Conversa ao pé do fogo.
Assistentes escoteiros, para que
servem?
Uma pergunta meio “idiota” Alguns até
podem pensar assim e eu até dou razão. Pensando bem eu também acho. Sei que
cada um terá uma pronta resposta para o titulo em questão e para estes peço
desculpas. Mas acreditem tenho visto tantos assistentes serem relegados ao
segundo plano que me deu vontade de comentar o assunto. Se coloquem no lugar de
um. Seja de uma Alcateia ou tropa. Sempre o Akelá ou o Chefe achando que eles
são novos, ainda não entendem nada e praticamente não dão nenhuma atividade a
ser desenvolvida há não ser aquelas rotineiras. No principio se aceita
normalmente, mas com o passar do tempo surge ressentimentos e muitos até se
perguntam o que estão fazendo ali.
Não preciso repetir que em qualquer
profissão o ser humano necessita estar em relacionamento com seus semelhantes.
Quando este relacionamento é harmonioso, contributivo, espontâneo, gera-se
satisfação e progresso. Ao contrário se surge conflitos, surgem obstáculos ao
desenvolvimento das atividades, gerando “emperramento” nos propósitos a serem
alcançados. É difícil quando dois ou mais escotistas num ambiente de reunião, e
que devem compartilhar ideias e tarefas não tem uma boa relação humana entre
eles, é claro que a cooperação vai gerar atritos, comparações etc. Dizem que
existe uma técnica para se firmar boas relações entre duas ou mais pessoas. Eu
não sei, mas nunca me aprofundei muito nela. – Ser simpático, mostrar
estabilidade, autodomínio e ser sociável. Claro requer um esforço enorme.
No escotismo quem não nos conhece
nos vê como um movimento de irmandade absoluta, e uma cortesia entre adultos
que em certos casos nem se sabe quem é quem no comando ou na liderança. Mas em
particular a importância de se mostrar em dizer que eu sou alguém, e que você é
um “pata-tenra” (noviço, iniciante,) e, portanto é subalterno e que deve
“ralar” para ficar como eu, são situações que encontramos em diversas sessões
escoteiras. Claro sem ferir susceptibilidades dos órgãos superiores, pois isto
acontece com eles também. Vejam bem, tentamos de todas as maneiras arregimentar
os pais, amigos e simpatizantes para virem colaborar conosco. E quando chegam
muitos em pouco tempo desistem. Por quê? Claro que se explica pela prática de
ser tratado como um eterno “pata-tenra” sem nunca ter possibilidade de atuar
como deveria ser um assistente.
No escotismo e muitas vezes em nossa
vida profissional, nos ensinaram e a experiência comprovou que a sintonia perfeita
entre o Chefe da sessão e os assistentes servem de parâmetros para dizer que
estamos atingindo nossos objetivos. Isto se aplica a todo o Grupo Escoteiro e o
Diretor Técnico é o seu maior responsável. Quantos grupos os chefes se reúnem
para fazer, discutir e distribuir tarefas nos programas de reuniões? Refiro-me
a uma reunião feita mensal ou bimensal fora dos horários de reuniões onde se
programa todas as atividades a serem desenvolvidas em reuniões? Discordo de
alguns que fazem seus programas sozinhos (os chefes titulares) e por delicadeza
passam e-mail aos assistentes dizendo o que eles devem fazer. Não há sintonia e
nem oportunidade para o assistente opinar.
Quem sabe isto é um aprendizado no
Grupo Escoteiro de anos e anos, cujo Diretor Técnico nunca em tempo algum fez
realizar um Conselho de Chefes, tema visto e revisto em vários cursos
escoteiros, mas nunca levado a sério por muitos líderes de grupo. Um deles até
me disse que não era preciso. Eram todos irmãos e ele conversava com cada um em
particular. Totalmente errado. Conselho de Chefes se presta para outras
necessidades e não ser informado individualmente pelo Diretor Técnico. É um
paradoxo que isto possa acontecer no seio Escoteiro. Falamos tanto em sistema
de patrulhas, de matilhas trabalhando em equipes e quando há necessidade dos
adultos dirigentes mostrarem a vantagem do trabalho em equipe isto não
acontece.
Interessante é que hoje em dia o
trabalho em equipe e relações humanas fazem parte do nosso dia a dia. Tanto no
seio profissional como particular. Quando um Chefe Escoteiro ou de alcateia ou
mesmo o Diretor técnico não sabem ver a insatisfação de seus colaboradores, não
sabe ouvir opiniões e não sabe dividir tarefas, o futuro e exemplo aos jovens
será severamente prejudicados não só na sessão, mas também no Grupo Escoteiro.
Cabe a cada um de nós analisarmos se temos amigos conosco na sessão, ou
subalterno militar que só recebe ordens.
O tema é longo. Quem sabe volto a
ele oportunamente. Só não posso aceitar que até hoje não tenhamos olhado por
este lado (não todos) e analisado o porquê nossos resultados em termos de
crescimento, e permanência nas fileiras escoteiras continuem estagnado. Espero
que isto não esteja acontecendo com você. Até uma próxima vez.
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