Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Olá Moço, desculpe, mas não posso aceitar!



Olá Moço, desculpe, mas não posso aceitar!

Obrigado pelo convite. Sei que ele é sincero. Sabe, eu tenho pensado sobre isso. Já tive outros que disseram que eu devia participar. Mas confesso que estou em dúvida. Por quê? Olhe um dia no passado eu tinha um caderno, meu pai comprou para mim. Um lindo caderno. Mas a capa! Oh! Moço. A capa era linda. Muitos escoteiros em uma montanha, bem perto do céu, com uma linda bandeira do Brasil desfraldada. Era incrível Moço! A “coisa” mais linda que tinha visto.

Pensei logo em ser um deles. Já pensou? Um dia eu lá com aquele lindo uniforme, com aquele chapéu “bacana”, correndo pelas campinas com a minha querida bandeira do Brasil desfraldada ao vento? Pois é Moço. Eu queria mesmo ser um deles. Pensava e sonhava com grandes aventuras, sabe Moço. Dormir numa barraca? Era meu sonho Moço. Lá na floresta bem longe da civilização. Olhe Moço, queria ouvir o cantar da passarada e tomar um banho gelado na cascata. Acredite Moço, queria ver os peixes, ouvir a voz do vento, sentir o cheiro da terra que aqui na cidade não tem. 

Então Moço, eu ia sorrir, gritar e cantar com minha Patrulha, e sabe mais? Eu ia usar a minha machadinha que iria comprar, queria mesmo construir belas construções que vocês dizem ser pioneirias. Queria com meus amigos fazer um jogo cheio de aventuras, quem sabe a busca do Tesouro? Assisti a tantos filmes que pensava que seria maravilhoso encontrar enterrado na encosta do morro do Papagaio um tesouro que foi escondido a muitos e muitos anos na gruta do Pirata.

Pois é Moço, um amigo me contou que a noite eles acendem uma fogueira, que cantam que riem que olham para o céu e sabem de cor todas as constelações. Quando ele dizia isso eu vibrava. Mas Moço, não foi isso que encontrei. Não foi mesmo. Meu pai me levou um dia a um Grupo Escoteiro. Moço, Moço, foi triste. Nem apresentado aos outros eu fui. Jogaram-me em uma Patrulha. Não fui bem recebido. Mas Moço foi triste mesmo. Só o "Chefe" Escoteiro falava. Ninguém dizia nada. O tempo todo o "Chefe" Escoteiro dizendo, faça isso faça aquilo.

Aí Moço eu fiquei mais triste ainda. Levavam-me para a cidade desfilar, plantar árvores, ir em atividades que não me agradavam. O pior Moço é que o uniforme que sonhei ficou na terra do nunca. Deram-me um lenço Moço. Um lenço. E o chapéu? Aquela calça caqui e a camisa?  E o cinto de couro? Não Moço não era mesmo o que sonhei. Tudo bem Moço. Podíamos sim fazer isso se tivesse as outras coisas que sonhei um dia encontrar ali. Olhe Moço, eu queria mesmo aprender sinais de pista, sinais de longas distancias, queria aprender dezenas de nós. Queria mesmo aprender a usar o facão, a armar sozinho a barraca, mas veja o Monitor não deixava. Era ele quem fazia tudo quando o "Chefe" Escoteiro não estava junto.

Então Moço resolvi não ficar mais lá. Moço, foi difícil tomar esta decisão. Fiquei somente seis meses e olhe que muitos que entraram comigo e depois de mim também saíram. Neste tempo Moço só tive um acampamento. E o pior Moço. Perto de muitas casas. Foi ruim mesmo. Não fizemos nada. Alguns pais faziam tudo. Bem gostei do tal jogo da lama, mas sempre o mesmo moço. Sabe moço, se o "Chefe" Escoteiro tivesse me perguntado eu diria para ele o que eu queria encontrar quando entrei na Patrulha. Diria para ele o que sonhava. Em ir a um acampamento de verdade. Mas ele Moço nunca me perguntou. Era ele quem decidia tudo. Triste, muito triste Moço.

Obrigado mesmo Moço. Sei que seu convite é sincero. Mas agradeço. Não dá mesmo Moço. Até meus amigos de turma do bairro dão risadas quando falamos em ser escoteiros. Eles dizem que seus programas são melhores e quem sabe são mesmo Moço? Olhe, estamos juntos com a turma há muitos anos. Só o Neném que foi embora da cidade não está lá mais. E sabe Moço? Lá não tem chefes!

Quem sabe Moço quando crescer eu mesmo vou ser um "Chefe" Escoteiro? Aí Moço eu vou deixar que os meninos que ali entrarem encontrem seus sonhos que fizeram quando resolveram participar. Moço, eu vou deixar eles decidirem quase tudo. Vou mostrar a eles a capa do meu caderno que guardo até hoje e dizer: Podem sorrir turma, agora é para valer! Segurem nossa bandeira, desfraldem-na contra o vento, pois vamos para o nosso acampamento e lá vamos viver mil aventuras!

Obrigado mesmo Moço. Desejo tudo de bom para o senhor. Quero acreditar que outros meninos vão aceitar seu convite, mas eu Moço, não posso. Infelizmente são diferentes dos meus sonhos e olhe moço, não fique triste, seja feliz e aceite o meu Sempre Alerta, de um menino triste que foi Escoteiro por seis meses e não encontrou a felicidade dos seus sonhos! Adeus, adeus Moço!

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