Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 2 de março de 2012

DEVERES PARA COM DEUS


                          
                                                  DEVERES PARA COM DEUS

“Sentia dores tremendas nas mãos, nos pés e no coração”. Sua visão desanuviou-se, e ele viu a coroa de espinhos, o sangue a cruz. - Os velhinhos decrépitos que o chamavam de covarde, desertor, eram de mentira. Tudo eram ilusões enviadas pelo Demônio. Seus discípulos estavam vivos e com saúde. Eles partiam em viagens pôr terra e mar, a fim de proclamar a Boa Nova. Tudo acabara como devia, louvado seja Deus!
- Então Jesus deu um grito triunfal: Está consumado!
- E foi como se tivesse dito: Tudo está começando!
Nikos Kazantzakis

O “Velho“ Escoteiro olhava-nos como a perscrutar a alma escondida dentro de nós. Eu sabia que ele não era um religioso nato, mas quando se tocava no assunto seja pôr outros ou por ele mesmo, a seriedade era a tônica da discussão. Para ele não havia meios termos. Era tudo ou nada.

 - Nossa Promessa diz que temos que cumprir nossos Deveres para com Deus, portanto ou somos ou não somos - Dizia o “Velho“ Escoteiro. O Escotismo não pode admitir “Ateus”. A Religião é essencial para a felicidade, são palavras de Baden Powell (BP).

A filha do “Velho“ Escoteiro participava do nosso “tete a tete“. Ela, já na meia idade, formara-se em Engenharia Civil e era a Presidente da empresa onde o “Velho“ Escoteiro dedicou toda sua vida profissional.

- Olhe papai – Ela dizia. Nosso mundo hoje nos dá uma visão nova da religião. Cada um imagina o seu “próprio Deus”. Desde que sejamos retos em nossos ideais iremos alcançar o que todos esperam após a morte. - É possível filha, é possível - quem falava era a Vovó. Mas como podemos preparar nossos filhos sem o exemplo? - Deixá-los escolher quando forem adultos não é uma maneira correta. Dizer para eles como é o seu “Deus” também é muito difícil. Só quando pequenos podemos formar e ensinar de onde viemos e para onde vamos.

- Correto mamãe, mas obrigá-los a frequentar uma atividade religiosa não é pedagógico. A criança deve ser orientada e não obrigada a acreditar e agir de uma determinada forma. - Filha (era o “Velho” Escoteiro quem falava) a orientação é à base da formação. Exigir e cobrar também. Veja você se nós deixássemos ao seu critério quando criança, escolher se deveria ou não ir à escola, fazer as refeições quando quisesse e outras responsabilidades que fazem parte da iniciação, aprendizado e obrigação do adolescente.

- Olhe Papai, acredito nisto, mas chega uma hora que temos que escolher nosso próprio destino. - Em termos, filha - Dizia a Vovó. Você pôde escolher, pois teve uma família cristã, boa educação e o mundo lhe foi apresentado de outra forma. Não seria a mesma coisa no seio de outra família cujos filhos não tiveram a mesma oportunidade.

 - A filha do “Velho” Escoteiro retrucou - Tenho lá minhas duvidas.  A Senhora lembra quando participei do movimento Bandeirante. O Distrito era num Colégio de Freiras e nossas coordenadoras exigiam que participássemos de todas as atividades religiosas. Seria esta ação educacional? - E não foi uma forma de você conhecer mais a filosofia de uma determinada religião? - Falou a Vovó. Tenho certeza de que irá concordar que não foi prejudicial. Isso lhe deu uma boa base e olhe bem, você participou com vontade e de uma maneira espontânea sem pensar que era obrigada a fazê-lo. - Mas ainda continuo me questionando se não foi uma forma de “chantagem“ para que eu fosse imbuída na mentalidade espiritual de uma determinada religião! - falou a filha do “Velho” Escoteiro.

 - É possível - disse o “Velho“ Escoteiro. Muitas vezes chantageamos os nossos filhos em troca de alguma coisa que acreditamos ser boa para eles. E é muito difícil analisarmos o que é ou não chantagem neste caso, pois sempre estamos preparando e visando uma formação cristã. Não podemos deixar a formação de lado. Cada minuto é importante.

- Será Correto exigirmos dos nossos escoteiros frequentar sua religião, ou melhor, a dos pais mesmo contra sua vontade? - falei. Vejam bem. O jovem adora o Escotismo, as atividades ao ar livre e a amizade existente. No entanto quando vamos solicitar sua presença em uma atividade religiosa eles mudam sua personalidade e a presença nestes dias diminui sensivelmente. Para que participem somos obrigados a “chantageá-los” de forma diferente é claro, seja para alertá-los de sua formação da Lei e Promessa ou do “Espirito Escoteiro”.
 
- Não acredito - falou a Vovó - Estamos deixando que o mal se sobreponha ao bem, só porque não queremos exigir pensando que estamos chantageando. Temos responsabilidades com nossos filhos e vocês educadores também com os jovens. Os princípios do Escotismo é colaborar na formação, - continuou - ajudando os pais na escola e na Igreja. O objetivo não será alcançado sem os requisitos básicos. Primeiro o exemplo pessoal. Segundo acreditando no que faz e terceiro tendo certeza do que está fazendo. O escotismo é um movimento sério. Mudar isso é tapear toda uma organização que tem princípios e métodos definidos.
 
- Tenho me questionado no que estou fazendo junto aos meus filhos - falou a filha do “Velho” Escoteiro. Eu mesmo deixei de ir a atividades religiosas há muito tempo. Não tenho levado eles a nada. Claro, toda hora não deixo de falar do assunto. Eles não se interessam pelo Movimento Escoteiro e só querem atividades “fortes” tipo judô, luta livre e outras que nada fazem para ajudar na formação espiritual. Não sei nada do que se passa no Colégio. Eles têm um sistema definido, considerado aberto e dirigido conforme a pedagogia moderna.  Até que ponto não vou me arrepender no futuro?

- Não adianta você se questionar sem ter certeza. - Falou o “Velho” Escoteiro. Já conversamos muito sobre este assunto. Nunca quis forçá-la a nada. Mas são meus netos e os amo tanto como você. Todos os pais tem a obrigação de estar junto aos filhos. Saber de suas dificuldades dos seus problemas e até do seu sucesso. A religiosidade faz parte da educação familiar. É difícil falar em fé se temos dúvida. Não devemos nunca duvidar do “Criador”. Nos todos seja você ou os Escotistas tem nas mãos um manancial enorme e a responsabilidade é grande.

- A lei é imutável. - continuou - Ela não foi escrita como uma forma filosófica conforme os Mandamentos cristãos e do Escotismo. Tem que ser cumprida e não de forma razoável. Temos que nos amadurecer nesse sentido para também amadurecermos os jovens. Posso até lembrar as palavras de BP sobre Deus e a natureza no Caminho para o Sucesso - Se não concordarmos estaremos falhando naquilo que é o mais importante e também temos que repensar o que somos e o que devemos fazer.

Estava pensando em tudo que tinha sido dito. Poderia questionar muitas coisas, mas como?  Ainda não tinha filhos, e nem sabia o que seria o futuro. Como podemos dizer o que é melhor e o que é pior. Realmente é muito difícil ser Chefe Escoteiro. Quantos se gabam de o ser sem nenhuma base de formação espiritual. Os direitos são inalienáveis e os deveres também. Estes não são questionáveis. As palavras da Lei Escoteira têm de ser a mesma para todos. Deveres para com Deus. Nossa conduta nos destinos dos jovens algum dia será cobrada. Seja aqui ou em outro lugar! Ou somos ou não somos!

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