Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O MEU ÚLTLIMO VERÃO, OU MELHOR, EU DORMI SOB AS ESTRELAS!



O meu último verão, ou melhor, eu dormi sob as estrelas!

Não existe o último verão, queira ou não ele volta sempre. Sei que alguns gostam mais da primavera e poucos do inverno. Eu gosto do inverno. Gosto da chuva fina, do capote sobre os ombros, da manta protegendo minhas pernas, da varanda de minha casa, vendo a chuva molhar o asfalto, ouvindo música suave e esperar o entardecer. Falando nestes termos me lembrei de um pequeno poema de Cássia Vicente:

NUANCES DO ENTARDECER
Venha! Venha depressa! Veja o céu multicolor, envolvendo as nuvens, desenhando o entardecer!

Não, não é isto que pretendia escrever. Hoje pensei diferente. Na palavra nuance. Usada muito por nós para definir o belo no escotismo. Mas pensei com meus botões, e os jovens? Eles estão fazendo acontecer para quando crescerem terem belas lembranças das suas nuances do passado? Bem pensando assim, quem sabe posso sugerir aos chefes de sessões escoteiras uma atividade para ser lembrada por toda a vida? Não sei se me meto em seara alheia. Sempre tem alguém a dizer – "Chefe" isso não se usa mais, é antigo. Hoje fazemos diferente. Bem que seja, mas como sou um "Velho" teimoso, comento uma linda atividade que por várias vezes fiz no passado.

DORMIR SOB AS ESTRELAS! Você já dormiu? E os seus jovens? Já dormiram? Olá, não é dormir sob barracas. Não e não. E deitar, colocar os braços sobre a cabeça e olhar o céu. Sentir as estrelas se aproximando de você. Ver uma estrela cadente passar e fazer um pedido! Sentir o ir e vir dos satélites brilhantes! Conquistar em seus sonhos as Três Marias, a beleza de Andrômeda, ver bem pequenininha a Cassiopéia, o Cruzeiro do Sul, o Centauro, ah! Como é belo o nosso céu. E ver a noite passar sem nada ter passado. Sentir lá no fundo do coração a beleza de viver.

Um dia, faz tempo muito tempo, eu tive a felicidade de ver rostos vermelhos, sorridentes a fazer tudo isso. Vinte e seis meninas sonhadoras, em seus uniformes laceados por sonhos. Uma atividade aventureira! Isso mesmo! Planejamos tudo. Eu, um pai, um "Chefe" Escoteiro e três chefes femininas. Iriamos sair da sede às oito da noite. Ônibus, uma hora de viagem e entrar em uma mata de eucaliptos. Mata fechada. Todos levavam no bornal lanche para a manhã do dia seguinte e o almoço.

Ao descer do ônibus, a felicidade era completa, em cada olhar o sonho da aventura. Vinte e seis mocinhas cheias de esperanças em busca de uma atividade aventureira que marcasse para sempre. Embrenhamos na mata. (eucalipto), uma trilha fechada. Muitas vezes precisava-se do facão. Elas, ainda amadoras na arte do corte, se divertiam. Chefes não iam à frente. A atividade era delas. Mas nossos olhos estavam atentos. Como estava tudo programado a cada um quilometro percorrido um "Chefe" Escoteiro sem ninguém ver se embrenhava na mata e fazia um ruído diferente, na escuridão da noite. Elas paravam. Olhavam, perscrutavam o horizonte, nada, o que seria? E a jornada continuava.

Sabíamos imitar um macaco-aranha, Um besouro cinzento acasalando, a cigarra cantando, uma onça pintada procurando uma caça, ou mesmo um grito da coruja no limiar da noite. Uma batida em uma árvore como se fosse um código de espiões do mar, o balançar forte de um galho e para terminar, dizíamos, “Estamos perdidos” não sei mais onde é o caminho. Elas se divertiam. Algumas com medo, mas juntas naquela fila indiana em uma floresta incrível, elas imaginavam ser uma Bandeira a procura das pedras verdes de Fernão Dias Paes e assim o medo desaparecia.

Cansadas, algumas com sono, procurávamos uma clareira e ali, com lonas (as pretas, baratas, 4x4 duas para cada Patrulha), forrávamos o chão, cada uma agarrada à outra, jogavam a outra lona por cima e olhavam o céu estrelado! Nunca menos de seis quilômetros de jornada. Quem não tinha cantil levava uma garrafinha plástica com água. Tudo bem planejado. Cada uma sabia quando beber, quanto comer.

Na escuridão da noite (lanterna só quatro com a chefia) o piar de um pássaro noturno, um "Chefe" Escoteiro contava maravilhas do universo estrelado. Logo estavam todas dormindo! E o alvorecer! Lindo! Maravilhoso! A passarada cantando e ao longe um barulho do vento nas árvores frondosas. Uma nesga de sol aparece entre as flores e folhas verdes daquela floresta inimaginável, cuja lembrança ficaria marcada para sempre. Para o resto da vida. Um café preparado pela chefia o lanche no bornal e pé na taboa que atrás vem gente.

Mais alguns quilômetros um lindo riacho cantava sem parar, levando suas águas límpidas e serenas para um rio que saudosamente se desaguaria no mar azul do infinito. Refrescar os pés, quem sabe um banho um almoço gostoso tipo Pic Nic (todos juntam suas rações em uma só) e partir novamente. Em um entroncamento da estrada, lá estavam os pais ansiosos, já previamente combinados, para levar a todos a sede onde a aventura seria contada por sábados e sábados inesquecíveis.

Uma jornada noturna. Bem preparada. Planejada. É uma atividade que marca profundamente nossos corações. Faça uma, planeje, não faça por fazer. Pense nos jovens, o que eles gostam, procure ideias, treine outros chefes, mas olhe, meu conselho é fazer com poucos. Só uma tropa. Seja mista ou não. Não coloque seniores/guias com escoteiro-escoteiras. São idades diferentes. Aventuras diferentes. E por favor, não é uma atividade para lobinhos!

E boa jornada! Que fique marcada para sempre e que cada um dos participantes possam contar para seus filhos o dia que mundo mudou. Que as nuances aconteceram, que o escotismo marcou sua vidas. E você sabe a cada ano a maneira de contar vai aumentando. Tanto que muitas vezes duvidamos se aconteceu tudo aquilo que narramos! Risos. E como o jogo do “buchicho” onde no circulo o primeiro dizia – Lá ao longe, pegamos o trem e ele nos levou para o horizonte azul! E chegará no último – Lá no inferno o trem se danou! Risos.

E boas atividades aventureiras! Que todos possam dizer com orgulho – EU DORMI SOB AS ESTRELAS!

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