Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Um sonho escoteiro distante.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Um sonho escoteiro distante.

            Tenho muitas histórias para contar. Histórias que vivi, histórias que sonhei, histórias que criei na minha mente imaginativa pensando que um dia as pudesse viver. Mas pensando bem o que são histórias? Dizem os mestres que história é uma palavra de origem no antigo grego “historie” que significa “conhecimento através da investigação”. Que ela é uma ciência que investiga o passado da humanidade no seu processo de evolução. Então é isto que eu venho a escrever?

             Alguns mais chegados, que não tive a honra de apertar a mão escrevem vez ou outra que elas são contadas na seara das suas reuniões, dos acampamentos dos fogos de Conselhos e nas tardes de chuva ou em algum lugar onde estão os jovens escoteirando. Já ouve um que contou maravilhas das apresentações em fogo de conselho onde a meninada se esbaldava a representar o que o velho Chefe contou. Alguns não dizem se os jovens gostaram outros alardeiam que minhas histórias sempre tem apetite demais entre aqueles mais afoitos que vibram como escoteiros. Acredito pois seria cruel duvidar.

              São poucos que comentam dizendo o que acharam, tem muitos que curtem e tem aqueles “anônimos” que leem e não se dão a conhecer. Houve um tempo que os famosos lideres em suas hostes escoteiras me deram a honra de ler e comentar. Naqueles velhos tempos eu costumava responder, mas o tempo foi passado e achei melhor me calar. Nem sempre sou bem interpretado. Ser malcriado, gritar aos ventos, subir na burra do cata-vento não ajuda a convencer ninguém. Imito Gandhi e outros tantos que acham que na paz podemos chegar lá.

                Dizem por aí que me acho um Bipezinho fardado de caqui. Não esquento a cuca. Se for o tal é conhecer o escotismo então eu sou mesmo um Baden-Powell esquecido nas suas memórias. Mas e dai? Gato molhado pula prá todo lado reclamando da água que levou. Más quá, como diz o mineiro, até onde pude chegar ou vou chegar algum dia? Necas que não sei. Se hoje na minha idade nunca fui convidado para mostrar o escotismo na sua realidade, pelos plantões do momento na liderança, eu sei que a verdade o convite fica na saudade. E bem dizia a minha patroa: Falar o que? Com esta tosse de arriba tu não dá mais prá gargantear.

                 Antigos adestradores, agora chamados de formadores, e alguns amigos que foram investidos como Mestres professores escoteiros não seguem minha cartilha. Ela é quadrada, destoada da mecânica original. Eles têm o rumo, tem a trilha pronta e a minha faz parte de um passado que não volta mais. É... Um caminho perfeito. Se sentem bem dando o que sabem a nova safra que amanhã irá despedir e ficar no anonimato escoteiro. E eles rindo leve e solto continuam no poder. O caminho está feito. Se a estrada tem asfalto de segunda classe e vai se deteriorar a elite escoteira não está nem aí. Discutir jamais. Não sou Jesus Cristo, mas poderia dizer: Baden-Powell, será que eles sabem o que fazem?

                 Engrosso a xarada e me pergunto. Sou história ou estória? Dizem que a diferença é que história é baseada em documentos ou testemunhos, e estória é baseada em elementos fictícios. Ops! Então eu sou estória, sou ficção. Meu escotismo não pode existir no entardecer da nova era, do novo escotismo, na ilusão de quem já foi não é mais. Perguntei a alguns especialistas escoteiros se o termo estória é isto mesmo. Responderam em unicidade que a palavra história sim é o certo.  Ela descreve relatos baseados tanto em fatos verídicos como fictícios.

                  É mesmo. Ainda fico na duvida se sou verídico ou fictício. E o tal fundador que um dia disse que ninguém tem interesse em ouvir ou pedir sugestões aos que passaram dos seus sessenta anos. Ele na porta de sua morada, olhando o Kilimanjaro ria e completava: - Afinal o velho escoteiro viveu uma vida, passou por trilhas de obstáculos, aprendeu como contorná-las e os novos resplandecentes dirigentes não querem entrar nesta seara. Tateiam como profetas a fazer um novo escotismo que um amigo meu chama de neo-escotismo. Olalá! Dou risadas porque ainda não sei o que é neo-escotismo.  

                   Enfim, vou passeando no teclado minhas letras como se fosse um “apanhador nos campos de centeio”. Dizem que a maioria das pessoas que ficam de cara amarrada, ou não sabe sorrir ou tem um sorriso pavoroso. Upalalá! Antigamente eu achava meus chefes inteligentes, me achava um burro junto deles. Afinal eles eram dirigentes, bons de bico, bons de fornada, lideram a escoteirada que não sabe reclamar. Fico na minha, quando as pessoas sabem um bocado do que dizem, a gente leva um tempão para descobrir se a gente é que é burro ou elas que são!

                   Há coisas que a gente não deve discutir e melhor deixar do jeito que está. Tem hora “Entonce” que dá vontade de chamar o sujeito, enfiá-lo em uma barraca de duas lonas em noite de chuva e dizer: Dorme no molhado e se convença que seu caminho não leva ao sucesso. Mas é perda de tempo. Sei que setenta anos escoteirando e setenta e seis vivendo não é tão mal assim. Afinal o sol só aparece quando cisma de aparecer. E o engraçado mesmo é que a gente quando diz alguma coisa que ninguém entende eles sorriem dizem adeus e fazem exatamente o que eles querem. Que coisa sô!


                   E chega por hoje. Vou vivendo e ficando na beira do caminho, pois já sou historia ou será que é estória? Seja o que for não desisto. Desta água eu já bebi e vou beber prá sempre. Para mim não tem chuva no molhado, vou bicando aqui e ali e quem sabe um dia a porteira do Seu Jeremias irá abrir sem ranger ao puxa empurra? Que Baden-Powell me ilumine e me dê forças. Graças a Deus!

Nota de rodapé - Eu ia escrever uma história. Quem sabe bonita, que cativasse meus leitores a dizerem coisas lindas sobre o que escrevi. Mas comecei a escrever e cheguei à conclusão que devia falar outra coisa. Afinal se eu não aceito meu passado do jeito que ele é não terei futuro neste mundo. Eu sei que mesmo não tendo inimigos que é preciso muita coragem para enfrentar alguém que se diz ser meu amigo.  Ainda piso em aguas revoltas. Até onde o meu escotismo que acredito irá chegar?

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