Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Antonio.


Antonio.

Rio da Prata, outubro de 2016.
Prezado Chefe Manuel.

Faz tempo que queria escrever esta carta. Sempre adiando para amanhã e foi Naninha minha esposa que me encorajou a pegar na caneta e começar. Em principio pensei em mandar um e-mail, mas acreditei que gostaria mais de uma carta com cheiro de tinta, letra pequena papel de linho, para lembrar o passado que o senhor ajudou a construir em minha vida. Sabe Chefe, eu sempre amei meu pai e minha mãe, eles me deram tudo que eu poderia ter em vida. Deram-me amor, tranquilidade e sabedoria. Mas o senhor foi meu segundo pai. O que me ensinaste eu não aprenderia em nenhum lugar do mundo. Ajudou-me a ser amigo, a ser leal, a ser Cortez e antes de tudo a ter honra que naquela época nem sabíamos o que era tal palavra. Foi o senhor quem me disse o que era caráter e eu o levei a sério. Pois é Chefe, nunca esqueço o que me dizia sempre: Escoteiro alguns escolhem seus amigos que julgam perfeitos, meu conselho é escolher aqueles que te fazem bem.

Quantos anos nos vimos pela última vez? Sessenta e dois? Mais? Não me lembro, mas não esqueço. Quantas vezes o senhor nos mostrou o caminho a evitar? Quantas vezes nos alertou do perigo e das estradas falsas, trilhas espúrias que devíamos contornar? Quantas vezes me chamou altas horas da noite para me incentivar a sorrir e aprender que a vida vale a pena e que devemos respeitar o mundo do outro. Lembra aquela noite no Pico do Condor? - Nunca esqueci - Escoteiro nunca implore carinho, atenção e amor. Se não for dado livremente, não vale a pena ter. Chefe o senhor tudo fez para que tivéssemos a união perfeita na patrulha e na Tropa. Sempre dizia que todas as riquezas do mundo não valem um bom amigo. Quantas e quantas vezes nos incentivava a fazer fazendo, dizendo que os calos e o sangue que brotava nas mãos ao construir uma mesa, não era mais que um aprendizado para o futuro? Explicava que nem tudo são rosas formosas e devíamos evitar seus espinhos para entender o seu encanto.

Foi o senhor Chefe quem me despertou para a simetria a harmonia e a imponência da natureza. Mostrou-me a força das estrelas e do universo, me fez sentir o cheiro da terra nas matas que passamos me fez ouvir com perfeição o canto dos pássaros, me fez ouvir o som do vento a soprar na imensidão das campinas como ondas verdes do mar. Lembra Chefe quando eu avistei uma nascente de águas cristalinas na subida da serra, uma sede atroz e o senhor sorriu. Cantou baixinho uma canção e disse: Escoteiro, tudo na vida tem sua hora e seu lugar. Desanimar não é o que precisamos para vencer. Quando você acredita que uma coisa é impossível, você a tornará impossível. E foi então que naquele momento sublime o senhor sussurrou baixinho: Sorria Escoteiro! Deus acaba de ter dar um novo dia e coisas extraordinárias podem acontecer, se você crer!

Chefe, eu teria muitas coisas para lembrar e dizer o quanto sou grato ao senhor. Eu sempre agradeço a Deus por iluminar o meu caminho e colocar o senhor no leme da minha jornada. Depois que o conheci e que fui Escoteiro, minha vida tem sido marcada por realizações diárias, que às vezes não dou o devido valor, mas eu sei que graças a Deus e ao Senhor eu agradeço muito por tudo que fez por mim. Saiba Chefe que está sempre em todos os momentos da minha vida. Não sei se ainda está aqui ou nas graças de uma estrela brilhante no céu. Hoje fazendo minhas horas extras de uma existência, nunca esqueço quando me ensinou que a dor me faz mais forte, o medo mais corajoso e a paciência um sábio. Pois é Chefe, se não fosse o Senhor não seria nada do que acredito ser.
Obrigado Chefe.
Antonio.  

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