Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A simpática Viúva Dona Eufrásia Mercês Pimenta



Crônicas de um Chefe Escoteiro
A simpática Viúva Dona Eufrásia Mercês Pimenta

                       Há tempos que tínhamos ouvido falar das fantásticas quedas e corredeiras d’água na Serra do sol Poente. Falavam coisas lindas e sempre pensamos em ir lá. Mas o tempo foi passando e nada. Não era tão longe. Disseram-nos que mais ou menos 230 quilômetros. A estação da estrada de ferro ficava distante, e depois mais de 100 quilômetros. Podia até tentar levar as bicicletas no bagageiro do trem e de lá seguir nas bicicletas. Mas seria muito trabalhoso. Todas as quedas d’água e corredeiras diziam ficar nas terras da Viúva Dona Eufrásia Mercês Pimenta. Ninguém sabia dizer como ela era. Poderia ser simpática ou talvez não, pois poderíamos fazer uma viagem atoa caso ela negasse nossa entrada em suas terras.

                     Nossa Patrulha decidiu ir naquele julho de 1956. Onde morávamos o frio já tinha ido, o céu azul e o calor de mais de trinta graus mostravam que faríamos uma linda atividade. A Patrulha não foi completa. Chiquinho arrumou um emprego de ascensorista no novo prédio da telefônica e sair agora seria ruim para ele. Bem ainda restavam os cincos seniores da pesada que decidiram ir. Nosso plano era de dois dias de viagem nas bicicletas, ficar lá cinco dias e voltar. Nove dias total. Dois dias antes da partida deixamos tudo preparado e cada um levou seu material para colocar em suas bicicletas. Tínhamos vários bornais próprios que no bagageiro e no quadro levamos tudo além de nossas mochilas.

                   Na manhã de sábado lá fomos nós. O povo gostava de nos ver passar. As bandeirolas nas bicicletas chamavam a atenção e claro, sempre cantávamos a plenos pulmões quando fazíamos este tipo de atividade. Já nos conheciam. Pegamos a estrada que nos levaria a Nova Estância. Primeira parada. 120 quilômetros. Chegamos cedo. Passamos pela cidade e acampamentos na beira do Rio Paredes. No dia seguinte bem cedinho onde o sol ainda não tinha dado as caras e após um café do Fumanchú que era bom na cozinha lá fomos nós.

                  Ainda não eram cinco da tarde e começamos a subir uma montanha que não dava para pedalar. Empurrando subimos uma boa parte dela e avistamos uma placa que só poderia ser da Viúva Dona Eufrásia. – “Estância da Felicidade”. Bom saber disto. Se fosse verdade a viúva seria uma pessoa amável e não negaria nosso pedido para explorar e acampar naquelas terras de belas quedas e belas corredeiras. Eu mesmo já tinha feito plano de descer em uma numa jangada que iria construir. Adorava estas aventuras. Avistamos ao longe a casa da fazenda. Que beleza de casa! Linda! Parecia aquelas dos filmes mexicanos nos faroestes que assistíamos.

                Chegamos e avistamos na varanda uma mulher que só poderia ser ela. Alta, loira, magérrima, uma boca enorme com poucos dentes e cariados. Lembrei-me dos desenhos do Popeye. Era parecidíssima com a Olivia Palito! Mas falar o que ali? Precisávamos de autorização. Estávamos em terra estranha. Ela mandou subir. Vinte lances de escada até a varanda. Ao lado dela dois homens com cara de mau. Não nos apresentou. Depois ficamos sabendo que eram jagunços dela. Estranhei a mulher. Ela não tirava os olhos do Romildo. Era nosso Monitor. Não estávamos entendendo nada. Ela mandou sentar. Olhava para o Romildo como se fosse comê-lo vivo! – Voces podem ir passear onde quiserem. Este moço fica comigo!

               E agora? Fazer o que? Dona, disse o Fumanchú, ele é nosso líder. Sem ele não dá! – Ela nos olhou de cima em baixo, virou para um dos jagunços e disse – Leve-os até a saída da fazenda. Se não forem embora nada que uns tiros não resolvam. Meu Deus! Que enrascada era aquela? Todos nós tremíamos de medo. Romildo tremia mais ainda. Lá fomos nós sem o Romildo. Na porteira de saída os jagunços tiraram os revolveres. Saímos em disparada. Na curva paramos. O que fazer? Israel disse que devíamos esperar. Romildo a noite daria um jeito de fugir.  Assim fizemos duas da manhã, estávamos acordados a beira de um fogo e eis que ele chegou gritando – Montem! Pé na taboa! Os jagunços estão atrás de mim.

             Olhe levamos menos de um dia e meio para chegar em nossa cidade. Que aperto meu Deus! Romildo não quis contar nada. Com muito custo contou uma parte. A Viúva disse que gostou dele. Não iria mais deixá-lo ir embora. Só morto! Mesmo ele dizendo que era menor de idade, tinha família e nada. Levou ele para o quarto. Romildo não contou o que aconteceu lá. A gente imaginava. Conseguiu se mandar quando ela roncava e como roncava. Pena que nossa atividade deu em nada. Para não perder tudo que preparamos fomos até Derribadinha. Lá podíamos acampar a vontade nas Terras do Seu Machado.

             Um dia quando crescer em volto lá. Disse o Romildo. Irei com voces. Seremos seis homens feitos. Não posso ficar sem visitar aquelas terras cheias de cachoeiras e corredeiras! Pensei comigo. Ele vai sozinho nessa eu não entro mais e garanto que ninguém da Patrulha vai! Mas fiquei em duvida. Duvida mesmo. Ou será que Romildo gostou da Viúva Eufrásia Mercês Pimenta? Ninguém nunca ficou sabendo. Sei que ele casou com Marilda uma linda morena do bairro dos Pimentas! Risos. Nada disto. Nada a ver com a viúva! E depois não me digam que isto não são coisas de escoteiros? Risos.

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