Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

domingo, 28 de julho de 2013

A carta prego em ação. O tesouro do condor – Um jogo inesquecível.


Crônicas escoteiras.
A carta prego em ação.
O tesouro do condor – Um jogo inesquecível.

                      Faltava pouco menos de meia hora para o encerramento da reunião de tropa. Estávamos em reunião de patrulha, a pedido do conselho de monitores, para discutirmos, sugerir e ver como deveria ser o Grande Jogo cujo programa anual marcava a sua execução para o próximo mês de outubro. Era uma tradição e nunca o deixamos de realizar. Olhos de Peixe havia sido transferido para nossa patrulha, a menos de cinco meses, ele tinha vindo de um grupo da capital do estado, mas se incorporara como se fosse o mais antigo. Enquanto discutíamos, ele deu uma sugestão que achamos excelente. Toda a patrulha votou a favor.

                     Na reunião do sábado seguinte, ficamos sabendo que a Corte de Honra havia aprovado e foi uma alegria geral. Nós tínhamos uma ideia do jogo, mas sabíamos que o Chefe Jessé iria melhorar, e claro, dar uma grande “pitada” de aventura. Uma semana antes da nossa atividade, recebemos duas cartas pregos, uma para ser aberta no dia do jogo, as 06 as da manhã do dia do jogo e a outra no campo, após o inicio do jogo, que seria sinalizado por grandes rolos de fumaça que avistaríamos de onde deveríamos estar localizados.

                      Sabíamos e era ponto de honra, só abrir as Cartas Pregos no dia e horário determinado. Isto não tinha discussão e nem era discutido! Recebemos também quatro bandeirolas amarelas, e a lista de materiais a ser levado: – lanche para um dia, cantil, um par de bandeirolas de semáforas, uma bússola silva, quatro bastão, uma machadinha, um facão com bainha, uma faca mateira. Não olvidar de levar três lenços sobressalentes (lenços do grupo), estojo de primeiros socorros, uma lona para chuva, meias reservas, reserva financeira para duas passagens de ônibus. Como cada um de nós tinha o seu bastão foi alertado para não nos esquecermos de levar.

                    Todos deveriam estar preparados para uma atividade movimentada e para isto levar um calçado adequado. Claro, não direi o que passei na semana anterior, na espera deste grande jogo, que seria o meu primeiro na patrulha. Dormia e acordava pensando no grande dia. Às seis horas da manhã em ponto, a patrulha já estava a postos, na praça próximo ao ponto de ônibus e abrimos a primeira carta prego.

                   Gostaria de esclarecer que a Patrulha Águia, era composta de sete escoteiros, eu (Zé bolinha), Pinga Fogo, Zé Colmeia o monitor, Fu Manchu, Olhos de Peixe, Picolé o sub e Pé de Bode (só apelidos para preservar os nomes). Todos primeiras e segundas classes, ou seja, uma patrulha bem “escolada”.
Dizia: (a Carta Prego)

1)     – Vocês devem tomar o ônibus de Carirí, que irá passar as 06h25min, descer no ponto final. Ali pegar a Rua das Flores, ir ao seu final. Lá encontrarão uma estrada carroçável, segui-la por 2 km (deve ser marcado com o passo duplo). Após orientar pela bússola e tomar o rumo ENE, mais ou menos 67,5 graus, percorrer mais 800 metros, atravessar um pequeno córrego com águas límpidas e boa para beber.
2)     Segui-lo no sentido nascente por 200 metros e montar o campo assim especificado: - em forma de pontos cardeais (um x) com mais ou menos 15 metros de uma ponta a outra e vice versa. Colocar em cada ponto um bastão com uma bandeirola amarela, (o bastão deverá ser fincado no máximo com um palmo de fundo). No meio do x, ficará o totem de patrulha, colocado na mesma maneira. Devem fazer um pequeno cercado de 2 x 2 metros usando madeira do campo e cipó. Mais tarde saberão para que.
3)     – Ao inicio do jogo, as demais quatro patrulhas também estarão como vocês, como o campo armado e idêntico em algum lugar próximo. Fora da vista.
4)     – Aguardem o inicio do jogo, que pode demorar de uma a duas horas. Fiquei em posição de alerta e mantenha um escoteiro de vigia.
5)      
Nada mais dizia. Sabíamos que as outras patrulhas estavam nesta hora fazendo o mesmo. Aguardamos uns bons setenta minutos e eis que vimos de um morro próximo, rolos de fumaça, com o sinais de “O jogo já começou – guerra”. Abrimos imediatamente a segunda carta prego e ela dizia:

1)     - Vocês devem colocar os lenços presos pelo cinto, (proibido amarrar) somente dois palmos para dentro da calça, e defenderem como puderem as quatro bandeirolas em volta (amarelas) e principalmente o totem que se for tomado vocês todos morrem perdendo o jogo.
2)     – Se defendam das outras patrulhas para não perderem o lenço, pois assim serão considerados mortos e devem receber ordens do “matador” que irá conduzi-lo para o campo de prisioneiros.
3)     – Cada patrulha tem um campo próprio e cercado que fica no centro próximo do bastão totem, para no caso de fazerem prisioneiros.
4)     – O objetivo do jogo é defender as bandeirolas e principalmente o totem e ao mesmo tempo ir aos demais campos de patrulha e fazerem o que eles vem fazer com vocês.
5)     – A patrulha que conseguir mais vidas (tirar os lenços), tomar as bandeirolas ou ter o maior numero de bastão totem, é a ganhadora.
6)     É proibido – Lutas, brigas, palavrões (olhem a lei escoteira) e discussões inúteis;
7)     É aceito – Qualquer tipo de truque, força (sem denegrir imagem), ou qualquer situação a ser criada para ganhar o jogo.
8)     O jogo terá a duração de seis (seis) horas, a contar do sinal de o Jogo já começou – guerra. O sinal de fumaça “O jogo já terminou – paz” determina a paralisação imediata do jogo.
9)     Lembrem-se, vocês devem proteger o seu campo e também atacar os demais. Como fazer e o que fazer fica para o conselho de patrulha resolver.
10)  Estaremos toda a chefia em local privilegiado, vendo vocês através de potentes binóculos. Onde veremos qual a patrulha mais esperta e a mais não tão honesta! (naquela época não havia telefone celular, se fosse hoje, seria proibido.).
11)  Boa sorte Patrulhas da Tropa Mafeking!
12)   
Começamos o jogo. Seu desenrolar foi o esperado. Muitas surpresas, muitas alegrias e até um pouco de confraternização.
COMPLEMENTO
Foi um jogo para nós escoteiros. O final deixo por conta de cada um pensar quem ganhou. Quando passei para os seniores fizemos novamente o mesmo jogo, desta vez em dois dias. Bem mais difícil.

Vejamos:
1)     – O jogo foi aplicado em dois dias. Cada patrulha ficou acampada junto a sua base, portanto o material a ser levado foi acrescentado de 3 refeições e barracas. Tudo isto levado por nós seniores em mochila e saco próprio.
2)     – Foi preparado um mapa do tesouro com sua localização e cada patrulha recebeu uma copia. O mapa foi picotado em tantas partes quanto forem os bastão com bandeirolas e colocado em sacola própria amarrado a estes.
3)     – Para se localizar o tesouro, é necessário pelo menos que 3 bandeirolas sejam tomadas. Assim pode-se ver onde está escondido. Só a chefia sabia onde estava. Estiveram lá antes do jogo.
4)     – No primeiro dia, a tomada de bandeirolas só foi até as 18 hs. A partir deste horário até 08 horas da manhã seguinte, o jogo foi interrompido. Tudo isto é claro com sinal de Morse e em alguns casos por semáforas ou fumaça. A chefia decidia.
5)     – O segundo dia foi reservado para a busca do tesouro. Só para as patrulhas que conseguiram o mapa ou parte deste. As que não conseguiram ficaram em seu campo até o final do jogo. Uma programação especial foi preparada com antecedência pela chefia. Eles, os chefes não gostavam de ociosidade no campo.
Prefiro não comentar quem foi campeão. Só posso afirmar que todos conseguiram parte do mapa. Foi uma surpresa o tesouro. Seis canivetes suíços e para o segundo lugar um belo corte de picanha e um lombo de porco para um churrasco. Os segundistas fizeram um belo e delicioso churrasco para todos o que atrasou em mais de 3 horas o retorno à sede, mas com grande confraternização.
Foi um Grande Jogo e alguns anos depois repetimos novamente.

Eu sou parte de uma equipe. Então, quando venço, não sou eu apenas quem vence. De certa forma termino o trabalho de um grupo enorme de pessoas!

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