Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A bandeira, em saudação!


Cerimonias escoteiras.
A bandeira, em saudação!

            O Chefe responsável pela cerimonia de abertura estava impecável em seu uniforme de campo. Ali, todos tinham seus dois uniformes (a chefia) e o usavam conforme a ocasião. - Tinha em suas mãos a trombeta (tipo berrante) cuja tradição era imutável. A formatura e o cerimonial eram de responsabilidade da Sessão de Serviço. Esta constava na escala feita no inicio do ano, em forma de revezamento. Na reunião anterior, já haviam treinados para evitar qualquer gafe, pois a cerimonia em sua apoteose não cabia erros. Era norma que nenhum Chefe poderia ajudar.  O hasteamento, a oração, sempre marcava profundamente. Era uma tradição e todo o Grupo mantinha respeito, garbo e boa ordem. Também nesta oportunidade, todos aqueles que tivessem “tirado“ suas provas de eficiência ou classes, assim como suas “estrelas” de atividade iriam receber na Grande Ferradura, um marco na vida escoteira de cada um.

            - A família Escoteira tem o direito e deve assistir o crescimento dos seus membros. Assim dizia o Diretor Técnico, um antigo Escoteiro que começou no grupo como lobinho. Tenho pena de certos grupos, onde os jovens de cada sessão são eternos desconhecidos entre si. Muitos deles, principalmente os adultos, se prendem como correntes nas atividades de fim de semana e esquecem-se de si próprios! - Da maneira como fazemos não. Realmente, naquele dia todos sentiam a pujança do Grupo Escoteiro. Eram os pais convidados, a diretoria do grupo, antigos escoteiros que ali se lembravam do seu passado e viam com seus próprios olhos o crescimento de mais alguns que seriam como eles no futuro. Este era o Escotismo, uma verdadeira escola de formação do caráter. E como dizia o nosso querido BP, o que é mais importante! - O resultado, claro.

            O Grupo sempre insistia na entrega de Insígnias para Escotistas e até algumas condecorações dentro da reunião do Grupo. Claro, ressalvando aquelas especiais como medalhas de alto valor. - Quem sente mais orgulho em saber que um dos seus membros foi outorgado com concessões e recompensas, ou mesmo condecorações do que aqueles que estão vivendo o dia a dia junto a eles? O Dirigente da atividade já posicionado aguardava a chamada de cada sessão, pôr um assistente designado. Logo em seguida viria à apresentação de cada uma e pôr fim o inicio da Cerimonia. O mastro em forma de T, com três bandeiras estava pronto. As bandeiras posicionadas conforme manda o manual. Neste sábado, a Tropa Sénior estava de serviço. Pronta à chamada, e apresentada à sessão, os seniores responsáveis pelas bandeiras são chamados. Cada um se orgulha em estar ali naquele momento. Estão impecáveis nos seus uniformes. Cada um sente a responsabilidade daquele ato. Há uma faísca elétrica no ar. Ninguém treme. São Escoteiros. Estão sempre Alerta. Não há duvidas. Não vai haver falhas na cerimonia.

            Eu e mais um Escotista do Grupo fomos buscar um antigo Escoteiro, um dos fundadores que ia ser homenageado. Mais de 90 anos e sempre presente. Ele nos esperava já uniformizado. Podíamos apreciar o garbo presente - Sapatos pretos bem engraxados, meiões cinzas dentro dos padrões com dobra de quatro dedos e listas retas. Calça curta bem passada com vincos. O Metal do cinto polido e correia engraxada. Camisa bem posta e todos os botões abotoados. Anel e contas (Colar da insígnia) impecáveis. O Chapéu, Ah! O chapéu. Era de fazer inveja. O antigo escoteiro não dava motivos de críticas e só exemplos. - Você conhece um escoteiro pelo uniforme - Dizia ele. Quem não tem garbo, não tem nada. Ou você é ou não é. Simples. Muito simples. Faz parte do caráter de cada um! E depois reclamam que ninguém nos conhece. Como? Mal uniformizado? Com um sorriso, alegre pelo dia, deixou que o ajudássemos até o automóvel. Durante a viagem ele de olhos cemi-cerrados deveria estar pensando quando era jovem. No Grupo todos sabiam que ele estaria lá naquele dia. Uma cadeira de braços já havia sido colocada próximo a Grande Ferradura. Quando chegamos, foi aquela festa.

            Ele se sentou rodeado de amigos. Jovens, Escotistas, pais. Todos o queriam muito. Fora ele o responsável pôr tudo aquilo e nada mais justo do que a recompensa da amizade e consideração. Brincadeiras, abraços, conversas ao pé do ouvido. Aos poucos ele se levantou da cadeira e até ensaiou um dança com os lobos. Era o remédio que ele “receitava“ para todos e o efeito era imediato. O Diretor Técnico passou o comando para o Chefe Sênior. A Patrulha de Serviço era de sua tropa. O Antigo Escoteiro não conseguiu ficar sentado. Claudicando e tropeçando em seus calcanhares, cambaleante se levantou e se dirigiu a ferradura. Alguém tentou ajudá-lo. Ele agradeceu. - O Escoteiro caminha com suas próprias pernas! - falou. O silêncio foi substituído pôr uma exclamação. Todos olhavam para o antigo Escoteiro. Lá estava ele, ao lado do Presidente do Grupo e próximo aos pioneiros.

            O Monitor sênior mais antigo deu a ordem: A Bandeira, em saudação!

            Os jovens estavam orgulhosos. Os Escotistas, pais e outros Antigos Escoteiros vibravam com a cerimonia e a “garra“ do fundador que estava ali com eles. Mesmo com aquela idade, era um exemplo para todos. Alguns como eu em posição de sentido ficamos com os olhos marejados de lagrimas, lagrimas de alegria. Sentimos como era importante a máxima de BP - “A verdadeira felicidade, é fazer a felicidade dos outros”! E ela estava sendo feita. Com uma simples cerimonia de bandeira!


Grupo Escoteiro, “A BANDEIRA, EM SAUDAÇÃO!”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário