Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Conversa ao pé do fogo. Ser escoteiro. Pelo Chefe Português Vitor Simão.



Conversa ao pé do fogo.
Ser escoteiro.
Pelo Chefe Português Vitor Simão.

                  Ser Escoteiro... É um conceito de difícil definição... Não há consensualidade nas respostas encontradas para este conceito... A minha opinião em relação a este conceito é muito vasta. Para mim ser escoteiro não é ir somente no dia da atividade e apresentar-se perante o grupo, pensando que assim se está a cumprir o dever de Escoteiro. Ser Escoteiro é pertencer a uma família, é todos os dias viver de acordo com esses ideais, é um modo de vida. Ser Escoteiro é no dia a dia envergarmos sem medo o nosso uniforme virtual, de modo a que todos os dias quando nos deitarmos possamos pensar que em mais um dia o Escoteiro que está dentro de nós cumpriu o seu dever.

              É por isso que ninguém deve esquecer, acima de tudo, que ser Escoteiro é um modo de vida! - Algumas pessoas nunca entenderão o que é ser-se escoteiro. É conhecimento geral que um escoteiro não pode mentir que é bem-comportado e que ajuda as velhinhas a atravessarem a rua. Quando passam na rua, cantam muito e alto e ocupam o ônibus ou o metrô com as suas mochilas e tralhas. Ajudam a limpar praças, estradas e picadas onde passam e os católicos sempre animam as missas – por vezes chegam a levar o próprio padre para os acampamentos e arraiais que ficam para lá do sol posto e que têm missa uma vez por ano.

                   Quando me perguntam – quer por curiosidade, quer por malícia – o que é que eu faço nas ‘atividades’ que tenho ao sábado, custa-me um pouco a explicar. Afinal, porque vou revelar o mundo do escotismo a quem parece não querer compreender? Acabo sempre por levantar o véu em algumas questões - as atividades aos sábados são momentos de desenvolvimento pessoal, social, religioso e físico através de atividades direcionado ao grupo etário em que se está inserido. Quando se é lobinho, as atividades são simples e visam aumentar a independência das crianças. Quando se é escoteiro, as atividades ainda são muito físicas, mas há um lado de descoberta, de criatividade e desenvolvimento do raciocínio; procura-se desenvolver a responsabilidade e o trabalho de equipe.

                  Quando se é sênior está-se a viver uma fase de conflitos e de mudança em todos os níveis, procurando-se, através do escotismo, ajudar a superar as dificuldades, a aceitar as perdas e a viver alegremente as vitórias. É uma altura de reflexão, de descoberta, de imposição de limites às ações e de responsabilização dos atos e escolhas. Quando se é pioneiro é ser um jovem adulto. Existem outras 'pedras' importantes na vida e os escoteiros começam a perder terreno no calendário. Mas se é pioneiro, nunca se poderá deixar de ser escoteiro, pois se torna auto-suficiente, responsável, livre, disciplinado, generoso, trabalhador... É ser alguém que tira alegria do serviço. É dar-se profundamente ao movimento!

                    Começa-se a dar aquilo que durante anos se recebeu. Na Oração do Escoteiro. Há um verso que diz “Senhor Jesus ensinai-me a trabalhar sem procurar descanso, a viver sem esperar outra recompensa, senão saber que faço a vossa vontade Santa vontade”. Eu suponho que é isso que é ser-se chefe. Ainda não o sei, mas talvez um dia conseguirei sabê-lo, se aprender a gerir o meu tempo e a minha vida. Há uma altura da nossa vida em que parece termos tempo para fazer tudo, mas em que não temos idade para fazer quase nada. Se já no fim da adolescência e inicio da idade adulta não temos tempo para fazer nada, não deixa de ser verdade que continuamos a ter vontade de fazer tudo!

                 Mas o tempo escasseia… Outros montes – mais próximos – precisam de ser escalados, e como o ser humano ainda não inventou uma maneira de fazer duas coisas ao mesmo tempo, os escoteiros são postos de lado. São parte de nós mesmos e tal como a família, esperamos que compreendam a razão pela qual os pomos de parte – porque os amamos. Mas – e há quase sempre um ‘mas’ – chegámos aos pioneiros, e nos pioneiros se não somos nós que fazemos e queremos e conquistamos, certamente não são os chefes que o fazem. Afinal de contas, o Clã são os pioneiros que o fazem e sem pioneiros, há só uma distante memória do que é ser-se escoteiro.

                  O problema que divide o coração de todos que amam o escotismo é – o escotismo não é ir-se aos escoteiros, é um modo de viver a vida. É intrínseco a cada célula, é uma força que nos impele a caminhar e a rodear os obstáculos que não podem ser movidos. É uma bússola que está sempre certa, o rumo que sobre a montanha, e não aquele que a desce; é o curso de água que serpenteia por entre as rochas e que só encontra o caminho para o mar porque se junta a outros cursos. É parte de quem somos. Nós somos o escotismo vivo e podemos viver sem ir às reuniões, e aos acampamentos. No entanto, o escotismo-instituição não vive sem membros que vão às reuniões e aos acampamentos. Precisa de ser regada todos os dias e a água de que precisa somos tão-somente todos nós.

                 Digo que é possível ser-se escoteiro sem se ir às reuniões e atividades – porque o é. Mas nada, nada, se compara a uma jornada com chuva, ou à construção de uma mesa rústica; partilhar um almoço com a matilha patrulha ou equipe, cantar e tocar viola a volta de uma fogueira, beber leite quente, aquecido em panelas de alumínio que já foram esfregadas por quase duas gerações de escoteiros; fazer serviço de campo, vender jornais à chuva, para arrecadar dinheiro para a atividade de Verão; e tantas outras coisas que tornam o escotismo no que ele é – um movimento de crescimento, conhecimento, partilha e amor. Nada disto significa nada se cada um de nós não dar o seu quê, não fizer a sua quota-parte, se quando chega a sua vez, abandona o movimento que o viu crescer e o ensinou. Sim, é possível ser-se escoteiro sem se ir aos escoteiros, mas não se é um verdadeiro escoteiro se não se faz tempo para ajudar a manter e construir o seu movimento. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. O valor do elogio e o abraço.



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O valor do elogio e o abraço.

Prefácio: - Você já elogiou alguém essa semana? Deu um abraço? Hoje? Ninguém mereceu um elogio e um abraço seu? Quem sabe você é daqueles que espera que alguém faça isso para você. Mas não espere muito seja você o primeiro a fazer.

                              O elogio e o abraço são muito importantes, um ótimo recurso para incentivar os lobos, escoteiros chefes dirigentes e pais para melhorar o seu comportamento, o desempenho nas suas atividades escoteiras ou até mesmo para sentir o sabor do seu sorriso. Sei que muitos primos, monitores, chefes e dirigentes não costumam elogiar onde atuam, e até mesmo seus familiares.

                               Muitos não reconhecem o esforço e dedicação da pessoa, e as suas tentativas ou realizações não são valorizadas. Ao invés de elogiar, cobram e exigem coisas que a pessoa ainda não está preparada, não sabe, não tentou ou não teve tempo para fazer, podendo gerar nela desmotivação e sensação de fracasso, de que “nunca é o suficiente”, levando-a a pensar que não vale a pena continuar tentando, que é melhor “chutar o balde” e desistir.

                              Elogiar e abraçar faz um bem danado e que tem o poder de transformar o dia de uma pessoa. Mas quando a gente fala uma coisa da boca pra fora, a energia empregada (que na verdade nem é muita, nesse caso) não cumpre o seu papel transformador do outro. Se a gente soubesse do poder das nossas palavras, certamente pouparia a falta de sinceridade emanada por alguns e isso evitaria, ao máximo, espalhar negatividade.

                             Penso que, muito além do abraço e do elogio tanto o físico quando as qualidades intelectuais/emocionais de alguém, a gente precisa aprender a falar mais para o outro sobre o significado dele nas nossas vidas. Não importa a idade, seja lobinho escoteiro ou Chefe. Algumas pessoas atuantes no escotismo tem mais facilidade do que as outras para falar sobre o que sentem, mas é possível começar com alguém com quem se tem confiança e liberdade, para que nos sintamos mais confortáveis e para que a conversa não tenha um clima pesado, de obrigação.

                             Já vi os efeitos de um elogio e do abraço. Sinceros é claro. Valem mais que valores ou presentes dados em sinal de agradecimento. Um exemplo: No Grupo Escoteiro temos amigos de todas as idades com os quais convivemos por muito tempo, nutrimos sentimentos lindos, mas para os quais raramente falamos ou agimos sobre esse assunto. E se a gente não fala, não abraça a pessoa não sabe, não é mesmo? Pois bem. Basta que a pessoa vá embora ou morra pra que chovam elogios e muitos se ressentem por não ter abraçado.

                              No Facebook isto é comum. Enquanto viva a pessoa quase não recebe elogios. Muitas vezes nem lembrado é. Se adoece se morre todo mundo posta foto, todo mundo elogia, diz que a pessoa foi especial, importante e tudo mais. Mas a pessoa que morreu não vai saber disso, pois não vai acessar o Facebook pra ler as homenagens. Então, por que a gente não elogia sempre que possível? Por que não abrimos o coração para as pessoas que a gente gosta e dizemos pra elas o quão importantes são pra gente?

                             O escotismo é um manancial onde todos podem beber na fonte da boa fraternidade. Respeito, igualdade, sinceridade. Isto faz com que os participantes acreditem que faz parte de uma grande família uma grande fraternidade. Falando assim parece difícil, estranho, mas basta começar e a ideia germina e se espalha.

                             Uma das coisas que aprendi nessa minha jornada de vida e no escotismo é que o melhor momento é sempre o AGORA, afinal, é só o agora que a gente tem pra fazer ou falar o que quer que a gente deseje. Então, abra o coração. Se você não se sentir à vontade falando pessoalmente, mande uma mensagem, um cartão, carta, flores… Nossas palavras – escritas ou faladas – são nossos maiores “superpoderes”.

                             E não pensem que um certificado, um diploma de mérito e outros não ajudam no reconhecimento, no elogio que o recebedor espera. Mas que seja espontâneo sem o caráter burocrático que vem acontecendo nas comendas e condecorações. Carinho, respeito amizade, um bom aperto de mão e até mesmo um abraço tem valores incomensuráveis na vida de um amigo de alguém que está do nosso lado. Tente sentir do que um abraço é capaz. Quando bem apertado ele apara tristezas, combate incertezas, sustenta lagrimas, põe a nostalgia de lado. E olhe é até capaz de diminuir o medo.

                              Respeito estima gentileza, afeição e cortesia são sinônimos de boa convivência, de irmandade o que sempre nos recorda a nossa Lei Escoteira cujo sexto artigo diz com firmeza: “O Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros”. Abuse do abraço, elogie sempre e em pouco tempo irás sentir a mudança em todos que estão ao seu redor.

domingo, 18 de novembro de 2018

Conversa ao pé do fogo. A Escola da Vida!



Conversa ao pé do fogo.
A Escola da Vida!

"Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta." Chico Xavier.

                       Não sei se existe idade para que possamos aprender nesta formidável escola do mundo em que vivemos. Uma grande poetiza dizia que todos nós estamos matriculados na escola da vida e desde que nascemos nesta escola o mestre é o tempo. A cada dia vamos aprendendo. Não importa a idade, pois o aprendizado não para. Dia e noite. É bom aprender com o silêncio, com os falantes, com os intolerantes e os gentís.

                      Costumo dizer que agradeço a todos pelo que aprendi e ainda aprendo. Não levo em consideração se são rudes, se são estranhos. A eles sou eternamente grato. De vez em quando penso nas palavras de Baden Powell quando disse que é uma pena que um homem tenha que viver sessenta anos para adquirir alguma experiência de vida e a leve para o túmulo, cabendo aos que o seguem começar tudo de novo, cometendo os mesmos erros e enfrentando os mesmos problemas.

                     Leonardo da Vinci comentou que a experiência é uma escola onde são caras as lições, mas em nenhuma outra os tolos podem aprender. Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende. São duas coisas distintas – O saber dado pelos mestres nas escolas e a vida como ela é, sendo olhada, guardada em nossa mente e nos fazendo crescer no dia a dia.

                     Um famoso pensador comentou que, no dia em que guiarmos nossas ações, juízos, estudos e decisões por valores que visam ao sublime em vez da mesquinhez, quando agirmos inspirados mais nos critérios de justiça, da generosidade, da prudência, da temperança do que do interesse do egoísmo, no dia em que agirmos meditando sempre na beleza da doçura, na importância da humildade, no valor da coragem e no lugar da compaixão, nesse dia nosso planeta atingirá aquele estágio supremo que toda evolução técnica teve por meta.

                    O escotismo nos deu escolhas. Não importa se entramos nele como jovens ou adultos. Ele o escotismo nos da escolhas simples, honestas baseadas em uma lei e uma promessa. Aprendemos muito a cada dia, a cada hora, a cada minuto. Aos poucos vamos fazendo um arquivo em nossa memória impossível de descrever ou escrever. É este arquivo é quem nos ensina como compreender, ser calmo, ponderado, e assim aceitarmos mais alegremente a vida como ela é, sem reclamar e aceitando o que nos foi dado como meta.

                   Às vezes penso que muitos jovens ou mesmos outros que ainda não estiveram em todas as salas da escola da vida não seguem o exemplo daqueles que já passaram por diversas etapas, carregam vasta experiência que poderia ser útil na sua luta pela vida. Eles se sentem seguros, acreditam andar com firmeza e afirmam que o que fazem é o certo. Mas isto não é bom? Será? Um dia não poderão pensar que o caminho escolhido poderia ter sido outro? Fica a dúvida, pois para que serve o livre arbítrio?

                  Hoje posso afirmar que tive a oportunidade de participar ativamente deste movimento que só me deu alegrias. Os percalços que encontrei foram também aprendizado, afinal nem tudo são flores. Sempre as pegadas desaparecem no caminho. Cabe a todos nós procurar ou fazermos novos caminhos que nos levem ao sucesso. A Escola da Vida e Deus me deu o que preciso para continuar a jornada. Mente clara, pensante, ativa procurando nos seus recônditos uma maneira de ajudar e colaborar.

                 Aprendem todos que vivenciam a metodologia escoteira. Nosso Mestre nos mostrou o valor da natureza em nosso crescimento. Dizia ele que quando um filhote de lobo ouve as palavras “estudo da natureza”, seu primeiro pensamento é sobre coleções da escola de folha secas, mas estudo da natureza real significa muito mais do que isso, o que significa saber sobre tudo o que não é feito pelo homem, mas criado por Deus.  È ela a natureza uma das grandes matérias da Escola da Vida.

                 Todos nós queiramos ou não passamos pela escola da vida. Alguns passam de ano mais rápido outros ficam no caminho até achar uma nova pista para prosseguir. Lemos no tempo, no vento, no céu, nas estrelas as páginas dos livros que muitos desconhecem. São livros não escritos cheios de matérias do dia a dia. São as alegrias, as dificuldades, os sacrifícios que nos dão a certeza de um dia receber o diploma tão esperado.

                 Conseguimos no aprendizado a receber muitos diplomas. Cada um deles uma etapa de vida. A Escola da Vida não para. Há muito que aprender. Ela nos dá a única riqueza que vamos levar a cada viagem que um dia iremos realizar. E a cada estação, a cada apito do trem descendo ou subindo iremos encontrar mais e mais escolas. São milhares. Nunca irão cessar. Queira ou não vamos trocando ideias com os que passaram por esta escola antes da maturidade. Mas acredito que tem de ser assim. E como dizia Saramago: - “Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo”!

               Na escola da vida, o que nos move são as perguntas e não as respostas. É preciso saber perguntar para encontrar a resposta que nos levará onde queremos chegar. BP um sábio mestre escreveu que o homem que é cego para as belezas da Natureza, perdeu metade do prazer da vida, e Charles Chaplin completa: A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.