Conversa ao pé do fogo.
O altar dos egos e vaidades existe?
Se você
perguntar irão jurar de “pé junto” que no escotismo não tem. Quando me dizem
isto abaixo a cabeça e dou uma risadinha sem graça. “Minino”! Não ria alto. Será mal interpretado.
Pode ser que eles chamam por outros nomes, mas é um festival de vaidades e altos
egos na nossa associação que poderíamos chamar de o Altar dos Egos e Vaidades Perdidas.
Sei que existe em todo lugar. Mas aqui? Conheci alguns que para falar, se
apresentar faziam trejeitos, voz pastosa ou cavernosa, peito inflado,
firmando-se nos dois pés, cabeça alta e a técnica de “olho nos olho”. Um muito
amigo meu me disse que eles estudavam em frente a um espelho como ficariam mais
apresentáveis. Dias e dias ali. Faziam até discursos para a pasta de dente, a
escova e o sabonete. Espontaneidade ali não existia. Meu amigo dizem-me, isto
não existe mais. Hoje acabou. Todos são “iguais perante a lei”. A lei. Ora a
lei.
Em mil
novecentos e antigamente conheci duas escotistas famosas. Ambas DCIM. Uma em um
estado e a outra em outro. Também havia mais duas, mas distante ainda do
estrelato. Quando se encontravam rajadas de ventos e raios pipocavam por todo o
lado. Mas quem visse de longe veria duas chefes sorrindo uma para outra.
Sorriso perfeito. Sorriso de grandes atrizes de Hollywood. Ah! Ainda bem que o
lobismo ganhava com grandes performances das duas. Eram “feras” na história da
jângal. Eu mesmo fiz um curso com uma delas. Mas não vamos deixar de lado os DCIMs
que pipocavam de estado em estado. Um ar professoral pose de Velho lobo, não
conheci pessoalmente, mas tinham jeito de BP. Alguns diziam que eles sabiam
mais do o Velho fundador. Era assim – Pode galgar escada, mas, por favor, não
me ultrapasse. Aguarde sua vez aqui ou na eternidade. Risos e risos.
Garantem-me
que isto hoje não existe mais. Só vendo para crer. As vaidades fazem parte da
vida. Quem diz que não tem vai direto para um mundo melhor na espiritualidade
ou no céu. No meio dos dirigentes infelizmente ainda existem aqueles vaidosos e
aqueles que querem um dia ter a sua oportunidade também de ter a honra de ser
vaidoso. Nietzsche foi feliz em dizer que a vaidade dos outros só vai contra o
nosso gosto quando vai contra a nossa vaidade. Verdade verdadeira. Participei
em minha vida de algumas centenas de reuniões onde os Grandes Chefes estavam
presentes. Sempre faziam e ainda fazem as reuniões de Giwell. Sem menosprezar o
festival de vaidades ali tinha seu lugar ao sol.
Ei! Espere! Não vamos generalizar. Conheço
milhares que não tem isto. São os abnegados. Os que dão a alma e o sangue pelo
escotismo. São eles realmente que movimentam a engrenagem desta máquina
maravilhosa que é a associação Escoteira. Você dificilmente irá ver neles, ou
ostentando orgulhosamente uma Medalha Tiradentes, Uma Cruz São Jorge, uma
gratidão ouro ou um Tapir de Prata. Não. Estas são reservadas para outros.
Julgados mais importantes para ter este direito. Não me condenem. Tem muitos
que recebem estas condecorações e não são vaidosos. Trabalham com amor e
esforço para um escotismo melhor. Mas os vaidosos! Hummm! Ego ou egocêntricos?
Sem lá.
Toda vez que
escrevo sobre algum tema que machuca na alma, recebo centenas de e-mail, e
perco a conta daqueles que discordam falando francamente onde devia colocar a
postagem. Risos. Paciência. Não sou
daqueles que arrastam frases como “A verdade dói”. Cada um tem a sua verdade.
Mas será que eu já fui um deles? Se fui juro que não fui! Risos. Mas quantos
não correm atrás de um taco a mais. De um cargo a mais. Não preciso dizer. Você
que me lê e não é um deles sabe quem são. São aqueles que quando estão na alta
cúpula e veem você, lhe dão um tapinha, um sorrisinho sem graça, um oi e um até
logo. Estão sempre com pressa. Os grupinhos deles se formam na calada da noite.
Os temas secretos. Mudanças. Nomeações. Escolhas. Fico com Augusto Cury que
dizia – A Vaidade é o caminho curto para o paraíso da satisfação, porém ela é,
ao mesmo tempo, o solo onde a burrice melhor se desenvolve. Risos.
Tenho
saudades deles. Daria tudo para estar presente de novo nas assembleias e nos
Congressos. Adorava no passado a apresentação da equipe em curso. Formados em
linha. Empertigados. Podia ali marcar sem sombra de duvida os vaidosos. Já
pensou? Eu em uma assembleia? Arre! Tremo só em pensar. Irão olhar para mim,
olhos faiscando, dando um risinho sem graça – Você então é o Chefe Osvaldo?
Risos. Turma é ele! Podem bater a vontade! Risos. Sem comentários. Não estarei
lá. A saúde não permite. Tenho medo de ser expulso sem direito a defesa nas
reuniões secretas que ali fazem. São elas sim que deviam ser abertas. Mas o
melhor é ficar aqui. Um ermitão que já deu o que tinha de dar. Chega por hoje.
Os vaidosos que me desculpem, mas prefiro lembrar-me de Jean de La bruyere e
Paul Valéry que diziam - A falsa modéstia é o ultimo requinte da vaidade.
Agradar a si mesmo é orgulho, aos demais, a vaidade.
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