Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

domingo, 11 de dezembro de 2011

QUANDO OS SONHOS NÃO SE REALIZAM



Quando os sonhos não se realizam

Daqui a alguns anos estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Solte as amarras! Afaste-se do porto seguro! Agarre o vento em suas velas! Explore! Sonhe! Descubra!
(Mark Twain)

Acho que o nome dele era Matheus, não tenho certeza. Mas todos o chamavam de Miltinho, porque não sei. Nunca me disseram. Quem sabe foi seu avô, pois assim era chamado e como ele tinha todo o jeito dele, nada como manter o apelido carinhoso.

Era filho único e com 12 anos já estava no sexto ano do fundamental. Estudava em um bom colégio pago e mesmo não sendo um estudioso por natureza, não tinha por que reclamar de suas notas. Não diferia muito dos jovens de sua idade. Gostava de futebol e sempre que podia, ia para a quadra do colégio bater uma bola com os amigos. Também não era um futuro craque.

Em seu bairro tinha alguns amigos, não muitos. A noite se encontrava com eles para um papo ou até uma brincadeira qualquer. Nos fins de semana nem sempre saia com seus pais. Sempre ia até uma pequena quadra esportiva, próximo a sua casa e lá passava as tardes de sábado ou domingo.   

Seu pai trabalhava como gerente financeiro de uma cadeia de lojas e nunca chegava em casa antes das 9 da noite. Sua mãe, dona de casa era quem mais estava junto a ele no dia a dia. Nunca seu pai o levou para passear nos finais de semana e pouco interessava pela sua vida não perguntando nada quando se encontravam.

Um tarde de um sábado, vindo da quadra de futebol, viu três escoteiros caminhando em sua direção. Já os tinha visto antes, mas não sabia como eram o que faziam e onde se encontravam. Passaram por ele conversando entre si e dobrando a esquina desapareceram como fumaça no ar. Ele ficou ali meditando, meditando e ponderou o que seriam, o que faziam  e resolveu investigar para então tentar participar. 

Comentou com sua mãe sobre sua intenção. Ela não disse nem sim e nem não. Resolveu investigar por conta própria. Descobriu o local onde se reuniam. Era um colégio a oito quadras de sua casa. Foi lá em um sábado. Viu muitos meninos e meninas brincando, correndo e um chefe apitando. Não entendeu muito, mas pelo sorriso estampado no rosto de todos, achou que devia ser bom. Adorou ver todos eles de uniforme.

Ficou ali até ver um adulto de uniforme e perguntou como era para participar. O encaminharam para a sala onde estava o que devia ser o chefão. Ele o olhou de alto a baixo. Perguntou por que queria ser escoteiro. Ele não soube responder, mas disse que queria experimentar. Gentilmente o chefe explicou o que fazia um escoteiro. Suas incumbências, suas atividades e suas responsabilidades quando fizer sua Promessa Escoteira. Explicou o que era a Promessa.

Encantou quando ouviu como eram os acampamentos, as excursões as viagens de longa distancia os acampamentos volantes, as grandes aventuras e a grande fraternidade mundial que sempre se encontra nos Acampamentos Nacionais, Regionais ou Distritais.

Emocionou-se ao saber o que era um Jamboree e não conseguia imaginar mais de 10.000 escoteiros reunidos e acampados em um só local. Ficou sabendo de um tal General Inglês que foi o fundador. Soube que mais de 150 países possuíam grupamentos escoteiros.

Pensou que seria bom pertencer a uma patrulha. Jogar com eles. Tomar decisões, vida em grupo imaginou. Já imaginava ter seu distintivo, fazer sua promessa, mas logo acordou do seu sonho, pois era apenas narrativa do Chefe para ele. Precisava tomar uma serie de providencias antes de sua aceitação.

Recebeu uma ficha de inscrição que devia ser preenchida pelo seu pai e sua mãe. Tudo bem. Ele foi para a casa sonhando acordado e quase se perdeu no retorno, tomando um rumo desconhecido.

Entregou a ficha a sua mãe. Com o pai achava difícil de falar, não se entendiam bem. Quando a noite chegou viu o barulho do carro de seu pai. Estava chegando do trabalho. Um comprimento seco, um banho, o jantar e logo foi para a sala ver o jornal da noite na TV. Já estava desistindo. Sua mãe se aproximou e sussurrou para o pai o desejo do filho. Entregou a ele a ficha de inscrição para sua assinatura.

Ele a principio não estava entendendo. Riu e veio falar com ele. Parabéns disse agora você escolheu bem. No próximo sábado irei com você até lá para conversar com o responsável. Ele não acreditou no que o seu pai dizia. Seu pai então o levou até seu quarto (o dele) e tirou de dentro de uma mala antiga, um uniforme de escoteiro um lenço vermelho e branco e o chapéu e o presenteou. Era o seu quando jovem. Participara por 4 anos. Fora monitor e primeira classe. Mudaram de cidade, onde foram não havia grupos. Mas ele não tinha esquecido.

Sempre pensou em colocá-lo em um Grupo Escoteiro, mas não sabia onde e ele não tinha se manifestado a respeito. O tempo foi passando e ele se esqueceu de tudo. O trabalho o absorvia muito. Pediu desculpas ao filho. Disse que iria apoiá-lo e acompanhar em todas as situações que se fizessem necessárias.

Foi um dia mais feliz de sua vida. Foi para o seu quarto e colocou o uniforme na cama. Ficou ali a admirá-lo. Não se conteve. Vestiu a camisa, colocou a calça curta, devagar colocou os meiões. Olhando no espelho colocou o lenço. Ainda não sabia como colocar. Como gravata ou mais longe do pescoço. Viu que o uniforme era grande para ele. Não se importou. Achou que era o máximo. Quando colocou o chapéu ficou aparvalhado. Estava lindo, assim o achava. Ele riu alto!

Durante a semana o vestia todos os dias. Olhava-se no espelho e sonhava. Era como estivesse fazendo a promessa, acampando, junto a novos amigos, vivendo em uma patrulha e ele contava nos dedos o dia em que iria participar pela primeira vez. Seria no sábado, seu pai ficou de ir lá com ele. No sábado, logo que o dia amanheceu, acordou e foi até a janela. Sorriu para o sol e fez sua oração matinal agradecendo a Deus pela oportunidade.

Saiu de casa para contar a novidade a um amigo e sua alegria em entrar para um Grupo Escoteiro.. Ao atravessar a rua, foi pego por um carro a toda a velocidade, fugindo da policia que vinha logo atrás. Foi arremessado à grande distancia. Ficou inconsciente.

Levado ao hospital ficou em coma 2 meses na UTI. Saiu do coma, mas sem movimentos no corpo, ficara paraplégico.

Durante um bom tempo não lembrou mais de seus sonhos. Agora eram outros. Pensou que com o tempo seus movimentos voltariam, ele não desanimou e o tempo passou. seis anos depois ele sentiu seu pé direito. Depois seu corpo sentia formigar.  Agora sua luta era outra.  Um novo sonho. Sempre acreditou que felizes os que sonham, mesmo que não possam realizar os vôos. Quando um sonho precisa ser realizado, alguém tem de acreditar que ele pode ser realizado. Seu futuro agora era outro...

O fim da historia fica para outra oportunidade.

E quem quiser que conte outra...

O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.
Soren Kierkergaard

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