Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 12 de julho de 2014

O nostálgico toque do “Silêncio”.


Conversa ao pé do fogo.
O nostálgico toque do “Silêncio”.

Em Silêncio Acampamento,
Este canto vinde ouvir,
São fagulhas da fogueira que nos dizem
Escoteiros a Servir...

                   Um toque de clarim é mágico. Lindo. Marca profundamente para que já tocou ou ouviu seus sons calmos e tranquilos em uma noite de luar ou sem luar. Dizem que é um toque choroso, machucado, que dói fundo no coração. Sua história até que diz isto. Conta-se que na guerra civil americana um soldado gemia em uma trincheira. Um oficial confederado achou que era alguém do seu batalhão. Com dificuldade o trouxe até onde estavam. Não era um confederado e sim do exercito do norte. Todos o queriam morto e ele morreu. O oficial agora sobre uma luz bruxuleante nota que o morto parece com alguém. Sim, era seu filho que deixara sua fazenda no sul da Geórgia há muitos anos e foi para o norte. Queria enterrá-lo com honras. Não deixaram. O General confederado com pena chamou um corneteiro. – Toque qualquer coisa quando forem enterrá-lo. Ao retirar os objetos do bolso de seu filho morto viu um pedaço de papel onde ele havia escrito um hino. Surgiu assim a lenda que se transformou em realidade. Hoje esse hino é conhecido como o “Toque do Silêncio”.

                  Nunca me foi estranho. O toquei diversas vezes no exército onde servi e muitas outras vezes em acampamentos que fiz neste mundão de Deus. O toquei algumas vezes na partida de alguém que foi se juntar ao criador. Toque triste, não era o que eu gostava de tocar. No acampamento sim. Tocava sorrido. Ao terminar gostava de olhar a noite escura. Olhar para o céu estrelado. Olhar as barracas onde dormiam os Escoteiros, onde ao terminar de um dia, onde a fogueira apagou, onde as brasas adormecidas se escondiam em cinzas deixando aqui e ali algumas centelhas que subiam aos céus e tentavam os moleques vagalumes e pirilampos que se divertiam na orla da floresta. Gostava disto. Amava mesmo o Toque do Silêncio. Sabia que a noite seria longa, que sonhos mil iriam habitar a mente da escoteirada que dormia. Hora de ir dormir. Meu clarim guardava com orgulho. Sabia que na manhã seguinte, quando o sol despontasse no horizonte eu iria usá-lo novamente. O Toque da Alvorada.

                 Mesmo com sono, sentava na porta da barraca. A pequena fogueira era acesa. Nas brasas um bule de café esquentando. Um pão do caçador perdido no meio do fogo. De uma ou outra barraca saia um noctívago. Eram velhos amigos que sempre participavam desta deliciosa conversa ao pé do fogo. Eles sabiam que ali iriam surgir piadas, contos e causos, alguém iria trazer um violão e iriam surgir canções deliciosas e muito mais. Um amor que só os Escoteiros sabem ter um pelos outros. Algumas vezes, perdidos e vindos do meio da floresta, um tatu bola aparecia espantado, uma coruja buraqueira a nos olhar curiosa e até mesmo um antigo amigo um Lobo Guará mais conhecido como O “Anjo Amarelo” esperava seu quinhão de carne que sempre lhe dei. Coisas de um Velho corneteiro. Hoje não toco mais, tocar onde e como?

                      Dizem os Grandes Chefes da nossa liderança que isto não se faz. É para os militares. Adoro ser Escoteiro, adoro meu clarim que tanto toquei e que hoje não posso mais tocar. Eu os perdoo estes pobres velhos lobos que não sabem o que dizem e falam. Sei que eles nunca passaram por isto. Não viveram o que eu vivi. Não sabem o que é sentir o vento soprando de leve no rosto, uma brisa gostosa da noite fresca o ar da floresta, um pingo de um orvalho solto na folha que o segurou. Eles não sabem como é lindo um toque de um clarim no seio de uma floresta, em uma noite escura e sem luar, estrelas cintilantes como a aplaudir, o som se espalhando pela mata, um silêncio respeitoso dos animais e da passarada e sentir aos poucos o sorriso da madrugada a chegar.

¶ “Dorme o sol e a terra”...
Tudo em paz se encerra!
                    

                        È, o dia terminou, a lua nasceu e é hora de dormir – “O espírito da Coruja mora neste acampamento”!

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O caminho para o sucesso. Afinal existe oposição no escotismo?


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
O caminho para o sucesso.
Afinal existe oposição no escotismo?

                Alguns dizem que o escotismo é uma filosofia de vida, outros dizem que é uma diversão e outros fazem da sua participação um aprendizado para a vida toda. Poucos são aqueles que discordam e falam o que pensam e se assim o fazem é somente em OF e se firmam que o escotismo é para colaborar e fazer os jovens caminhar para o sucesso. Sempre me pautei por criticar nossos dirigentes. Claro que sabemos que entre eles tem muitos cheios de boas ideias, mas que ainda se aferram no cargo que estão nunca discordando o certo e o errado. Poderia enumerar aqui centenas deles. Porque não crescemos apesar de que nossos dirigentes dizem ao contrário. Aceitamos tudo de mão beijada e nunca damos nossa opinião e quando o fazemos logo tem um para dizer – O Escoteiro é obediente e disciplinado. Isto é bom para nossos dirigentes. Eles decidem entre eles o que fazer como fazer e nunca nos perguntam se deveria ser assim ou não.

                Se os leitores deste blog tiver paciência vai ver que tenho muitos artigos aqui publicados que mostram onde estamos errando. Participo de algumas listas aonde por e-mail vamos discutindo e aprendendo uns com os outros. Ainda nesta semana um amigo mineiro escreveu respondendo a uma pergunta minha sobre a evasão. Tudo surgiu porque outro amigo mostrou um estudo da UEB sobre ela. O estudo baseou em poucos associados e ali nada poderia ser levado em conta. Não representava nada em relação ao que todos nós estudiosos do escotismo estamos vendo, uma evasão que prejudica e se ela acontece é porque o escotismo não caminha para o rumo que BP um dia nos deu. Não vou me alongar e transcrevo abaixo tudo que o Chefe escreveu. Poderia eu mesmo ter escrito em outras palavras, mas sobre evasão ele atingiu em cheio tudo aquilo que penso:

- Às vezes eu acho os participantes desta lista inocentes. Não há interesse da UEB em computar e divulgar números da evasão. Percebam quais são os principais argumentos dos politicamente corretos defendendo nossos lideres: Eles dizem - "Se está tão ruim porque estamos tendo crescimento? meu distrito cresceu, meu GE está com fila de espera", como se não houvesse evasão, como se não faltassem adultos, como se jovens não estivessem largando o Movimento Escoteiro pelos mais variados motivos. Aliás, estes tipos não dão a menor importância para a evasão, pois vivem a apontar a porta da rua para quem está insatisfeito com os rumos da instituição, mesmo que haja um enorme déficit de adultos voluntários que, em geral, quando deixam o ME levam mais algumas pessoas consigo.

O que acontece é que o adulto voluntário não é valorizado. A direção trata adultos como mão de obra barata que deveriam se sentir demais satisfeitos e privilegiados por serem aceitos como voluntários. A oposição não é bem vinda, as críticas às patacoadas muito menos (não é escoteiro apontar os erros que fazem) e, claro, se o sujeito não sair por livre e espontânea vontade se arruma um processo na comissão de ética com acusações imbecis e infundadas ou o colocam no ostracismo.

O ME hoje é dividido em dois extremos: os "Profetas do Caos" e os "Senhores de Xangri-la". Os primeiros conseguem enxergar que o Movimento Escoteiro é uma ferramenta válida para a formação dos jovens, acredita nos ideais, mas não fazem vistas grossas às constantes patacoadas da direção. Os segundos vivem em um mundo perfeito, aonde o Escotismo brasileiro vai muito bem, onde dirigentes não cometem erros sérios, onde tudo é justificável e relativo e, claro, pensando e agindo assim, tem um lugar ao sol junto à direção. Esta é a turma que vive falando de Lei e Promessa para os que criticam, mas acham que tais mandamentos não se aplicam aos dirigentes, em especial aqueles de notório Poder dentro da instituição. Então para esta turma, por exemplo, é muito ético, normal, escoteiro, que um comissário indique a si mesmo para se manter no cargo, como se entre 80 mil associados não exista outro capaz de exercê-lo. É a turma que não vê o menor problema de um alto dirigente ser flagrado saudando a bandeira, ao mesmo tempo em que fala ao celular. (foto vista no Facebook) É a turma que acha que rombos em lojas escoteiras e que não foram apurados devidamente devem cair no esquecimento e apesar de serem muito ativos muito apaixonados pelo Escotismo, não exigem que este tipo de coisa seja esclarecida. É a turma que afirma ser a AR uma instituição democrática, mas quando uma jovem é censurada não mexe uma palha quanto isto.

O que tenho constatado em conversas com outros escotistas de todo país é que existe MUITA GENTE descontentes com esta turminha que vem há anos se revezando na direção nacional. O caminho que muitos têm escolhido é deixar o ME e levar consigo amigos e parentes, pois não acreditam valer a pena ficar dando murros em ponta de faca tentando mudar o que uma maioria, por interesses vários, deseja manter. Os que apoiam não o fazem, muitas vezes, por que são a favor do que está sendo feito e sim com vistas às medalhas, honrarias e cargos.

Sobre a entrega da Insígnia da Madeira

Por fim, o que acontece hoje no ME são pessoas se aproveitando dele para promoção pessoal e afago ao ego. E, felizmente, existem muitos que não concordam com a bandalheira que tem acontecido. Vamos lembrar que a IM é mera conclusão do nível de formação do Escotista: não é medalha, não é honraria, não é benesse. É DIREITO de quem participou dos cursos e os concluiu com o devido aproveitamento. No entanto em algumas Regiões a IM virou uma honraria reservada aos alinhados com o Poder. Como viram aqui, até insinuar que eu não recebi a minha porque não sei nada sobre Escotismo já fizeram. Aliás, isto normal, já que para alguns a direção nunca erra: a culpa é sempre do escotista. Hoje dizem que não posso receber minha IM porque no que pese registrado, meu GE não está ativo. Ora, posso participar de qualquer curso (pagando taxas para tanto de R$ 100,00), posso comprar na Loja Escoteira, posso exercer qualquer direito meu dentro da UEB com meu atual registro, mesmo não estando meu GE ativo, mas não posso receber minha IM? Já pensei em recorrer à Justiça, mas desisti por dois motivos: o primeiro em respeito e agradecimento ao meu APF; o segundo que não quero ficar conhecido como um escotista que conseguiu a IM no "tapetão".


                Deixei o nome do Chefe em OF. Melhor assim, ele tem caráter, tem honra, faz tudo para que o escotismo cresça, mas hoje é considerado “persona no grata” por muitos dirigentes. Sua IM está guardada em alguma gaveta. Sinto tristeza nesta hora em ver que meu estado natal tem pessoas de índole má, onde a Lei e a Promessa só vale para os amigos. Um dia fui Comissário neste valoroso estado, pessoas com estes que se arvoram como dono da verdade não existiam. Mas hoje os tempos são outros. Melhor mesmo é colocar a cabeça no travesseiro e pensar se o escotismo como dizia BP tem seu Caminho Para o Sucesso garantido. A sede de poder, a vontade de ser alguém e pertencer à casta dos lideres ainda vão existir por muitos e muitos anos.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Jovem você pode escolher se quiser o caminho da felicidade.



Conversa ao pé do fogo.
Jovem você pode escolher se quiser o caminho da felicidade.

                Ei jovem, você mesmo, para onde vai? Está não é a estrada certa. Procure outra. Quem sabe aquela que ficou lá atrás, pois tinha flores azuis e amarelas na entrada do bosque florido. Não percebestes? Era lá que você devia olhar e quem sabe encontrar o que procuras. Eu vi na curva do caminho centenas de jovens sorrindo. Notou que eles brincavam de gente grande? Viu como eles eram solícitos quando perguntas-te se eles gostavam do que faziam? Sei que você gostou deles e porque não permaneceu lá? Todos insistiram para você ficar. Não se lembras daquele pequenino que lhe deu um aperto com a mão esquerda e disse que ali morava a felicidade eterna? Então porque titubeaste? Porque não aceitou o convite feito de forma alegre e fraterna? Eles são assim, divertidos, amigos de todos e irmão daqueles que estão com eles nas veredas do bom caminho. Sabe quem são? Não sabe? Eles são Escoteiros, entusiastas joviais briosos brasileiros que vão se tornar homens brincando de aventuras.

                Volte! Não siga nesta trilha que está cheia de espinhos. Ela não vai levar você a lugar nenhum. Não acredite que os outros que vais encontrar serão seus amigos. Eles estão perdidos como você. Eles não pensam mais, são mortos vivos a vagar por aí. Esqueceram-se seu passado, suas vidas seus sonhos. Eles não sonham mais. Sentam em qualquer lugar onde alguém lhe oferece o néctar do veneno que mata. Você não pode desejar isto. Ainda tens tempo. É só voltar nas passadas do tempo. Lembre-se daqueles que te amam, que desejam seu retorno. Eles imploram seu retorno. Volte, não fique na duvida. Você tem ainda vastos caminhos a percorrer. Não peço para acreditar no criador. Muitos que estão aí com você hoje duvidam que ele exista. Mas cada um tem o direito de criar seu próprio destino e você não precisa criar um onde um dia irá ver só a escuridão, quem sabe um raio solto no céu mostrando o lamaçal onde irás viver. Isto seria vida? Não escolha este caminho. Não é um bom caminho.

                  Volte! Procure a terra do amor perfeito. Encontre outros amigos, aqueles do sorriso franco, do abraço sincero, aqueles que te dizem para cantar com eles o Rataplã. Abriram-lhe uma vaga na patrulha da felicidade. Deixarão para você uma flor de lis para lhe indicar o caminho. Deixarão você um dia escolher se quer ou não ser mais um destes milhões de jovens amigos que o mundo abraçou. Sei que se tentar vai gostar. Vais sentir o cheiro da terra, do capim molhado, do doce cantar do riacho cristalino, onde na cascata da nevoa branca as borboletas dançam e cantam nas ondas que o vento sopra sobre elas. Encontre o novo mundo, um mundo de jovens que querem o seu bem. Vá com eles. Suba nas mais altas árvores, escale as montanhas da alegria e volte depois para os seus que com os olhos cheios de lágrimas, pois eles o receberão de braços abertos.

                    Escute por favor, o chamado dos Escoteiros que insistem que você seja mais um deles. Abandone esta estrada que não tem fim. Abrace com eles a felicidade, a sede da aventura, a vontade de ser mais um, de ter amigos, de saber que agora tem com quem contar. Escotismo é isto. Um caminho certo para que você um dia possa orgulhar do seu caráter. Onde todos dirão que você é um homem de honra e não importam o que digam mais, importa sim o que você vai sentir no seu coração. E como diz o velho poema: Quem afinal se anima a escalar das serranias as alturas? Quem são aqueles que uma bandeira arvora nas asas da imaginação? Contemplais e vereis, são jovens Escoteiros, entusiastas, joviais briosos brasileiros que lá vão brincar ao léu de uma aventura

domingo, 6 de julho de 2014

Paranapiacaba, a vila dos sonhos Escoteiros.


Crônicas escoteiras.
Paranapiacaba, a vila dos sonhos Escoteiros.

                       A primeira vista fazer escotismo aventureiro ao ar livre em São Paulo era tarefa de gigantes. Eu mesmo pensei assim quando cheguei por aqui em 1977. Aos poucos fui descobrindo que quem quer anda e consegue, quem não quer senta e dança a roda das galochas. Não esqueço a primeira vez que fui a Paranapiacaba. Para ser sincero nem me lembro de quem foi à ideia. Adoro andar de trem e tendo a oportunidade lá fomos nós, eu mais dois chefes e uma patrulha de monitores. Uma hora e pouca de viagem. Naquela época tinha trem todos os dias. Hoje? Acabaram com tudo, estão acabando até com a vila. Dou uma olhada na Folha de São Paulo e lá está escrito: - CANDIDATA A PATRIMÔNIO MUNDIAL, PARANAPIACABA TENTA RESISTIR AO ABANDONO. Lá tem uma foto de trens e vagões jogados as traças. Meu deu um nó na garganta. Quantas vezes eu fui lá? Pelas minhas contas mais de quinze. Fui com monitores, com a tropa masculina e feminina, fui com seniores e fui com as guias. Claro fui também com a lobada querida e por último fui sozinho pois queria descer a Serra do Mar e quer saber? Foi delicioso.

                     Paranapiacaba foi projetado no século dezenove para abrigar operários da Ferrovia da São Paulo Railway Company que ligava Santos a Jundiaí. Uma pequena Vila de casas de madeira, mas como é linda. Na passarela da estação para a Vila a vista é maravilhosa. Como está na Serra do Mar à origem do seu nome que significa “lugar de onde se vê o mar” veio a calhar.  A São Paulo Railway inaugurou sua linha férrea em 1º de janeiro de 1867. Ela, primeiramente, serviu como transporte de passageiros; também serviu como escoamento da produção de café da província paulista para o porto de Santos. Em 1874, foi inaugurada a Estação do Alto da Serra, que, mais tarde, seria denominada Paranapiacaba. Em 1969 em visita a São Paulo minha Mana nos levou até santos por trem descendo a serra e passado pela Vila de Paranapiacaba. Nunca esqueci a viagem. A descida era de tirar o folego e as cascatas, cachoeiras, corredeiras, matas, pássaros e animais eram visto a cada curva.

                     Uma vez com Guias e Escoteiras fiquei acampado lá por três dias. Saindo da cidade rumo à descida do mar, acampamos em um local espetacular, um riacho com corredeiras cujo barulho marca. Lenha à vontade, e pioneirias surgiram da noite para o dia. Um jogo de aventuras quase deu o que falar em uma patrulha. Ainda bem que a monitora além da bússola Silva tinha um Percurso de Giwell do local perfeito. Havia uma pequena estrada que desembocava em uma trilha entrando em uma mata cheia de riachos com águas cristalinas e nela todos nós do Grupo Escoteiro nos divertimos enquanto duraram nossas jornadas que se estenderam por mais de dez anos. Impossível descrever tudo. Os chefes que comigo lá estiveram e se acaso me estão lendo devem lembrar como tudo foi maravilhoso. Os jovens lobinhos ou escoteiros pequenos ou maiores tenho certeza que tem de lá grandes lembranças.

                    Um dia Paranapiacaba saiu do nosso roteiro. Descoberta por marginais, rapazes e moças que iam lá para dar início ao seu vicio, falando e gritando palavrões, dando mau exemplo aos jovens fez com que deixássemos a beleza da vila, das matas e das cascatas sem fim para nunca mais voltar. Hoje o trem ainda vai lá, mas é um trem turístico somente aos sábados e domingos com horários determinados. Perdeu a graça. 

                   Dona Francisca uma moradora um dia escreveu: - Aqui a Vila é mágica. A Vila aparece e desaparece. Tem dia em que você vê o morro Tem horas que você não vê nada. Parece que o grande caldeirão que você põe para esquentar, e a fumaça vem para a vela apagar. Tem bruxa no pedaço com sua varinha de condão que põe fogo no fogão A fumaça aparece, e a Vila... Desaparece! Como em um passe de mágica. O morro a sorrir a fumaça há persistir O dia não passa, nem as horas. Só fica a fumaça na cidade mágica.

A Serra de Paranapiacaba

Dorme; repousa em teu sono,
Da força pujante emblema,
Que tens o oceano por trono
E as nuvens por diadema!
Imóvel, muda, imponente,
Entestas com a excelsa frente
Das águias o azul império;
E em vastíssimo cenário
Da tormenta o quadro vário
Contemplas do espaço etéreo.
(somente a primeira estrofe)

João Cardoso de Meneses e Sousa


Um adendo:

                Para descer a serra do mar é usado locomotivo Hitachi com cremalheiras, devido ao declive acentuado na ferrovia, impossibilitando o uso de locomotivas normais, pois elas não suportariam a carga, perderiam o atrito e fatalmente deslizariam serra abaixo com um desnível de 800m. São usados comboios com duas Hitachi na tração, na decida elas escoram o peso de no máximo 500 t, na subida elas empurram os vagões. Com intervalos calculados entre os comboios, a descida e a subida é simultânea. Em breve novas locomotivas elétricas mais potentes e com cremalheiras estarão trabalhando neste ramal, fabricadas pela Stadler Rail na Suíça, elas poderão levar 750 t por viagem.