Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 30 de agosto de 2014

Meu nome é Osvaldo... Um Escoteiro!


Meu nome é Osvaldo... Um Escoteiro!

        Muitos sabem pouco sobre mim. Afinal mesmo colocando minhas fotos e se assim o faço é para mostrar que devemos levar a sério nosso uniforme, pois ele significa muito para que saibam quem somos. Mesmo com meus contos quase não comento minha vida escoteira e o que sou. Alguns mais antigos conhecem este Chefe que não difere nada de milhares que existem no movimento Escoteiro. Desculpe, mas alguns estão dizendo que sou uma lenda viva, eu? Impossível. Lendas são narrativas “fantasiosas” transmitidas pela tradição oral através dos tempos. Não sou lenda. Nunca fui. Meu escotismo é jogado aberto e sem censuras, talvez seja este um motivo de me considerar uma oposição ao escotismo moderno. Para mim nem BP foi uma lenda. Ele existiu, foi real, fez o que ninguém fez pela juventude com um programa fácil de assimilar e que hoje estão tentando complicar.

      Estou com 73 anos, entrei em 1947 há quase 67 anos, portanto se eu não conhecesse o escotismo não deveria estar aqui. Mas olhe meu escotismo como dizem por aí foi aquele de “raiz”. Aquele que o jovem pensava e agia. Onde os chefes eram mais irmãos e menos pais. Onde os jovens sorriam quando fazíamos e não como hoje que muitos ainda querem fazer. Onde o respeito, a palavra, o exemplo e a sinceridade faziam parte de nossa formação. Acampei demais, atividades aventureiras sem fim. Não dei a volta ao mundo, mas conheci lugares lindos para ver e sentir que a vida vale a pena ser vivida. Não fiquei rico com o escotismo, até fiquei mais pobre e hoje no fim da vida luto com extrema dificuldade, mas sou feliz ao meu modo, muito feliz. Não sou doutor ou formado em Faculdade ou Universidade e meus conhecimentos foram adquiridos na Escola da Vida. Acreditava e acredito que o escotismo é para todos e não para uma classe privilegiada como o escotismo está caminhando hoje. Não adoto a postura que nossos dirigentes mantêm. Consideram-se sem perceber uma casta. Aquela que pertencem tem tudo e os que não pertencem não tem nada, há não ser ouvir e concordar com os poderosos.

      Eu também já fui desta casta. Fui Presidente de uma região escoteira que na época era chamado de Comissário Regional. Eu fui em MG e SP membro da equipe de formação antes chamada de equipe Nacional de Adestramento. Dirigi centenas de cursos. Aprendi mais que ensinei. De um simples Chefe de sessão eu vivi grandes momentos. Mas por favor, dizer que sou uma lenda viva? Nunca fui e nunca serei. Acho que foi o Paulo Coelho quem escreveu em seu livro o Alquimista que a lenda pessoal é aquilo que você sempre desejou fazer. Todas as pessoas, no começo da juventude, sabem qual a sua lenda pessoal. Nesta altura da minha vida vivo de sonhos e recordar o passado, entretanto à medida que o tempo vai passando, uma misteriosa força tenta provar que é impossível realizar o sonho da lenda Pessoal.

     Não gosto de cara feia e sei que não sou bonito. No passado assustava os jovens pela minha maneira de ser. Demorava em mostrar que o meu coração era aberto a todos e não havia nenhum sinal de caminho a evitar. Fiz milhares de amigos, tinha facilidade para arregimentar adultos a trabalharem pelo escotismo, mas sempre fui contra os chefões, os que se sentem acima do bem e do mal no escotismo e hoje estamos cheios deles. Aqueles que sem consulta se arrogam como dono da verdade. Sem ao menos pesquisar impõe normas e apetrechos que nada tem a ver com o escotismo alegre e solto que BP nos deixou. Se quiserem mesmo saber não faço registro na UEB há anos. Motivo? Evitar conchavos, evitar admoestações, evitar tomar atitudes que um Velho Escoteiro que se julga ético e cavalheiro possa tomar.

         Poderia ter fundado a minha própria organização escoteira, mas isto seria trair a minha consciência, pois entrei como lobo pertencendo a UEB e quero morrer sendo da UEB, mas sem ser um simples “pau mandado”, onde o mote é dizer que se não está satisfeito vá a assembleia, lá é o lugar certo para discordar. Ou então se não quer pertencer ou cumprir o sétimo artigo da lei, cala-te ou pegue seu chapéu e vá embora. Aceito as outras organizações escoteiras que existem no Brasil. Os considero irmãos de ideal.  É um direito de eles discordarem e viverem o ideal de BP como acreditam. Isto se chama democracia. Quero ter o direito de discordar, de sugerir (e isto sempre fiz) sem criar inimigos. Conheço inúmeros casos em regiões que muitos foram perseguidos por discordarem. Sei de um caso que no grupo onde um Chefe recebeu o comunicado pessoal de exclusão do movimento quando do cerimonial de bandeira. Um absurdo!

       Não acuso os dirigentes de hoje a não ser de nunca terem feito na liderança uma democracia participativa, uma democracia plena, aberta e transparente sem limites conforme o direito universal do homem. Para mim chega de ver a prepotência de alguns (não todos) onde os que estão fora se querem algum têm de ir atrás. Parece o Gansinho descrito do livro de BP O Caminho Para o Sucesso. Por favor, nunca me digam que posso sugerir e participar e nem tampouco que devemos aceitar em nome dos nossos jovens. Isto para mim é um insulto, pois sei muito bem como se rege e funcionam os Estatutos da UEB. Um estatuto que não foi discutido por todos os grupos Escoteiros. Impossível? Só para os que não querem pensar. Não tenho mesmo registro e nem Grupo Escoteiro. Este último é impossível, pois minha saúde não deixa. Enquanto pude tive o orgulho de participar de cinco grupos e no último provei que do zero aos 180 participantes era questão de tempo. Os lideres que sempre combati cavalheirescamente desde a década de 60 nada diferem dos de hoje. Ouve claro, exceções onde grandes homens escoteiros participaram da liderança nacional.

         Portanto meus amigos eu não sou um suprassumo na especialidade escoteira e nunca serei uma lenda imortal. Eu sou o Osvaldo um Escoteiro, o contador de causos e história, mas que conhece nosso movimento como ninguém. Até os últimos dias na terra irei lutar dentro dos meios que disponho (a facilidade da escrita) e tentar até meu último suspiro dizer que o escotismo é lindo, que o amor que ele poderia reger sobre a terra não tem tamanho para medir. Sempre direi a todos que um sorriso vale mais que mil palavras, dizer que ser amigo e irmão de todos são ponto de honra, e dizer ainda a todos sem exceção que abraçaram a causa, seja ela onde for merece que tiremos o chapéu (pobre chapéu que um dia nos representou tão bem) e digamos: A fraternidade é uma só, ser fraterno com alguns e outros não, não faz parte do que BP nos legou. Meu sonho é que seja feito uma nova mentalidade na arte de fazer o escotismo. Democracia, ética, respeito, fraternidade e respeitar a opinião de todos que dele participam! E olhe mesmo dizendo que se não tenho registro não tenho direitos, eu digo que sou Escoteiro e ninguém, ninguém mesmo vai dizer que não sou!


Sempre alerta! 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

AS MARAVILHOSAS HISTÓRIAS ESCOTEIRAS III.


AS MARAVILHOSAS HISTÓRIAS ESCOTEIRAS III.

Aos meus amigos e amigas leitores deste blog. Agora vocês terão oportunidade de ter em seus arquivos, um livro só de histórias Escoteiras. Três semanas separando, lendo, comparando e finalmente escolhi 31 espetaculares histórias Escoteiras para o meu novo livro de histórias. Ficou pronto hoje. Histórias escolhidas a dedo. Só as mais lidas mais curtidas e mais comentadas do Facebook e dos meus blogs. Não faltaram seis histórias inéditas ainda não publicadas. 89 páginas de puro deleite e viagens fantásticas no mundo maravilhoso dos Escoteiros. Primeiro tivemos as Maravilhosas Histórias Escoteiras I, depois as Maravilhosas Histórias Escoteiras II e esta última bateu todos os recordes de envio por e-mail. Esta terceira eu tenho certeza que vai agradar a todos participantes do Movimento Escoteiro. Do lobinho ao Chefe, da Escoteira a pioneira. Claro pode agradar também aos nossos dirigentes... Quem sabe?

Agora se você quiser ter o seu exemplar em PDF é só ir lá ao meu e-mail e pedir. Prometo enviar no mesmo dia. Opa! É gratuito. Você não paga nada, mas olhe não peça e não deixe seu e-mail aqui. Não dá para atender você assim. Vamos lá, aguardo seu pedido. Se não gostar reclame com Baden-Powell, ele é o culpado, pois juntamente com Deus me fez um Escoteiro!


elioso@terra.com.br repetindo elioso@terra.com.br

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

As exéquias do Bagre Limoeiro.


Saudades não tem idade.
As exéquias do Bagre Limoeiro.

        Sempre gostei de acampar sozinho. Estar lá em plena floresta ou um vale qualquer, sem barulho, sem conversas e claro sem desmerecer as inúmeras companhias de milhares de amigos em acampamentos por anos e anos, para mim sempre foi motivo de doce deleite. Quem já teve o privilegio de acampar sozinho deve saber como é. Ter a companhia dos pássaros, aprender com eles seu gorjear, ver suas moradas e sem barulho quando estão em bandos, seguir a pista de um quati, de um Tatu Canastra, fazer amizade com um Lobo Guará, e deitar próximo a uma cascata de um pequeno riacho para ouvir o som inigualável das águas borbulhantes, é simplesmente inesquecível. E a noite? Um espetáculo a parte. O som da floresta, dos habitantes noturnos com seu cantar alegre, quem sabe uma coruja Buraqueira de olhos grandes a olhar você como a dizer - O que vem fazer aqui no meu lar? E as estrelas. Ah! As estrelas. Ficar horas e horas vendo o movimento delas, ser surpreendido com um cometa azul que passa riscando os céus ou mesmo com o delicioso cair do orvalho, a molhar seu rosto de uma forma carinhosa e simpática.
  
      Desde Sênior que fazia isto. Hoje não mais. Minhas pernas resolveram aposentar e minhas forças costumam me dar um adeus sem horas para voltar. Mas fiz muitos. Pelo menos dois por ano lá ia eu para os meus “cantos” de laser. Acho que o último deve ter sido há uns vinte anos atrás. Eu tinha ou acho que ainda tenho quatro locais lindos. Os meus preferidos. Achava melhor que ir desbravar locais inóspitos a não ser em boa companhia de bons acampadores. A Represa do Gavião era ideal. Uma bela mata, um bom gramado, muitos pés de bambus e peixes e o melhor de difícil acesso. E como tinha peixes meu Deus! Bastava levar um quilo de sal, uma meia lata de óleo, açúcar, café, um ou dois Bombril, um facão, uma faca (a minha que tenho desde os doze anos), uma machadinha, uma manta uma muda de roupa e mais nada. Se fizesse frio nada que um Fogo Espelho não resolvesse. E se chovesse deixe a chuva cair que faz bem a saúde e a mente. O cheiro da terra molhada é de deixar qualquer um inebriado. Aonde ia a comida era farta. Goiabas, jabuticabas, mamões verdes ou maduros, maxixes, maracujás, pés de taioba, de mandioca, batata doce e peixe. Uma quantidade imensa. Precisava de mais?

       Precisava voltar a Represa do Gavião. Na ultima vez que lá estive, pesquei um enorme bagre cinzento. Grande mesmo. Demorou para tirar do anzol. Foi então que ele olhou para mim e como a dizer o que ninguém entenderia, me pediu com aqueles olhos chorosos a devolvê-lo as águas da represa. – Eu tenho mulher e filhos Escoteiro! Meu coração partiu de dó. Sem pestanejar o coloquei de novo na água escura da represa. Já tinha pego uma traíra que nada me pediu a não ser tentar dar uma mordida em minhas mãos. Ao colocar o bagre na água, ele sumiu no remanso escuro da noite. No dia seguinte à tarde fui pescar uns lambaris para a janta. Seria sopa de maxixe, mandioca e batata doce com pedaços suculentos de lambaris fritos. E não é que o danado do Bagre estava lá, a nadar e pular como a dizer: Obrigado, muito obrigado. Agora você é meu amigo. Estava com seis limões que tinha achado um pouco acima da represa próximo a cascata do Arco Iris e o apelidei de Bagre Limoeiro.

         No dia seguinte fui lá para cumprimentar o meu amigo Limoeiro. Ou melhor, o Bagre. Estava na beirada da represa, preso entre ramos e morto. Incrível! Ontem estava bem e hoje assim? O peguei e ele piscou os olhos pela última vez. Pensei que iria sentir falta dele quando ali voltasse. Resolvi enterrá-lo na beira da represa. Deixar para que outros peixes o comessem não seria certo. Um pequeno buraco, folhas diversas e o coloquei lá dizendo adeus. Fiquei triste e preocupado. Será que fui o culpado? Ele não tinha ficado tanto tempo fora da água. Mas fazer o que? À tardinha voltei ao meu local favorito de pesca e não é que lá estavam um enorme bagre e mais seis bagrinhos? Esposa e filhos do Bagre Limoeiro? Não sei, mas brincavam sem medo de mim na superfície da água.


         Eu sinto falta de muitas coisas que fiz no passado. Muitas mesmo. Falta dos bons acampamentos, dos bons desfiles, de minha corneta favorita, do meu bastão de guia, dos grandiosos Fogo de Conselho em varias partes do Brasil e algumas no exterior. Falta dos amigos que se foram, das caminhadas, das incríveis jornadas ciclísticas, dos deliciosos momentos de deleite quando ribombavam trovões e raios em um acampamento. Eram meus momentos favoritos. Adoro a chuva. Mas saudades mesmo eu sinto dos meus acampamentos a Escoteira (aquele que anda só). Dizem que saudades não tem idade e não são apenas lembranças. É como se estivéssemos lá fazendo tudo de novo. E eu com minhas saudades na minha cadeira favorita na varanda do meu lar, vendo o entardecer de um sol que já se foi só tenho a agradecer a Deus pelos momentos felizes que passei no Movimento Escoteiro. Belos momentos a sós junto à natureza. Acho que valeu e se valeu eim?