Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quarta-feira, 20 de março de 2013

A verdade de todos nós – O Uniforme Escoteiro.



Conversa ao pé do fogo.
A verdade de todos nós – O Uniforme Escoteiro.

                 Como lobinho, Escoteiro, Sênior e Chefe no passado eu fui de outra escola. Uma escola de disciplina impecável em tudo que fazíamos. Na apresentação, no modo de proceder em público, no modo de falar e vestir. Nosso uniforme era motivo de orgulho. Nenhum Chefe abria exceção ou dava folga. Afinal diziam eles - Cada um de vocês está representando o movimento Escoteiro e os que nos veem não querem saber se somos novos ou antigos. Basta um para que toda a organização tenha a pecha de desorganizada. Alguns com apenas um olhar pode nos achar um movimento desleixado, sem orgulho, e nunca irão falar bem de nós. Costumo dizer que deveríamos dizer aos nossos amigos e professores o que acham de nós. Sabe o que dirão? Sabem sim. Não preciso repetir.

                  Lembro com saudades que havia uma norma para todo o uniforme. Chapéu de abas largas com as abas retas, bem retas. Para isto quando não fossemos usar ele ficaria em casa preso em uma armação de madeira. O lenço? Muito bem dobrado e só a moda escoteira. Preso a boca e as duas pontas mais largas seguras pelos dedos de cada mão. Os dedos é que enrolavam lenço. A parte de trás com o tamanho do polegar e o indicador esticado.  Difícil? Não. Era só treinar. A postura do lenço era perfeita. Em cima do colarinho com as laterais se encontrando junto ao anel. A camisa bem passada e por DENTRO DA CALÇA! Esta era no Maximo cinco dedos acima do joelho. O meião? Perfeito listas perfeitas sem ficarem tortas. Calçado? Preto! Tente usar outro para ver. Na época sapatos e depois tênis. Obrigatório todos terem um pequeno pente e um lenço de bolso. Ah! Um Chefe sempre quando nos encontrava ou um Escoteiro mais antigo sempre perguntava: - Em qual bolso está sua moeda da boa ação?
Esquerdo parabéns. Direito? Só bronca.

                     As inspeções eram rigorosas. Tinha aquelas que já sabíamos a hora e lugar, mas havia outras de surpresa. Poderão dizer – Militarismo? Nunca pensei assim. Acredito que era uma forma de disciplina para uma boa apresentação. Ainda fazíamos um sinal de cabeça para as mulheres e os mais velhos. Sempre tinham a preferência de lugares e até em filas. Portas? Fazíamos questão de abri-las para elas e os mais velhos. Hoje? Dão risada quando comentamos, mas o respeito, o garbo e a boa ordem era o orgulho de qualquer Escoteiro. Uma época onde se dizia Senhor, pois não, muito obrigado, bom dia e boa tarde.

                    Estamos fazendo marketing para atrair mais jovens e adultos nas fileiras escoteiras. Vejam aqui no Facebook. Fotos de jovens e adultos com todos os tipos de uniforme. Cada um se apresentando de uma maneira totalmente descabida. Claro na visão de um adulto como eu e muitos outros. Sei que eles não pensam assim. Ainda bem que tem uma maioria que dão exemplo. Seu garbo e apresentação nos dá orgulho de ser Escoteiro. Eu nunca abri mão da boa uniformização. Como lutei com todas as minhas forças para fazer o meu, dei enorme valor. Nada de graça. Nada de presente. E hoje? Os jovens vão à luta para conseguir o seu uniforme e apetrechos ou ficam reclamando que tudo é caro? Minha cidade ficava a mais de mil quilômetros da sede nacional único lugar de conseguir um chapéu e um cinto. Meu pai era sapateiro. Juntei tostão por tostão e consegui.

                   Na década de oitenta participei como Diretor Técnico (Chefe de Grupo) de um grupo em São Paulo. A maioria dos participantes jovens humildes de famílias pobres. Facilitei o uniforme? Reclamei ou induzi para o tal traje que fizeram para aqueles que não podem comprar, mas é usado pelos mais abastados? Nunca faria isto. Todos lutaram e conseguiram o seu. Nosso caqui era uma tradição. Assim éramos conhecidos. Tornou-se um hábito de comportamento que agora está sendo levado como poeira para o mar com tantas mudanças. Lembro que diversas vezes antes do cerimonial chamava um ou dois em particular – Veio sem o meião? Chefe, não achei ou estava lavando! – Certo, vá para casa, tire as peças, pois você sem o meião não está uniformizado e dá mau exemplo. Volte com roupa civil. Assim todos não irão criticar você e achar que todo o movimento é assim, sem garbo e boa ordem!

                  Errado? Errado são os chefes que dão mau exemplo, portando de maneira inconveniente, falando palavrões sem necessidade, vestido peças que não existem, colocando coberturas que foram tiradas de sua imaginação. Não sou a favor do que o POR descreve hoje pela uniformização, mas se pelo menos todos seguissem suas normas seriamos vistos como um movimento responsável, sério, e que aos olhares do publico seriamos vistos como um movimento sério e nos veriam com bons olhos e claro acreditando que o escotismo é um exemplo para a sociedade. Podem até dizer que vem aí mais um uniforme. Que é bonito bem feito e que dura mais. E daí? Dezenas de anos de um que já era conhecido, um hábito de comportamento para o público e agora começar tudo de novo? Quantos irão gastar para comprá-lo? Ver alguém da tropa usando e o outro não? Um pode comprar o outro não? Escotismo é só para ricos? – Uma má hora para lançar um novo uniforme. Nada do que dirão irá me convencer.

                  Melhor parar por aqui. Muitos não concordam. Da ultima vez que comentei dezenas de bons samaritanos escoteiros fizeram questão de me contradizer. Paciência. Não me venham dizer que hoje tudo é moderno. Se ser desleixado, mal uniformizado, exemplos de falta de garbo e orgulho do que se veste é ser moderno, pobre do escotismo. Péssimo exemplo para a sociedade. Não é o que eu desejaria para meus netos!

Um comentário:

  1. Caro Chefe Osvaldo,
    Seus artigos me fazem reviver uma época muito boa da minha vida, que foi da pré-adolescência até o início da vida adulta.
    Em outubro de 1988 fui levado por meu pai para conhecer o Grupo Águia Branca, depois de alguns meses de aguardo em fila de espera (saudosa essa época em que havia fila de espera para entrar no grupo). Tinha 11 anos de idade e entrei na patrulha Pica-Pau, na ocasião monitorada pelo Juninho, seu filho. Só essa patrulha possuía cerca de 12 elementos.
    Mais especificamente quanto a esse artigo(uniforme escoteiro), pude vivenciar as duas fases e, pode ser que até por saudosismo, tenho a sensação de que o uniforme representava muito mais do que o mero padrão de vestimenta. Simbolizava valores e ideais que não consegui mais visualizar após todas as modificações ocorridas.
    Curioso que na época da mudança, os próprios escoteiros se insurgiram. Me lembro de ter participado dos fóruns distrital, regional e nacional que ocorreram, defendendo, em nome de meus irmãos escoteiros, a bandeira da manutenção do uniforme. Infelizmente, não logramos êxito.
    O discurso propalado era o de que o uniforme impedia o acesso das pessoas ao movimento escoteiro e com a adoção do traje o movimento se aproximaria mais da comunidade, dos jovens, ampliando assim a quantidade de membros.
    Me afastei do movimento em 1995, absorvido que estava o meu tempo com a faculdade de Direito e com o trabalho. Depois disso, me formei, advoguei, fui aprovado como Juiz Federal do Trabalho e, pelo exercício da magistratura, percorri alguns estados do nosso país, até que agora, tendo minha filha completado a idade para ser lobinha, me reaproximei do movimento escoteiro, desta feita no interior de São Paulo.
    Como dizem, o tempo é o senhor de todas as coisas. E esse tempo que se passou reforçou em mim a convicção de que nada do que se discursava tinha fundamento real. O movimento escoteiro não se expandiu, continua afastado e desconhecido da maioria das pessoas e não se aproximou das pessoas mais carentes.
    Continua contribuindo bastante para a formação do caráter das pessoas, mas deixou muita coisa boa para trás.
    Desculpe pelo longo comentário, mas foi o que o artigo me inspirou.
    Um forte abraço e SEMPRE ALERTA!
    Marcelo Luís.

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