Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sexta-feira, 1 de março de 2013

“Pelas barbas do Profeta”. Adônis conseguiu sua Insígnia de Madeira.



Lendas escoteiras.
“Pelas barbas do Profeta”. Adônis conseguiu sua Insígnia de Madeira.

                     Ninguém acreditava que ele um dia seria mais um Insígnia de Madeira. Claro, todos sabiam que era um Chefe Escoteiro esforçado. Presente. Seus 25 anos lhe davam um aspecto juvenil. Quem não soubesse diria ser ele um Sênior ou Pioneiro. Foi sim Escoteiro quando jovem. Ficou menos de três anos. Não voltou mais. Um dia viu uma Patrulha em um shopping. Não gostou do que viu. Parecia não ter espírito Escoteiro. Não deviam estar preparados para esta atividade. Os interpelou. Não o levaram a sério. Foi para casa pensando. Criticar não adianta. Porque não voltar a participar? – Voltou. Cheio de gás. Foi bem aceito no grupo. Um ano como Assistente. Não perdeu tempo. Engoliu livros, fez todos os cursos que podia fazer. Era o orgulho do seu assessor pessoal.

                     Com dois anos na tropa assumiu a chefia. Não porque quisesse, mas o titular desistiu. Achou que não seu tempo estava sendo usado muito no escotismo e sua família estava sendo prejudicada. Adônis deu tudo de si. Os jovens o amavam e ele amava os jovens. Aprendeu a ser amigo. Aprendeu a ser um irmão mais "Velho". Aprendeu a respeitar. Sem ninguém saber começou a responder o questionário. Na parte prática já tinha feito o avançado. Seu “caderno” foi devolvido. O leitor colocou várias ponderações. Estudou tudo e enviou de novo. Mais uma vez devolvido. Espere mais um ano. Você é novo. Só está no escotismo há três anos. Não concordou. Enviou um oficio – Qual a idade para ser um Insígnia de Madeira? O leitor ficou sem jeito. 

                     Um dia, um sábado apareceu um chefe. Desconhecido. Olá! – disse. Entabulou conversa. Cutucou. Olhou seu programa, conversou com alguns meninos. Não disse para que veio, deveria ter dito. Adônis acreditava que entre escoteiros não existe segredos. A lealdade acima de tudo. O Chefe se foi. Dois meses depois o Comissário Distrital e um Assistente Regional apareceram na sede. Após o cerimonial ele foi chamado à frente. Entregaram-lhe a Insígnia. Ele tremeu. Ficou vermelho. O lenço de Giwell agora adornava seu pescoço. Os demais chefes do grupo o saudaram. Não estavam acreditando que ele conseguiu. A maioria tinha seis sete ou mais anos de escotismo.

                     Adônis não dormiu naquela noite. Pensava – O que muda em mim com este lenço? Sei que muitos me olharão com respeito, mas não sou o mesmo quando não o tinha? Meus conhecimentos não eram o mesmo? Agora irão me convidar para muita coisa no escotismo. Deverão achar que agora sou tutor e não mais tutorado. Só um lenço mudou tudo? Já posso dar curso? Serei aconselhador? Serei chefão? Que lenço é este que só me trás duvidas e não certezas? – Adônis dormiu. Sonhou muito. Teve até pesadelos. Leves, mas alguém lhe tomava o lenço no sonho. Acordou suado. Meu Deus! O que é isto?

                     Passou a ir para as reuniões sem o lenço. Deixou em casa também seu colar de contas. Pretendia fazer um enorme quadro com seu certificado. Desistiu. Cobraram dele sua Insígnia. Ele abaixou a cabeça e não disse nada. Durante meses tentava ser o mesmo. Difícil. O que um lenço não faz. Em minutos após você receber passa para outra dimensão. A dimensão dos que tudo sabem. Mas não era o caso dele. O que ele sabia aprendeu antes. O Distrital mandou lhe chamar. – Soube que não tem usado seu lenço? – Por quê? – Não sei respondeu. – Explique melhor – Ele não sabia o que falar. Queria dizer que era mais feliz antes de ter este lenço. Ria mais, achava que era irmão de todos. Agora tudo mudou. Os chefes o olham com outros olhos. Não gostava nada disto.

                     Um fim de semana prolongado resolveu reler o livro O Guia do Chefe Escoteiro de Baden-Powell. Já tinha lido. Ficou o dia inteiro com ele lendo. No sábado seguinte chegou à sede com o lenço e colar. Nunca mais o tirou. Viu que muitos chefes IM em seus grupos usavam o colar com o lenço do grupo. Não fez assim. Amava o Grupo Escoteiro. Todos sabiam disto. Não era usando um lenço do grupo que seu amor iria aumentar. Nunca aceitou nenhum cargo. Nunca aceitou ser considero melhor. Era apenas um Chefe, um Chefe amigo, simples, fraterno, um Chefe como tinha pensado BP no passado. Um Chefe portador e orgulhoso do escotismo com seu lenço da Insígnia de Madeira!      

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

E não é que Nick Mordekay foi a Assembleia Regional?



As eleições e as Assembleias estão chegando. Um conto de ficção só para divertir.

Lendas escoteiras.
E não é que Nick Mordekay foi a Assembleia Regional?

                       Foi sim. Mas antes é preciso voltar um pouco ao passado. Nick Mordekay não era novo e nem antigo Escoteiro. Tinha somente sete anos como escotista. Não tinha filhos no grupo. Passou viu a escoteirada, gostou e porque não ajudar? Foi bem recebido. Viu que eles precisavam de voluntários. Nunca pensou que uma organização pudesse atraí-lo tanto. Depois soube que foi picado pelo mosquito Badeniando. Risos. A tropa de escoteiros não tinha Chefe. Chefe Fantini o Diretor Técnico era quem tomava conta. Nick Mordekay entregou-se de corpo e alma a sua nova tarefa. Fez tudo direitinho. Os cursos que podia fazer ouviu conselhos e orientações do seu Assessor pessoal e aos poucos desenvolvia com amor a programação feita por ele e os Monitores. Assim aprendeu nos cursos.

                      Nick Mordekay era um Chefe Escoteiro simples. Não falava muito e só o necessário. No grupo tinha amigos, mas só ali. Fora a não ser um e-mail seus contatos eram poucos. Conhecia muitos escotistas dos outros grupos, pois sempre participava das reuniões onde ele era convidado. Bem no grupo eram poucos chefes. Ele, Chefe Beth sua Assistente, Noêmia a Akelá e o Chefe Fantini. De vez em quando alguns pais ajudavam, mas eram poucos. Chefe Beth estava com ele por causa das meninas. Ele mesmo fez o convite. Achava que os jovens poderiam procurar os chefes para um aconselhamento e dependendo o assunto ele não era o mais indicado. Chefe Beth era devagar. Quase não ia às excursões e acampamentos. Pudera. Já entrava nos sessenta anos.

                     De uns tempos para cá, Nick Mordekay passou a observar que em um ano mais de vinte e cinco por cento dos jovens da tropa saíram. Notou também que a procura era pouca e sempre um número maior de meninas. Elas pelo menos ficavam mais tempo em atividade. No principio nem notou. Nick Mordekay era o protótipo do bom Chefe escoteiro. Só se preocupar com os jovens do seu grupo e mais nada. Não discutia com outros Chefes alterações mudanças, nada. Ficou cismado quando na sua tropa o número de escoteiras era maior do que de escoteiros. – Porque os meninos saem mais que elas? Pensou. Procurou o Diretor Técnico. Ele nada tinha a acrescentar. Só disse a ele que aplicasse corretamente o programa de progressão Escoteiro. Mas ele fazia isto. Pelo menos acreditava que praticava o que aprendeu nos cursos e nos livros Escoteiros que tinha.

                    Nick Mordekay pediu autorização ao Diretor de seu grupo e procurou o Comissário Distrital. O que ele disse não ajudou em nada. Mesmo assim perguntou – Chefe! Porque não existe um seminário ou mesmo um curso para podermos discutir com quem faz e dá certo, com quem não tem este problema em seu grupo e assim poderíamos aprender? Nos cursos os formadores falam e falam, eu pergunto se ele tem experiência em seu grupo ou resultados e ele sai pela tangente. O comissário coçou o queixo e não soube responder – Porque não vai a Assembleia Regional? Disse. Lá é o lugar certo. Nick Mordekay não havia pensado nisto. Nunca tinha ido. Era hora de ir. Todos falavam que lá era o lugar onde poderiam sugerir mudar alguma coisa e tirar suas dúvidas. No dia programado levou sua carteirinha da UEB, pois como Chefe de Tropa ele poderia votar. – Minha nossa! Quanta gente! Ele não conhecia quase ninguém. Cumprimentou um ou outro. Os mais graduados só sorriam e iam em frente. Na secretaria perguntou quando iam discutir temas de interesse aos chefes de tropa. A mocinha lá não sabia dizer. – Olhe aquele ali é o atual Presidente. Fale com ele.

                     Decepção. Até que foi educado. – Meu caro Chefe este ano é de eleição, conto com seu voto e se foi. Nick Mordekay viu que se faziam rodinhas aqui e ali. Todos discutindo os planos, os programas tudo que eles os candidatos se propunham a realizar. Nick Mordekay foi de roda em roda. Ouviu tudo. Pensou consigo – Será que irão fazer tudo isto? Eram três chapas que se apresentaram. Nick Mordekay achou aquilo parecido com as eleições em sua cidade. Só faltavam os santinhos. Pelo menos o chão ainda estava limpo. Risos. Soube que em uma sala discutiam um tema. Correu lá – nada! Era uma das chapas apresentando seu programa. Descobriu naquele “montão” de gente outros chefes como ele. Queriam aprender, queriam sugerir, mas não sabiam como. Porque o comissário disse para ele que lá era o lugar certo para mostrar suas ideias?

                      Nick Mordekay ficou decepcionado. Até mesmo com as tais chapas. Pensou que pelo menos uma estaria conclamando a todos caso fossem eleitos, de fazerem um grande mutirão para discutir os temas que os chefes achassem válidos discutir. Que eles seriam transparentes. Que os programas deveriam vir de baixo e não de cima. Não era nada disto. Nick Mordekay pensou que seu problema de saída e abandono dos jovens pelo escotismo era só dele. Ninguém interessou a discutir com ele o tema. Quando um retrucou dizendo que se ele fizesse a progressão bem feita isto não aconteceria, Nick Mordekay se sentiu perdido. Ele não era um bom Chefe? Nick Mordekay ficou até o ultimo dia na Assembleia Regional. Conheceu muita gente. Viu muitos se mostrando com suas medalhas. Viu outros tantos sendo agraciados nas sessões solenes.

                      Nick Mordekay ficou sabendo que lá na Direção Nacional as assembleias não eram diferentes. Ir lá e apresentar um tema era perda de tempo. Um Chefe que foi uma vez disse que ficou decepcionado. Não pela confraternização ela foi ótima. Mas não só de confraternizações o escotismo sobrevive. Uma coisa Nick Mordekay aprendeu. Iria estudar muito. Iria fazer cursos e cursos. Iria conquistar sua Insígnia de Madeira. Lutaria depois para ser um formador. Iria ser um dirigente regional. Iria aprender os meandres do poder. Só assim ele acreditava que poderia um dia dizer a todos que todos, mas todos do escotismo deviam ser ouvidos. Deviam votar, deviam decidir o que eles queriam. Deviam discutir os seus problemas e não os que os outros pensavam.

                     O que Nick Mordekay não sabia era que o poder não corrompe os homens; mas os tolos, se eles adquirem uma posição de poder eles sim a corrompem. Leu isto uma vez. Era de George Bernard Shaw. Assim como também disse Benjamim Disraeli que todos amam o poder, mesmo que não saibam o que fazer com ele. Ele sabia das promessas de campanha. Será que ele também seria corrompido pelo poder? Será que quando se sentisse seguro no alto do seu pedestal seria o mesmo Nick Mordekay de hoje? É. Nick Mordekay pensava tudo isto quando em uma tarde livre, sentado na praça perto de sua casa ele sonhava. Sonhos utópicos. Sonhos de poder. Acordou assustado com o nariz coçando. Fora picado por uma abelha. Mau sinal. Risos.

                    Nick Mordekay chegou à conclusão que era melhor voltar para sua tropa. Ele sim iria descobrir o porquê um bom número dos seus jovens estavam indo embora. Chega de poder, quem foi quem disse que o poder no escotismo era o poder do nada? Que o poder corrompe? O poder absoluto corrompe absolutamente? Deixe com os outros esta liderança Nick Mordekay. Você é somente um simples mortal. Siga os passos de Charles Chaplin que disse: lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante!   

“Sit vir optimus lucror”
Que vença o melhor!
“Abundans cautela non nocet”
Cautela em excesso não faz mal a ninguém!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Zé Celso Pescador e o descomunal Mexilhão-Dourado.



Lendas escoteiras.
Zé Celso Pescador e o descomunal Mexilhão-Dourado.

              Zé Celso era Escoteiro da Patrulha Morcego. Zé Celso era um Escoteiro comum, nada de mais como menino. Claro, altura mediana, magro e franzino para os seus doze anos. Tinha os cabelos crespos apesar de sua cor branca. Sua mãe Dona Eulália e seu pai Senhor Chaparral eram brancos, mas diziam que seu avô por parte de mãe foi escravo da fazenda do Coronel Miltinho. Seu pai era mestre pescador. Viviam da pesca que ele retirava do Rio Tambaú. Os peixes estavam rareando. Já não eram mais como antigamente. Mesmo com a atuação dos Militares Ambientais, a pesca de rede era frequente. Zé Celso nasceu no rio. Adorava pescar. A Patrulha adorava Zé Celso, não só pela sua calma, pela sua educação, pela sua voz ponderada, mas também por que sabia que com ele comeriam uma boa moqueca de peixe. Alem de pescar era exímio nos pratos de pescados. Seja em panela ou assado na brasa.

             Quem me contou esta história não foi ele. Foi Wantuil seu Monitor há alguns anos atrás. Encontrei-me com ele na Barra do Jacu, onde levei um Clã Pioneiro para descer o rio até a foz do São Francisco. Os pioneiros se deliciaram com a história. No final ele foi ovacionado e até pagaram uma lauta refeição no refeitório do barco a vapor que viajamos. Quando contava a história me lembrei do conto de O VELHO E O MAR de Ernest Hemingway. A luta do "Velho" pescador pelo peixe da sua vida. Acho que todos devem ter lido. Mas vamos à história. Wantuil disse que foram acampar na barranca do Rio Tambaú bem próximo onde desaguava o Rio Colorado. Nada de novo no acampamento que significasse mudar o rumo da história a não ser no segundo dia centenas de urubus a voarem em cima do acampamento. O Chefe Mira Flores ficou cismado e tanto procurou que achou um enorme touro preso na beira do rio no meio de cipós trazidos pela cheia. Os urubus sabiam que era morte certa. Nada que o Chefe Mira Flores desse um jeito. O touro foi solto.

             Como sempre Zé Celso foi liberado para sua pescaria. Sabia que ali tinha peixes de bom tamanho e pretendia presentear a todas as patrulhas neste acampamento com um bom pescado. Depois da inspeção ele foi liberado. Era mestre em armadilhas. Fazia uma que era tiro e queda. Uma vara flexível de bambu, de mais ou menos dois metros e meio, um cabo fino de mais ou menos um metro prezo com um anzol grande. Bem abaixo no pé do bambu outro de uns vinte centímetros amarrado transversalmente com uma amarra diagonal. Na ponta deste menorzinho ele cortava fatias de mandioca que se encaixavam no bocal do bambu. Esticava o cabo segurava no anzol e enfiava a ponta na mandioca. Soltava devagar, pois se não ficasse bem preso sua mão ou seu dedo seriam fisgados.

              Zé Celso fez três destas armadilhas. Entrou na água por um oito metros e fincou cada bambu no fundo do rio. Ali não era fundo. Não mais que um metro e meio. Dava para ver a ponta das varas. Agora era esperar na margem que algum Piau ou então um dourado mordesse. Se desse certo e sempre dava em pouco tempo teriam um ou dois peixes fisgados. O primeiro cabo da vara se soltou. Vazia. Lambaris pensou. Eles sempre atrapalham. Meia hora, uma hora e a segunda vara entortou toda. Um peixe havia fisgado. Zé Celso correu para dentro d’água. Sabia que o peixe com sua força arrancaria em pouco tempo a vara da areia no fundo do rio. Quando foi segurar a vara levou o maior susto. O maior Dourado que ele já vira. Sem mentiras, pois o Escoteiro não mente tinha mais de doze quilos. Enorme. De vez em quando vinha à tona e dava um salto que maravilhava Zé Celso. O sol batia sobre sua pele e o peixe brilhava na sua cor vermelha e metálica.

              Zé Celso ficou ali segurando a vara fincada no rio. Não podia soltar. Sabia que gritar aos amigos não adiantava. Longe demais.  Esqueceu-se de avisar a eles onde estaria e o acampamento ficava a mais de dois quilômetros de distância. Meio dia, uma hora, duas três. O peixe não se cansava. Corria para todo lado.  Uma perna de Zé Celso começou a dar câimbra. Ele estoicamente não desistiu. Ficou ali. Era o seu maior peixe. Não iria perdê-lo nunca. Quatro horas, seis começou a escurecer. Agora sabia que já estavam o procurando. Em breve o achariam. Oito da noite, nove, uma hora da manhã. Nada. Um frio de doer. Zé Celso lá. Não largava o seu peixe de jeito nenhum. Seus lábios tremiam. Seus dentes batiam um no outro. Às quatro da manhã começou a se sentir cansado. Seu corpo não queria mais obedecer a sua mente. Fez o que nunca deveria ter feito.

               Pegou o cabo da outra vara. Amarrou a vara do peixe em sua perna. Arrancou a vara e se deixou levar na correnteza. Nadava bem e sabia boiar. O dia amanhecendo. Zé Celso boiado rio afora. Pensou que quando passasse por baixo da ponte do Cavalo Doido alguém o veria. O dia já havia amanhecido. Um pescador o viu. Foi até ele com seu barco. O ajudou até margem. Quando retirou a vara o peixe era só esqueleto. Um enorme espinhaço. As piranhas quando desceu o rio o comeram quase todo. Zé Celso chorou. Tanto trabalho por nada. A tropa o encontrou exausto próximo à ponte. O procuraram a noite toda.

              Zé Celso não pegou seu maior peixe. Mas foi ovacionado por todos os escoteiros. Ficou conhecido pela sua tenacidade. A cidade em peso soube de suas história. Quando passava na rua era cumprimentado. Na sua sala de aula a professora fez um discurso para ele. – Disse: - Que Zé Celso seja o exemplo para vocês. Desistir nunca! Nunca mais Zé Celso pegou um peixe daquele tamanho. Não desistiu de pescar e a patrulha comeu bons guisados de peixe frito na brasa. Sei que levaram a espinha do Dourado e colocaram no coreto em praça publica. Ficou lá por muitos anos. Todos até hoje imaginaram se Zé Celso tivesse pegado seu peixe. Como se diz por aí, nem sempre temos aquilo que gostaríamos de ter.

               Guardei esta história e até hoje conto para meus escoteiros. Uma lição de vida. Verdade ou não exemplos são feito para serem seguidos e o de Zé Celso não pode ser olvidado nunca!     

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O dia do Ovo!



Conversa ao pé do fogo.
O dia do Ovo!

          Estou lendo no jornal Folha de São Paulo de sábado, que a Assembleia Legislativa de São Paulo irá discutir exaustivamente na próxima semana um projeto de um deputado que dará a São Paulo o dia estadual do Ovo! Maravilha! Não conheço as razões do deputado e nem o que consta no projeto. Sei que há séculos discutem quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha. Neste caso a galinha ficará sem seu dia. Coitada. Ou será que já existe? Bem cada um faz o que acha certo. Afinal o ovo é ou não é importante? Eu adoro. É fácil de fazer e os escoteiros adoram. Agora aprenderam a fazer o ovo no espeto. Que bacana! Só mesmo esta turma maravilhosa para fazer isto. Sei que eles fazem ovo cozido sem sal, com açúcar, com fumaça, com sujeira de fogão, omelete melada e preta, estalados sem estalo e sei de muitas escoteiras que adoram quebrar o ovo com casca e tudo na frigideira. Dizem que fica delicioso.

          Interessante estas homenagens. No escotismo temos o dia do Escoteiro, o dia do Lobinho, o dia do Sênior (não sei a data) o dia do Pioneiro e o dia do Chefe. Deve ter também o dia do dirigente Escoteiro, do Presidente, do Diretor, do Formador do POR, do Regimento Interno (me falaram que não existe mais, pena), dos Estatutos e brevemente o dos Processos da UEB. Não sei se tem o dia dos pais têm? Se não tem se aliem a algum politico e logo terão. Sei que muitas homenagens de dias ligadas ao escotismo não tem projetos. Pegaram carona em algum santo e como ele não reclamou o dia foi ficando, ficando e até hoje é celebrado. O Pobre do santo muitas vezes nem é lembrado. Coitado. Deve estar no céu rogando pragas aos escoteiros. Rarará!

        Estou pensando em procurar um deputado ou vereador para apresentar alguns projetos que julgo da mais alta importância.  Meu primeiro será o dia do Acampamento Escoteiro. No projeto neste dia todos do escotismo serão obrigados a acampar sob pena de multas. Só assim os meninos irão conhecer um acampamento Escoteiro. Quem sabe também o dia do Acantonamento do lobinho. Multas também para quem não for. As multas cobradas se reverterão à região e a UEB. Beleza isto!  Será que existe o dia do Antigo Escoteiro? Ou então o dia do uniforme Escoteiro? Artigo primeiro, parágrafo um – fica obrigatório um novo uniforme todo ano e proibido consultarem os associados. Revogam-se as disposições em contrário. Precisamos nos aliar mesmo a estes políticos. Afinal eles apresentam cada projeto de cair o queixo. Assim nós pobres mortais do escotismo também temos o direito de reivindicar.

          Já pensou? O dia da faca Escoteira? O dia do fogão de barro do escoteiro? O dia da canção Escoteira? O dia da amarra quadrada? O dia da amarra diagonal? O dia da costura de arremate? O dia do sinal de pista? Poxa! São tantos e tantos que teríamos datas e datas para comemorarmos. Melhor deixar o emprego e ficar comemorando gostosamente em um acampamento ou acantonamento Escoteiro. Claro se ficarmos sem trabalhar só comemorando teremos que ter também o dia da pendura Escoteira! Devo não nego, não pago e que Deus me ajude! Adoro isto. Adoro quando me cobram e eu grito da minha janela; - “Oi”! Voltem no dia de São Nunca dia trinta de fevereiro na parte da tarde, é dia de pagamentos! Kkkkk.

            Mas querem saber, é difícil guardar dias. São centenas, milhares e ainda bem que a internet e no Facebook sempre tem um para lembrar. Outro dia alguém se lembrou do dia do mosquito da malária. Mas ele tem dia? Teeeêm! Já vi aqui o dia do Porco, o dia da Manteiga (?), o dia dos pobres (este é o meu preferido) o dia dos ricos (este eu passo longe) e o dia dos velhos tolos. Viram-me e aprovaram meu dia. Rarará! Mas voltemos à carga da brigada ligeira do escotismo. Precisamos de mais dias para comemorar. Mas com projetos aprovados se não alguém vai lá e registra tudo no tal órgão que a UEB usa sempre. Ai se alguém reclamar processo neles! Kkkkk.

             Mas deixemos de nos divertir e vamos ser sérios. Tem hora que cansa ver que hoje é dia de tal homenageado e amanhã idem e assim por diante. Cada profissão tem seu dia, todo mundo tem seu dia. Já deve estar tramitando nos escaninhos dos órgãos legislativos o dia do Lula, da Dilma, do FHC, do José Dirceu, do Jose Genoíno e olhe não duvido, vai aparecer o dia do Mensalão e do Valério. “Eles merecem, eles merecem”! Portanto antes de morrer eu vou pedir e implorar a um vereador, ou deputado, senador não, pois lá é uma mamata que ninguém quer sair e eles não dão bola para um ser insignificante como eu. Vou pedir para que eu tenha meu dia. Não o meu aniversário. Um dia qualquer, o dia do Chefe Osvaldo, ou melhor, o dia do Osvaldo... Um Escoteiro. Vai ser maravilhoso. Bombástico! Epitético! Putz! Já pensou? Os dirigentes e alguns chefes dizendo? – Hoje é dia dele? Deus do céu. Vou me esconder bem no fundo da gruta de Maquiné ou pular nas águas gostosas do Triângulo das Bermudas. Risos.

              Bem, melhor parar por aqui. Tudo começou porque vão homenagear o Ovo. Pobre da galinha. Esqueceram-se dela. Mas a dúvida persiste. Quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha? Fico pensando que mundo é o nosso. É como disse um candidato em nosso estado a Presidente ou Diretor, sei lá, em uma observação de uma postagem minha sobre o que esperamos dos eleitos ele disse – “Uns tem e não podem, outros podem, mas não tem, nos que temos e podemos, agradecemos ao Senhor”! E tenho dito. E viva o dia do OVO!   

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Vai acampar? Cuidado, se alguma coisa pode dar errado, dará!



Lendas Escoteiras.
Vai acampar? Cuidado, se alguma coisa pode dar errado, dará!

                     Acampar é bom, é delicioso, é gostoso, não existe nada melhor. Mas cuidado com a principal lei de Murphy. Ele foi um capitão da Força Aérea Americana. Foi também a primeira vitima conhecida de sua própria lei. Resolveu fazer uma medição que registrava batimentos cardíacos e respiração dos pilotos. O instalador fez tudo errado. Quase morreram alguns pilotos. Foi ai que surgiu suas leis. São mais de cem. Mas vamos ao que interessa. O acampamento da Tropa Escoteira do Grupo Escoteiro Chefe Floriano. Várias reuniões de Patrulha, duas Cortes de Honra, quatro reuniões dos chefes da tropa e parecia estar tudo muito bem programado. Parecia. O Chefe Vadico teve um mau pressentimento. Não gostou disto. Nunca aconteceu antes. A escoteirada vibrando. Primeira vez em um acampamento de cinco dias.

                   Chefe Vadico repassou tudo em sua cabeça e sua cartilha de anotações: Local? Ok. Transporte? Ok. Intendência? Ok. Autorização dos pais? Ok. Alimentação? Ok. Previsão de tempo? Ok. Farmácia? Ok. Pronto socorro mais próximo? Ok. – Porque o Chefe Vadico estava preocupado? O programa era bom. Fizeram outro para eventualidades. Os Monitores e as patrulhas praticamente fizeram tudo. Nos sacos de Patrulha eles tinham tudo que iriam precisar. – Quinta feira. Oito da manhã. Horário de reunir para partir as nove em ponto. Chefe Vadico era exigente. Horário é horário. Dona Mercês atrás dele dizendo – Chefe! Cuidado com meu filho. Devia o deixar levar o celular. Assim eu poderia falar com ele sempre e o orientar! – Chefe Vadico repetiu o que sempre dizia para os pais. O Acampamento é uma maneira de fazer o jovem se virar. Ele tem de aprender a andar sozinho. Não tem de ficar pensando em sua casa ou em sua mamãe!

                  Nove em ponto. Tralha nos seus lugares. Ônibus partiu. Nem bem pegaram a estrada um pneu furou. Quarenta minutos para trocar. Já na estrada vicinal o motor do ônibus soltou uma fumaceira que não tinha tamanho. Mais quatro quilômetros a pé com a tralha nas costas. Tiveram que voltar mais uma vez para levar tudo. Quase duas horas. Turma varada de fome. Monitores foram chamados. Ficam dois em uma cozinha improvisada, fazer um arroz, bife e salada de tomate. A demais montagem de campo. – Intendência distribuída. – Chefe faltou o sal. Cadê o sal? Não veio. O pai que comprou tudo esqueceu. Estes pais! Dois chefes tinham celulares. Eram os únicos autorizados. Um pediu para a esposa. Ela só chegaria ao campo às oito da noite. Vamos comer pão com manteiga e fazer um café. Ainda bem que as patrulhas foram bem na montagem do campo. O sal chegou. Nove e meia uma comida mais forte. Forte? Vários com diarreia. Por quê? Levaram escondidos biscoitos e comeram sem ordens.

                  Farmácia graças a Deus completa. Lá estava o Imosec. É tiro e queda. Mesmo assim a escoteirada correndo para o mato até de madrugada. O jogo noturno foi substituído por uma cantoria. Até que não foi ruim. Silêncio. Todos dormindo. Três da manhã. Dois Monitores na barraca do Chefe. – Chefe acorde! O que houve? Mesmo olhando tudo armamos as barracas na trilha das formigas Lava pés. Enormes. Mordem com gostosura. Todos ajudam. Desarmam as barracas. Armam em outro lugar. Muitos foram mordidos. Farmácia da patrulha em ação. Melhor deixar dormir mais uma hora. Alvorada as sete. – Chefe? Vai ter educação física? - Claro! Chefe Vadico não era mole. A manhã foi corrida. Parece que agora tudo engrenou. Física, café, inspeção, bandeira e um jogo/adestramento. A escoteirada vibrou. Meio dia. Tempo livre até as três. Almoço, limpeza e porque não um cochilo?

                  Uma boiada chegando. Todos gritando. Os bichos nem ai. Vão pastando entre as barracas. Muitas caem. Uma cozinha foi prú brejo. Bem vamos começar de novo. Escoteiro não desiste. Hora do banho. O remanso do córrego era ideal para isto. Como? – Lá estava passeando uma enorme Sucuri. Vamos mais acima. Ninguém se arriscou a entrar na água. Lavam braço, perna e cabeça. A janta foi ótima. O intendente deu açúcar em vez de sal. Paciência. Comida doce faz parte, mas sopa doce é de lascar. Um jogo noturno. Sem problemas. Dia seguinte barulho de onça. Chefe Zezé conhecia. Melhor ficar todos juntos. Ninguém deve sair do campo. Desta vez montaram guarda. Em todos os campos uma fogueira. - Não deixem apagar!  A onça sumiu! Ainda bem. À tarde depois do jogo do Apoiador, um belo jogo todos cansados agora banho. De novo lá a Sucuri. Desta vez acompanhada de três filhotes.

                  Penúltimo dia. Dia esperado. Fogo de Conselho. Tudo preparado. A escoteirada vibrando. Fogo crepitando. Rostos queimados e olhares direto na fogueira. Cada um rindo e fazendo diabruras. Bumm! Um trovão. Bumm! Outro. Raios ciscando os céus. Um cai bem perto. Um toró. Um verdadeiro toró. Granizo. Pedras enormes de gelo. Barracas furadas. Esconder onde? Corre aqui corre ali e o granizo diminuiu. A chuva não. Chefe? O que vamos fazer. – Rezar! Mas não adiantou. Só lá pelas quatro a chuva passou. Amanheceu. Um lindo amanhecer. Um sol lindo. Barracas já eram. Material de campo, sapa e intendência espalhado por todo o lado. Melhor por para secar. Comeram alguma comida enlameada. Duas horas o ônibus chegou. – Deus faça com que esta carcaça chegue bem. Chegaram no horário. Dona Mercês correndo – Meu filho! Meu filho! – Mamãe! Sou homem. Veja os outros! Nenhuma mãe fica como à senhora. Guardar tralhas. Cinco dias. Um belo acampamento? Ah! Murphy. É bom aprender. Se alguma coisa pode dar errado vai dar errado!

                 Incrível! Os chefes não acreditavam. O acampamento ficou falado. Comentado em todos os lugares até na escola. Todos queriam saber como foi. Correram lendas, boatos tudo foi contado à exaustão. O Chefe Vadico quando soube das histórias ficou em duvida se seria o acampamento mesmo ou outro.  Nas atas de Patrulha escreveram – O melhor do mundo! Na Corte de Honra quando fizeram a analise todos disseram: - Chefe, por favor, quando vai ter outro igual? É. São coisas da vida. São coisas de escoteiros. Poucos entendem esta meninada de calças curtas ou compridas. Eles são de lascar! Não importa. Murphy? Saibam que os escoteiros adoraram você!