Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
A experiência
serve para que?
Nota – Dizia um padeiro
da minha terra que quem não sabe fazer a massa não sabe fazer o pão. Muitos
dirigentes escoteiros hoje em dia se meteram na padaria escoteira sem saber
fazer a massa e estão metendo os pés pelas mãos.
Um famoso pedagogo e
pensador respondeu assim: - Para muito pouco. Só que o pouco para qual ela se
presta é muito importante. E completou: - “Experiência é aquela coisa
maravilhosa que lhe possibilita reconhecer um erro quando você o comete de
novo”. Como ele eu acredito em experiência. Acredito em erros e acertos. E
completou dizendo, ou melhor, lembrando B-P que o erro seja o pai dos acertos.
Experiência é como escrever um livro. Você vai juntando as palavras e quando vê
está tudo completo.
Temos hoje dezenas de novos lideres
fazendo experiências no escotismo. Mais de trinta anos e até hoje pouco
resultado. Ou melhor, tem sim, aparecem mais e mais adultos para fazerem novas
experiências. O escotismo é uma fonte enorme para muitos aventureiros que
acreditam mesmo que tudo precisa mudar. Fecham-se em seus “ninhos” de poder e
com um sorriso nos lábios vão apresentando suas novas ideias, que não são mais
que copias de outros que assim também pensaram e escreveram.
Francamente, eu não bato
palmas para estes que se intitulam lideres e lá vão a fazer das suas. As fontes
do poder é um prato cheio para eles. Fazem de tudo para ter o poder, ser mais
um da corte, quem sabe sorrir por saber que agora pertencem a casta dos Lordes
Escoteiros. Adoram e depois começam a alardear suas ideias. Não são sugestões,
pois eles já tem tudo definido. Como não existe uma punição para seus erros já
que ninguém irá cobrar no futuro eles se sentem prestigiados. Falam bonito.
Quem os houve ou lê fica admirado ou pasmo porque ainda não tinham pensado
nisto.
O tempo de escotismo me faz pensar diferente e
não me empolgo. Afinal já vi tantas coisas nesta minha vida que nada mais me
surpreende. Mas caramba! E a experiência deles? Porque não exigimos certezas e
não dúvidas, resultados e não só experiências? Tudo bem. B-P já dizia quem
nunca errou nunca experimentou nada novo. Divirto-me quando leio Marisa Martins
em seu blog – “Existem pessoas que tem o cérebro “menor” do que uma formiga, a
boca maior do que um elefante, e ainda se acham os Reis da Selva”!
Joaquim aquele português
bonachão dono da padaria da esquina nunca foi Escoteiro. – Chefe Osvaldo, eu
digo sempre para o padeiro: Quem não sabe fazer a massa não sabe fazer o pão.
Estamos cheios de aprendizes de padeiro nas lideranças Escoteiras. Tratam seus
associados como “vaquinhas de presépio. Não consultam, não fazem pesquisa, não
são transparentes e nem reconhecem quando deu tudo errado. E mesmo assim lá
estão eles com suas propostas incríveis para fazer do escotismo brasileiro um
orgulho nacional”.
É triste quem se acha dono
de tudo, dono das ideias. Esquecem que as pessoas têm sentimentos, constroem
sonhos, criam laços e não sabem que um dia o que acreditaram não existe mais. O
tempo passa, o Escotista desestimula, põe seu boné e lá vai ele para nunca mais
voltar. Eles irão guardar os momentos mágicos que passaram com sua garotada. Nada,
além disto, a não ser a decepção de pensar que poderia ter sido diferente. Vez
ou outra encontra alguém, fala do passado e hoje no presente passa longe do que
se acreditou ser uma filosofia de vida para sempre.
Sou um Velho Chefe
Escoteiro calejado já vi coisas do arco da velha. Dou-me ao luxo de desaprovar,
censurar e condenar tais lideres que para mim não sabem “fazer a massa e querem
fazer o pão”. Posso falar de cátedra. Já fui um dirigente regional, nos tempos da
diligencia e participei diretamente de muitos Indabas para consultar ou ouvir
as duvidas levantadas pelos participantes. Fizemos acampamentos regionais e cursos
à maioria gratuitos. A luta era para conseguir doações e não para fazer caixa.
Quantas correspondências enviamos? Quantos parabéns a você? Quantas cartinhas
perguntando: - Porque saiu? Podemos ajudar? Estas mudanças, estes sorrisos de
vencedores nas fotos quando eles se reúnem me dói fundo. Sei que não o futuro
que sonhei dificilmente irá realizar.
Não sou um amador. Vivi o
escotismo como muitos como eu desde menino. Lutamos para manter o simbolismo e
a tradição. Hoje não, agora só doutor, pedagogos, copiadores do mau escotismo
em alguns países aonde vão a buscar suas experiências para aplicar às cobaias
de um escotismo que tenta se levantar e não consegue. Quando digo isto muitos
se revoltam. Mas revoltar por quê? Quem nos reconhece como um movimento
educacional na sociedade Brasileira? Quem nos dá o valor devido nas esferas
governamentais e empresariais? Uns gatos pingados.
E lá estou eu neste
dia ainda sombrio, retornando de minhas viagens de sonhos, imaginando o
impossível que ainda tenho dois braços não tão fortes e duas pernas que ainda
andam com dificuldade sem menosprezar Caio Martins. Mas a verdade é outra. São
recordações que vagueiam a mente no passado e no presente. São boas lembranças
que nos faziam felizes, momentos inolvidáveis e inesquecíveis. Se pudesse ter o
dom de voltar atrás e decidir estes momentos que vivem na memória eu não
mudaria uma vírgula que fosse. Mesmo que as reticências do presente assim o
exigissem. Meu passado me ensinou sim, pois aprendi que “Quem não sabe fazer a
massa não sabe fazer o pão”.
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