Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 1 de dezembro de 2012

Os anjos também são escoteiros.



Lendas escoteiras.
Os anjos também são escoteiros.

                      Ela nasceu em dezembro, dizem que foi no dia vinte e cinco não sei. Nasceu prematura com sete meses. Dona Esmeralda sorriu quando ela nasceu. Dizem também e eu não posso afirmar que no céu um clarão enorme, como se vários arcos íris cruzassem o espaço iluminando a cidade de Espera Feliz. As pessoas correram para a rua e viram lá ao longe uma estrela brilhante desaparecendo no espaço. Na maternidade ninguém sabia explicar. Rosa Maria sorria. Incrível! Seu pai quando a colocou no colo ela piscou seus olhos negros grandes, como se dissesse – sou eu, Rosa Maria. Você sabe quem eu sou! Nasceu com dois quilos e meio. Ela ficou na maternidade por duas semanas e foi liberada a ir para casa.

                   Foi um dia que Espera Feliz recebeu uma revoada de pássaros. Tinha canários dourados, bem-te-vis azuis da cor do céu, araras verde e amarela fazendo acrobacias no céu azul. De novo o povo saiu às ruas. Ninguém sabia o que acontecia. O Padre Rosaldo teve uma visão. Um anjo chegou a terra. Na sua cidade. Quem seria o anjo? Ele se lembrou de uma frase de Augusto dos Anjos – “A esperança não murcha, ela não cansa, também como ela não sucumbe à crença. Vão-se sonhos nas asas da descrença, voltam sonhos nas asas da esperança”. Rosa Maria cresceu como uma jovem menina sonhadora. Não tinha forças para brincar como as outras. Na escola só fazia o bem, dizia amar a todos e ela tinha o mais lindo olhar que uma criança teria. Não era a primeira da classe e nem tinha super poderes. Mas os amigos e amigas sabiam que ela era especial.

                 Naquele ano, quando ela completou sete primaveras, o Grupo Escoteiro Estrela Verde foi fundado. Rosa Maria se inscreveu. Sua mãe não foi contra só preveniu os chefes sobre sua fraqueza. Na primeira excursão não quiseram que ela fosse. Iam andar muito a pé. Ela insistiu. Foi. Todos acharam muito estranho, ela parecia flutuar no ar mesmo que andando em passos largos. Todos na Patrulha amavam Rosa Maria. Mesmo a Patrulha querendo fazer tudo ela não deixava. Na sua promessa um fato significativo aconteceu. Um lindo casal de Tuiuiú, enormes, pousou no mastro da bandeira. Não era comum. Principalmente naquela região. Quando ela recebeu o distintivo, eles fizeram uma revoada e pousaram em seu ombro. Deste dia em diante uma serie de estranhos acontecimentos começaram a acontecer.

                  A filha de Dona Matilde tinha quatro anos e estava entre a vida e a morte. Rosa Maria indo para sua casa após a reunião, viu varias pessoas na porta. Entrou. Colocou sua mãozinha na dela e a beijou. A menina sorriu e sentou na cama. Ninguém entendia. As duas começaram a cantar e brincar de roda. A cidade ficou sabendo. Sempre alguém querendo milagres de Rosa Maria. Não houve outros. Não até ela fazer doze anos. Já Escoteira. Espera Feliz sofria uma enorme seca. O gado nas fazendas morria de sede. Os rios estavam secando. Muitos abandonavam a cidade em busca de sonhos que ali não se realizaram. Pela manhã viram Rosa Maria, uniformizada, em pé e em cima de um banco da praça, mãos abertas, olhando para o céu. Nuvens negras apareceram. Uma chuva fina começou a cair. Os rios voltaram. Os pastos ficaram verdes. Houve dezenas de casos. O Padre Rosaldo escreveu para o Bispo. Anjo ou Demônio? Ele se lembrou de uma frase de Michele – “Amigos são anjos que não só nos ensinam a voar como também nos mostram a hora de pousar na realidade”. Um padre de Roma chegou à cidade. Um pouco tarde. Uma tosse frenética tomou conta do corpo de Rosa Maria. Disseram que ela estava com leucemia. Ficou entre a vida e a morte por três meses. Um dia pediu sua mãe que lhe trouxessem seu uniforme. Com dificuldade o vestiu. Contra os desejos dos médicos foi à reunião. Deixaram. Seria sua ultima vontade.

                        Na sede todos a receberam com abraços e beijos. Ela pediu para falar no cerimonial de Bandeira. Não falou muito. Disse que ia para o céu. Lá também é lindo, lá também os anjos são escoteiros e escoteiras. Eles acampam nas estrelas distantes. Fazem jornadas na Grande Nuvem de Magalhaes, dormem na Via Láctea e adoram passear em Andrômeda. Todos estavam em silencio. Ela tossiu um pouco e continuou. – Deus um dia muito ocupado resolveu criar anjos pra auxiliá-lo. Esses anjos chamam-se amigos. Vocês são meus amigos. Que vocês escoteiros e escoteiras cumpram sua missão. Ajudem uns aos outros. Não chorem por mim, vocês são meus amigos e amigos são como anjos sem asas. Mas que com um único sorriso nos proporcionam tamanha alegria que nos levam até o céu. Eu vou embora logo, não quero que chorem. Devem sorrir e cantar canções alegres quando eu me for. As tristes machucam.

                        Rosa Maria morreu numa tarde de dezembro. Dizem que foi no dia vinte e cinco de dezembro. Não sei. Morreu sorrindo. Na Necrópole da cidade, lá estavam todos. Os escoteiros e escoteiras foram dar seu último adeus. Não estavam chorando, mas seus olhos marejados de lágrimas era difícil de esconder. Cantaram varias canções. Todas alegres como ela queria. Eles lembraram-se de suas últimas palavras no Grupo Escoteiro. Quando alguém nos vê chorar é como se despencássemos de uma alta nuvem. Vocês são meus amigos. São anjos. Foram escolhidos por Deus. Devemos nos alegrar, consolar e compartilhar os momentos que criamos para nós mesmos. Amo todos vocês!

                       Dizem, eu não sei que aquela noite milhares de cometas passavam brilhando no espaço sideral sobre a cidade deixando um rastro colorido enorme, com cores azuis, brancas, amarelas, alaranjadas e vermelhas. Dizem também e eu não posso afirmar que o brilho das estrelas se superaram. E acho que não posso acreditar no que me disseram. Nasceu uma nova estrela no céu. Brilhante. Um brilho que quase ofuscava a lua quando aparecia. Ficou lá, no céu de Espera Feliz para sempre!

** - algumas frases são do poeta Bruno Ciquetto.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Chefe Paulo R.R. Costa. O fantasma do Cemitério Negro.



Crônicas Escoteiras
Chefe Paulo R.R. Costa.
O fantasma do Cemitério Negro.

                 Em 1974, eu era monitor da Patrulha Sênior Duque de Caxias do extinto GE Dom Diogo de Souza em Bagé-RS. Apesar da idade, minha memória ainda se encontra em condições razoáveis e por isso lembro-me de muitos detalhes, a começar pelos integrantes da patrulha, Sub-monitor Vinícius, patrulheiros Gerson Maidana, Álvaro (Alvinho), José Luis (conhecido como “primeira voz” por ser muito desafinado para cantar, ou ainda por “pouca sombra” ( acho que era devido a sua pequena estatura. Marcelo e dois novatos, Anadon e Bugu. Os nomes principalmente dos últimos penso ser Paulo Roberto ou Paulo Ricardo, não lembro ao certo, mas era muito parecido com o personagem dos quadrinhos do Mauricio, daí o apelido).

               Na semana da Pátria, no dia 7 choveu e o desfile foi transferido para a sexta-feira seguinte, 13 de setembro. O chefe do Grupo Escoteiro era o Reinaldo Quintana, auxiliado pelos chefes João Manoel e Wagner. O dia era marcante para a patrulha sênior. Recém-formada, a chefia autorizou um acampamento da patrulha sem o acompanhamento de nenhum chefe. Tudo pronto, mochilas na sede, prontinhas para sairmos logo após o desfile cívico que ocorreu a tarde. O local do acampamento distava uns 5 km da cidade, na propriedade de um tio do Vinícius, os veteranos sabem que na época acampava-se em qualquer lugar, pois não existiam as estruturas de campings que hoje existem. A saída prevista para sexta à tarde após o desfile, com retorno no domingo. A chefia exigiu um croqui do local do acampamento, itinerário de deslocamento, planejamento das atividades, etc, o de praxe.

              Saímos da sede já no final da tarde e logo escureceu, sem problemas, levávamos lampiões a querosene, em fila indiana, um lampião à frente e outro na retaguarda. Chegamos à fazenda, falamos com o caseiro (que nem tinha sido avisado, mas autorizou a entrada tendo em vista se tratar do sobrinho do patrão e de seus colegas). Da casa da fazenda, seguimos pelo campo para chegar às margens de um riacho que corta a propriedade. Detalhe, nenhum de nós tinha noção da distância até o riacho, andamos um trecho e encontramos um túmulo bem antigo, no meio do campo (antigamente na zona rural era comum enterrarem-se os mortos no campo, ou muitas vezes, erigia-se um túmulo falso, somente para marcar o local onde ocorreu a morte, tendo sido o cadáver sepultado em algum cemitério próximo).

              Passamos o túmulo uns 20 ou 30 metros adiante encontramos uma clareira e pimba... Tivemos a excelente ideia, como não sabíamos quanto faltava para chegar ao riacho, estávamos cansados e famintos decidimos, pernoitamos aqui nesta clareira, e amanha, de dia, continuaríamos... Ideia aprovada por todos. Foram divididas as tarefas, fogueira acesa, cozinheiro preparando a boia, eu e o Vinícius armando um toldo para toda a patrulha dormir embaixo. Os novatos empolgadíssimos... Eis que ouve-se uma voz rouca, apavorante, vindo da direção do túmulo: “O que vocês querem aquiiiiiiii?” Ninguém correu, claro que vontade de correr não faltou, mas correr pra onde? Olhei na volta, todos me olhando e esperando alguma atitude, por ser o monitor, também o mais velho (meses) e também o mais corpulento. O meu cabelo crespo (na época eu ainda tinha cabelos) estava em pé, a boina lá nas alturas. Na hora eu estava batendo um espeque com a machadinha e o Vinícius estava colocando um bastão como esteio do toldo.

                  As minhas pernas tremiam, lá “naquele lugar” não entraria nem uma agulha mesmo que tentasse enfiar a marretadas, mas eu pensei, putz... Se eu correr vai ser um fiasco enorme, e os demais... Estão confiando em mim...  Resolvi apelar para a diplomacia e conversar com o falecido. Ensaiei uma voz bem simpática (contraindo todo o corpo para tentar disfarçar a tremedeira, diante dos meus patrulheiros) e respondi: “Boa noite, nós somos escoteiros do Grupo Escoteiro Dom Diogo de Souza, e vamos dormir aqui e amanhã cedo vamos continuar o caminho”. Não adiantou, o fantasma não se calou e respondeu... “Voces vieram profanar o meu túmulo...”, Respondi educadamente (O Escoteiro é cortês), “Não senhor, não queremos incomodar, só vamos dormir e amanhã vamos embora...” Não adiantou, o fantasma respondeu: “Fazem 30 anos que eu estou aqui e...” não teve tempo de completar a fase, a essa altura perdi a compostura e lasquei, “Olha por mim tu pode ficar mais 30 ou quanto quiser, que daqui não vamos sair” nessa hora o Vinicius, acho que tremendo mais do que eu, me olhou, pegou o bastão, eu ainda estava com a machadinha na mão, ele me disse: Vamos Romério? Não precisou falar de novo, partimos todos com o que tínhamos na mão, em direção ao túmulo, nem sei o que pensamos na hora, acho que a intenção era moer o fantasma, ou pelo menos o túmulo, de pancada.

                Eis que se acendem duas lanternas no túmulo e os berros... “Calma, calma, somos nós”... Nada mais, nada menos do que os dois chefes, João Manoel e Wagner, que ficamos então sabendo, estavam atrás de nós todo o tempo desde a saída da sede, observando nosso comportamento, por ser o primeiro acampamento sem a presença de adultos. Sinceramente, a sorte foi que estávamos todos com muita fome, então não tinha nada sobrando no intestino, porque se tivéssemos “bosta” pronta, com certeza teríamos adubado o solo... Passado o susto, patrulha em forma, apresentação, etc.

              Vieram os elogios pela excelente conduta durante o deslocamento, mesmo não sabendo que estávamos sendo observados. E ai veio o melhor... Os chefes disseram: - Rapazes... Estávamos esperando uma oportunidade para aprontar uma com vocês, e este túmulo veio a calhar, sinceramente pensamos que voces sairiam correndo e abandonariam o material, mas a reação nos surpreendeu de forma muito positiva. Voces não sentiram medo? Ai veio à resposta: Medo? Capaz, acha que acreditamos em fantasma, tínhamos certeza de que era algum engraçadinho querendo apanhar - Vocês escaparam por pouco, mas não façam isso outra vez, pois podem se dar mal. Já viram com quem estão lidando. Não somos mais “escoteirinhos”. Somos seniores!”“.

               Infelizmente perdi o contato com todos esses colegas, o único com quem consegui falar por telefone foi o Álvaro, há uns sete anos falei com ele por telefone, estávamos morando em Brasília, mas não chegamos a nos encontra pessoalmente. Gostaria muito de manter contato com algum antigo integrante dos extintos Grupo Escoteiro Dom Diogo de Souza, Sepé Tiaraju e Dom Atalício Pitã, todos da cidade de Bagé-RS, da década de 1970.

As pessoas estão tão acostumadas a ouvir mentiras, que sinceridade demais choca e faz com que você pareça arrogante. (Jô Soares)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Em algum lugar do passado. A Canção da Despedida.



Lendas Escoteiras.
Em algum lugar do passado. A Canção da Despedida.

                                Porque não? Quem não gosta de lembrar-se do passado? Colocar a mente em uma máquina impossível e dizer, vamos lá, vamos ver o que aconteceu. Você sabe, é um abençoado por Deus por ter entrado neste maravilhoso movimento de jovens. Claro, sabemos que seu amor é grande por ele. Quantas coisas boas ele te proporcionou. E a fraternidade? Grandiosa. Amigos sinceros, irmãos escoteiros.       
             
                       Lembra-se do seu primeiro acampamento? Quanto tempo eim? Inicio da década de cinquenta, Novo na patrulha, onze anos, lobinho de coração. Estranho no ninho. Medo, receio. Uma nova etapa. Sem sua Aquelá e o Balú para lhe proteger. Lágrimas brotaram quando fez a passagem. Aos poucos foi acostumando. Lembra-se do Ângelo o Monitor? Grande companheiro. Até quando casou lá estava ele ao seu lado como padrinho. Algumas excursões, mas nada como este acampamento. Seis dias. Mata fechada. Selva inóspita, Pânico no primeiro dia. Depois, barracas montadas, cozinha coberta, fogão suspenso, sala de refeições, fossas, Até WC vocês fizeram. Quando a noite chegava, você estava em pandarecos. Mas orgulhoso. Era mais um deles. Dizia para si: - Ajudei, colaborei e dormia o sono dos justos. Só acordava com alguém o chamando ou puxando seu pé. E de novo, vivendo com seus amigos, fazendo, construindo, aprendendo, brincando, aventuras maravilhosas. Escaladas (você tremia) balsas, pistas de animais, mosquitos, predadores, escorpiões, cobras (que medo!), colher goiabas, mangas, abacate, nas mais altas árvores.

                            Quinto dia. Você orgulhoso daquela patrulha, irmão das demais. Amigos fraternos, uma chefia maravilhosa. Então a surpresa. Um Fogo de Conselho só da tropa. Senhor! Olhe, ficou marcado para sempre. Você ria, cantava, batias palmas, pulava, corria, e então... E então... Todos deram as mãos em volta do fogo e começaram a cantar. A princípio você não conhecia a letra, aos poucos foi entendo. Meu Deus! Que musica maravilhosa! Tocou-lhe fundo no coração. Impossível aguentar a emoção. A primeira emoção. Onze anos e chorando. Lágrimas descendo no seu rosto. Mãos entrelaçadas, apertando uma as outras. Parou a canção. Final, fogueira crepitando, estrelas no céu. Vento frio, brisa no rosto, cheiro da terra, do capim meloso, grilo saltitando, vagalumes aqui e ali querendo mostrar seu brilho. Silencio. Lagrimas caindo, uns olhando para os outros, tentando disfarçar. Trombeta tocando. Reunir! Boa noite, Corte de Honra, oração. Você foi para a barraca com um sorriso enorme! Deitado colocou as mãos debaixo da cabeça, olhava para o teto da barraca, ele desaparecia. Agora via estrelas piscando no céu. Você chorava. De alegria, de saber que tinha encontrado amigos, irmãos e que agora pertencia a uma grande Fraternidade Escoteira. Agora você era um deles, um escoteiro, um privilégio de poucos!

                              E você foi crescendo. Adulto. Agora era chefe, Dirigindo cursos, Acampamentos Nacionais, regionais, internacionais viagens, indabas, fóruns, congressos nacionais e internacionais. Conhecendo centenas e milhares de irmãos escoteiros. E em todos eles lá estavam os chorões dos fogos de conselho. Choravam quando se despediam alguns querendo ser durões, mas sempre uma pequena lágrima caindo, descendo devagar pelo rosto... Sempre cantando que não iriam perder a esperança de tornarem a se ver... Porque não era mais que um até logo, não é era mais que um breve adeus...

                 Lembra-se daquele Fogo de Conselho? No México, 1963? Convite para participar de uma festividade de grupo, feito pelo seu grande amigo, escotista de coração enorme, amizade de encontros internacionais, Jamborees. Um amigo de verdade. Claro vocês sabem que pertencem à fraternidade mundial. Seu nome? Sei que não esqueceu. Juarez Benito Santos. Da cidade de Hermosillo, capital do estado de Sonora. 50 anos de fundação do Grupo Escoteiro. Vários outros grupos irmãos. Achou que dava para enrolar no idioma deles? Que nada. Um paspalho você era para entender o que diziam. Mas que disse que em acampamentos escoteiros precisamos disto? Parece que falamos um só idioma. Claro, somos iguais em todas as nações.

                              Nossa! Marcou mesmo em você. Incrível a amizade dos escoteiros mexicanos. Simples, leal, honesta, sem altivez, soberba. Que amigos! Tocaram seu coração. Mas quando chegou à hora da despedida! Ah! Não, não, você não queria sair dali. Chorava copiosamente. Um marmanjo. Vinte e seis anos! Abrindo a boca, lagrimas e lagrimas descendo pelo rosto. E o pior foi quando terminou a Canção da Despedida, eles vieram todos lhe abraçar, chorando também, dizendo, - No te vayas, te queremos, quédade nosotros... Você disse para você mesmo - Quem agüenta? Diga-me quem? E o pior, no dia seguinte, ao tomar o trem para a cidade do México, lá estavam eles na estação, barulhentos, amigos, abraçando, cantando canções típicas, e quando o trem foi se afastando, cantaram de novo a Canção da Despedida. Rapaz achei que você ia pifar. Foi incrível suportar! Impossível! Enquanto o trem saia da estação lá estavam eles na janela repetindo: – No te vayas, te queremos, quédade nosotros! Marcou você meu amigo. Marcou. Passageiros ao seu lado não entendendo. Um deles se aproximou. - Be Prepared! Los Angeles, boy Scouts. Incrível! Que movimento meu Deus!

                            O tempo passa. Tudo passa, só não passam as lembranças. Dizem que quem não as tem não viveu. Lembranças de tudo, do passado, de um grande amor, da perda de um amigo, de pais, irmãos, lembranças, lembranças... E claro, dos seus bons e velhos tempos de escoteiro, bandeiras ao vento, para o acampamento de todo Brasil! Tempos que não voltam mais. Sorrisos, quando lembra. Ainda bem que as tristezas sumiram como as folhas levadas com o vento da primavera. São lembranças lindas, maravilhosas de um tempo que já se foi... Hoje, como sempre acontece às tardes, você está aqui sentado nesta sua cadeira, na varanda da sua casa, vendo edifícios de pedra, uma garoa, chuva miúda, caindo, molhando o asfalto, um transeunte ali correndo outro ali se escondendo para não molhar. Um pequeno cobertor nas suas pernas, que tanto lhe ajudaram. Levou você a lugares nunca antes imaginados e hoje resolveram se aposentar.

                             Desculpem-me os leitores, vou parar de contar. Estou ouvindo Auld Lang Syne a Canção da Despedida e chorando. Minhas lágrimas não molham a terra, para mim não há mais florestas onde posso ir cantar ir viver. Mas olhem, sinto um enorme orgulho, fui Escoteiro! E serei escoteiro até morrer. Uma vez Escoteiro sempre Escoteiro não é assim que dizem? Felicidade de poucos e eu sou um abençoado por Deus! Deu-me mais do que merecia! Minha mente vai apagando. Deve ser sono. Meus olhos piscam querendo fechar. Uma dor aguda de saudades e uma pontada no coração. Lembranças, eternas lembranças... 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Matemática Escoteira – 2 mais dois são iguais a cinco?



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Matemática Escoteira – 2 mais dois são iguais a cinco?

                Publiquei algumas fotos polemicas. Para mim Interessantes. Mostram um nada das mudanças que se fizeram e estão sendo feitas. Muitos comentários. Em cem anos de escotismo no Brasil desfiguraram tudo. Fiquei pensando em várias conotações aqui colocadas. Não sei, eu mesmo não sou um estudioso das normas escoteiras em vigor. Tais como Estatutos e Regimento Interno. É cansativo ler. Tem alguns que são peritos, mas não é o meu caso. Mas vejamos alguma coisa que tem lá nos Estatutos. No Regimento Interno deixei para ver depois. Vamos ver até que ponto somos uma democracia Escoteira:

a)    O Conselho de Administração Nacional é o que praticamente manda e desmanda. Tem quatorze membros (um disse aqui que era um por estado, não é). Eleitos pela Assembleia Nacional. Tem cinco representantes das áreas geográficas, mas não votam, portanto não mandam nada. Tem mais dois da Rede Nacional de Jovens, mas não votam. (para que participar se não podem decidir votando?).
b)    A eleição dos delegados titulares é deveras interessante. Um por cada mil membros registrados por estado. Quem não tem mil tem direito a um. São escolhidos por eleições nas Assembleias Regionais. Um dia fiz uma pesquisa e cheguei à conclusão que temos menos de 250 membros participantes com direito a voto na Assembleia Nacional. Um belo número. Para quem diz que temos onze mil adultos registrados é uma proporção desastrosa.
c)    Interessante a Assembleia Regional. Votam um de cada fração de cinquenta registrados no Grupo Escoteiro. Creio que neste caso a maioria dos votantes na Assembleia nunca será superior a três. Esqueci, parece que cada sessão indica um Chefe.  
d)    Tem mais algumas colheres de chás para outros participantes, mas nada significativo.
e)    No Grupo Escoteiro ainda tem mais abertura. Votam na Assembleia de Grupo todos maiores de dezoito anos. Bom isto. Mas não resolve nada. O grupo nada pode fazer. É só cumprir as diretrizes dos dirigentes e calar a boca!
                    
                      Feito estas observações me digam, isto é democrático? Tentem algum dia serem Conselheiros Nacionais. Primeiro seu grupo tem de votar em você para ir lá à Assembleia Regional, depois dobrar aquela turma “escolada” das Assembleias Regionais para ser indicado a Conselheiro Nacional. É mole? Este ano vi aqui no face uma guerra de Marketing da Região para indicar dois ou três membros. Todos participantes da Liderança Escoteira Regional. E você acha que consegue? “tá por fora meu amigo”. Dificilmente você vai poder opinar e dar sugestões na Assembleia Nacional.

                   Dizem que você pode participar da reunião do CAN. Claro sem direito a voto. Na hora H das decisões mandam você passear. Eles é que decidem tudo, até a Diretoria Escoteira Nacional é indicada por eles. Melhor todos nós nos debruçarmos em cima do RI, dos Estatutos fora estas resoluções que mudam tudo e aprender. Como diz meu amigo Fernando Roblêno, aqui dormimos de azul e mescla e acordamos com nova vestimenta. Ele ainda como bom pesquisador diz que nos anos 90 tivemos uma queda de efetivo na ordem de 20.000 escoteiros. E arremata – “Coincidiu com a inclusão de um novo vestuário e um novo programa”. E gosto de seu complemento para arrematar – “Culpa de quem”? Será do Chefe da unidade local ou quem sabe das crianças. Perfeito e finaliza – A Direção Nacional se exime de qualquer responsabilidade por uma situação que ela, unilateralmente cria.

                  Enquanto tivermos defensores desta arrogância dos nossos dirigentes, que não visitam, não ouvem as bases e muitos ainda insistem nesta defesa em dizer que é impossível isto, impossível aquilo. Impossível é eu ficar rico, o resto é fácil. Só não fazem por que não querem. E por favor, sabemos que lá no CAN e no DEN tem excelentes escotistas. Isto não está em discussão. Mas enquanto não fizerem uma mudança geral nas normas estatutárias e regimentais não iremos crescer. Adoro o modo da UEB, fica no pedestal, não diz nada e deixa que os cristãos escoteiros a defendam, claro, se ninguém o fizer ela não está nem ai!                    

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Quando a primavera voltar.



Crônicas de um chefe escoteiro.
Quando a primavera voltar.

               Tive muitas experiências na vida. No escotismo outras tantas. Serviram-me muito. Muitas vezes escrevo aqui com o coração me abrindo com amigos virtuais que tanto prezo. Outras tentando divertir a mim mesmo. Gosto de rir. Me faz bem. Do que escrevo alguns gostam. Outros não gostam. Agradar aos Deuses e Troianos é difícil. Eu sei disto. Claro que comentários airosos trazem um pequeno desgosto, não adianta dizer que não. O jeito é pular por cima, pois o sol vai brilhar novamente e a vida segue e devemos seguir com ela. Cada comentário que faço sobre nosso movimento sempre foi visando seu crescimento. Dizem que eu sempre fui um eterno “contra”. Se eu fui tudo isto não sei. No escotismo atuei em todas as áreas. Sem esquecer que fui lobinho, Escoteiro, Sênior Pioneiro e Vaqueiro. Risos. Vaqueiro? Bem esta é outra história. Gostosa e das boas! Atuei vários anos como Chefe nos lobos, nos escoteiros, nos seniores, e fui até Mestre Pioneiro, imagine! Aprendi muito. Vi jovens se tornarem homens. Mocinhas que cresceram e hoje atuam em diversas áreas de nossa sociedade. Aqui no face tem muitos deles.

                 Participei de dezenas de cursos. Acho eu que foram mais de uma centena. Atuei em liderança regional. Como se diz no exército, sempre fui um soldado obediente, mas não fazendo continência a tudo que os superiores diziam. Aqueles que me acompanham e leem meus blogs, devem ter uma ideia das minhas sugestões. Todas elas comprovadas por fatos onde vi os resultados. Fatos que participei. Já comentei sobre Cerimonial de Promessa, de lobos, sobre uniformes, sobre tradições, sobre lei Escoteira, sobre etapas e provas, programas, condecorações, sobre Sistema de Patrulha e do adestramento dos Monitores. Já comentei sobre a UEB, regiões, distritos e Grupos escoteiros. Já comentei sobre a força da amizade, do sorriso, do respeito para que um grupo possa ser uma grande família democrática onde todos têm o mesmo direito, claro e também os mesmos deveres.

                  Não desejo que façam o que eu digo nada disto. Cada um é cada um. Tem casos, no entanto que por experiência eu sei que não vai dar certo. Vendo e ouvindo aqui e ali, olha que são muitos que trocam ideias comigo eu vou dando meus “pitacos”. Se isto resolve ou não isto não importa. Outro dia um não concordou comigo quando insisti que a Patrulha em acampamento deve cozinhar para si. Dizia ele que assim não sobraria muito tempo para as atividades. Puxa! Existe atividade melhor que esta? Quer coisa mais linda? É delicioso estar ali, em tempo livre, com todos conversando entre si e fortalecendo a Patrulha! Vendo a fumaça de o fogão a lenha subir aos céus, o cheiro da linguiça sendo frita o calor do fogo nas panelas, os olhos do cozinheiro ardendo, alguém colocando uma acha de lenha no fogo, o aguadeiro correndo com a vasilha cheia de água, o cheiro do arroz, da batata frita! Isto meus amigos vale mais do que dezenas de outras atividades. O Sistema de Patrulhas nesta hora tem um valor enorme. E assim que ele é praticado com toda clareza. Onde se aparam arestas, onde se fazem planos, onde se aprende a amar e admirar uns aos outros.

                 Eu participei de uma Patrulha. Por muitos e muitos anos. Uma época que ainda não havia os tais programadas detalhados – 6:00 – Alvorada. 7:00 café – 9:00 inspeção – 09:30 bandeira, oração, avisos – 10:00 jogo – 11:00 mandar os pais aqueles folgados trabalhar para fazer almoço – 11:00, hora de levar a turma para pular no barro – 13:00 almoço, 14:00 siesta, internet e falar no celular. (tenho um artigo que fiz sobre celular e como dei risadas, meu Deus!) E por aí vai. Era diferente. Eu mesmo quando Chefe de tropa não dei muita bola por estes programas. Os que nunca participaram de uma boa Patrulha não sabem como é difícil aceitar lideranças, aceitar outros jovens junto a eles pensando diferente. É nestas horas que as ideias são trocadas. É nestas horas que a Patrulha fortalece. Que o diga quem fez assim quando Escoteiro.

                 Lembro meu primeiro curso. 1959. Cinco dias. Acampado (O IM dois anos depois foram nove dias acampado), mais seis chefes na Patrulha. Primeiro dia - o Escoteiro é cortes e amigo. Segundo dia – Aqui tem muitos que não querem nada uns coça sacos – Terceiro dia – Fulano só quer mandar e eu dando duro – Quarto dia – Começamos a conversar, um conselho de Patrulha. Resolvemos nos unir mais. E assim foi até o ultimo dia. Cozinhávamos, fazíamos pioneiras, tínhamos dezenas de sessões por dia, um verdadeiro acampamento e fazendo para aprender. Ali aprendemos os sentimentos de uma patrulha. Vivemos na pele o que os jovens vivem hoje. Não é mais assim. Muitos definem o que os jovens querem. Ainda não entenderam o que é aprender fazendo. Definiram o que é bom para todos. Não perguntaram. Bem já me disseram que é época moderna. Novos e modernos métodos de ensino e educação. Não temos mais chefes ou adestradores, agora são formadores. Que nome eim? Ah! UEB! Deixou para trás toda uma personalidade adquirida que demorou cem anos para se fazer.

                    E meus amigos, eu fico pensando se não estou errado. Fico pensando que um banho de Giwell Park quem sabe poderia me fazer bem. Dar novas ideias pensar diferente. Eu era um bom lobo, um bom lobo de lei, eu era um bom Marrom, um bom Marrom de lei, eu era um bom Touro, um bom Touro de lei. Três insígnias. Três lembranças. Quantas coisas eu vivi. Mas isto fica para outro dia. Quem sabe quando a “primavera voltar”?       

domingo, 25 de novembro de 2012

A Ampulheta do tempo. Era uma vez... O último natal.



A Ampulheta do tempo.
Era uma vez... O último natal.

                        O tempo passa. É mais que o relógio que marca as horas. Inexoravelmente. Algumas vezes deixa marcas, tristezas e alegrias, outras não. Marcas que ficam gravados na memória e até em nosso próprio modo de viver. Um dia, a beira de uma estrada com uma reta infindável eu comecei a notar a passagem dos carros em alta velocidade. Até aonde a vista alcançava eu via um automóvel pequenino que se aproximava e seu tamanho ia aumentando. E quando eu ia ver quem estava dentro dele ele passava tão rápido que não podia ver. Em grande velocidade ele em alguns segundos desaparecia na estrada sem fim. E assim veio outro e mais outro. Significava o que? Quem sabe a medição do tempo? Mas é possível medir o tempo? Dizem que ele passa tão rápido que nem percebemos.

                          Sei que não se pode medir o tempo. Filosofando seria possível dizer que ao nascermos alguém virou a ampulheta do tempo e nossa vida começou a ser contada. Tic tac, tic, tac. Claro, um dia está ampulheta irá ficar vazia. Durante sua jornada, ela vai marcando o seu tempo. Na primeira década estávamos a descobrir coisas. Aprender o certo e o errado. Brincar, sonhar, coisas de meninos e meninas. Na segunda década a puberdade. O mundo fácil de alcançar. O primeiro amor, a descoberta dos sonhos. Vem à terceira década. A escolha de uma cara metade para fazerem uma vida juntos para sempre. A faculdade, o emprego, os negócios, os sonhos deliciosos de um futuro promissor. Há quarta década começa a assustar. Nem tudo deu certo. Muitos dos sonhos não se realizaram. O poder, a riqueza, o ser feliz para sempre se tornou um conhecimento pragmático do mundo que ficou para trás. Há quinta década, a autoanálise. Valeu? Esqueci alguma coisa? Era o que queria? E aparece assim de repente há sexta década. A ampulheta está se exaurindo. É hora de pensar em tudo que realizou. Será que fui feliz? Valeu a pena? O corpo já não é o mesmo. Os remédios vão aumentando. Agora aquela preocupação com os ambulatórios e prontos socorros da vida. Há sétima década a ampulheta está quase no fim. Passa-se a olhar para ela com mais carinho. Agora sempre se tem um sorriso verdadeiro. Já não há mais chance de riqueza, poder, planos. Agora é contar os carros nas estradas da vida e ver que eles passam tão rápidos que o tempo não pode ser notado.

                           Lembro-me do meu último natal. A mesa cheia de filhos, netos, genros, noras, sogra, cunhado. Alegria só. Olhava para todos e pensava que quando viraram a minha ampulheta nada daquilo existia. Era eu somente. A ampulheta não parou, produziu tudo aquilo que estava em volta de minha mesa. Era como um leque que aos poucos se abria. Sorria, pois apesar de tudo, de sonhos que não se realizaram, das fantasias esquecidas no fundo de um bornal, havia um “que” de felicidade. O natal foi passando, pois assim passam todas as coisas do tempo. Esperar o próximo. Sem planos. Sem sonhos. Vivendo o dia como ele é. Fechar os olhos para não ver o automóvel sumir na estrada do tempo. Fechar a mente para não ver e sentir o último grão de areia da ampulheta da vida.

                            Um novo natal está chegando. Mais um que o tempo vai me presentear. E quantos natais eu tenho? Não sei e não importa. Sejam bem vindos todos que vierem. Aproveitar os minutos e segundos que ainda posso ter. Ver meus familiares reunidos, barulhos, sorrisos, gargalhadas, um pedaço do pobre do peru que se sacrificou para dar alegria aos “gulosos” da vida. Olhar a cerveja e aquele uísque com olhos brilhantes e pensar como eram deliciosos no tempo que um dia se foi. Em Eclesiastes, eu li um dia que – “Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: O tempo de nascer e tempo de morrer. Tempo de chorar e tempo de rir. Tempo de Abraçar e tempo de afastar-se. Tempo de amar e tempo de aborrecer. Tempo de guerra e tempo de paz”.

                           Melhor seria copiar Charles Darwin que foi verdadeiro em suas palavras – “O homem que tem coragem de desperdiçar uma hora do seu tempo não descobriu o valor da vida.” E assim, de natal em natal em vou ficar a pensar quando será meu último. Melhor mesmo é não se preocupar. Cada natal vivo é natal alegre e assim ainda sonho em viver muitos natais nesta marcha implacável e inflexível da Ampulheta do Tempo!             

Crônicas Escoteiras. O mundo enlouqueceu!



Crônicas Escoteiras.
O mundo enlouqueceu!

                    Não sabia o que dizer. Era incrível a notícia. De novo não. Não podia ficar tendo pesadelos assim. Pelo amor de Deus! Já estou "Velho" demais para isto. A continuar deste jeito, terei que buscar meu velho bastão escoteiro no fundo do baú ir para minha varanda e ficar fazendo continência para os transeuntes. Assim ficaria sem dormir por muitas noites. Melhor ficar de sentinela na minha varanda velando os mosquitos infernais que ter estes pesadelos absurdos! – Mas estava lá, em letras garrafais nos principais jornais do país. As televisões não sessavam de propagar aos quatros ventos: - José Maria Marin, presidente da CBF demite Mano Meneses e toda a Comissão Técnica. Não sobrou ninguém. Ele quer tudo novo então convidou a cúpula da UEB para assumir! Pode! Meu Deus! Onde estamos?

                    Perguntado Marin respondeu – Temos que mudar. Se for para melhor não sei. Mas os diretores e presidentes da UEB tem muita experiência. Já mudaram tudo lá na organização deles. Agora precisamos de um choque de gestão aqui. Quem me aconselhou foi o Pelé. Até o Ronaldo também foi a favor. O Newmar foi contra. Pediu para ser vendido para o Cazaquistão. Claro, sei que haverá uma grita geral. O Juca Kifouri e o Tostão estão batendo palmas! Na coluna do José Simão ele escreveu – Buemba! Buemba! Macaco Simão urgente! O esculhambador-geral da Republica! Direto do planeta da piada pronta: Escoteiros vão ganhar a taça do marreco! Vem aí um novo técnico da seleção Brasileira. Vão escolher entre os diretores e dirigentes das regiões escoteiras!

                    A repercussão era enorme. Eliane Cantanhede escreveu na folha dizendo que era o fim do mundo. Clovis Rossi disse – Danou-se! E Josias de Souza colocou uma tarja preta na sua coluna diária. O Estado de São Paulo e o Globo montaram barraca em frente à sede da UEB em Curitiba. O DEN e o CAN se reuniam em portas fechadas. Em todas as regiões os Diretores Regionais queriam participar. E-mails eram enviados a cada cinco minutos. Em Belo Horizonte um time de várzea botou todos seus jogadores de uniforme de escoteiros e desfilaram em carro aberto dos bombeiros pela Avenida Afonso Pena. Em Porto Alegre o Grêmio e o Internacional se revoltaram. No Rio de Janeiro só o Flamengo concordou. Eles tinham histórias escoteiras para contar.

                  Alguém da UEB saiu à porta – Primeiro ato ele disse – Vamos mudar o uniforme da CBF. Já temos um novo uniforme e para isto foi feito urgente pesquisas virtuais com muitos brasileiros. Segundo ato, continuou – Não queremos mais nenhuma taça do passado. Passado para nós não vale agora só o presente. E assim foi anunciando as mudanças. De norte a sul os chefes se dividiam. Em são Paulo a escoteirada foi às ruas gritando Curintians! Um pandemônio. Os Grupos Escoteiros fizeram reuniões as pressas. Queriam saber quem era bom de bola entre seus associados. Meu Deus!

                   Acordei gritando! Celia chegou correndo e me trouxe um copo d’água. Melhor veneno mulher. Melhor veneno. Não posso ficar sonhando assim! Não dormi mais. Peguei meu velho bastão de guerra e fiquei no portão da minha casa em posição de sentido e dando Sempre Alerta a todos que passavam!