Conversa ao pé do fogo.
Conversa ao pé do fogo... Suas origens
e o escambal.
Prologo: Muitas vezes esquecemo-nos
das coisas mais simples no escotismo, deixando de lado o verdadeiro espírito
escoteiro que marca definitivamente nosso interior, nosso eu. O escotismo tem
nuances indescritíveis. A conversa ao pé do fogo é uma delas. Tente pelo menos
uma vez...
Tem origem?
Fogo de Conselho eu sei que tem, mas Conversa ao pé do fogo? Se tiver não sei. Quem
sabe recordando as noites nas tabas indígenas, onde os guerreiros se
encontravam em volta do fogo para contar as aventuras do dia, onde suas
mulheres e filhos assistiam a tudo com um ar de espanto. Podem dizer que nada diferente
do fogo de conselho. Pode ser.
Ali quem sabe tudo
é espontâneo, despretensioso, ingênuo, puro conversas simples e verdadeiras,
recordações de tempos memoriais. Tem alguns que são simplórios outros mais
organizados, mas nada que possa fugir de um papo ameno, sem programas sem hora
de começar e terminar. Não tem animador, não tem diretor é tudo no improviso.
Alguns dão mais
valor a uma boa Conversa ao Pé do Fogo que um jogo noturno. Ele pode ser feito
no campo da chefia, ou no campo de uma Patrulha, dependendo da escolha da Corte
de Honra. Não pode faltar um bule de café na brasa, quem sabe um pratinho de
biscoito e para os mais afortunados uma banana assada... E deixa rolar...
Repetimos, não
pode ser obrigatório, só vai se quiser. Tem Chefe que faz questão de rolar
madeira para sentar, tem outros que constroem bancos para ficar mais
confortável. Alguns fazem questão de ser em frente a uma barraca. O fogo não é
alto, é branco, achas mais grossa para evitar estar levantando para avivar o
fogo. Conversas entre os escoteiros, entre os chefes, cantorias, causos, tudo
ali é sorriso aberto, abraços sinceros escoteiramente formais.
Prelúdios de Conversa ao pé do fogo.
1) - Sentado na porta da barraca do
Monitor da Touro, deglutia uma peixada na brasa. Havia até limões galegos para
servir os gulosos. Fora convidado para o jantar, mas a hora se estendeu até
meia noite. Um bule de café ferventava junto à fogueira. As demais patrulhas
foram chegando uma a uma. Foi uma das melhores Conversa ao Pé do Fogo que
participei. Até eu mesmo esqueci-me da hora. As canções, os contos curtos, as
piadas e os cometas que infestavam o céu deixaram para trás a escuridão da
floresta. Abri exceção: - Alvorada as oito! Todos foram dormir, eu sorria na
trilha que me levava ao campo da chefia. Dormi feito um anjo e acordei pensando
que era Baden-Powell.
2) Tem brasa no braseiro neste fogo de
conselho... Tem sono escoteiro, tem fagulha piscando no ar... Tem coruja
cantante, lua errante que nem um queijo, estrelas no céu a brilhar... Tem mata,
tem nascente, tem brisa solta no ar. Amanhã sol poente, tem jogo e inspeção...
Tem bandeira a arvorar... Tem barraca, tem pata tenra a chorar com saudades da
mamãe... Tem Chefe para ajudar, tem outros para ensinar e tem aquela Chefe para
rezar... Não é mais que um até logo, vou dormir e você? Até amanhã...
3) Uma noite qualquer,
quem sabe em um Inverno bem gelado? Olhar perdido no universo, uma clareira na
floresta encantada, amigos em volta, um violão cantante, um olhar distante e a
gente medida: - Como é bom ter amigos, perto ou longe eles sempre estão com
você, pois muitas vezes os amigos são a família que nos permitiram escolher. Um
calorzinho gostoso, um café amargo, um chimarrão cheiroso corre de mão em mão;
Crepita a fogueira, entre nuvens e estrelas, pululam vagalumes no céu. Saudade
dela danada, vontade de dizer bem alto: - Amor me traz um mate, senta aqui do
meu ladinho, põe mais lenha na fogueira, esquenta “nois” um pedacinho, e
enquanto a chaleira não chia, deixe-me provar os seus beijinhos! E a gente vai
vendo a noite passar olha a dança dos pirilampos em volta das chamas, vendo
seus medos virarem fumaça. Bom demais ser Escoteiro!
Até mais, você é meu
convidado para a próxima conversa ao Pé do Fogo, vamos cantar, relembrar velhos
tempos, falar de amores, de aventuras de ladeiras quebradas, ou quem sabe falar
de Escotismo? Até mais.