Lendas
Escoteiras.
Um
sonho para ser feliz!
Olhei pela janela e um pé de
vento passou por mim. Era um sinal para pegar uma carona. Já tinha colocado meu
uniforme, meu chapéu de abas largas meu lenço e meu cantil. Até cantava a
canção que dizia que meu chapéu tem três pontas. Soube que um Chefe cantava
dizendo que tinha três bicos. Não importa. Corri até o quarto amochilei a
supimpa às costas peguei meu bastão encantado e parti. O pé de vento ia longe.
Pedi carona a uma poeira que passava e ela sorriu dizendo: - Suba, aqui tem um
lugar para você. A noite toda sonhei com o Vale da Felicidade. Queria entrar e
Pintas Silgo diziam que só uniformizado. Procurei a Borboleta dourada e ela
sorriu. – Procure na terra dos anciãos para uma autorização. Não perguntei
onde, eu sabia que a vida é o nosso bem mais precioso, é tão forte e é capaz de
mudar o mundo. Eu queria ser feliz, mas não era? Eu sabia que os momentos em
nossas vidas são mágicos e cabe a cada um de nós, deixa-los mais marcantes.
Na esquina da esperança
encontrei o pé de vento. Ele não se fez de rogado. Suba se acredita que isto o
fará feliz e que irá fazer alguém feliz a carona é sua. Escoteiro, ele disse: -
Todos nós estamos à busca do mesmo sonho. Muito amor, amizade, paz, esperança,
afeto tudo porque pensamos que assim seremos felizes. Embarcamos no vento sul e
partimos para Sudoeste. Era lá que iria encontrar os anciãos para me autorizar
a entrar no Vale da Felicidade. Eu acredita que curtir o que de melhor a vida
oferece seria como viver o ultimo dia de nossa vida. Eu sabia que a vida é
curta e seu caminho é longo. Já me contaram que às vezes precisamos aprender a
sorrir, chorar, amar, sofrer e a renascer. Só assim poderíamos chegar em nossos
sonhos. Não foi um poeta quem disse que o ontem passou e o amanhã talvez nunca
chegue?
Ao passar em uma constelação
brilhante e cheia de luzes coloridas o pé de vento naquele espaço infinito
gritou para mim: - Pegue três estrelas, coloque no bolso da vida. Se a lua
passar não deixe que ela se vá. Use seu cabo trançado e a leve com você. Lá na
esquina do espaço sideral salte e siga no rumo da constelação zodiacal. Vais
encontrar os anciãos que poderão lhe dar permissão ou não. Fui em frente.
Estava equipado. No bolso três estrelas, na mochila guardei a lua. Se
encontrasse o sol ele iria me acompanhar, pois sempre foi meu amigo nas
andanças e caminhadas que fiz por aí. Se precisasse de barraca o céu estaria à
disposição. Se a chuva viesse eu seria Escoteiro para dizer: Bem vinda, as
plantas agradecem. Como se fosse uma nau sem rumo o pé de vento me soltou e
rodopiei no ar caindo sem perceber em um novo universo cheio de brilho e
faíscas que me lembravam as noites de inverno à beira de uma fogueira em um
acampamento qualquer.
Avistei ao longe a Montanha dos
Sete Desejos. Linda, maravilhosamente atraente para qualquer Escoteiro
sonhador. Passou por mim uma nuvem branca em forma de amor. Saltei e ela me
conduziu ao destino que tinha escolhido. Era lindo demais. Não podia ser uma
miragem ou uma visão incompleta do que pensava ser a felicidade. Como se
materializasse em minha frente, uma senhora de idade indefinida, trazida quem
sabe pelo vento, de extraordinária beleza, cabeços prateados em coque, sorriso
maravilhoso, um lenço azul brilhante preso por um anel dourado e com o colar da
Insígnia me olhava docemente. Em sua volta milhares de borboletas coloridas
voavam como se fossem guardiãs e ela com uma voz meiga, simples, sem afetação
me olhou e disse:
- Quer
entrar no vale? Tem maturidade suficiente para dizer – Eu errei? Tem ousadia
escoteira para dizer – Me perdoe? Tem sensibilidade para expressar a todos
dizendo: - Eu preciso de você? Seria capaz de dizer com simplicidade ao seu
irmão Escoteiro: Eu te amo? E por acaso quando errar o caminho saberá começar
tudo de novo? Se for assim sei que é um Escoteiro merecedor, apaixonado pela
vida e assim vai descobrir que ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas
saberá usar as lagrimas para irrigar a tolerância. Usará as perdas para refinar
a paciência. Irá corrigir suas falhas para esculpir a serenidade e quem sabe
vai usar a dor para lapidar o prazer. Se fizer assim se usar os obstáculos para
abrir às janelas da inteligência as portas do Vale da Felicidade estarão
abertas para você!
Foi então que descobri que tudo fora um
sonho. Acordava com o sol a pino em minha barraca no meu acampamento imortal.
Lá fora meus amigos fraternos trabalhavam para limpar o campo, fazer o café, e
espreguiçando ouvi o Lobo Guará ao longe uivando como a dizer: - Escoteiro parte do dia já se passou, mas ainda há muito dia pela
frente. Levante, avante, faça sua boa ação! Se ainda não fez, faça se ainda não
foi, vá! Não deixe para logo ou para amanhã o que você acha que precisa ser
feito, procurado, encontrado. Este é o momento para viver, para ser feliz, não
depois, logo ou amanhã, pois agora você pode, mas o depois ninguém pode
garantir como será. Então agarre o momento, as oportunidades, crie o que não
existe e seja feliz!
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