, patrulha danada que saia por aí a acampar. Tempo de ver tanta gente, olhando a gente sorridente, a dizer baixinho com orgulho a que ao seu lado estava: - É escoteiro, valente caminheiro que vão mudar a nação. Traz no peito o orgulho de um brasileiro sonhador, que acredita no futuro um futuro promissor. Tempo, por favor, traga de novo ao vivo o tempo que eu vivo a sonhar...

                      Patrulha sedenta por descobrir, uma trilha verde jeitosa, de encontrar uma árvore frondosa e sem discutir ou falar, todos iam se sentar! Respirar a natureza em toda sua realeza olhar ao redor e pensar: - Terra bonita, terra do boi valente, da onça que aparece de repente, do Pica Pau espantado, olhando por todo lado, a patrulha que parou, parou na sombra da árvore, naquela tão bela tarde um suspiro para voltar a caminhar. Quem já viu uma patrulha, andando pela colina, correndo pelas campinas, nas costas mochilas encantadas e tudo ali eram levadas, para uma refeição, um bom café matreiro, coisa de bom Escoteiro? Tempo da descoberta, do rio para pular, da jangada tão perfeita que nas águas tão travessas era um vai e vem para atravessar.

                         Tempo do feijão na brasa, da carne no carretel, do sal do sarapatel, do olhar do cozinheiro, ao lado os escoteiros, esperando a boia terminar. Sons gostosos de quem ouviu o bater nos pratos como a dizer; - Turma amiga da onça é hora de encher a pança. É e cantar que hoje a boia é boa, tem arroz queimado, o feijão está bichado e a carne estragada. Sorrisos em profusão, mas tudo sendo consumido, na panela de feijão e o arroz cozido, faziam sorrir valentões. E a noite escurecendo, o tempo que foi passando, hora dos ventos noturnos, hora de limpar o coturno, hora de um belo jantar. Jantar feito na moita, bebendo uma bela sopa de tomate, ou de abacate você já viu? “Bão” demais meu amigo. Coisa de bons mateiros, bons valentes escoteiros na clareira da floresta, pois esta noite terá festa.

                           Apenas uma patrulha? Podem ser uma duas ou três não importa. O Chefe confiava, na turma acreditava que tudo ia nos conformes, nada daria errado. Monitor um companheiro, um bom líder Escoteiro, a contar causos sem fim. Sempre tinha o gaiteiro, nas estradas nos atoleiros ele tocava: - £ “Em uma montanha bem perto do céu, existe uma lagoa azul”. E a gente acompanhava todo mundo só cantava lembrando a família que muito longe ficou. Mamãe papai cofiava. Sabia que só valentes escoteiros de repente iria um dia ser homem honrado, com todo mundo apalavrado, orgulho de uma era, que nunca mais irá voltar. Hã chapéu que representava, por onde a gente passava, ali estão os escoteiros do Brasil.

                            Será que ainda verei mochileiros escoteiros, correndo por aí nas montanhas, acampando em vales enormes, dormindo sob o céu estrelado fazendo um escotismo gostoso, onde o Chefe confia e deixa acontecer? Será que verei no horizonte, bandeiras do Brasil tremulando, nas mãos de um Escoteiro de hoje, altaneiro viageiro, mostrando a sua raça, deixando a vida sem graça do moderno que nada tem? Ainda fico pensando onde anda os patrulheiros, que dão a vida pela patrulha, que seguram o seu bastão como se fosse sua alma seu coração? Quem sabe eles trarão as respostas, quando os chefes acreditarem que o escotismo deles e de mais ninguém. Quem sabe seguirão o líder, que um dia disse na Jângal: “Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite;... deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido...”.

                                  Se isto acontecer irei para a terra dos meus ancestrais sorrindo, já pensei em deixar de sonhar, mas isto não pode acontecer. Quero ainda ver os novos remanescentes, fazendo com que de repente, nem que seja de improviso, aquele belo escotismo, que um dia irão orgulhar. Sei que o chapéu é ultrapassado, que mesmo não sendo amado pode trazer o calor, de sentar em volta do fogo, uma chaleira fumacenta, um café brasileiro esquenta um papo aqui outro ali, menino vai ser bom demais. Sei que é difícil de ver, afinal sou Velho ultrapassado o meu escotismo sonhado já deixou de existir. Mas me provem que um dia de vestimenta e tudo, partirão sorrindo nas trilhas, sem ter a sua chefia para tudo atrapalhar. Mostrem que não há tempo, seja em qualquer momento existem bons escoteiros, com seu monitor gritante avante, patrulhas! Sigam-me, pois agora é nossa hora, partiremos sem demora ao nosso acampamento anual.

                         E façam como B-P: Arregace as mangas e tome iniciativa, olhe longe e depois olhe ainda mais longe... Bons caminhos escoteiros, valentes e bons brasileiros!

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Não destruam uma tradição.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Não destruam uma tradição.

Nota – Neste Sete de setembro me assustei ao ver escoteiros de uniforme caqui, usado displicentemente com a camisa solta em cima da bermuda ou da calça. Foi mesmo um “bruta susto”, pois isto não faz e nunca fez parte da tradição do uniforme caqui. Será que a Escoteiros do Brasil também autorizou tal ato?

                        Não... Não façam isso, por favor! Mais de cento e quinze anos de tradição e vocês desvirtuam uma cultura de hábito e transmissão de geração em geração? Se quiser vestir o saudoso uniforme Caqui, o façam com ufanismo como aqueles que assim o fizeram por toda vida escoteira. Tentem respeitar uma maneira de ser, de fazer de agir como escoteiro de tempos que muitos se orgulham até hoje.

                        Assustei neste desfile de Sete de Setembro quando vi alguns de uniforme caqui, a quem tenho a honra de chamar de irmãos Caqueanos com a camisa solta conforme os moldes da nova vestimenta. Não eram muitos, mas davam uma conotação de falta de garbo e apresentação. Se querem assim não vou discutir. Emigrem para os que adotaram a nova postura da Escoteiros do Brasil. Se acham que fica bem a camisa solta em cima da bermuda ou da calça mudem para a Vestimenta.

                        No final da vida é triste ver este boicote à tradição, está indiferença com um costume e prática de muitos e muitos anos. Me orgulho dos Escoteiros do Ar e do Mar que ainda respeitam a tradição, seu porte e garbo é invejável e não mudaram apesar da insistência da EB para que eles passem a adotar a Vestimenta. Para mim a apresentação escoteira é feita com garbo e orgulho do uniforme. Ele não é uma peça qualquer faz parte do nosso orgulho e nosso respeito. Pelo menos tenho visto um aumento de Grupos Escoteiros que resolveram voltar às origens, afinal o caqui custa à metade da Vestimenta e dura três vezes mais. Veja o que nosso Chefe Baden-Powell disse a respeito dessa tradição:

                        “O uniforme indica que pertenceis a uma grande fraternidade espalhada pelo mundo inteiro. Faz-se ideia elevada de um rapaz que usa este uniforme, sabe-se que não é um rapaz qualquer, mas limpo, inteligente, ativo, em quem se pode confiar que cumprirá da melhor vontade as ordens recebidas e será prestável aos outros. Posso dizer que eu próprio ando sempre de calções, de verão e de inverno, e nunca apanho constipações. A ser essa a razão, também se podia apanhar um resfriamento por andar com a cara e as mãos a descoberto”.

                         Já tenho dito muitas vezes: “Não me importo absolutamente nada que um Escoteiro traga ou não traga uniforme, contanto que ponha o coração naquilo que faz e cumpra a Lei do Escoteiro”. Mas a verdade é que quase não há Escoteiro que não ande de uniforme se tem possibilidade de comprá-lo. É o brio que o leva a isso. O aprumo no uso do uniforme e a correção nos pormenores pode parecer coisa sem importância, mas tem o seu valor na formação do sentimento da dignidade e contribui muitíssimo para a reputação do Escotismo entre os estranhos, que julgam pelo que veem.

                      Para o rapaz, o uniforme é uma grande atração, e quando se trata de um traje como o que usam os sertanejos, isso o leva na sua imaginação a sentir-se diretamente ligado com esses pioneiros que são os seus heróis. O uniforme também contribui para a fraternidade uma vez que ao ser adotado universalmente ele encobre todas as diferenças de nacionalidade e de classe.

                     Para mais, o uniforme do Escoteiro é simples e higiénico. Um uniforme semelhante oculta todas as diferenças e contribui para a igualdade num país. Mas, o que é mais importante, encobre as diferenças de nacionalidade e de raça e faz com que todos sintam que são membros, uns dos outros, de uma única fraternidade mundial.

                     Portanto meu caro Chefe meu caro escoteiro se orgulhe desse uniforme caqui, é uma tradição que trouxe orgulho a todos os que usaram em muitas ocasiões importantes durante esses 115 anos. Não deixe para trás uma tradição, use seu caqui com orgulho e boa apresentação. Camisa solta? Não faz parte.

                     Para você que desfilou garbosamente nesse Sete de Setembro e se orgulha do seu uniforme ou vestimenta meus parabéns. Aceite meu Sempre Alerta meu aperto de mão e juntamente com meu fraterno abraço!