Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Trans, LGBT e a liberdade de escolha.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Trans, LGBT e a liberdade de escolha.

- Não é minha praia. Sou um leigo e aprendiz escoteiro. Sei que nesses novos tempos são temas discutidos nos meios sociais, religiosos e me parece em todo o mundo moderno. Costumo ler tudo que me cai em mãos, mas sinceramente estou fora da jogada. Não discuto minhas opiniões ao tema em questão ficam restritas aos mais próximos e mesmo assim tomo cuidado no que vou dizer. O mundo inteiro discute o movimento gay, os transexuais e outros que ficaram apegados a sua crença no seio das famílias cristãs ou não. A nova identidade está aí presente no seu vizinho ao lado, na família do seu amigo, no rádio na TV e nos jornais. Inclui-se aí o ateísmo agora bem mais aberto já que a democracia nos autoriza a pensar e escolher o que desejos acreditar e ser.

Há alguns anos o Escotismo teve que aceitar discutir tais peculiaridades. Nos Estados unidos a Boy Scout of America, uma organização escoteira conservadora, ainda admitindo em seu seio somente escoteiros do sexo masculino abriu no ano passado a entrada do sexo feminino. Ela mantinha sua decisão de recusar a afiliação de gays e afins como membros da entidade. A Corte Suprema americana considerou preconceituosa e contrária aos direitos de igualdade. A decisão trouxe o tema da homofobia a tona e isto provocou polemicas. A imprensa comentou que para a Boy Scout este combate ao preconceito está previsto na própria Lei Escoteira (?).

O Berço do Escotismo nascido na Inglaterra vitoriana também liberou a participação da comunidade LGBT ao escotismo. Lá, no entanto não houve celeuma por parte dos seus associados e a aceitação foi normal. Considerando a França, a Alemanha, Portugal e outros países onde o escotismo tem força na sociedade, não vi nada que surgisse uma discussão do tema em pauta. Queira ou não o assunto corre célere no Escotismo mundial onde existe a democracia. No Brasil a Escoteiros do Brasil solapa levemente a aceitação conforme sua ultima publicação e o que está inserido em seu Manual de Identidade Visual. Li rapidamente esse manual. Sempre sou um “soy contra” de muitas ações da EB.

Bem, não sou uma sumidade e nem um emérito conhecedor do que acontece em outros países onde se adota a filosofia de BP a participação ou discussão sobre os Trans e LGBT. Entretanto a Escoteiros do Brasil arrumou um celeuma com sua publicação sobre os Trans, criando o dia da visibilidade do Movimento Trans. Os comentários foram diversos. Os a favor e os contra. Não vou comentar os dizeres da Associação Mater do escotismo brasileiro. Os mais fervorosos contras são os mais idosos, os religiosos que ainda carregam em seu seio e sua família o Tabu de não aceitar mudanças no que eles chamam de identidade escoteira, principalmente no artigo da 10º Lei do Escoteiro... “O Escoteiro é limpo de corpo e alma”. Sem tentar analisar a lei, a maioria dos cristão não aceitam esta discussão que para eles não tem cabimento na Seara do Senhor.

Pelo sim pelo não, recolho-me ao silencio neste tema. Não tenho experiência para explorar e ou aconselhar. Queira ou não me considero um preconceituoso, com tabus adquiridos no seio familiar e mesmo compreendendo os direitos e deveres de cada um prefiro não defender ou atacar. Ainda sou aquele Velho Escoteiro cheio de crendice, onde não me passa a ideia de mudar mesmo sabendo que é um pensamento ou uma luta inglória, pois não há como fugir da realidade. No fundo mesmo eu vejo certos direitos na maneira de pensar e agir. Nunca serviria para ser herói, dirigente escoteiro e ter que aceitar decisões da maioria nestes temas que aqui apresento. Nasci em uma família cristã, contra certas liberdades cujos direitos são fatos consumados.

Não me passa pela cabeça até mesmo o movimento escoteiro misto. Acredito na liberdade de cada um fazer e participar do escotismo, mas vejo o sistema de patrulhas de forma diferente de muitos. Meninos e Meninas deveriam ter liberdade de ação e atuar em suas patrulhas livremente. Não me passa em sã consciência uma Patrulha cheia de trejeitos, maneiras femininas ou masculinas principalmente aquela que acredito na formação do caráter, ética, honra e outros mais. Claro que discutir se o outro lado não poderia atingir tais metas prefiro não discutir. Às vezes penso entre recônditos do meu pensamento que se tivéssemos patrulhas com escoteiros e escoteiras separadamente atuando na metodologia Badeniana, não importando a raça, credo ou escolha individual poderíamos atingir o que sempre queremos na formação do jovem. Cada um deve ser livre para escolher o seu destino. Não cabe no meu modo de entender fugir do método de BP para introduzir temas aos escoteiros que muitos não estão preparados para tal.

Pensando bem nos esquecemos dos pais. BP quando trouxe o escotismo para o mundo definiu que somos um movimento de colaboração com os pais a escola e a religião. Não substituímos, não somos os responsáveis pela total educação formal de cada um. Somos uma pequena parte do todo. Quando houver unanimidade de pensamento entre os pais dos escoteiros e escoteiras sobre os temas atuais aí sim quem sabe podermos entrar nesta seara, deste que seja feito uma preparação e com objetivos definidos. Aquele Chefe que levou seus jovens a Parada Gay acredito ter tido a autorização dos pais e com finalidades de conhecer e saber quem são eles. Eu nunca iria com meus escoteiros a tal tipo de parada, mas aceito que outros o façam.

E nos finalmente me apego que tudo é válido deste que os objetivos escoteiros baseados na Lei e na Promessa e no Método Escoteiro de Baden-Powell seja alcançado. Reconheço que cada escoteiro trás de seu lar uma educação já caracterizada e não nos compete alterar ou modificar. O respeito à educação dada pelos pais merece nosso respeito. Muito do que fazemos e realizamos nem sempre são levados em consideração tais fatos no lar do Escoteiro e da Escoteira. Nem sempre para mim os fins justificam os meios. É somente pelos resultados que podemos reconhecer que nosso caminho nossa trilha atingiu os objetivos propostos.

Meus pensamentos aqui colocados são de um Velho Chefe Escoteiro. Desculpe se não me associei a sua maneira de pensar. Postei esta crônica pensando em dar uma satisfação aos meus leitores sobre o que penso sobre o movimento Trans e LGBT. Os pontos de vista de cada um sempre serão por mim aceitos e cada um de nós tem o direito de dar sua opinião. Assim como aceito o Movimento Trans e LGBT reservadamente que os demais aceitem o meu modo de pensar. É meu direito! Obrigado.

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