Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O menino Escoteiro cujos sonhos o vento levou!


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
O menino Escoteiro cujos sonhos o vento levou!

(esta é uma história de ficção, qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais é mera coincidência).

              Era uma tarde “rabugenta”. Uma pequena garoa caia desde as primeiras horas da manhã. Naquela rua sem graça, molhada, escorregadia, quem passasse ia ver naquela casinha de varanda simples um velho sentado, vestindo um pijama azul e sobre suas pernas uma manta cheia de distintivos escoteiros. Se observasse melhor veria que era um velho de cabelos brancos, cacheados, pele enrugada, os olhos fechados como se estivesse dormindo. Vovô Teobaldo dormitava. Sua mente, entretanto estava viva. Não parava de pensar como nosso mundo nos deixa de vez em quando triste e muitas vezes nos falta ação para continuar a sorrir. A mente do Vovô Teobaldo voltou no tempo. Naquela manhã de domingo. Estava lendo um livro no seu quarto quando foi à cozinha beber uma água gelada. Ele gostava. Uma das suas manias.

             Na sala, sentados na poltrona estava Nininha, sua neta de oito anos e lobinha, Maninho, seu neto de doze anos e Escoteiro e em pé ao lado Landinho o neto mais velho de dezesseis anos e escoteiro Sênior. Vovô Teobaldo se assustou. Eles estavam chorando. – O que foi? Interpelou. – Vovô, meu Vovô querido, vão acabar conosco! – Acabar como? Vão fechar nosso grupo Escoteiro! – Calma isto não vai acontecer. Conheço o Chefe Mauricio. Ele nunca faria isto. – Não é ele Vovô, são os outros! - Outros? – Olhe Vovô Teobaldo, ontem na escola minha amiga Joaninha que é lobinha do outro grupo me deu uma cópia de um artigo que ela copiou de seu tio, Chefe Escoteiro. No artigo dizem que vão acabar com nosso Grupo! – Onde está este artigo? Ela entregou para ele. Ele sentou em outra poltrona e leu.

                - Era um comunicado da outra organização. Informava aos seus sócios das providencias que estavam tomando para processarem todos os que não estivessem do lado deles. Claro, um direito sem sombra de duvida. Mas ali estava escrito que eles não podiam ser chamados de escoteiros, de lobinhos, de pioneiros, de chefes, não podiam dizer a promessa Escoteira, estavam proibidos de usar a Lei Escoteira, de comprar livros deles, pois tinham registrado tudo na organização deles. Quem usasse seria processado. E terminava com uma lista dos processos que já foram abertos. Vovô Teobaldo se assustou com aquilo. Ele já sabia que isto estava acontecendo. Infelizmente os meninos que entraram naquele e em outros grupos que não eram da organização, sonharam com o escotismo. Nunca se preocuparam se eram de outra organização. Achavam que todos eram irmãos. Fizeram promessa, as leis que seguiam eram do fundador Baden Powell. Agora diziam que eles eram dono de tudo! Eles choravam copiosamente.

                 Vovô Teobaldo ficou triste. Maninho em lágrimas perguntou – E agora Vovô! Minha promessa não vale? Não posso mais ser chamado Escoteiro? Pensei que era um nome mundial. Até pesquisei e vi que tem muitos que o usam. Nas estradas de ferro chamam de locomotiva sozinha de Escoteira. Vovô, eu gosto de ser escoteiro. Não quero mudar de grupo. Eu amo onde estou. – Vovô Teobaldo não sabia o que dizer. – Landinho o Sênior também chorava. – Vovô! – ele disse. Tenho sete anos no grupo. Fui lobinho, Escoteiro, e agora sênior. Meu passado não vai mais existir? Olhe Vovô, o Senhor lembra. Eu sonhava em ir ao Jamboree deles. Não deixaram. Mesmo o Senhor indo conversar com o Comissário deles foram inflexíveis. O Senhor lembra-se disto. E olhe Vovô como sonhei em ir lá e conhecer tanto jovens como eu! O Senhor sabe Vovô, nós temos muitos amigos lá. O tal comissário já foi no grupo deles falar que deviam ficar longe de nós. Mas somos da mesma cidade. Do mesmo colégio. Somos amigos Vovô, não importa onde estamos!

                  A noite chegava mansa e gostosa e a garoa continuava. Um frio gelado soprava com a brisa noturna. Vovô Teobaldo pensava. Mundo difícil. Mundo de expiação e provas? Mundo mutante? Mas eram escoteiros, afinal não dizem que são amigos de todos e irmãos dos demais? Será que vale só para eles? Mas não eram só eles, os outros também. Dirigentes que não se entendiam. Ele sabia que de ambos os lados não havia adultos anjos. Gastavam fábulas com processos só para ver o outro lado no chão. Vovô Teobaldo pensou se Jesus de Nazaré viesse a terra para ser o juiz da contenda o que iria resolver? Ia falar que devemos amar a Deus sobre todas as coisas? Ou quem sabe lembrar a palavra do seu pai, que dizia que devemos amar ao nosso próximo como a nós mesmos? Que diria Jesus de Nazaré? Vovô Teobaldo não sabia o que dizer. Não teve palavras para consolar seus netos. Lá em cima, entre os homens fortes de cada organização só havia ataques, defesas, direitos e deveres de ambos os lados. E os jovens? E a sua neta lobinha? O que seria dela? Nunca iria perdoar os adultos que fizeram isto. Afinal é culpa dela?

                   Vovô Teobaldo dormia. Alí. Naquela cadeira em seus sonhos rezava. Rezou muito. Rezou pelos homens, pela sua promessa que eles um dia fizeram. Prometeram pela sua honra, cumprir seus deveres para com Deus e a pátria. Ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião e obedecer à lei do Escoteiro. A lei. Ora a lei. Seria só deles? Baden Powell doou tudo que fez para eles? Ah! Jesus. Deixe que eles conheçam melhor suas palavras. Não foi o Senhor quem disse que devíamos amar nossos inimigos, que devemos fazer o bem para aqueles que nos odeiam. Que devemos abençoar aqueles que nos amaldiçoam, rezar por aqueles que nos maltratam. E Jesus só você mesmo para dizer a eles, pois eu não posso – “Se alguém te bater no rosto, ofereça a outra face”.

                   Vovô Teobaldo acordou na sua varanda altas horas da noite. Todos já haviam ido dormir. Não havia mais chuva. Não havia mais garoa. Uma brisa gostosa e refrescante soprava em sua face. No céu uma lua enorme. Rechonchuda, iluminando o céu cheio de estrelas. Lá, muitas delas brilhantes pareciam escrever no céu azul, em letras grandes, enormes – Pai perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem! Vovô Teobaldo foi dormir. Sorria. Sabia que tudo se resolveria. Afinal Jesus de Nazaré não disse que “o que queres que os homens façam por ti, faça igualmente por eles”? “O amor é tudo”

“Ame seus inimigos, faça o bem para aqueles que te odeiam, abençoe aqueles que te amaldiçoam, reze por aqueles que te maltratam. Se alguém te bater no rosto, ofereça a outra face”.
Jesus de Nazaré

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