Crônicas de um Velho Chefe
Escoteiro.
Meu Escoteiro e meu Lobinho são o
“Cara”
- O Presidente Obama usou esta expressão para definir o
Presidente lula há alguns anos passados. O “cara” poderia significar que ele
era o homem certo, o líder, o motivador etc. – Tenho lá meus motivos para dizer
que naquela época Obama ainda não conhecia por dentro o presidente lula. Mas
meu artigo não é para denegrir ou elogiar o ex-presidente. Meu tema é
escoteiro. Quem afinal não tem em sua tropa ou alcateia, aquele jovem ou aquela
jovem que mostram serem os melhores que os demais? Os mais interessados, os
mais dedicados? Acho que quase todos que ficaram ou estão à frente de uma
sessão tem alguém assim.
- Eles são os primeiros a chegar à sede e os últimos a
sair. Nos acampamentos, acantonamentos, atividades extra sede ç[a estão eles
com seu equipamento individual, bem uniformizados e sorrindo. Não reclamam são
bons estudantes e os pais os consideram filhos modelos. As vezes a gente pensa
que eles nasceram com o “Espírito Escoteiro”. São o exemplo e o orgulho em
qualquer situação. Claro, desejaríamos que todos fossem assim, mas sabemos que
isto não acontece.
- Porque os demais não são do mesmo jeito? Afinal o
programa é o mesmo para todos e se uns poucos se destacam não seria coerente
que os demais fossem assim também? Se fosse verdade teríamos uma tropa ou uma
alcateia considerada elite e facilmente o objetivo a que nos propomos fosse
alcançado mais facilmente. A realidade sabemos é outra. Temos aqueles que perderam
o interesse, faltam às reuniões, chegam atrasados e sempre tem uma desculpa
para explicar o porquê não são como aqueles outros, ou seja, “O Cara”!
- Dizem que um dos maiores problemas que enfrentamos é o “filho
do Chefe”. Considero o “Filho do Chefe” um caso a parte. É o mais prejudicado
por ser cobrado a dar o exemplo do pai e esses exigem dele mais que os outros.
Cobram o tempo todo, dão sorrisos mostram fotos aos amigos e vizinhos quando
conquistam alguma insígnia, distintivo e isto é sinal de festa em família.
Sempre dizendo ao rebento: Você é um escoteiro ou lobinho, a promessa para é
ponto de honra, deve ser sempre o melhor para mostrar que puxou aos seus pais.
- Conheci muitos casos assim. Via no jovem uma revolta silenciosa,
mesmo mostrando o prazer aos seus pais de tudo que esforçou para conquistar.
Sei que muitos pais pensam diferentes, agem diferentes, mas a maioria não. Já
vi casos de muitos que entraram para o escotismo para ficar ao lado deles
muitas vezes prejudicando seu crescimento já que pretendemos dar a eles um
caminho a seguir quando chegar a hora da decisão do livro arbítrio que um dia
irão tomar.
- Tive quatro filhos no escotismo. Sei bem como é. Por ter
tido uma vida escoteira independente dos meus pais, deixei-os seguir com os
outros aprendendo fazendo caindo e a se levantar sem minha ajuda. Aceitei suas
escolhas e quando muito dava uma palavra de estímulo. Conheci e conheço pais
que agem dando livre arbítrio ao Chefe, sem menosprezar ou reclamar do modo como
ele está sendo tratado. Muitos quando cresceram tiveram oportunidade de reconhecer
seus chefes independentes da maneira que seus pais pensavam a respeito.
- Não é tarefa fácil manter o “filho do Chefe” em uma
sessão escoteira quando os pais querem o melhor para seus filhos esquecendo que
os demais merecem ter o mesmo tratamento. Vai chegar o dia que ele o jovem vai
tomar suas decisões e se ele aprendeu assim no Movimento Escoteiro melhor para
ele. Livre arbítrio não é fácil de ser interpretado e realizado. Se os Chefes
não estão devidamente preparados para agir nestes casos sempre acontecerão dissidências,
conversas truncadas que nunca serão benéficas para os filhos.
- Quando temos o “cara” em nossa sessão e os demais não
são, acredito que o Chefe não está ainda devidamente preparado para conduzir a
todos de uma maneira igual. Vemos muitos saindo seja o jovem seja o adulto por
que não houve entendimentos entre um e outro e isso quem sabe é falta de
maturidade e vivencia na condução dos jovens na sessão. Não sei se este tema
vez ou outra é comentado nos cursos de hoje em dia. Uma boa prosa em uma
dinâmica de grupo costuma dar grandes resultados.
Em um grupo
escoteiro somos uma grande família, onde todos olham por todos independentes da
linhagem e da idade que nascemos e vivemos. Ter o “Cara” e não ter os demais
com a mesma chama escoteira é hora de parar, pensar, raciocinar onde estamos
errando. Muitos Grupos Escoteiros conseguem alcançar o caminho para o sucesso e
outros não. Não é o que eu acho que importa, é o que todos nos achamos, do lobo
ao Presidente do Grupo.
- Entender os motivos, conversar, trocar ideias, aparar
arestas é função do Chefe e muito mais do Diretor Técnico. Um Conselho de
Chefes cujas reuniões são feitas em um clima de fraternidade e compreensão, sempre
dão resultados cujo benefício irá servir para todos os participantes. Aprender
a ouvir e calar muitas vezes é o caminho para evitar uma discussão inútil e
tola que não leva a lugar nenhum.
Nota - “De todas as lutas” e mágoas que enfrentamos na
vida, sempre nos será mais fácil falar das que já vencemos de há muito, cujas
lições já aprendemos e nos reconhecemos melhorados, do que relatar fatos
recentes, quando as emoções ainda permanecem a descompassar nossos corações
carentes de aprendizagem e de mais equilíbrio.
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