Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. 79 anos sem Baden-Powell.



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
79 anos sem Baden-Powell.

Nota - No dia oito de janeiro de 1941 falecia no Quênia Lord Baden-Powell of Gilwell. Nos 79 anos de sua morte deixou uma ideia que germinou em mais de 220 países que praticam o escotismo. São mais de meio bilhão que fizeram sua promessa. Suas bases continuam as mesmas em todas as nações que seguem seus preceitos através do método que revolucionou o sistema educacional. A Baden-Powell, nosso Anrê! E um Bravôo gritante e amado.

Hoje faz 79 anos que faleceu Robert Stephenson Smyth Baden-Powell. Sua vida foi um exemplo e seu carisma o tornou um dos maiores homens da sua época. Herói inglês de muitas aventuras conseguiu criar o maior movimento de jovens do mundo. Conhecido em cada cidade ou país neste planeta, fez historias dando aos jovens um Movimento que além de saciar a sede de aventuras, os tornaram heróis, vivenciando um método único na arte de aprender a fazer fazendo. Todos aqueles que tiveram a felicidade de participar do Escotismo sabem sua historia. BP faleceu em sua casa PAXTU em 8 de janeiro de 1941.

Indo em direção ao Outspan Hotel em Nyeri os visitantes se defrontam com uma placa fixada em uma árvore numa curva da estrada. (As sementes Africanas do Escotismo). O Outspan tem um monte de visitantes: alguns que vão lá enquanto visitam Nyeri a serviço ou negócios, outros que vão em férias, há aqueles que a usam como base para a escalada do famoso monte, e há aqueles que lá vão especialmente para conhecer a famosa "Paxtu", a última casa de Baden-Powell, fundador do Movimento Escoteiro. B-P visitou a África oriental pela primeira vez - cada um dos atuais países do Quênia, Uganda and Tanzânia - em 1906, e registrou as suas impressões tanto em palavras quanto em imagens em seu livroSketches in Mafeking and East Africa, publicado em 1907.

Ele não retornou lá até 1935 quando realizou inspeções de escoteiros em gincanas organizadas em todo o país. Ele então visitou o seu velho amigo, Major E. Sherbrooke Walker, M.C., que foi o primeiro secretário particular de B-P após a fundação do Movimento Escoteiro e que tinha posse da primeira “Fiança de Escotista” (nomeação) emitida. Após numerosas aventuras Erie Walker construiu o Outspan Hotel in Nyeri e o ainda mais famoso Treetops. B-P mais uma vez apaixonou-se pela "bela visão das planícies até o topo careca e nevado do Monte Quênia". Ainda não aprendemos a ser imortais, a não ser na alma e na memória.

Em 1937 com a saúde claudicante e antes de completar 80 anos de idade, aconselhado pelo seu médico ele e sua esposa Olave resolveram morar no Quênia, na Africa, em uma propriedade chamada de PAXTU (paz para dois) em Nyeiri. Faltando um pouco mais de um mês para completar 84 anos. Erie Walker em seu livro Treetops Hotel escreveu: - Em 1938 Lord Baden-Powell estava envelhecido (na época com 81 anos). Antes de partir ele disse: “Quanto mais próximo de Nyeri, mais próximo da felicidade”. E completou: - “Eu voltarei para passar o resto da minha vida no Outspan”. Quando construiu sua casa ali em Nyeri ele pensou em vários nomes. - “Eu chamei minha casa em Bentley “PAX” porque eu a comprei no dia do armistício após a primeira Guerra Mundial”. Eu acho que vou chamar a minha casa aqui de “PAX” também. (Too em Inglês). Após isto ela sempre foi conhecida como “PAXTOO” ou “PAXTU”.

Baden-Powell faleceu no dia oito de janeiro de 1941. Hoje estão fazendo 79 anos. Em suas memórias B-P. comentava que PAXTU era um lugar tranquilo e com um panorama maravilhoso, com uma vista cheia de montanhas de picos coberto de neve. Muito conhecida, deixou uma carta para ser publicado após sua morte, cujos dizeres demonstram sua história de vida sempre dedicada aos jovens de todo o mundo. O teor de sua carta é conhecido por todos os escoteiros do Mundo.

Eu me transporto para o céu, para a estrela Bipidiana onde mora nosso Fundador. Quem sabe as tardes ensolaradas sentado no pico de uma montanha ele olha a Terra, nosso planeta azul e como um anjo de bem se transporta para PAXTU. E na minha simples visão de velhote escoteiro, Vejo nesta data tão sublime, BP olhando o mundo girar ouvindo escoteiros de todos os matizes a dizer: Chefes, não esqueçamos que o escotismo é dos jovens, deixe-os falar, mostre a eles a verdadeira felicidade escoteira. Aprender a fazer fazendo. Sorrio na minha imaginação o ouço dizer naquele seu estilo amigo e fraterno: - “Certa vez, alguém me perguntou qual era a melhor maneira de uma pessoa ser feliz. E eu respondi-lhe: Faça todos os dias uma boa ação e tenha um canivete que corte bem” e completou: - “Experimentem, rapazes e verão se é ou não assim”. E Viva PAXTU.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. “Viver e morrer sonhando com Baden-Powell”.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
“Viver e morrer sonhando com Baden-Powell”.

... - A nossa pista está assinalada por aquilo que fizemos, por aquilo que dissemos, ou por aquilo que escrevemos. Aquilo que fizemos transforma-se em marcos permanentemente seguidos; aquilo que dissemos não passa de pegadas que podem ser alteradas ou apagadas pelo tempo; aquilo que escrevemos são marcas bem visíveis conscientemente gravadas nas árvores. Um princípio que muitas vezes me tem guiado pela vida fora é o de olhar em redor de duas maneiras: mais alto e mais além. Lord Baden-Powell of Gilwell.

                  Era minha primeira vez naquele saguão. Muito chique. Dava para ver as aeronaves indo e vindo na pista de decolagem. Uma linda aeromoça de azul disse-me que era o Salão VIP do Aeroporto de Guarulhos. Era linda e quase a convidei para sentar ao meu lado e batermos um longo papo... Escoteiro é claro! Minha Celinha sabe que sou “trancado” para certas coisas. Ela se foi com aquele rebolado de Tininha, uma Akelá que em um curso que dei não deixou ninguém prestar atenção nas palestras... Só nela! Senti alguém sentando ao meu lado. Quanta educação. Sem barulho sem o top-top mundano de muitos que esquecem seu cavalheirismo de respeito ao próximo. Muito comum em muitos que não aprenderam a arte de ser cortês. Olhei para ele. Firmei a vista... Eu conhecia alguém parecido. Quem era? Tentei a roupa que ele usava. Um brim caqui daqueles fabricados lá pelos anos de 1900. Bota de cano alto e na mão uma bengala. Ops! Gostei. Também era bengaleiro.

                 Ele me olhou com um sorriso galhofeiro fez um sinal no ar e colocou na cabeça um chapéu. Caramba! O verdadeiro e autêntico Stetson, usado por Baden-Powell. Dizem que gostou da maneira americana que seu exército usava e adotou quando lutou na guerra do Transvall. Lembrei-me de como ficou famoso e se tornou herói inglês no conhecido “Cerco de Mafeking”. Defendeu uma cidade aberta com apenas 800 soldados contra mais de 5.000 Bôeres por 217 dias. Um dos seus comandados jurou que ele dormia com seu chapéu. Vixi! Olhei para ele novamente com curiosidade. Magro, não tão alto, e Simpatissimo no modo de tratar as pessoas. Assustei quando passou um passageiro se levantou e na maior "performance" inglesa ficou em posição de sentido dizendo: - Be Prepared! Mama mia! Não podia ser! BP tinha falecido a quase setenta e nove anos! – Me olhou com aquele sorriso e disse: Vado Escoteiro, eu gosto de você! Upalalá! Uns tipos que não prezo costumam entrar no meu face, metidos a fortes, sem camisa, dizendo: - Vado Escoteiro, eu gosto de você. Deus me livre destas coisas imprestáveis. Sou das antigas moço! Respeite-me! Kkkkkk. 

                - Perguntei por curiosidade: - Senhor! Por Acaso é o espírito de Baden-Powell! Ele me olhou sorrateiramente. Espirito? Belisque-me Chefe Vado. Sou de carne e osso! Nisto passou uma senhora e ele de novo ficou em pé, em posição de sentido e disse sem gritar: Be-Prepared simpática Scout Guides! – Num arroubo de dúvida perguntei? – Sabe quem é escoteiro ou escoteira só no olhar? Ele riu. Aquele riso que encantou a meninada em Brownsea. – E quem não sabe? Sentou-se novamente. Olhou-me dentro dos meus olhos. – Vado! Ainda moro em Paxtu. Voce conhece. Próximo de Nyeri no Quênia. Desde o dia 08 de janeiro de 1941 que tentaram vender a casa e não deixei. Fiquei atentando meus filhos o tempo todo. Ainda amo aquela casa. Uma vez por semana faço questão de subir o Monte Quênia e lá de cima lembrar-me dos velhos tempos... Em Mafeking, na Tanzânia, dos meus amigos Zulus de Brownsea e Gilwell Park.  

                   Não estava acreditando naquele velho que dizia ser Baden-Powell. – Ele fixou nos meus olhos e disse: - Vado Escoteiro, você me conhece, sabe da minha história. Sabe que minha paixão sempre foi a Africa e amo o Quênia. Até hoje nos fins de semana meus amigos me visitam. Eles como eu se apaixonaram pela bela visão das planícies e do topo careca e nevado do Monte Quênia. Sempre está lá o Major Kenneth McLaren, o Chefe de Campo de Gilwell Francis “Skpper” Gidney, o General Sir Robert Lockhart, o capitão F.S. Morgan Comissário do Distrito de Swansea e W. De Bois MackLaren. Conversamos até o raiar do dia. Vado Escoteiro sem ser critico e não estão conosco para se defenderem, visitei a sede escoteira do Brasil em Curitiba. Vado não gostei do que vi na reunião dos mandatários. Muita soberba, muita vaidade e quase nenhuma fraternidade. Parece que ali a lei escoteira não era bem vinda. Disseram que meu tempo passou, hoje sou apenas uma forma de dizer que existo! Mas olhe, não vamos falar mal, cabe a vocês mudarem se acreditam nisso. Democracia meu jovem Chefe! O que diz a bandeira de seu estado? – “Libertas quae sera tamen”!

                     Ele olhou as horas no seu ômega que tinha mais de cem anos. – Vado, está na hora de partir, meu voo já está no ar e o vento sopra... Preciso voltar a Paxtu, você sabe, quando mais próximo de Nyeri, mais próximo estou da felicidade. No próximo dia 8 muitos irão lembrar que eu existi. Dizem que parti para o céu e moro em uma estrela onde todos que um dia fizeram uma promessa escoteira lá irão morar. “E partiu dizendo: - Todos os anos eu volto para onde sai e desta vez pretendo passar um bom tempo da minha vida no Outspan”! E sumiu na multidão. Fui atrás dele dizendo para não ir. Um cafezinho brasileiro Chefe? Peguei minha bengala e sai correndo. Toc.toc.toc. Uma oportunidade única e perdi. Ficar junto dele naquelas tardes frescas e lindas no seu pomar de romãs em Paxtu, ver com meus olhos aquela bela visão das planícies e do topo careca e nevado do Monte Quênia seria como morrer feliz para sempre. Queria poder abraçá-lo ouvi-lo contar as histórias de Mafeking, das borboletas azuis, dos antílopes, dos vales floridos e famosos do Lago Nakuru aonde ele sempre ia pescar.

                Fiquei ali parado e estático sem saber aonde ir. Meus olhos cheio de lágrimas reclamavam do abraço que não dei. Do aperto de mão que esqueci. De dizer o quanto o admirava. De dizer orgulhosamente para ele: Be-Prepared Grande Chefe Escoteiro do mundo! Tinha um milhão de perguntas. Não as fiz ao meu mestre, meu Grande Chefe, o Chefe Escoteiro mundial e só fiquei escutando e duvidando da sua autenticidade. Ah! Que vontade de gritar... Amo você BP! E então, e então fui acordado do meu maravilhoso sonho: – Vado é hora meu marido da nossa ginastica matinal. Eita mulher linda! Levantei pensando em BP. Que linda oportunidade. Quando terei outra? Este sim foi um sonho que valeu uma vida escoteira.