Conversa ao
pé do fogo.
Chefe, eu só quero
viver o meu sonho Escoteiro!
Ei Chefe! Posso lhe dizer uma
coisa? Eu gosto muito de você, mas pode me fazer um favor? Devolva-me meu sonho
Escoteiro. Eu sei que você luta por nós, que você trabalha por nós. Eu sei que
você também sabe o que nós queremos. Como eu não sei Chefe, pois você nunca nos
perguntou. Mas Chefe, eu não quero saber se tem Congresso, se tem Assembleia.
Chefe! Fique você lá, mas me deixe fazer o que sempre sonhei. Não sonhei em discutir
pontos de vista, se faço assim ou assado, se faço o certo ou errado, não sonhei
em ser alguém da liderança, pois isto não é esperança de quem vai fazer o
escotismo sonhado. Não sonhei em fazer cursos ou mesmo colocar uma medalha em
mim. Se o senhor meu amado Chefe tiver nosso lenço ou outro qualquer para mim
não importa querido Chefe. Eu sei que você gosta de cantar que um dia lá
voltarei. Chefe sabe o que eu quero? Eu quero viver o que dizem, quero sentir o
vento nos cabelos, quero sair por aí correndo pelas campinas, atrás das asas
ligeiras das borboletas azuis.
Eu quero Chefe viver aventuras
incríveis. Eu quero dormir na barraca, meses e anos sem fim. Quero subir em
árvores imensas, descer por um cordel encantado que só eu saberei fazer. Quero
ter minha mochila, levar o que eu quiser, quero ter o meu cantil, minha faca
Escoteira e meu cabo preso em mim. Saiba Chefe que meu sonho é ser um
aventureiro, como aqueles famosos escoteiros, que dizem ser bons mateiros,
explorando florestas, dormindo sob as estrelas, bebendo água da fonte, encontro
nascentes nos enormes picos que escalarei. Vou fazer uma jangada, e o rio irei
descer. Lá na curva do Boi Bravo, junto à patrulha querida a jornada vai
continuar. São tantos sonhos meu Chefe, que eu não paro de pensar. Já pensou eu
imitar o Tarzan? Pulando na corda querida nas matas que encontrarei.
Chefe não me leve a mal, eu gosto
da bandeira hasteada lá na sede aonde vou eu adoro vê-la subir aos céus. Mas
ela é bem mais bonita se estiver arvorada naquela linda castanheira na beira de
um riacho qualquer. Uma árvore com um galho, usando meu cabo solteiro, amarro
como pioneiro uma lança vou jogar. E quando estiver no alto, uma volta eu
darei. Então virarei um soldado para minha bandeira hastear. Não é tão lindo
meu caro Chefe? O vento a soprar na campina, pássaros em bancos no céu. E olhar
minha bandeira, vento forte vento amigo desbravando minha terra. Meu sonho meu
caro Chefe, é sair com meus amigos, patrulheiros de ideal, pegar um quadrante
na estrada, virar para qualquer azimute, escolher qualquer direção. Pode ser um
sudoeste, seguir a trilha ligeira, descobrir novas estradas, descobrir um mundo
novo. E se achar o local ideal ali nós vamos acampar. Chefe meu amigo, quero
fazer meu almoço ou meu jantar, quero acender um foguito, e não ouvir seu
apito, e na chama que usarei, minha refeição eu farei. Sei que ela meu caro
Chefe, vai ser supimpa demais. E olhar meus companheiros olhando com avidez
seus pratos cheios, comendo a comida que eu fiz.
Por favor Chefe, vá fazer seus
cursos, aprenda bastante técnica, pois dela é que precisamos. Esqueça aquela
palestra, pense que é disto que eu gosto, nada moderno. Para que querido Chefe!
Se na escola querida, em minha casa amada eu tenho tudo isto? Uma duas três
quatro reuniões seguidas na sede. Ufa! Chefe! Eu já cansei. Que demora meu
amigo Chefe, tanto tempo na bandeira, uns com sono quase caindo vendo o senhor
falar. Sei que o senhor não tem culpa, aprendeu com outros assim, mas não é
isto que eu quero. Eu quero meu amigo Chefe, gritar “madeira” e vê-la cair ao
chão, como bons desbravadores que um doa eu quero ser um. Cortar em toras
pequenas para fazer meu fogão. E no meu tempo livre, vou fazer um lindo
pórtico, cheio de entretantos e lá de cima gritarei; - O mundo agora é meu! E
sempre a correr bem ligeiro, sorrindo para a passarada que voam em volta de
mim. Já pensou querido Chefe, uma boa trovoada? Aí vem a chuvarada! Que susto
nós vamos levar, mas Escoteiro não se aperta, minha capa eu coloco e deixa a
chuva cair. E quando a noite chegar, a patrulha já preparou um lindo jogo
noturno. No meio do mato escuro, pintado de preto eu estou. Vou roubar vidas
dos amigos que ali estão sorrindo vou ser um índio ou um soldado qualquer.
E no dia de ir embora, vou despedir das
estrelas, vou olhar para o céu e dizer: Hoje vou cantar, sorrir, vou ser ator e
farei do meu Fogo de Conselho o melhor que já fiz. Pois é Chefe, nesta hora tão
singela, vou chorar Chefe com a canção que vamos cantar. Uns dizem que não é
mais que um até logo, outros dizem que tão logo em volta do fogo vamos de novo
nos ver. Chefe, eu não quero saber se o Totonho foi eleito, se ele está
satisfeito com o cargo que conquistou. Eu quero meu amado Chefe é fazer escotismo,
um escotismo aventureiro, quero subir em cordas, fazer pontes enormes,
atravessar o rio fazendo um comando Crow. Quero fazer um balso pelo seio, um nó
de evasão dos bons e descer de um pulo a árvore que subi. E lá no alto meu Chefe,
vou construir um estrado, pois vai ser o começo do ninho de águia que vou
construir. Olhe meu Chefe amigo, nada farei sozinho. Nossa equipe é famosa. Tem
um Monitor um sub um aguadeiro. Tenho um enfermeiro e um construtor, e não vai
me faltar na hora, uma faca ou machadinha, um facão para eu usar. Pois ali está
outro amigo da patrulha, meu amigo intendente que vai me ajudar.
Chefe chega de reunião de sede. É
lá no campo que eu vou e olhe, eu vou para ficar. Deixe-me seguir o vento, nos
meus bons acampamentos, excursões e viajar. Eu quero sair por ai, sem saber
aonde ir. Quero descobrir novos rumos, quero subir montanhas, quero seguir os
vales, andar a cavalo e correr. Quero pegar uns peixinhos, que depois de bem
fritinhos, eu vou comer. Confie em mim eu já sou um menino homem, não é assim
que devo crescer? Quero fazer o que sonho, correr aqui e ali, construir coisas
incríveis, e no alto da montanha enviar para o senhor meu abraço cordial usando
a minha bandeira e na fumaça aduaneira minhas palavras vou levar. E se
necessário à noite o Morse que vou usar, vai cruzar todos os montes, e lá ao
longe além do horizonte o senhor vai descobrir. Cansado meu caro Chefe, a gente
então vai dormir. Pode ir Chefe para seu seminário escoteiro, traga prá nós Escoteiros,
uma nova maneira de sonhar. Sonhos que só se realizam se pisarmos no chão e
acreditar.
Aventuras chefes, grandes
aventuras. Vamos sair por aí, sem fila de algibeira, vivendo uma vida mateira
nas grandes distancias a percorrer. Vamos dormir nas barracas, vamos seguir
trilhas, vamos pular o rio, e lá no alto da montanha, eu vou sorrir bem
contente, ao ver ao longe tantas coisas bonitas que fiz. E então meu amigo
Chefe eu direi: - Eu sou Escoteiro agora, do jeito que eu pensei. Eu ando, eu
pulo eu corro bem ligeiro. Agora sou bom mateiro, nada vai me impedir. Portanto
Chefe acredite em mim, este é meu escotismo e o senhor sabe que pode confiar em
mim!
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