Lendas Escoteiras.
Finalmente Polaco Escoteiro entrou na Tropa Sênior!
Prólogo: O dia do Sênior passou. Teria eu de escrever sobre esses
bravos escoteiros? Fui um deles por quase quatro anos, rodei Brasil. Rodei em lugares
nunca antes imaginados. Com esse conto homenageio a todos os seniores do Brasil.
Nada demais apenas uma passagem de Escoteiro para Sênior. Uma rota Sênior? Um
juramento? Uma mística que poucos conheciam? São meus convidados para conhecer
a historia.
Polaco estava fazendo a Rota Sênior. Sabia que não tinha saída, ele
teria de deixar sua Patrulha Gaivota que tanto amava. Afinal quando a Akelá
disse a ele que teria de fazer a Trilha Escoteira ele também chorou. Deixar os
lobos? Deixar a terra onde a Alcatéia de Seeonee se reunia? Não diziam que os
lobos pertenciam à casta dos Povos livres? Mas não lhe deram opção. Chegou na
Patrulha Gaivota chorando. Os patrulheiros lhe deram um abraço e uma nova vida
começou. Amou aquela patrulha. Daria a vida por ela se necessário. Dois anos
depois com a saída de Turuna o Monitor ele foi eleito no lugar dele. Fizeram
aventuras incríveis. Acampamentos fantásticos, excursões nunca esquecida.
Tentou chegar a Lis de Ouro e não conseguiu. Mas não se arrependeu. Tinha mais
de cem noites de acampamento sem considerar as aventuras Escoteiras com seus
cavalos de aço nas estradas adjacentes da cidade.
Fazia
a Rota Sênior por fazer. Não se ambientava com os seniores e as guias. Elas
então? Ele não era namorador. Achava que as meninas atrapalhavam e nos seniores
elas e eles estavam juntos na mesma patrulha. O grande dia chegou. Foi uma
passagem simples, seca, sem amor, sem nada para marcar o dia. Entrou na nova
patrulha Antares e ficou ali pensando se devia continuar no escotismo. Houve
sim uma despedida da Tropa, abraços alguns deixaram lágrimas rolar e as dele
foi em maior quantidade. Uma festinha foi organizada, ele não sabia, mas a
Antares liderou. Comes e bebes para escoteiros não colocar defeito. Uma
reunião, duas, nada de novo no front. Muita conversa e pouca ação. Duas semanas
depois recebeu um e-mail do Chefe Tornado. – Gostaria de trocar umas ideias com
você! Dizia. Posso ir na sua casa? Ou se achar melhor pode ser na minha?
Estranhou. Um Chefe agindo assim?
No
caminho da casa do Chefe Tornado ele ficou pensando o que seria. Claro que
sabiam da sua apatia pela patrulha pela tropa. Para ele um faz de conta com
muita discussão no Conselho de Tropa que roubava muito o tempo que teriam para
uma atividade de sede. Tocou a campainha e o Chefe Tornado o recebeu com um
enorme sorriso. Entre! Obrigado por ter vindo! A esposa dona Lorraine um amor
de pessoa. Conversaram por mais de uma hora. Ele falou mais que o Chefe. Contou
como era a Tropa, seus acampamentos, suas pioneirías, seus jogos noturnos e
grandes jogos escoteiros. Chefe, eu não vejo isto nos seniores. Chefe Tornado
sorria e não disse nada. Em dado momento Polaco parou. Chefe! – Porque me
chamou aqui? Chefe Tornado sorriu de novo e explicou o motivo – Polaco,
conversei com os monitores, o assunto foi levado ao Conselho de Tropa. Eles
acharam que você estava pronto!
Chefe! Pronto de que? – Olhe
Polaco, você é bem considerado por todos os seniores e guias. Quando souberam
da sua rota queriam fazer uma surpresa. E olhe que dificilmente isto acontece
com os novos que chegam, mas você não, você estava preparado para assumir o
seniorismo com todo amor e alegria. Assim você foi convidado para fazer a
Passagem dos Cavaleiros! – Polaco ficou surpreso. Calma meu amigo disse o Chefe
Tornado. É um ritual próprio onde só os seniores mais valorosos podem participar.
Não posso lhe contar, pois se não o que você vai viver não teria valor. Eu lhe
pergunto: - Você aceita participar do Ritual do Santo Graal? – Olhe Chefe, não
sei o que é isto, mas se é um convite do senhor aceito! – Ficamos combinados,
sábado iremos na Van do Chefe Norton até o Morro do Quilombo. Lá iremos direto
a Gruta do Fantasma. Será lá sua passagem. Prepare-se!
Polaco passou uma semana cheio de emoção. Ninguém no sábado demonstrou
surpresa. Antes de entrar na Van o monitor lhe entregou uma bata negra e ele a
vestiu. A viagem foi tranquila com a cantoria de sempre dos seniores. A Van
ficou estacionada em um sítio próximo. Às sete da noite iniciou-se a subida.
Quase duas horas de caminhada. Ele não conhecia a Gruta do Fantasma. Um frenesi
lhe corria e pipocava pelo corpo. Tudo foi preparado dentro da gruta. Quatro
archotes foram acesos e as lanternas apagadas. No centro foi colocado uma
mesinha de camping. Em cima dela uma Bandeira da Tropa, uma do Brasil, um
cálice que diziam ser sagrado e uma pequena espada de metal. Polaco lembrou-se
das lendas Arturianas e dos Cavaleiros da Távola Redonda. – Jamilson o Monitor
gritou alto para ele: - Você está preparado Polaco, aceita participar do Ritual
do Santo Graal? Não tinha saída. Aceitou sim. Algum em seu corpo vibrava. Uma
sensação que nunca tinha sentido antes. Todos colocaram o Capuz Negro e em
círculo Jamilson disse ao Chefe: - Ele está pronto Chefe! – Podemos fazer o
juramento sagrado da patrulha: - Todos de mãos abertas, esticadas para frente
aguardaram Polaco ficar no centro do círculo.
- O
Chefe Tornado falava alto com ele. Sério e compenetrado pediu que repetisse o
juramento: - “Que todos saibam, hoje e sempre, que prometo por tudo que é sagrado,
amar, aceitar e respeitar os meus amigos da patrulha, honrar sua historia,
morrer se preciso para que seu nome seja conhecido pela coragem e abnegação.
Farei prevalecer à verdade, hoje e sempre! Podem saber que seremos fortes como
os touros que habitam o lago azul da vida. Que os ventos do Norte, que os
ventos do Sul, que os Ventos do Leste e que os ventos do Oeste tragam a chama
da liberdade, da honra e da palavra ao nosso coração.”. A emoção tomou conta de
Polaco. Logo o Chefe Tornado pediu para ele se ajoelhar. Colocou a espada na
cabeça e nos ombros ritmicamente e completou dizendo: Você Polaco agora
pertence não só a patrulha Antares como a Tropa Sênior Estrela Negra. Honre seu
nome por toda a vida! “Vamos beber na fonte dos deuses o sonho que nunca vai
terminar, vamos juntos jurar fidelidade e amor entre nós, nada e nem nunca irão
separar”! – Com o cálice, bebemos essa água sagrada, colhida na fonte dos
amigos inseparáveis!
Polaco
estava emocionado demais. Nunca pensou que ser Sênior seria assim. Marion a Sub
Monitora lhe mostrou um manuscrito da Tropa Sênior escrito em latim em letras
grandes que ele não entendia sob a pele de um carneiro. – Vou traduzir para
você disse Marion: – “Lá, onde o vento sopra forte, onde a Estrela Negra mora,
encontrarão a felicidade nos seus desejos”. A cerimonia terminou com uma farta
distribuição de comes e bebes. Todos levaram sua parte e a parte de Polaco. Ele
sabia que de agora em diante seria Sênior para sempre. Sorria, cantava com
todos. Até o Chefe Tornado sorria e lhe ofereceu um cálice de vinho piscando um
dos olhos: - só este meu amigo Sênior. Seja bem vindo, saiba que todos nós
estamos orgulhosos de você!
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