Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O Pernilongo, a Muriçoca, o carrapato e outros bichos.



O Pernilongo, a Muriçoca, o carrapato e outros bichos.      

           Isto é coisa do demônio, dizia a Chefe Mercedes. Chefe “gente boa” a Chefe Mercedes. Entrou com idade avançada e logo conseguiu sua Insígnia de Madeira. No entanto ela detestava estes insetos que ela chamava coisas do Demônio. No primeiro acampamento os pernilongos se deliciaram. Em outro uma “tropa de carrapatos fez dela seu ninho”! Risos. Eu dizia a ela que pernilongos muriçocas e muruins parecem ser da mesma família, mas não são. Risos. São escolados e cada um tem sua maneira própria de morder e chupar o sangue dos pobres dos escoteiros, escoteiras e lobinhos. Coitada da Chefe Mercedes. Seu braço ficou todo mordido e suas pernas também, pois achou que podia usar calças curtas. Risos. Danado de insetos chupa sangue. Adoram escoteiros e escoteiras quando vão acampar. Dizem que os jovens ficam tão encantados com o campo que se esquecem de tudo e os pernilongos e carrapatos se deliciam.
          Acampei muito em minha vida. Sem falsa modéstia quase 800 noites de acampamento. Nunca gostei muito destes “bichos”. Insetos chupa sangue não é o meu forte. Hoje a modernidade trouxe o repelente, na minha época não tinha. Dava cinco e meia da tarde lá íamos nós ver onde soprava o vento e com ele a favor no campo de Patrulha colhíamos folhas verdes, e fazíamos um fogo com uma fumaceira infernal. Enquanto durava a fumaça os demoniozinhos fugiam a espera quando pudessem voltar. Uma vez descobri que existem diferença do pernilongo da cidade e o do acampamento. O do acampamento ataca, morde e você sente logo. Nós os antigos os chamamos de muruins. Com um raminho na mão a gente os espanta. Os da cidade não. São covardões. Vivem escondido em baixo da cama, de um móvel qualquer.  Primeiro zumbem no seu ouvido e somem. Você acorda com uma coceira danada. Pronto, ele já encheu a pança de sangue e se foi.
           Uma vez acampei próximo as barrancas do Rio das Velhas, bem perto da Barra do Guaiçuí onde se podia avistar o São Francisco. Era uma fazenda de um membro da diretoria do grupo onde tinha uma bela floresta nas suas margens. O local era de tirar o queixo. Lindo mesmo. Perfeito para um grande acampamento.  O capataz da fazenda nos preveniu. Olhe Chefe, lá a noite é um inferno. De cinco e meia as sete ninguém aguenta, as muriçocas são sedentas de sangue. Rimos dele. Não sabia que éramos da tropa dos valentes e intrépidos seniores escoteiros. Primeiro dia, barraca, algumas pioneirias, uma mesa e deixamos do lado centenas de boas folhas verdes. Que venham estes malditos demônios, dissemos. Vão enfrentar uma tropa que não tem medo de nada!
           Seis horas o inferno desceu entre nós. Não era um, não eram dois e sim mais de cem mil. Milhões quem sabe. Você olhava e via aquela nuvem cinzenta e não havia onde correr. Mas nós corremos. Até a sede da fazenda, mais de quatro quilômetros. O capataz riu a valer. Voltamos ao campo lá pelas nove da noite. A paz desceu a terra! Mas desistimos de dormir ali. Procuramos uma área próxima à fazenda e lá ficamos. Mas querem saber de uma coisa? Pernilongo e muriçocas avisam quando vão atacar e quando não avisam pelo menos só coça. Risos. Mas e o danado do carrapato? Este sim é o satã em pessoa. Não grita, não canta, não fala e procura um lugar para se esconder no seu corpo ficando lá dias e dias. A principio uma coceira gostosa. Você coça e para. Até o dia que descobre o bicho gordo, cheio de sangue como a dizer a você – Seu idiota enchi de sangue seu. Agora posso morrer! Risos. E morre mesmo. Você não perdoa.
             Para dizer a verdade nunca levei repelente. Achava que se os heróis da floresta, os bravos sertanejos ou os mateiros não usavam isto eu também não o faria. Mas dizem e não sei quem disse que isto não é coisa de escoteiros. Quem ainda não enfrentou saudáveis pernilongos, alegres muriçocas, carrapatinhos gentis, e aranhas lindas nas suas teias nas florestas à noite no rosto, dançando ou rindo de você, então você ainda não foi batizado Escoteiro. Meus amigos, quantas coisas contamos para nossos escoteiros para reafirmar aquilo que ele é. – Escoteiro não anda voa! Escoteiro não ri, dá gargalhadas! Escoteiro não chora, dá pernadas na dificuldade! Escoteiro não tem medo, luta até a morte! Escoteiro não corre dos insetos ou animais peçonhentos, enfrenta por toda a vida!
              Não sei não. Coitado do Escoteiro quando dizem isto para ele. Ele vai ficar assustado. Sabe que nem seus super heróis são assim. Sabe que ele é humano como os outros. Eu prefiro dizer calmamente que ele não se preocupe com as dificuldades, elas passam e reafirmo a eles – Se você tem amor no coração, sabe ser fraterno, se você sabe sorrir com o zumbido da noite, sabe apreciar o orvalho de madrugada, você é um Escoteiro.
Até outro dia meus amigos e minhas amigas. Tantas coisas a dizer o que seria um bom Escoteiro que prefiro um dia fazer outro artigo. E viva os pernilongos! Viva as muriçocas! Bem vindos os carrapatinhos espertos! No fundo no fundo sou Escoteiro e adoro eles!  Até breve, portanto!

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