Conversa ao pé do fogo.
Será que vale a pena ser herói?
Onde eles
andam? Alguém sabe me dizer quem são? Antes eu sabia, mas será que hoje ainda
falam sobre eles? Em nosso país é notório o esquecimento. Lembro quando menino
na escola era obrigação de sabermos quem foram eles. Claro, nem todos. Dizem
que os heróis só alcançaram a fama, o estrelado mostrando seus pontos fortes e
esperança de um futuro melhor. Dizem que os heróis surgem em tempos difíceis quando as
oportunidades aparecem, outros dizem que os heróis não se fazem, já nascem
assim. Não sei se Caio Vianna Martins mudou a história escoteira com suas
palavras. Quem o conheceu nunca diria que um dia ele seria um Herói. Poderia
ver na história brasileira heróis que se fizeram. Dandara no Brasil, quem já
ouviu falar? A Esposa do Zumbi dos Palmares foi uma guerreira feroz e brava
defensora de um quilombo. Maria Quitéria disfarçou-se de homem para lutar na
guerra da independência brasileira. Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, única
brasileira homenageada no Museu do Holocausto.
Quem por acaso já ouviu falar delas? Ou de Heitor Villa-Lobos, maestro e
compositor famoso, ou Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes? E finalmente
Alberto Santos Dumont. Claro todos já leram sobre ele e seus feitos. Eu aprendi
que nós controlamos nossa atitude ou será que é ela quem nos controla? Heróis
são as pessoas que fazem o que tem de ser feito, quando tem de ser feito,
independente das consequências. Encontrei tudo isto em Caio Vianna Martins, em Baden
Powell apesar deste último não ser brasileiro. Mas imaginem. Estamos esquecendo
nossos heróis. Nas escolas quase não se fala neles. Nossas grandes
personalidades do passado. Duque de Caxias, Carlos Chagas, Monteiro Lobato,
Carlos Drummond de Andrade, Visconde de Mauá, Machado de Assis, José Bonifácio,
Dom Pedro II, Rui Barbosa, e poderia ir por aí em uma lista enorme. E eu
pergunto, será que nossos jovens sabe quem são e o que fizeram?
Interessante é
que temos tantos a levantarem hipóteses da vida de cada um, muitos denegrindo
sua imagem. Sei de jovens que duvidam de Tiradentes, de Dom Pedro II e olhe já
vi um comentando que Caio Vianna Martins foi uma farsa. E aquele que procura
desinformar tudo que lê por aí da vida de Baden Powell? Um me disse que ele era
gay, outro me disse que ele era maçom e cheio de trelelê. E daí? Porque isto? Irá
trazer benefícios ao nosso movimento? Aos nossos jovens? Teve um que me disse
que era um milico, mandão, dono da verdade e não sabia ouvir ninguém. Fazia do
escotismo seu exército disciplinado particular. Deus do céu! Porque isto? Qual
o intuito? Será que não podemos referenciar nossos heróis? Será que não podemos
dar exemplo deles aos nossos jovens?
Enquanto em
outros países eles são elevados como figuras mais importantes da nação, são
discutidos e apresentados como homens exemplares e todos se orgulham deles aqui
não. Aqui muitos admiram John Kenedy, Abraham Lincoln, John Lennon e tantas
outras personagens que são heróis em outros países. Falam mal de Santo Dumont
que bebia e fez seu primeiro voo embriagado. Dizem que Tiradentes foi uma farsa
inventada. Dizem que o Aleijadinho nunca existiu. Porque isto? Francamente
acredito que estamos perdendo nossa identidade. Admiramos o que vem de fora. Muitos
já nem dizem que são escoteiros, agora são Scout. Nomes de patrulhas em inglês
aparece aqui e ali. Quando procuram alguma personalidade ou locais históricos
para nomear alguma Patrulha Sênior, só aparece nomes estrangeiros.
Estamos mesmo
perdendo nossa memória. Somos reconhecidos pelo carnaval e escola de samba. Os
gringos vem aqui para ver o que não tem em seus países. Mulheres em trajes
menores desfilando. Ainda bem que estão voltando os blocos de rua. O verdadeiro
carnaval está aí. Chega de nota Deeéz! Não sei se o programa de jovens da UEB
fala sobre isto. Não sei. Até nosso hino Nacional e o hino da Bandeira são
poucos escoteiros que sabem cantar com carinho e corretamente. Falar no Hino
Alerta então? Antes você só seria um segunda ou Primeira Classe se soubesse
cantar todos eles e olhe de cor! Melhor parar por aqui. Este seria um fato. Um
fato real. Ainda tem volta. Pouca mas tem. Compete a nós Escotista dar uma
volta na história brasileira e mostrar aos nossos jovens que sim, nós temos
heróis!
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